Numa “conversa” com a Calendas , numa troca de palavras sobre “o saber escrever bem”, eu confessei que tinha tido péssimas professoras a português, que se limitavam a dar gramática, cujas regras iam escrevendo no quadro, enquanto as alunas as copiavam para o caderno diário, a fazerem “chamadas “ e “pontos” (testes de avaliação) e estes, a levarem semanas para voltarem às nossas mãos, depois de analisados e avaliados.
Este pequeno episódio trouxe-me à memória uma das primeiras redacções que fiz no Liceu, talvez a primeira, uma redacção que a professora cujo nome não me lembro (das que me marcaram pela positiva, lembro-me de todas), nos mandou fazer, dizendo qualquer coisa como: "escrevam um texto sobre as estações do ano".
Este pequeno episódio trouxe-me à memória uma das primeiras redacções que fiz no Liceu, talvez a primeira, uma redacção que a professora cujo nome não me lembro (das que me marcaram pela positiva, lembro-me de todas), nos mandou fazer, dizendo qualquer coisa como: "escrevam um texto sobre as estações do ano".
Creiam que me esmerei e que estava bastante contente com o trabalho que desenvolvi. Estava porque, quando a “redacção” voltou às minhas mãos, tomei um duche de água gelada, tinha um Mau em letras bem visíveis. Não tinha erros de ortografia, a pontuação não estava mal colocada, tinha preenchido duas folhas, não entendia…
Outra colega, muito gabada pela professora, teve Muito Bom. Aquilo que escreveu foi lido em voz alta, entretanto eu tinha sido achincalhada porque me tinha atrevido a perguntar o que estava errado no meu texto.
Ao ouvir a leitura do trabalho da minha colega, só então eu compreendi, ela tinha “inventado” uma história sobre as Estações do Ano, contrariamente eu tinha debitado uma descrição completa e cientificamente correcta, com conhecimentos mais avançados do que aqueles que o programa exigia, sobre o porquê da existência destas divisões climatéricas… Um trabalho que se tivesse sido avaliado pela professora de Ciências certamente teria sido classificado de Excelente!
Percebi que para escrever “bem” teria que inventar mas, eu não me sentia com capacidade para tal, o que poderia fazer? Fazer como no meu diário, cujas folhas, quase todos os dias ia preenchendo? Falar nas coisas que sentia, que pensava? Porque não? Mas mesmo assim com algumas restrições, não estava interessada em que a incompetente da professora, soubesse “tudo” o que eu sentia, sobre o que quer que fosse.
Fui uma aluna com boas notas a Português porque lia bem, interpretava muito bem, escrevia sem erros e sabia gramática… Mas a minha criatividade nesta área nunca foi estimulada.
Em oposição tive excelentes professoras, e por excelentes não quero dizer boazinhas, abomino este termo aplicado a um docente, eram senhoras que não diziam blá, blá, blá, indicavam-nos caminhos para fazermos “descobertas, quando fraquejávamos, incutiam-nos no espírito o não desistirmos,… com estas um dos meus sonhos de menina, o de ser professora, foi como uma árvore, cresceu, floriu e deu frutos, frutos carnudos, sumarentos e doces…
Ao ouvir a leitura do trabalho da minha colega, só então eu compreendi, ela tinha “inventado” uma história sobre as Estações do Ano, contrariamente eu tinha debitado uma descrição completa e cientificamente correcta, com conhecimentos mais avançados do que aqueles que o programa exigia, sobre o porquê da existência destas divisões climatéricas… Um trabalho que se tivesse sido avaliado pela professora de Ciências certamente teria sido classificado de Excelente!
Percebi que para escrever “bem” teria que inventar mas, eu não me sentia com capacidade para tal, o que poderia fazer? Fazer como no meu diário, cujas folhas, quase todos os dias ia preenchendo? Falar nas coisas que sentia, que pensava? Porque não? Mas mesmo assim com algumas restrições, não estava interessada em que a incompetente da professora, soubesse “tudo” o que eu sentia, sobre o que quer que fosse.
