quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

PREGUIÇA

Quando escrevi isto não sonhava que me ia servir deste acidente, para falar sobre a PREGUIÇA.
Pois foi, pois é, a fractura do meu pulso esquerdo, e o facto de ficar engessada até ao cotovelo, deram cabo do meu Verão, da minha ida à praia, dos meus passeios pelo campo, das minhas visitas a São Pedro de Sintra e a Sintra, daquilo que entendo que devo fazer. Vá lá, não estragou por pouco, nenhuma das minhas viagem porque estas, só as faço quando o grande bloom de viajantes termina. Não é por acaso que passo os meses de Julho e Agosto em “casa”. Para que me serviria a sorte de possuir um Refúgio entre a serra e o mar? Teve um lado bom, deu-me direito a um mês de PREGUIÇA.
De “armas e bagagens” mudei-me para casa da Ana Rita e fiz o que também gosto de fazer…, li, li muito, brinquei com as crianças, “aturei” os meus netos adoptivos, e qual dondoca bem apetrechada, frequentei com grandes mordomias a piscina dos meus compadres. Usei e abusei desta maquineta, que teclo apenas com o indicador direito, que até está a ficar gasto… e ouvia a família dizer:” Lá está ela no vício!”
Fui excelentemente tratada, os mais novos também ajudaram, até a pequenota de 4 anos me ajudava a vestir. Portaram-se melhor do que é costume. Era maravilhoso senti-los acordados à espera que eu os chamasse e era um prazer vê-los, o mais velho, mais comedido não o fazia, com o Freddy e o Ruka, saltarem para cima da minha cama e de mim. O Ruka mais atrevidote a querer lamber-me (Tela não leia ”odeio-o” as lambidelas … dos cães e dos gatos).
Foi um tempo de “estado de graça”, uma PREGUIÇA instalada e consentida. Dispensava o pulso partido, mas de outro modo não tinha “preguiçado” tanto.
A PREGUIÇA dá prazer? Claro que dá! Pelo menos a mim. Mas usar a Preguiça todos os dias cansa…
******

E agora? Não posso fechar este post assim, sem mais nem menos, então cá vai, da autoria de duas cabeças pensadoras, para uma delas dar cumprimento a um trabalho sobre Fernando Pessoa, a partir de “Ai que prazer não cumprir um dever” do poema “Liberdade”, que muitos de vós certamente conhecem e que foi tão bem declamado por Ary dos Santos
Ai que prazer não cumprir um dever
Estar ao luar
E não estudar
Apenas pensar
Em namorar

Ai que prazer não cumprir um dever
Um filme ir ver
Comida não fazer
Um refresco beber
Numa tarde de lazer

Ai que prazer não cumprir um dever
Laborar não
Arranjar um gatão
Com um belo carrão
E gozar o Verão

Ai que prazer não cumprir um dever
Ir passear
A loiça não lavar
A roupa não passar
E o chão não encerrar

Ai que prazer não cumprir um dever
Não tratar da cadela
Ver a telenovela
Navegar à vela
Com o namorado à trela

Ai que prazer não cumprir um dever...


Não tenham preguiça em comentar!

É EXPRESSAMENTE PROIBIDO DIZER MAL DOS VERSOS ATÉ PORQUE, A PROFESSORA DE PORTUGUÊS, DISSE MUITO BEM DELES!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

INVEJA

Durante esta época natalícia li em muitos cantinhos, as jovens senhoras falarem orgulhosamente nas suas compras: boinas, botas, casacos, brincos, colares, pregadeiras, … eu sei lá que mais! Uma panóplia de artigos para contemplar a vaidade feminina. E a exibirem-se em fotografias em que escondiam parte do rosto.
Eu, roída de INVEJA, quase roi as unhas até aos cotovelos, olhei para mim e falei com os meus botões que, por puro acaso, não existiam na roupa que trazia vestida, e afirmei convicta: “mas estou fantástica, estou mais do que na moda, estou avançada na moda!”
Pensando em vocês, pedi à minha fotógrafa privada, que se apossou há uns largos meses da minha máquina digital, para me tirar uma fotografia para sujeitar à vossa apreciação…

Passo a descrever-me para verem como estou na moda (digo eu) mas sou muito poupadinha (avareza?). Da cabeça para os pés que até ficaram cortados, mas que garanto, tenho pés.
A boina foi comprada no Harrods. Sim! Em Londres, no ano da graça de 1991. O anel do dedo mindinho foi comprado em Creta em Setembro de 2009, a camisola branca é da Redoute e foi adquirida em 2007, o casaco é da Marcks & Spencer e foi comprada, há não sei quanto tempo, na Avenida que vai dar à Praça de Londres, vinda do lado da Alameda, em Lisboa, a pregadeira é artesanal e caseira, a saia de ganga já fez pelo menos três anos e as botas essas são quase recém-nascidas, comprei-as em Albufeira no início deste mês de Dezembro, são de salto raso à boa maneira de uma aldeã por opção.
Acham que tenho razões para sentir INVEJA?

Agora verifico que esta INVEJA se transformou em VAIDADE! Assim não vale! Estou a fazer batota e a desviar-me dos meus propósitos.
Então vou tentar ver a minha INVEJA por outro prisma.
Vejamos! Tenho “inveja” de outras coisas, não vou citar nomes mas tenho como “mira” alguns de vós!
“Invejo” : a vossa capacidade criativa, o vosso humor malandreco, o vosso humor satírico, o vosso humor crítico, a vossa alma poética, a vossa arte fotográfica, o vosso amor cúmplice, o vosso amor casado com a paixão, o vosso amor sereno, a vossa ingenuidade, a vossa ternura, a vossa tenacidade, a vossa dádiva na “exposição”, a vossa alegria de viver, …
Enfim! Parece que não INVEJO ninguém, ADMIRO-VOS!
Que chatice! Eu quero pecar! Será que não sou nada INVEJOSA?

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

GULA

O que a GULA pode fazer a uma pacata mãe de família muito bem comportada, um exemplo que todos deviam seguir (não acreditem muito nisto, sou eu a armar em boa), EU!
Ora ouçam atentamente! Uma grande, enorme amiga de infância, da qual presentemente ouço apenas o silêncio da sua ausência, gostava muito de “receber em casa”, era uma pessoa muito divertida, que adorava pregar partidas, para seu próprio gozo. Num dia em que dava um desses jantares em que eu, como de costume, brincava com ela às cozinheiras, ela avisa-me que a partida desse dia já estava a postos e disse-me o que era, sem especificar muito bem.

