Corria a década de 70, a Marta e o Miguel descobriram que nunca poderiam ser pais biológicos. Decidiram-se pela adopção de mais do que uma criança. O processo tornou-se moroso e muito “enrolado”, pensaram, pensaram muito… consultaram família, amigos e pessoas especializadas nesta área e decidiram “adoptar” uma família.
Perto do local onde viviam, numa propriedade enorme, “descobriram” uma família paupérrima, um casal na casa dos quase trinta (ela) e trinta e pouco ele, já tinham quatro filhos, a mais velhinha com 10 anos. Viviam numa barraca onde praticamente nada havia, a mendicidade era a fonte que os mantinha com vida, eram analfabetos, a criança mais velha tinha frequentado por breves meses a escola.
O processo iniciou-se, não uma adopção no sentido legal do termo, porque não havia adopção de famílias, mas à criação de laços entre ambas.
A Marta e o Miguel nunca estiveram sós neste processo que levou anos, não se pode passar de um dia para o outro, de uma vida em que nada se tem para uma vida cheia de comodidades…
A primeira coisa que foi feita, foi uma casa para os albergar, uma casa com as divisões necessárias mas apenas com o indispensável para a família ficar bem instalada.
A mãe ficou em casa para tratar dos filhos, de um modo que a pouco e pouco lhe foi sendo incutido e ensinado, três crianças começaram a frequentar a escola com um apoio privado, para que pudessem recuperar o tempo perdido, eram todas bastante inteligentes. O mais pequeno ainda não tinha idade para a frequência escolar. Os pais não eram alcoólicos, apenas nasceram muito pobres e pobres continuavam.
A garota mais velha rapidamente percebeu como se fazia uma cama, como se varria uma casa, ela fui um elemento precioso para a aprendizagem da mãe.
O pai começou a ser ensinado a tratar da terra, os “adoptantes” tinham jardineiro que se encarregou dessa aprendizagem. A ambos os progenitores foi-lhes facilitado o ensino da leitura e da escrita em casa.
Toda esta adaptação foi morosa, por vezes difícil, mas nem os “adoptados” nem os “adoptantes” deram mostras de pensaram alguma vez em desistir…
Os anos foram passando, chegou o momento em que todas as "crianças" já tinham saído de casa, saído para noutro local darem seguimento às suas próprias vidas, num cantinho muito diferente daquele que os viu nascer, mas não daquele que os viu crescer.
Hoje a Marta e o Miguel para além de continuarem a ter os “6 afilhados”,de quem se propuseram cuidar até terem as asas necessárias para poderem sair do ninho, têm muitas vezes em seu redor mais 5 crianças que lhes chamam “avós”.
Texto publicado no âmbito do desafio ABISMO para Fábrica de Letras
Olá Maria Teresa
ResponderEliminarPOR AQUI SE PROVA QUE AINDA HÁ GENTE BOA NESTE MUNDO CONTURBADO.
Obrigado por nos contar.
Bjs
G.J.
Era bom que existisse mais casos desses, pessoas com bom coração :)
ResponderEliminarBjokas ****
Querido Gaspar eles foram generosos, solidários e humildes de um modo que nunca pensei que pudesse existir.
ResponderEliminarQuando vejo as "estrelas" a adoptarem crianças de culturas muito diferentes e que ainda têm pais, pergunto-me porque não fazem algo semelhante?
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida C*inderela talvez existam, as pessoas que fazem isto, normalmente, não dizem que fazem.
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Maria Teresa,
ResponderEliminarSeu texto me emocionou!
Tenho dois filhos do coração e um biológico. Então estas histórias me fascinam! Só nunca havia ouvido falar de adoção de famílias...
Achei isto muito lindo!
Parabéns pela sensibilidade do texto!
beijinho,
Neli
Neste texto o abismo para mim era a falta de instrução, não só a nível escolar, mas a nível da própria vida. Quem nasce muitas vezes sem recursos próprios e não tem quem lhe ensine determinadas atitudes, nunca chega a aprender, e passa aos filhos essa pobreza, a pobreza de espírito. Aqui grandeza de espiríto tiveram os adoptantes que tomaram sob a sua alçada uma família inteira, e por ela lutaram ensinando-lhes as noções mais básicas da vida. Excelente crónica, de um abismo que se transforma numa ponte. Parabéns Maria Teresa.
ResponderEliminarQuerida Neli não há famílias para adopção, eu usei este termo para explicar o que um casal fez, em lugar de adoptar uma ou mais crianças, tomou à sua responsabilidade uma família que vivia na maior das pobrezas, não sabiam "nada" de "nada", viviam do que lhes davam, levantavam-se à hora que lhes apetecia, a mãe nunca tinha visto uma cama feita com lençóis...
ResponderEliminarDou-lhe os parabéns por ter um filho adoptado, um filho que foi escolhido com o coração, é uma senhora que tem muito AMOR para dar.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Olga fez uma excelente interpretação da história real.