Fui uma aluna com boas notas a Português porque lia bem, interpretava muito bem, escrevia sem erros e sabia gramática… Mas a minha criatividade nesta área nunca foi estimulada.
Em oposição tive excelentes professoras, e por excelentes não quero dizer boazinhas, abomino este termo aplicado a um docente, eram senhoras que não diziam blá, blá, blá, indicavam-nos caminhos para fazermos “descobertas, quando fraquejávamos, incutiam-nos no espírito o não desistirmos,… com estas um dos meus sonhos de menina, o de ser professora, foi como uma árvore, cresceu, floriu e deu frutos, frutos carnudos, sumarentos e doces…
Querida Maria Teresa
ResponderEliminarMuito bonito o que acabei de ler... acho que escreves muito bem e que tens um recheado baú de memórias... e o gosto de as partilhares.
Beijinhos.
Queridinha, como o comentário ia ser longo, resolvi escrever um post sobre o assunto. Aguarda. Bjs
ResponderEliminarGosto tanto de ler as suas recordações sob a forma de textos :) E este seu texto lembrou-me o que se passou comigo à uns meses num teste de história. Escrevi tudo o que a professora tinha dito, tudo o que estava nos livros. Portanto estava bastante confiante! A nota que tive foi um mísero 13. Problema? A professora queria que eu desse a minha opinião... Não me conformei, porque para mim história não é algo subjectivo. Mas o que já lá vai, lá vai.
ResponderEliminarBeijinhos*
Agora fizeste-me lembrar uma redacção que escrevi sobre a primeira vez que vi o meu "mais que tudo". Verídica, portanto. Pois a professora de português deu-me um mísero satisfaz, simplesmente porque achou que era demasiada surrealista porque "uma pessoa não se apaixona à primeira vista". Pois não, por isso é que já lá vão 22 anos!!! LOL :) Beijinhos redactoriais!
ResponderEliminarQuerido Vicktor há "coisas" que têm que ser ditas com rigor, eu era muito pequena, já tinha feito redações na escola primária, não percebi foi o que a professora queria...
ResponderEliminarO meu "baú é enorme" e tenho uma grande capacidade para relacionar as coisas...o que é uma vantagem.
Beijinhos "sem embrulho" para ti!
Querida Calendas, sou paciente (mas não doente) aguardo o teu post.
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para ti!
Querida D* há professores e professores, como sabe eu fui professora mas de Matemática, comigo os meus alunos sabiam bem o que eu pretendia...aprendi com os meus bons professores.
ResponderEliminarMais calminha? Espero que não desista.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Ana Rita ao menos este blogue teve um mérito, através dele fiquei a saber que escreveste um texto sobre o teu "amor à primeira vista" (igual ao meu grande aperto de coração).
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para ti!
Querida Maria Teresa,
ResponderEliminarTendo sido sempre muito fraquinho a Português, com erros ortográficos, acentuação e construção frásica a deixar muito a desejar...eis que recentemente um apelo à escrita aparece...
O que me salvava...era a imaginação... :)))
Beijinhos
Maria Teresa
ResponderEliminarTodos sabemos que o ensino, antigamente, era mais expositivo e centrado no professor. Havia aspectos negativos e positivos. Mas, apesar dessas experiências menos boas, aprendeu a escrever bem, com graça e aprender os seus leitores.
Bjs
A minha filha tem o mesmo professor a historia e a português, a historia é um bom professor mas já a português ...
ResponderEliminarTive de a colocar numa explicadora, pois ela não estava a aprender nada e eu não conseguia ensina-la, hoje já evolui muito, escreve muito bem, mas não graças ao professor.
Os professores de português deviam ser os melhores e deviam conseguir explicar o que querem e ensinar bem, mas infelizmente isso não acontece.
Bjocas
Patty
O "Saber utilizar o Subjectivo"... O "Escrever Reflectindo" é como o Homem, primeiro Bebé, depois Criança e finalmente Adulto... Passa por um processo de "Amadurecimento", enervado pelas "Estações do Ano".