Tanto quanto me lembro, o jantar correu maravilhosamente e o convívio foi óptimo.
Finalmente, depois de todos os convidados se terem despedido, com os agradecimentos habituais, as promessas de retribuição e os elogios do costume (bem merecidos, devo acentuar), eu fiquei para ajudar a dar um jeitinho na “arrumação” da contenda comensal e pergunto-lhe: “então quantos provaram a comida do Phebinhos?” O Phebus era o cachorro dela como já devem ter deduzido. “Comeram tudo disse-me ela!” Rimo-nos perdidamente! Voltei a perguntar-lhe: “ E o que foi que puseste?” “Uns biscoitos de chocolate, na mesa dos doces!” Guinchei a rir! Os nossos maridos e ela, pensavam que eu tinha enlouquecido, não percebiam onde estava, nessa afirmação, a graça… Muito custo, pois a vontade de rir era imensa, os meus interlocutores já riam também, sem saberem bem porquê, lá fui explicando…

Vocês já descobriram? Acredito que sim! Eu devo ter sido a “convidada” que comi mais biscoitos de chocolate para cão naquela noite.

Isto é GULA ou não? Devo dizer-vos que há cães com muita sorte! Os biscoitos eram deliciosos!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

VAIDADE

Já todos ouvimos falar nos 7 pecados mortais: Inveja, Ira, Vaidade, Preguiça, Gula, Avareza e Luxúria , eles fazem parte do nosso quotidiano. Estão directamente relacionados com as nossas pequenas fraquezas, com os nossos “dramas” e, também com o nosso humor, acredito que muitos de vós não os cometeram, eu já cometi alguns, com pouca gravidade é certo.
Vou dar-vos a oportunidade de me julgarem…


Nunca gostei de casacos ou outras peças de vestuário providas de capuz mas fui tentada, já há alguns anos, pelo casaco das fotos. É uma peça de vestuário que se pode vestir dos dois lados, a parte negra é impermeável, a outra é de pele sintética.
Quando o vestia, com a parte negra para fora, fi-lo sempre sem puxar o capuz para a cabeça, sempre me serviu como sobre-capa até que um dia…
Ia ao cabeleireiro e como o cabelo estava por arranjar, decidi colocar o capuz, em frente ao espelho. Coloquei-o de uma maneira que considerei chiquíssima, senti-me maravilhosa porque este não ficou agarrado à cara, ficou solto, senti-me como uma dama dos finais do século XIX, romântica, lânguida, sensual, desejada, …

Assim equipada ( bem “armadilhada”), saí de casa e caminhei imponente a pé e opada de VAIDADE, até ao meu destino…encontrei pessoas conhecidas pelo caminho, caminho esse que é uma avenida e uma estrada de cidade, com as quais fui trocando uns tantos ou quantos cumprimentos, uns tantos ou quantos “agradinhos”, entre os quais: “que casaco maravilhoso!” Tive a sensação que estava a fazer “furor” e estava!
Chegada ao cabeleireiro e despido que foi o casaco, com a ajuda da recepcionista, eis que se detecta, que ia etiquetada… na base do capuz ainda estava pendurada a etiqueta ENORME identificativa do produto e respectivo preço… lá se foi a minha imodéstia por água abaixo…
Ri-me perdidamente e imaginei-me no lugar dos passantes que me viram de costas, e do que deviam ter pensado e até comentado, o que eu comentaria no lugar deles…
*******
E ao descrever esta cena, recordo de Nicolau Tolentino (1740/1811) o soneto que decorei em
adolescente:

O colchão dentro do toucado

“Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a mãe ordena,
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali, ou a criada.

A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz co'a doce voz que o ar serena:
"Sumiu-lhe o colchão, é forte pena;
Olhe não lhe fique a casa arruinada."

"Tu respondes-me assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?" E dizendo isto,

Arremete-lhe à cara e ao penteado;
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.”

É espantoso como este soneto se pode transportar para a actualidade…a crítica a tudo o que é secundário, a critica feita de um modo satírico à VAIDADE…
A VAIDADE é enganadora e efémera… E eu snif, snif, estou a fingir que estou a chorar, cometi (continuo a cometer), um terrível pecado a… VAIDADE

domingo, 27 de dezembro de 2009

BARAFUNDA

Vão desculpar-me tenho a certeza! Na minha cabeça vai uma barafunda de bradar aos céus! Alguns neurónios fundiram e neste momento os miminhos estão todos engarrafados. Não publiquei logo na altura em que os recebi, porque lhes queria dar algum realce e estava com pouco tempo para tal… Por isso vou fazer algo de diferente e como estamos numa época de tolerância, os visados vão ser tolerantes e vão-me ajudar a sair deste engarrafamento neurónico. Lembrem-se: é para o bem da minha saúde mental!
Da C*inderela, da Anira, da Chapéu Amarelo e de ????
Recebi os selos que a seguir publico, com a vaga sensação de que me esqueci de um...
Alguns bisados, etc…..




Mas não vou fugir aos desafios, sou lá mulher para isso, mesmo no meio desta "barafunda" toda, ainda penso muito bem, às vezes!.

Desafios
1-Parecer sobre: “este blogue é o mais fofinho de todos!”, não concordo muito, há outros blogues bem mais fofinhos, de repente lembrei-me do da Buxexinhas
2-O que você deseja neste Natal? Aqui “a porca torce o rabo”, parece-me que “não sei como descalçar as botas”. Posso escrever sobre o que desejo para mim, para a família, para os amigos com ou sem rosto, para o país, para a sociedade, para toda a humanidade, …
E assim vou deixar palavras do Poeta, cada um de vós pode interpretá-las de acordo com o vosso sentir

NATAL

O sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas de perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa


3- “O teu blogue é fabuloso”. Será? Na minha opinião e eu não sou muito modesta, não me aparece assim muito, tem algumas qualidades mas…Vocês que me lêem e que me comentam é que podem opinar e com honestidade.
Que prendas recebi neste Natal?
Cá vai a lista:
-Uma pulseira Pandora, para completar mas, já com os seguintes berloques: duas crianças (imperativo ser), um buda, a letra T, uma bolina azul com estrelinhas e outra vermelha com uns símbolos que não sei o que representam
- Um alfinete para colocar numa lapela ou numa boina
-Uma decoração para a parede do meu quarto aqui do Refúgio, muito bonita, engraçada e original, elaborada pela Ana Rita (vão lá ver que a malandra publicou a fotografia hoje)
- Um livro “No Coração de África” de William Boyd
- Uma caixa com “queimador” , essência perfumada líquida, suporte para incensos e velas
-Umas meias daquelas que têm protecção para as usarmos sem calçado
- Uma faca para manteiga e uma rolha de garrafa, ambas com o Pai Natal a decorar
-Uma flor que é um relógio de pulso, tem que se abrir as pétalas para se verem as horas
-Uma caixa de Ferrero Rocher (mas isto foi “maldade”, os chocolates são a minha perdição)
-Um cestinho para pão com um pano bordado a ponto Richelieu, feito pela minha madrinha, senhora de 83 anos que borda com uma perfeição que eu nunca atingi.
-Um serão depois do jantar da Consoada que durou até às 4 horas da manhã (serão virtual mas fantástico)
E o mais importante de tudo o AMOR e o CARINHO que muitos me expressaram de diferentes maneiras e formas,… deixo isso à vossa imaginação.
4- “Seu blogue faz-me viajar”. Os vossos fazem-me, se fazem! O meu, desejo muito que sim!
Três livros que me marcaram:
Vou dizer de repente:
“O Pavilhão dos Cancerosos” de Aleksandr Solzhenitsyn
“As Sandálias do Pescador” de Morris West
“Filhos de Torremolinos” de James Michener
Já não retiro, há mais, muitos mais e com mais “influência” do que os citados mas o que está, está!