ResponderEliminarAcredita que na altura em que este caso se iniciou me fazia muita confusão como é que adultos, principalmente a mãe, não sabia sequer fazer uma sopa, não sabia varrer, a comida era a que lhes davam ... Quase não acreditei!
O casal que se responsabilizou por eles estava ligado à paróquia e tal como os pais dela, eram pessoas muito caridosas, muito solidárias, mas muito discretas, tudo o que faziam não era alardeado
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Maria Teresa:
ResponderEliminarAcção digna de figurar numa antologia de Bem-Fazer.
Ainda há açlmas generosas que justificam a nossa admiração e o nosso apreço.
Quantos dos «condecorados» do 10 de Junho se aproximam deste casal?!
E não é que não pára de me surpreender com estes posts?:D ADOREI ler este texto, como adoro sempre ler/ver/fazer coisas que me lembrem que o mundo não é tão mau assim, e que cabe a cada um de nós fazer o que pode para que ele seja melhor:D Mas que belo exemplo de partilha e dádiva!*
ResponderEliminaré verdade, este texto prova que ainda existe boas pessoas neste mundinho :)
ResponderEliminarum beijo, adorei o blog, vou seguir :)
Não poderias estar mais certa!
ResponderEliminarInfelizmente, esses extremos são cada vez mais acentuados e a maior parte deles não no bom sentido.
No entanto, e podendo parecer ao contrário, é no extremo mais frágil que, a maior parte das vezes, encontramos os melhores exemplos de vida, as melhores pessoas.
Bjs
Que história tão bonita.
ResponderEliminarFelizmente deve haver muitas mais que nunca saberemos pois nem toda a gente gosta de "dar nas vistas"...
Além de bonito o post, foi de utilidade pública é bem possível que daqui "nasça alguém com vontade de fazer o mesmo"
Beijinhos
Gostei. E a verdade é que muita gente que faz o bem, como esse casal, não gosta de publicidade... o que querem apenas é melhorar o mundo.
ResponderEliminarBjokas
Ah as pessoas boas são como diamantes... raros!!
ResponderEliminarQue lindo...
ResponderEliminaré bom saber que existem histórias desse tipo..
é legal, pessoas que se dispõe a tal ato..
pena que poucas recebam esse gesto!
Esta história é mais ou menos como aquela frase:"não dês o peixe, ensina antes a pescar". O casal podia ter escolhido ajudar só as crianças e isso já era louvável mas o que eles fizeram foi algo muito maior, "adoptar" toda a família e ajudá-los, a todos, a crescerem e a se desenvolverem... é preciso ter um coraçâo grande para amar assim!
ResponderEliminaradotarMaravilhoso texto! Também sou mãe do coração. Abraços.
ResponderEliminarwww.adoteoamor.blogspot.com
Na vida podemos fazer sempre mais do que pensamos conseguir.
ResponderEliminarCadinho RoCo
Querida Maria Teresa,
ResponderEliminarAqui está um acto de bondade que ambos conseguiram usufruir e partilhar com o mesmo valor.Uma historia com um final feliz.
Os adpotantes foram felizes e gerenoros e os adptados souberam aproveitar a oportunidade na vida e rectribuirem de uma forma correcta e merecida.
Gostei muito e apreciei a linda forma de se poder fazer bem usufruindo de uma linda recompensa.A amizade,os laços afectivos criados,a humildade e a harmonia,tudo em prefeita conjugação.
Bjinho cheio de luar
Belíssimo texto!
ResponderEliminarParabéns Maria Teresa!
E esse casal tambem mereceu um grande abraço!
Bjs dos Alpes
A vida faz-se de muitas histórias como essa...
ResponderEliminarBom dia!
ResponderEliminarO mundo precisa de mais pessoas especiais, de mais amor.
Tenha uma quinta-feira especial.
Bj
Querido José obrigada!
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Foi uma solução perspicaz e exemplar. Apoiar uma família pode ser, em termos sociais, muito mais eficaz do que adoptar uma criança.
ResponderEliminarQuerido Rouxinol, conheço outro caso, que vivi até mais de perto.
ResponderEliminarA família não era tão pobre mas perdeu o pai num acidente de pescaria. O patrão e a mulher tomaram "conta" da família,ambas as filhas foram as herdeiras universais deste casal que não tinha filhos.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Adek há mais pessoas que têm atitudes semelhantes, não andam é a propagandear o que fazem, pelo contrário fazem os impossíveis para que os seus casos fiquem no desconhecimento, querem proteger os menores da curiosidade do mundo...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Abelha muito obrigada! E são jovens como a Abelha, sensíveis que me fazem acreditar que o mundo vai mudar para melhor...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Sara e quantas vezes mesmo!
ResponderEliminarSão pessoas puras, sem maldade, abertas a tudo o que se lhes possa "ensinar", muitas vezes têm muito pouco, mas sabem amar e são felizes...
Beijinhos "sem embrulho" para ti!
Querida Papoila que bom seria se muitas pessoas fizessem actos semelhantes a este...