ResponderEliminarNo 1º e 2º ciclo não gostava da disciplina de Português; Foi a minha Professora do Secundário que fez com que a minha opinião mudasse... Uma pessoa exigente consigo e com os outros, com quem muito aprendi... Agora tenho como hobby fazer "rabiscos com as palavras". :D
Querida Teresa!
ResponderEliminarQuando leio o que escreve...dou comigo a pensar que me dera ter tanta imaginação e mais ainda escrever tão bem como escreve!
Imaginação por vezes sinto que a tenho...problema mesmo é passá-la para o papel...bloqueio mesmo!
Enfim...dias melhores virão!
um beijinho :)
Isso fez-me lembrar que há professores e Professores... os primeiros podem ficar na nossa memória por más razões, os segundos ficam para sempre no nosso coração.
ResponderEliminarBjokas
Eu também não tinha lá muita imaginação ...
ResponderEliminarBjokas ****
Fico imaginando se tu ñ escreveste bem rs.
ResponderEliminarBarabaridade amiga,sua professora foi infeliz na avaliação.
Uma linda semana.
Beijokas.
Então e agora escreves tão bem sobre factos e transmites tão bem as tuas emoções!!???
ResponderEliminarNão será que a Maria Teresa apenas não estava para "aí virada" no enquadramento daquele ensino?
Abraço
Querida Teresa sem dúvida alguma e de todas as "fornadas" de gerações sairam grandes escritores.
ResponderEliminarConheço as minhas limitações, não sou escritor, sou uma mulher que gosta muito de comunicar e faço-o oralmente e por escrito.
O meu "lamento" existe porque tenho a sensação que se tivesse sido mais encaminhada no sentido da escrita, conseguiria ser melhor, conseguiria exprimir com "voos mais altos" as minhas experiências, os meus sonhos, as minhas sensações,... e a minha criatividade.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Patty os professores não são máquinas, possivelmente essa ptofessora da sua filha tem "formação" a História, mas a lei permite-lhe dar Português e ela "apanhou" com um horário em que tinha que dar as duas disciplinas.
ResponderEliminarA desculpa que formulei não serve totalmente, porque quem tem brio aprende, a professora deveria ter pedido "ajuda" a professores mais experientes na matéria, para a ajudarem a preparar as aulas...
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Marlene, fazer "um risco com as palavras"? A Marlene tem um modo de escrever único, com poucas palavras consegue transmitir mensagens riquíssimas.
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Canhota escreva o que pensa, mesmo que seja aquilo que considera ser um grande disparate.
ResponderEliminarNa blogosfera não é "avaliada", ou melhor as pessoas gostam ou não gostam, comentam ou não, ninguém é obrigado a nada.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Anira, houve, há e haverá sempre professores de todos os "tamanhos"...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida C*inderela mas hoje tem, basta ler-se o seu blogue.
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Pérola espero que estejas restabelecida.
ResponderEliminarObrigada pelas tuas gentis palavras.
Beijinhos "sem embrulho" para ti!
Querida Magy a isso não posso responder, há muita coisa que se dilui no tempo, outras que ficam e as que ficam, por vezes, são distorcidas pela distância.
ResponderEliminarEsta redacção, que me marcou bastante, passou-se "apenas" há uns 57 anos.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
As redacções! Lembro-me tão bem de adorar escrevê-las! E na primária, lembro-me também de achar absurdo termos SÓ duas horas para escrever uma página:P
ResponderEliminarBelos tempos!*
Gosto de ler estas recordações e segundo me parece sempre muito criativas e cheias de humor, muito bem escritas por sinal. Essa professora era igual a tantas que dantes apareciam...felizmente agora acho que se encontra menos disso, também os tempos mudaram e de que maneira...
ResponderEliminarBjs
Querida Adek,a professora era uma malvada, devia dar umas 8 horas com tolerância de mais duas...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Lilá(s) o ensino mudou e de que maneira, "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Mas desde que um professor AME o que faz, a maioria os alunos percebe e acaba por gostar da respectiva disciplina...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Escrever sempre das minhas paixões e agora escrevo até em jantares e dentro do carro a caminho da praia.
ResponderEliminarVejo que essa avaliação da professora não interferiu na tua futura inspiração e agora temos bem o que ler por aqui, Maria Teresa.