E agora meus queridos a “mesa” está posta. Sirvam-se que eu agradeço, levem a “comida” que quiserem, distribuam-na, divirtam-se com os desafios e sejam crianças e felizes mesmo apenas por breves instantes, tal como eu fui enquanto elaborei este post, que não foi tão breve assim, em vários sentidos

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Devo explicar que tenho alguns textos feitos com alguma antecedência, quando me apetece escrever faço-o, sem ser por “encomenda”, são os intemporais… Outros textos lembro-me na altura em que penso postar, “saem-me”nesse momento, logo são criados na data em que são publicados. Tenho muito “material” por isso posso postar (detesto esta palavra), quase todos os dias, o mesmo não acontece em relação aos miminhos.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

DOÇURA OU DIABRURA XIV

Fim-de-semana prolongado! Mas a doçura ou diabrura não pode faltar...
Continuamos na fase da doçura.
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"Ora bem, acho que devemos devolver as cartas que escrevemos um ao outro, " disse ele. "Certo", respondeu ela, mas deixa-me perguntar-te se não deveremos devolver também todos os beijos que trocámos?".
Assim fizeram, após o que logo reataram o noivado.
Anónimo

Um exemplo que deve ser levado a sério...

BOM FIM-DE-SEMANA para todos!
Atenção ao piso molhado! Sejam condutores civilizados...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

PAI NATAL

As memórias sobre os Natais da minha infância estão desorganizadas. Lembro-me de na Noite da Consoada colocar um sapato na chaminé e no dia de Natal, acordar muito cedo e correr desenfreadamente até à cozinha e, entre os sapatos dos vários membros da família, procurar o meu, de agarrar sofregamente os embrulhos que perto dele se encontravam. Os presentes eram, neste tempo, supostamente dados pelo Menino Jesus.
Que idade tinha quando surgiu a figura do Pai Natal, não me lembro, nem sei porque apareceu a substituir o Menino Jesus, se contemporizou com ele… Sei que os versinhos que hoje publico, com a letra que tinha ao 10, 11 anos, foram “inventados” pela minha avó materna. Na noite de Natal ela “maltratava” as teclas do piano uma melopeia, que ainda conheço de ouvido, e nós as crianças da família cantávamos, eu muito desafinadamente, os versos escritos na folha da foto.

Faz hoje anos, não sei quantos, a memória trai-me, que conjuntamente com o meu irmão e primos cantámos pela primeira vez esta “canção”. Na nossa ingenuidade de crianças achávamo-la o máximo. Em anos seguintes a canção enriqueceu em versos, não sei se em qualidade… Não encontrei “vestígios” desse crescimento, nem me lembro dos versos, sei que cada um de nós era citado…

O "trás" está errado, devia ser traz, mas nenhum adulto me emendou, não devem ter visto, e esta folha, deve ter sido uma espécie de cábula.

Se clicarem sobre a foto lê-se bem o que está escrito

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

CARTAS, POSTAIS E AFINS

A quadra natalícia, mas não só, sempre foi propícia, até muito antes de me conhecer, ao envio de cartões, postais, missivas, cartas… a formularem desejos de saúde, felicidade, paz, amor,… à família, aos amigos e aos conhecidos. Este uso está muito diluído neste século XXI, o desenvolvimento tecnológico, quase retirou o prazer de se receber um escrito à mão, com letras gordas, magras, elegantes, rebuscadas, desenhadas, indecifráveis,…
Eu tenho uma grande colecção de postais antigos idênticos ao da figura que fui buscar à Internet, preenchidos com as letras dos meus avós maternos, dos meus pais e de outros familiares mas, estão guardados em Lisboa, não os tenho aqui comigo. Isso não me impede de recordar, mais ou menos, algumas frases, algumas pouco originais para os dias de hoje, mas que na época era o must do romantismo. "Todas as cartas de amor são ridículas" afirmou o Poeta.
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos
******
A minha avó materna nasceu em 1893 e o meu avô cinco anos antes…
“Minha querida, no brilho dos seus olhos, encontrei resposta para o bater descompassado do meu coração. Amanhã por esta hora, voltarei a passar por aqui, talvez a consiga vislumbrar, através do ondular diáfano das cortinas do seu quarto”
“ Minha musa inspiradora, dos meus lábios saem poemas dedicados à suavidade da sua pele, à pureza da sua alma, ao brilho dos seus olhos,” ( e não sei que mais…)
Há postais com “escritos” mais normais ou “anormais”, depende do ponto de vista, a saber da saúde de alguém, a dar novidades sobre outros. Algumas das pessoas lá citadas não sei quem são.
Por vezes, escuto a minha voz a repetir pausadamente cada uma das palavras escritas e sinto-os a todos, vivos dentro de mim! Continuo a amá-los, um amor sereno, pleno, sem sobressaltos!

Esta carta e outras, imortalizam a letra do meu pai. O sobrescrito está dirigido a uma tia minha que faleceu poucos anos depois. Nesta data os meus pais ainda não eram casados, o meu pai tinha 20 anos e a minha mãe 12. Eu ou o meu irmão, retirámos o sêlo para as nossas colecções, por isso o sobrescrito está rasgado. A parte em branco aparece a proteger a morada do meu nascimento

Durante muitos anos o remetente escrevia-se na parte de trás do sobrescrito.


Palavras de amor escrita pela mão de quem nos ama … que tal?Hum…! Não vos “sabia” bem?
Não vos apetece escrever um bilhetinho com a vossa letra?
Então aproveitem esta quadra que atravessamos e escrevam…

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

UMA FLOR PARA SI!

Hoje já recebeu uma flor? Não! Mas vai receber…aqui vai uma ACÁCIA para si! Especialmente para si!