ResponderEliminarMuitas não sei se há, mas no comentário que fiz ao Rouxinol, "toquei" levemente num caso que vivi de perto, com algumas semelhanças com este.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Anira é isso, não querem publicidade, nem precisam dela...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida S* disse uma grande verdade, são raras...mas há algumas.
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Juliana concordam consigo, são poucas, são precisas mais...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Stiletto a Marta jamais "tiraria" uma criança a pais biológicos, mantê-los na família foi o expoente máximo de amor, de uma mulher que gostava de ter tido um filho biologicamente seu.
ResponderEliminarNão faço ideia que se o caso deste casal se passasse nos dias de hoje, não teria outro desfecho, a medicina está muito avançada nos casos de infertilidade.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Janetinha, parabéns por ter amor quanto baste, para ter um "filho do coração".
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si
Querida Roberta obrigada pela visita!
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querido Cadinho que bom seria se muitos pensassem assim.
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Moonlight ao relatar esta história, eu própria ia pensando como foi possível eles terem conseguido tanto...
ResponderEliminarTodo o processo foi deslizando, às vezes, com algumas paragens,nem sempre foi fácil... mas ambas as famílias conseguiram chegar à meta que se pretendia.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Flor esse casal era e é muito crente, o padre católico que os apoiou deu-lhes muita força, hoje já nada novos fariam tudo de novo, sentem-se compensados pela
ResponderEliminar3ª geração...
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querido João e ainda bem...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Lady, não é preciso ir-se a casos tão extremos...todos podemos dar um bocadinho de amor, o nosso coração é um poço sem fundo.
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querido Carlos sou inteiramente da sua opinião. Quando a Angelina Jollie começou o processo de adopção, suponho que da última criança, uma criança pequenina negra, com pai e irmãos ... eu pensei tanto na família de que falei. Porque é que ela não deixou ficar o rapazinho com o pai, na sua terra, na sua cultura,... e não os "adoptou" a todos?
ResponderEliminarÉ o caso da adpoção de crianças com irmãos em que as famílias que os adoptam os fazem separando-os...
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Casos como esses existem poucos, é preciso esforço,dedicação,compreensão etc...e a vida hoje em dias está a tornar as pessoas cada vez mais egoístas. linda história é veridica?
ResponderEliminarBjs
Esse caso faz-nos ter alguma esperança na humanidade. Confesso que li até ao fim convencida de uma reviravolta na história, à volta de alguma toxicodependência ou, simplesmente, ingratidão. Tenho pena de ter pensado, quando acabei de ler: "Ah! Isto afinal já foi há muito tempo! Hoje, não seria assim, as pessoas estão muito cientes dos seus direitos, mas já não conhecem a palavra gratidão!" Tenho pena de ter perdido alguma da minha confiança nos nossos concidadãos.
ResponderEliminarBjs
Querida Teresa a humanidade está muito doente... Eu já acreditei mais nela do que actualmente acredito.
ResponderEliminarConheço este caso com desfecho feliz e um outro(falei dele, por alto no comentário que fiz ao Rouxinol) mas iniciado no tempo em que era adolescente.
Ambos os casos iniciaram-se há bastantes anos.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Lilá(s) o caso é verídico sim! Os nomes não, vivem no Alentejo.
ResponderEliminarA Maria Helena (nome real) acompanhou este caso desde o início, era amiga da mãe da Marta, infelizmente ambas já faleceram, a M. Helena não há muitos anos.Por isso não sei como são as 5 crianças das quais falo e se já aumentaram em número.
Posso é dizer-lhe que considerava quase impossível acontecerem certos pormenores, que a M. Helena nos ia relatando, o processo não foi nada fácil, mas terminou bem.
Beijinhos "sem embrulho" para si!
grande história...
ResponderEliminarSe vires alguém com fome, não lhe dês um peixe... ensina-o a pescar.
ResponderEliminarFoi o que a Marta e o Miguel fizeram. Uma atitude nobre e um exemplo infelizmente pouco seguido, pelos que têm as condições necessárias para o fazer. Mas enquanto houver Martas e Migueis, por poucos que sejam, com toda a certeza vale a pena.
Uma história tocante, que emociona e dá vontade de ajudar.
Beijinhos :)
Querida Chapéu uma grande história em tudo, amor, solidariedade, humildade, sacrifício, sofrimento,...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Querida Helga uma história que nos leva a acreditar, a ter esperança...
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!
Mais uma maravilhosa Lição de Vida, querida Amiga, que nos deixa a "mastigar" e a querer ser Melhor todos os dias: não existem Abismos, basta queremos!!! Obrigada pela partilha, são estes momentos que enriquecem os meus dias...Beijos Grandes
ResponderEliminar(Opps, só agora participei na Fábrica de Letras: o "meu" Abismo é tão diferente do seu ;)))
Querida Tela tenho que ir ver essa participação... e obrigada por ter passado por cá!
ResponderEliminarBeijinhos "sem embrulho" para si!