Redacção:
ResponderEliminarAs estações
Aprendi na escola que as estações eram 4: Primavera, Verão, Outono e Inverno.
Mas agora sei que já há mais. P. ex. estação do Rossio, de Santa Apolónia, Gare do Oriente (que por ser de um arquitecto famoso se chama Gare em vez de estação e deve ser porque as pessoas apanham cada carga de água e suportam cada ventania, que nem é bom falar nisso) e também há as estações de São Bento e Campanhã, mas estas já são no Porto e são muito boas para se apanhar o combóio para Lisboa. (A piada é velha mas os portuenses não gostam. Mas as auto-estradas também servem para o efeito).
Mas de todas as estações que conheço, e conheço muitas mais do que as que disse, a que gosto mesmo mais é a da Prima Vera, que é quando ela cá vem passar uns dias e traz caramelos e chupa-chupas. Agora até traz um senhor com ela, que ainda não percebi bem o que ele faz, mas alguma coisa deve fazer para ela lhe estar sempre a fazer festinhas.
E pronto. Já disse quase tudo o que sei sobre estações. Agora sobre apeadeiros é que eu sei muito mais, mas já não cabe aqui neste espaço, além de que a senhora professora era capaz de não gostar, porque eu tinha de usar palavras que não vêm em todos os dicionários e então a senhora professora não sabia se estavam bem ou mal escritas.
Portanto gosto muito da Prima Vera e também gosto muito da Senhora professora.
Prontos!
Querida Pitanga não sei se é da idade mas, presentemente, passo mais tempo a ler do que a escrever.
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para ti!
Querido Carapau, como o menino declarou que gostava muito da Senhora (com letra maiúscula)professora (aqui também devia ser maiúscula)e gosta da Prima e da Vera ou da Vera e da Prima, para o caso não interessa nada, vai levar com...um...EXCELENTE!
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para ti!
Tudo bem que a professora pretende-se que vocês mostrassem a vossa criatividade, mas um aluno que apresenta um texto científicamente correcto, sem erros e com boa pontuação, não deve ser nunca penalizado. Pode ser sim estimulado a fazer outras coisas... mas existem professores que entendem as coisas de outra forma.
ResponderEliminarQuerida Olga foi exactamente isso que aconteceu, as professoras de português que tive, e não foram muitas, porque ficavam com a turma vários anos, nunca estimularam a nossa criatividade. Havia colegas minhas que escreviam textos muito bonitos, porque traziam dentro delas esse dom ou então, eram mais espertas do que eu e souberam ler nas entrelinhas o que as professoras pertendiam.
ResponderEliminarEu depois desta redacção percebi...
Em contrapartida aprendi bastante gramática e sabia interpretar muito bem um texto, compreendia o que lia, tinha um treino "caseiro" muito grande, pois desde pequenina sempre gostei muito de ler e tinha muito "material" em casa.
Beijinhos "sem embrulho para si!
Querida Maria Teresa
ResponderEliminarPassei por aqui e adorei o seu texto. Não o vou comentar, vou apenas dizer que está Excelente.
Pois é há professores que nos marcam de tal forma que mesmo ao fim de tantos anos nos conseguimos lembrar de pequenos detalhes.
Como eu me revi em algumas partes desta "história"!...
Beijinhos
Querida Fátima és tu a L.?
ResponderEliminarSejas quem fores, obrigada pelas tuas palavras.
Beijinhos "sem embrulho" para ti!
Querida Maria Teresa
ResponderEliminarSou de facto a L.
Como o tempo passa...ainda ontem "escrevia" a giz no quadro negro e hoje aqui estou eu a teclar nesta "maquineta" que nos mantém à distancia de um clic.
Tão longe e, tão perto!...
Prometo passar mais vezes.
Beijinhos embrulhados na saudade.
Querida Fátima és uma das pessoas que habitam no meu coração há mais de 30 anos.
ResponderEliminarComo são verdadeiras as tuas palavras, como passou tão depressa o tempo e como ao mesmo tempo parece devagar...
Beijinhos com ou sem embrulho, tens direito a escolha.