Todas as flores têm uma linguagem própria. Na época do romantismo as flores serviam de mensageiras de uma linguagem cheia de afectos, de pensamentos mais ou menos inocentes, mais ou menos atrevidos e até maliciosos. Havia diálogos e diálogos… através do envio de flores.
As noivas do tempo da minha mãe e do meu também, levavam um ramo de flor de laranjeira e não era por acaso, a flor de laranjeira era um símbolo de virgindade. Eu não levei um ramo, calma… levei um alfinete de peito elaborado com estas flores, o meu ramo de noiva era de nardos (voluptuosidade) com um aroma muito agradável.
Este hábito, de expressar sentimentos através de simples ou requintados espécimes nasceu no Oriente, mas foi-se perdendo com a modernidade.
Nos tempos de hoje oferecem-se flores de qualquer maneira, um simples malmequer campestre, uma sofisticada orquídea, uma rosa azul(?), um ramo, um ramalhete, uma cesta, uma flor envasada… algumas vezes com uma mensagem escrita, outra vezes nem isso, e a pobre da flor ou das flores ficam tristes pois poucos compreendem a sua linguagem, nada percebem da sensibilidade mágica que se esconde por detrás delas…

Hoje, neste cantinho, regressei a esse mundo…
Nota: Para ler melhor a página ,que dá o significado da ACÁCIA, basta clicar sobre ela

domingo, 20 de dezembro de 2009

O MEU REMÉDIO

Mais uma vez fui mimada e quem o fez foi o Ergela , um lobo da noite ou uma noite do lobo. Isto significa que os "lobos" também podem ser sentimentais e gostam de distribuir miminhos.

À semelhança do que venho fazendo ultimamente, quebro regras. Ofereço este miminho a todos os que me visitam. Vocês são na realidade o meu remédio, fazem-me companhia, são os meus amigos de um lado do meu mundo... Façam como alguns de vós têm feito, levem-no e assim dar-me-ão bastante prazer...

Para si Ergela o meu agradecimento, acompanhado de um beijinho embrulhado!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

DOÇURA OU DIABRURA XIII

E mais um fim-de-semana e o Natal mesmo à porta...

" O BEIJO é tão velho como a criação, no entanto é jovem e fresco como nunca. Já existia e há-de existir sempre. Não há dúvida nenhuma que Eva soube o que era o Paraíso, tendo-lhe um anjo ensinado as suas belezas, virtudes e variantes. Há algo nele tão transcendente!"
Haliburton (1796-1865)

PARA TODOS UM EXCELENTE FIM-DE-SEMANA!
E nada de tentações...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

MENSAGEM NATALÍCIA

Com o aproximar do Natal vou-me afastando do computador, as solicitações para vários afazeres, alguns dos quais bastante agradáveis, tiram-me tempo para me dedicar ao blogue.
Não vou sair do país e até pode acontecer que vá arranjando um tempinho, mas como não é certo, vou já enviar-vos a minha mensagem.
Aqui neste cantinho, já o disse muitas vezes, mas vou repetir, só me visitam AMIGOS VIRTUAIS (excepto a minha família mais chegada), isto não quer dizer que não sinta um carinho enorme por todos vós. Aos poucos vou-vos conhecendo, todos são diferentes mas tão iguais, de um modo ou de outro, colocam na blogosfera, os vossos amores, os vossos desamores, o vosso dia-a-dia, o vosso passado, os vossos sonhos, as vossas esperanças, trivialidades, revoltas, protestos, …convosco já chorei, já ri, já sorri…
Está na altura de vos dizer que gosto de estar aqui e nos vossos cantinhos. Já houve quem me quisesse "anular", ainda não percebi bem porquê… e isso dói!
Ninguém é obrigado a ler-me e muito menos a comentar, se discorda que esteja à vontade, se concorda à vontade esteja. A maior parte dos meus textos enriqueceram com a vossa ajuda, sem os vossos comentários teriam ficado paupérrimos, por isso vos estou grata e assim, aqui vai o meu MUITO OBRIGADA, vocês são a “base” da minha modesta “árvore de Natal”, o meu beijinho embrulhado de hoje.


Se me esqueci de alguém desculpem-me mas tal como diz Alguém, de quem gosto bastante, ando um bocadinho lerda, esquecida, ...

BEM-HAJAM!


Socorro não sei fazer isto de outra maneira, ainda tenho muito que aprender, no que diz respeito a muitas coisas, mas neste caso particular, ao manuseamento de programas.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A MAMÃ PÔS UM OVO!

Dia 1 de Fevereiro de 2002, eu e a minha filha parámos em frente a um escaparate com literatura para a infância e ela detectou um livro com este título “ A MAMÃ PÔS UM OVO!”. A Ana Rita estava gravidíssima, a criança nasceu no dia seguinte, olhei para ela e devo ter dito qualquer coisa como: “És uma galinha!”.

A partir daqui foi algo de inesquecível, pegámos na obra em questão e toca a folheá-la, um horror de idiotice pegada de tal modo que depois de o J. nascer fui comprá-lo e ofereci-lho a com a seguinte dedicatória:

"Para o J. M. quando for “grande”= adulto da vovó Maria Teresa.
Tendo este livro um título tão estúpido, as mulheres não são aves, não põem ovos, as mulheres parem os filhos, “dão à luz” os seus bebés, porque é que te o ofereço, correndo o risco de me acharem “meia” (vá lá!) chanfrada? Porque…
Era uma vez, na secção infantil da Fnac, no Colombo em Lisboa, uma jovem senhora (a tua mamã), com uma barriga muito grande (eras tu que estavas lá dentro), que se encontrava acompanhada por outra senhora, “menos” jovem ( a tua avó Maria Teresa, isto é eu).
Era uma vez é assim que começam todas as histórias, mas esta não é uma história qualquer, é a história de um MOMENTO MÁGICO.
A tua mamã descobriu este livro e chamou a atenção da tua avó (eu). Ambas curiosas, até dizer basta, como o título do livro não lhes agradou, folhearam-no e acharam-no completamente idiota mas, simultaneamente, bastante engraçado, tão engraçado que ambas riram até às lágrimas. Quem passava olhava-as de soslaio e pensava: “Coitadas devem estar completamente maradas! A gravidez de uma subiu à cabeça da outra!”
Eu opinei que esta obra devia ser um Kama Sutra Infantil ( quando fores adulto saberás o que é o Kama Sutra) e quanto mais comentávamos o livro mais ríamos.
Foi um momento tão bonito, estávamos ambas tão felizes e descontraídas, e é tão raro na vida terem-se momentos destes, em que nos sentimos tão felizes sem sabermos bem porquê. Talvez tenhamos voltado ambas, em uníssono, às nossas respectivas infâncias.
Não sei se consegui transmitir a emoção sentida, se tu terás sensibilidade para leres nas entrelinhas mas, como gosto de arriscar, apostando no “interior” daqueles que amo, deixo aqui o testemunho desse momento único.
Mas a história não acabou aqui, quando chegámos a casa, por acaso à minha, tentámos contar aos nossos maridos (teu pai e teu avô) o que se tinha passado. Não consegui avaliar se eles entenderam o que ambas queríamos transmitir ou se não o conseguimos fazer.
Devo dizer-te que a palavra que nos deu mais gozo comentar foi “ajusta-se”. Percebes porquê?
Quando entenderes o que eu acabei de escrever, talvez eu ainda exista fisicamente e então ambos, tu e eu (e porque não a tua mãe?) possamos rir das “parvoeiras” aqui citadas e comentar “ A MAMÃ PÔS UM OVO!” com uma felicidade idêntica à sentida por mim e pela tua mãe no dia anterior ao teu nascimento.
Com AMOR ETERNO

Maria Teresa"

De seguida apresento três mostras das muitas que o livro tem


O que acharam destes pequenos extratos da obra citada?
Gostaria de "ouvir" a vossa opinião...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

INCONVENIÊNCIA

Há muitos anos uma amiga de infância que já fez a sua última viagem, ofereceu ao meu filho, ainda bem pequenino, o livro “FLORES PARA CRIANÇAS” de Fernando Cardoso.
Anos mais tarde a Ana Rita que todos já sabem quem é, decidiu decorar a poesia que transcrevo e que está publicada na obra citada, para a declamar na Noite da Consoada.

NA NOITE DE NATAL
Não tinha brinquedos,
Era pobrezinho,
Não tinha dinheiro,
Não tinha carinho.
Vivia sozinho,
Já não tinha mãe
Não tinha família,
Não tinha ninguém.
Dormia à chuva,
Dormia ao relento,
Cheiinho de medo,
Do sopro do vento.
Viu muitos brinquedos,
E não se interessou,
Mas viu um presépio,
Que o encantou.
E quis fazer um
Para o seu Natal
E muito contente
Correu ao pinhal.
Não tinha dinheiro
Mas tinha uma ideia
Apanhar pedrinhas
Musgo e areia.
No próprio pinhal
Num louco vaivém
Fez o seu presépio
Como o de Belém.
Ambos pobrezinhos,
Mas cheios de amor,
São estes presépios,
Que têm valor.
Não sentia fome
Nem tinha cear
Não tinha candeia
Mas tinha luar.
E triste chorou
Pelo seu destino
Já tinha presépio
Não tinha Menino.
Mas à meia-noite
Ele viu uma luz
E no mesmo instante
Surgiu-lhe Jesus.
Fernando Cardoso



A “plateia” tinha bastantes espectadores, era no tempo em que o desfazer da vida estava arredado dos familiares mais próximos já há uns anos, na assistência encontravam-se também alguns amigos. Iniciou-se o “sarau”. Compenetradíssima no seu papel de declamadora, tinha ensaiado com bastante entusiasmo, estudado os gestos e a posição corporal, a Ana declamava com tal sentimento que a assistência tinha que fazer um esforço hercúleo para não…rir.
Quando chegava ao “não tinha dinheiro mas tinha uma ideia” e punha a mãozinha na cabeça, não havia controlo possível, todos nós desatávamos a rir à gargalhada…
Não sei se ela se lembra, eu já não me lembro se conseguiu, pelo menos uma vez, chegar ao fim dos versos sem a assistência se rir, mas penso que não, porque há uma gravação de voz, do acontecimento, entretanto interrompida devido ao “escândalo”. Duma coisa tenho a certeza porque está gravado, eu dizia entre gargalhadas: “Que horror! A história é tão triste e eu tenho uma vontade enorme de rir…”

Como foi possível mais de uma dezena de adultos, fora as crianças, terem-se portado tão mal!
Hoje penso, ainda com vontade de rir: Será que ela ficou traumatizada?
Nunca dei por nada, mas nunca se sabe…

Nota: Telefonei ao irmão e ao tio, ambos se lembram ( e voltaram a rir) do episódio, fiquei também a saber que o dito livro está encaixotado na arrecadação do primeiro, é por isso que a figura foi retirada da net e embora parecida com o original é cerca de 40 anos mais recente…

domingo, 13 de dezembro de 2009

PESSOA ESPECIAL COM BLOGUE SUPER FOFO

"AMIGO é alguém que não julga, é quem abre a porta ao que caminha com limitações – com as suas muletas, as suas bengalas – e a quem não pede para dançar para que possa julgar a sua dança.” Antoine de Saint-Exupéry.
Esta semana recebi mais dois selinhos e enviados pela mesma pessoa a C*inderela que, mesmo tendo tido problemas com o seu computador e com a sua Universidade, não deixou de os atribuir.

I- Selo Especial Para Pessoas Especiais


As regras deste selo são:
1º Enumerar 5 livros que gostaria de receber pelo natal:
2º Oferecer o selo no mínimo a três blogues:


RESPOSTAS:
1. "Cranford" de Elizabeth Gaskell
2. "A Letra Encarnada" de Nathaniel Hawthorne
3. "Noite" de Elie Wiesel
4. "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector
5. "Um Demónio Vestido de Azul" de Walter Mosley
Aqui haveria imensos a citar que ainda não li mas que gostaria de ter tempo para ler.

OFERTAS:
Arisca Pinguim Tela


II- Selo Super Fofo, o blogue, não a dona…

As regras deste selo são:
1º Oferecer a 10 blogues:
Ofereço-o a todos os que me visitam porque, só a paciência de me lerem, já é prova que são donos de um blogue super fofo, fofíssimo…
2º Avisar os indicados:
Ficam todos avisados. OUVIRAM?
3º Dizer o que achou do selo:
Este selo é mais um miminho ternurento, que só se compreende, porque andamos todos cheínhos de ternura para dar . QUE BOM!
4º A pessoa que receber este selo deve deixar um comentário no blogue de quem a indicou:
É para já!


Agora é altura de agradecer à C*inderela por se ter lembrado de mim. MUITO OBRIGADA!

sábado, 12 de dezembro de 2009

DOÇURA OU DIABRURA XII

Iniciei, tal como muitos de vós mais um-fim-de-semana, este com algumas solicitações que me agradam bastante.
Como este mês anda tudo muito para o "melado", vou deixando umas doçuras pelo caminho. Também gosto de deixar aos mais novos que me lêem, os mais "velhos" já o sabem, textos "antigos" para verem que o AMOR , ao longo dos séculos, sempre foi falado de um modo romântico e sedutor.

Eleanora! Exclamou ele de novo, e num instante tinha-a abraçada contra o peito. Como é que isto acontecera, se por obra dele ou dela, como é que ela teria ido aí parar, se conquistada pela ternura da sua voz, ou ele, com uma violência que não ofende, a teria puxado contra o peito, nenhum dos dois sabia; nem eu posso declarar.
Havia agora uma partilha de sentimentos entre eles que dificilmente permitia um movimento individual. Eram uma e uma mesma pessoa - uma só carne, - um só espírito, - uma só VIDA.
Anthony Trollope (1815-1882)

PARA TODOS UM EXCELENTE FIM-DE-SEMANA.

Deixem-se de "modas" e saiam bem agasalhadinhos!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

CONFISSÃO

Eu, pecadora, confesso-me a vós que me comentais, esperando que a GNR não me leia.
Fui eu a causadora do estado de coma do meu Peugeot, sim! Ainda não morreu… e neste momento tenho esperanças que não morra.
Matei-lhe uma peça vital para a sua sobrevivência, a caixa de velocidades, rebentei com ela…E porquê? Porque cheguei aos 150km/hora. Sim! Eu! Logo eu, a senhora perfeitinha, que não estaciona sobre um passeio, que pára nas passagens de peões, quando há peões, que respeita todos os sinais de trânsito, mesmo que sejam incongruentes, …
Já é a segunda vez que conduzo em excesso de velocidade e sempre no caminho para o Algarve. Aquele IP, tão sem ninguém durante a maior parte do ano, é uma tentação. Convenço-me que foi construído apenas para o Verão… distraio-me, o meu pé carrega sem dar por isso…
Voltando ao estado de saúde do meu velho companheiro, vai levar um implante de um semelhante que faleceu de desastre (será um aviso?) mas que lhe vai ceder, por uma quantia um pouco exorbitante, mas quem é que nos dias de hoje não se aproveita dos “aflitos” para ganhar umas coroas, uma quase nova caixa de velocidades.

Será que o meu companheiro de tantos anos e de tantas recordações, me vai perdoar?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A MISS

Este é o meu 100º post, vou comemorá-lo partilhando convosco uma das minhas loucuras. Já fui eleita MISS! Podem observar parte de mim, gosto de me partir em bocadinhos, orgulhosa com a minha faixa, mas não no dia em que fui coroada, esta foto foi tirada na semana passada, pela minha fotógrafa particular.

A eleição realizou-se no dia 16 de Agosto de 2006, a bordo do navio Arion, numa viagem pelo Mar Adriático, que descrevi num pequeno diário intitulado AVENTURAS E DESVENTURAS DE CINCO OUSADAS AVENTUREIRAS NO MAR ADRIÁTICO.

Vou transcrever parte do que escrevi na altura:
“(…)Voltaram cerca das 18 horas para bordo a fim de descansarem um pouco e para se aperaltarem para a noite.
O jantar foi, como já se tinha tornado um hábito, fantástico, é difícil resistir-se à tentação dos acepipes apresentados.
Seguindo um ritual já interiorizado, as nossas meninas, foram até ao Salão de Festas que neste dia tinha um programa que prometia.
Às 22.30 horas o grupo de bailarinas apresentou o seu show, que como sempre, agradou imenso. Actuou também o malabarista Johnny Carletti que deu um espectáculo que as divertiu bastante.
Seguiu-se o ponto alto deste serão, o Paolo e o Cherif estavam à procura de uma “adorável dama” pelo que organizaram a eleição de MISS ARION, para darem início a esta eleição, juntamente com o jovem intérprete grego escolheram três candidatas: uma italiana, outra grega e a terceira uma portuguesa, e explicaram que não se tratava de um concurso de beleza mas antes de um teste de simpatia e de “jeito” para executarem as seguintes provas:
dançar com alguma sensualidade ;
chorar;
rir;
imitar um acto de amor e
seduzir um jovem muito, muito tímido.
Prestadas que foram as provas, não é que ganhou a portuguesa! E, para gáudio das nossas navegantes, a portuguesa foi a Maria Teresa. E esta hein?!!!.
Como prémio foi-lhe oferecida uma camisola com o logótipo da Companhia de Navegação a que pertence o navio, uma garrafa de champanhe e foi "enfaixada".

Após tão grande emoção, as cinco dirigiram-se ao salão Lido para participarem, petiscando no “Barbecue numa noite estrelada”, numa festa especial para a despedida dos companheiros gregos que no dia seguinte iam desembarcar em Corinto.(…)

**************

Como executei as tarefas propostas que à partida desconhecia?
Todas as tarefas eram explicadas uma a uma e não havia tempo para reflectir.
Devo dizer que as minhas “adversárias” eram pessoas muito simpáticas, mas a grega estava de calças e a italiana era muito nova, tinha pouco à vontade no palco, estes foram factores que à partida jogaram a meu favor.
Na dança sensual veio-me à memória, a telenovela que passava na TVI, da qual já não me lembro o nome, em que a Alexandra Lencastre, fazia o papel de uma bailarina de “barra”, não usei uma barra, o desastre seria total, mas usei uma coluna onde me ondulei, e como levava vestida uma túnica jordana comprida, com grandes rachas laterais, o êxito foi total.
No chorar tomei o meu neto como modelo e fiz uma bruta birra, esperneei e tudo, foi “brutal”!
A prova do rir foi fácil, bastou-me pensar na figura que estava a fazer para me rir à gargalhada de mim mesma.
Imitar um acto de amor… de quem me lembrei? Da Meg Ryan, só podia…
Seduzir o jovem muito, muito tímido,… senti-me em casa, porque o jovem era o nosso intérprete, com idade para ser meu neto. Fui a última a prestar a prova e quando saí do camarim (estava desconfiada que ia encontrar uma mulher) deparo-me com ele, sentado num sofá, muito direito, a ler um livro e de óculos, entrei de gatas, rocei-me pelas pernas, e de joelhos retirei-lhe os óculos e gentilmente o livro das mãos, ele puxou de outro que estava escondido, fiquei brava, tirei-lho e atirei-o pelos ares…atirei-me para o colo dele e … acabou a prova.

Depois de ter feito tudo isto, de me ter "exibido", eu só pensava, devo estar louca, perdi a noção de quem sou…
Mas a verdade é que agradei, e muito, ao “público” de tal modo que me ovacionaram de pé, fi-los rir e era isso o que se pretendia…

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

RESTOS DE LÃ

A leitura da poesia que transcrevo deu-me a motivação para este post

NOVELOS DE LÃ
Parada ali aquela senhora parece sonhar,
Seus pés cercados de novelos de lãs coloridas,
Sequer tocam o chão, pois seu corpo flutua,
Sua mente absorta,
Habilita as mãos que constroem mundos.

A canção que cantarola, nina a alma combalida dos anos,
Enquanto seus olhos não perdem o ponto.
Isso mesmo, ponto a ponto.
Tricoteia, respira e subtilmente vê seu sonho virar realidade;
A cada passo veloz; pequenos gestos de pontos e nós.

Pára, pensa, ressona, boceja e volta ao compasso do amor,
Os fios se cruzam e a alma cala os destinos contidos no olhar.
Mesas postas nos desertos da existência,
Terra sem fim de um espírito que adeja,
Enquanto as mãos cansadas trançam desejos.

As horas passam,
Os olhos pesam à sombra vespertina,
E o passado é fardo que a pele transporta,
A espinha sente o frio dos dias frios de velhas angústias
Enquanto as linhas felpudas de cores vívidas do tempo tecem a tela da vida.

Há tarefas que sou capaz de fazer em simultâneo, ou melhor, faço mesmo em simultâneo, entre elas está o tricotar e o crochetar. Faço-as vendo um filme, um qualquer outro programa, ou ouvindo música, as minhas mãos não podem estar inertes. Ultimamente peço às amigas e pessoas conhecidas restinhos de lãs, eu também os tenho e compro-os, por vezes, em saldo (novelos que estão meios enrolados ou enovelados), e com esses bocadinhos, vou construindo mantas, muito fáceis de executar, são feitas com simples pontos baixos, e que ficam com o aspecto que podem observar na figura. Qualquer um/uma de vós é capaz de as fazer. Depois de prontas encaminho-as para quem necessita mesmo delas.
E no Inverno há tanta gente que precisa muito, mesmo muito, delas!
Não brinco propriamente à “caridadezinha”, a sua execução distraí-me, ocupa-me o tempo e faz-me pensar em com só feliz por não ser eu, nem os que amo, a recebê-las.

Não deitem fora os restinhos de lã…Façam como eu, ou ofereçam-nos a uma Instituição que proteja os sem abrigo ou qualquer outra similar… O Ambiente agradece e há GENTE que também o faz.

domingo, 6 de dezembro de 2009

A SUBSTITUTA

Há mais de década e meia que vim substituir outras minhas semelhantes. Elas eram naturais, esplendorosas nessa naturalidade, tinham um cheiro a frescura, mas eram e continuam a ser mortais, morriam depois de serem usadas, tal como o zangão depois do acasalamento, eu sou toda postiça, posso ser separada em várias partes, sou imortal, sou a Árvore de Natal
Ela não me aprecia muito, gostava mais das minhas antecessoras, para elas ainda existe um vaso próprio, recuperado de um pote de azeitonas que derramava, hoje utilizado como porta chapéus-de-chuva, sombrinhas chinesas e uma sombrinha cipriota. Fui adoptada por causa da Ecologia, dos Verdes, …o que não quer dizer que eu não seja verde.
Todos os anos, para delícia da pequenada e da “grandalhada”, saio da caixa onde sou cuidadosamente guardada, sou enroscada e mantida erguida. Os ramos são esticados um a um, o estar adormecida amarrota as minhas “folhas”. E ali fico imponente e até com uma certa beleza. Vestem-me e têm muito por onde escolher…Posso ficar só com enormes laços vermelhos e bolas douradas ou com uma miscelânea de bonequinhos de madeira, neve artificial, bolas, bolinhas, fitas, lacinhos, estrelas e estrelinhas, anjos e anjinhos…normalmente, o que não falta, são as luzinhas a piscar, a piscar, semelhantes a estrelas unidas no firmamento para deleite dos sonhadores.
O tempo que precede a minha decoração e esta, decorrem num clima de festa, de festa? De “festarola”! Ela dá sempre um certo jeitinho, um ar da sua graça, quando os meus actuais decoradores voltam as costas. Sabem porquê? Fico muitas vezes demasiado arranjada, demasiado vestida de um lado e muito pouco do outro e assim, por muito que eu goste da pequenada, e a respeite, sinto-me semi-vestida ou semi-despida, e francamente nua não quero estar, fico envergonhada, não sou nenhuma super modelo para poder exibir os meus dotes corporais.
Aos meus pés no início da minha vida, iam surgindo a pouco e pouco embrulhos, lindos no seu colorido, no seu brilho, nas suas fitas e laços bastante elaborados, entre eles eu sabia que existia um carvão, carvão que ficava guardado, ano após ano, e que já existia no tempo das minhas antecessoras. Era oferecido, com bilhete de retorno, como um sinal de alerta, a quem se tinha “portado” pior durante o ano, e neste “pior” entravam também adultos. Só Ela é que nunca o recebeu, pudera… era o juiz, ditava a sentença, embrulhava-o, bem disfarçado e colocava-o misturado com as outras prendas. Estas tinham que estar sinalizadas com nomes de código, havia mãos que as apalpavam e cheiravam para tentar decifrar “mistérios”, nesta situação, a curiosidade nunca matou ninguém, sou testemunha disso. Não sei o que foi feito dele, uma distracção, um momento de menor atenção, desapareceu, volatilizou-se no éter…

Morreu o carvão e começou um novo ciclo da minha vida…que dura até hoje, imponente, vaidosa, luminosa, sem carvão e sem prendas ao pé do meu tronco…
Tendo vivido muitos Natais, conhecido muitas histórias, saber muito sobre quem me admira e sobretudo sobre Ela, estou orgulhosa e grata por ser A SUBSTITUTA!



Texto publicado no âmbito do desafio NATAL para Fábrica de Letras

OS MIMINHOS E A AMIZADE

Acredito na AMIZADE!

“Como nasceu a amizade? Seguramente como uma aliança perante a adversidade, aliança sem a qual o Homem ficaria desarmado perante a Vida “ Kundera

Acredito que na virtualidade se podem encontrar amigos, pessoas que aqui, com generosidade, se expõem, mostram o que sentem, o que pensam, os seus sonhos, os seus devaneios, as suas dúvidas, as suas vicissitudes, a sua arte, … admiro-as por isso e não só. Aceito estes miminhos e sinto-me honrada com tal atribuição, penso que é feita com sinceridade embora, por vezes, ao aprofundar o seu significado, talvez os não merecesse, ainda é cedo para me “julgarem”.
Vou mostrar-vos mais quatro prendas que recebi esta semana, uma das quais bisada.
Não vou nomear ninguém por uma razão muito simples, só escrevo comentários nos blogues que conheço e que considero dignos de todos os selos que me atribuíram e me possam vir a atribuir e, como pouco a pouco, vos vou conhecendo melhor, sei que alguns de vós ficam “incomodados” com a atribuição, aceitam de coração, mas não se sentem bem em colocá-los no seu cantinho. Percebo esta atitude e respeito-a, cada um de nós é um ser com sensibilidades diferentes. Seria uma monotonia o contrário...
Com tudo isto quero dizer que, cada um de vós, pode levar os selos que quiser, o que muito me honrará, e podem perfeitamente citar que vos foi atribuído por mim, porque FOI. Ó se FOI!

Vou passar às minhas prendinhas por ordem de chegada:

I- Oferecida pela Anira que adora gatos. Também eu, também eu!


II- Oferecido pelo Ergela que no seu blogue me traz sempre novidades muitas das quais bastante divertidas


III- O bisado, oferecido pela Sairaf, menina mulher, muito sensível e mais não digo, ela sabe o que penso.


IV- O da Tela, senhora romântica, mas que vê a o dia a dia com uma realidade, e que a descreve de uma aparente singeleza, que me leva a andar ao lado dela a testemunhar esses “passos”.

A TODOS o meu AGRADECIMENTO!


Estou "encantada" comigo, não sei como consigo colocar isto por esta ordem, foi necessária concentração e uma questão de tempo...

sábado, 5 de dezembro de 2009

DOÇURA OU DIABRURA XI

UM BEIJO À CHUVA
Uma manhã chuvosa encontrei por acaso
na cidade uma mocinha;
seus caracóis eram com trigo maduro,
olhos castanhos e risonhos tinha.
Vi-a caminhar, com rápidos passinhos,
até que a loucura me subiu à cabeça,
e então - e então - sei que não fazia
bem - beijei-a à chuva!
Oh, que as nuvens em cima escureçam,
o meu coração está leve em baixo;
é sempre verão quando se ama,
mesmo que os ventos possam soprar;
estou tão vaidoso como qualquer príncipe,
todas as honras desdenhando:
ela diz que sou o seu arco BEAU pois
beijei-a à chuva.
Samuel Minturn Peck (1854-1938)
Já regressei ao Refúgio e sinto-me muito bem, aqui encontro o calor do meu ninho.
Para todos um EXCELENTE FIM-DE-SEMANA!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O SEDUTOR

Ontem estive na esplanada de Santa Eulália a almoçar, como me esqueci do livro que ando a ler comprei a revista Sábado que, pelos vistos sai à 5ªfeira, e cuja capa tem como chamariz, uma reportagem especial cujo título é MULHERES QUE PAGAM PARA TER SEXO. Li a reportagem e senti um certo incómodo devo confessar, nunca pensei, nem penso, em sexo sem amor… mas quem sou eu para julgar.
A minha mente funciona sequencialmente, de imediato pensei no que escrevi, ou tentei escrever, sobre acompanhantes de luxo e daí saltei para os sedutores.
Então apeteceu-me escrever este post para dizer o que penso sobre O Sedutor, mas há sedutoras, citando apenas duas lendárias, Mata Hari e Sherazade e passar rapidamente por dois também lendários sedutores Casanova e D. Juan. Ambos ficaram gravados na memória do tempo e, intemporais como são, deram origem a muitas históricas, a filmes, a peças de teatro,… foi-se criando uma auréola mítica em torno deles e hoje, a verdade está misturada com a mentira, como de um só corpo se tratasse.
Casanova e D. Juan, o primeiro nascido em Itália, mais propriamente em Veneza, e o segundo, supostamente existente, teria nascido em Espanha no século XVII.
Em que diferem? Casanova é dominado pela paixão, quer possuir o corpo das mulheres, não lhes quer roubar a alma, protege-as depois de as deixar. D.Juan é demoníaco, tem mais prazer em ver o sofrimento por amor de uma mulher, do que prazer carnal, tem como “arma” a promessa de casamento que nunca cumpre, ele não se compromete com nenhuma, mas exige que a mulher se comprometa com ele.

*Afinal que faz, o que diz, o que pretende um sedutor da actualidade?
Pelo que li os sedutores, têm um modo de lidar com as mulheres que as atrai.
Um Don Juan ( sinónimo de sedutor) da actualidade é atraente, bonito, irresístível, muito sensual, mas “cruel”. No fim da sua vida, pode citar um número imenso de mulheres que conquistou mas é incapaz de viver um amor profundo e estável.
No fundo é um homem preverso perante o sexo e despreza as mulheres, não ama verdadeiramente nenhuma mas é compelido a arranjar parceiras sexuais sucessivas.

*O que leva estes homens a terem este tipo de comportamento?
Dizem os entendidos na matéria, que há algumas razões comuns:
-Uma criança criada e educada sem amor não vai saber amar porque o desejo de amar é inato mas a capacidade de amar é aprendida.
- O sedutor não gosta de si próprio e tem medo de ser rejeitado
-A maioria dos sedutores sentem no estado latente uma certa tendência para a homossexualidade e têm medo, cada mulher conquistada é para eles uma prova de heterossexualidade
-No fundo deseja uma relação estável mas não consegue e atibui o fracasso à parceira e a todo o sexo feminino
-Nesta falha sente um forte desejo de vingança e a melhor, é forçar a mulher a uma completa submissão no campo sexual.
-Ele não ama, ele quer apenas conquistar .

*Como se pode saber que um homem é um sedutor?
1-É inteligente, compreende as mulheres, esforça-se por desenvolver qualidades que pensa que o tornam irresistível .
2-É rápido a perceber os pontos fracos de uma mulher e explora esse ponto .
3-Faz com que a mulher se sinta única e o ser mais importante do mundo.
4-Aperfeiçoa técnicas físicas para o acto sexual .
5-Veste-se bem, parece ser romântico e senhor de si, mas na realidade é egoísta e perversamente calculista .

Dificilmente um sedutor se casa, por isso à medida que vai envelhecendo e perdendo a potência sexual, deixa de ter tanta capacidade de atracção. Não tem amigos, os homens desprezam-no, não tem amigas porque despreza as mulheres.
Não há regra sem excepção há sedutores, providos de uma certa honestidade, que conseguem escapar ao seu destino de ser , “um não amado” e “um solitário”.

Há muito a dizer sobre este assunto! Encontrei imenso material para me apoiar, uma vez que sou leiga nesta matéria, não os cito porque foram muitos, e eu não os copiei, retirei a ideia.
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Quem quer “falar” sobre SEDUTORAS?
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ACRESCENTO (PUBLICADO ÀS 16.20h) O SEDUTOR A QUE ME REFIRO NO TEXTO É O COMPULSIVO. AQUELE QUE FAZ DISSO O SEU DIA A DIA.
Contra a sedução "normal" não tenho nada contra, o jogo de sedução é maravilhoso

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O AUTOMÓVEL

Nasci em Março de 1989, sou de origem francesa, fiquei registado no nome de alguém que não me escolheu, nem me pagou, mas sempre gostei desse alguém, a minha proprietária, que por vários motivos me chegou a odiar. Fui complacente porque entendi as suas razões e por isso mesmo, nunca lhe dei razões para se queixar de mim. Não fui o culpado de ter sido “raptado”, de ter sido usado por quem a “maltratou”
Já há uns anos percebi que ela passou a amar-me e que se esqueceu das lágrimas amargas que teve que engolir... Sempre me tratou com muito carinho e muito respeito, até quando me leva ao banho, baloiçando as chaves que abrem as minhas portas, diz sorrindo e de forma ternurenta para o empregado solicito: “trate bem da minha carroça!” ao que invariavelmente respondem:”está em óptimo estado, tomara muita gente ter um carro como este!”. Eu incho de orgulho!
Pelo meu interior passaram duas gerações, a última é um pouco mais nova e mais afoita, as minhas portas têm sempre que ficar bem trancadas, com os fechos especiais que tenho bem camuflados. Muitos móveis, muita malas, muitas compras, muitos quatro patas, muitas plantas, muita terra, muita gente, tenho transportado no meu interior e nunca deixei ninguém ficar indisposto, excepto o Freddy mas esse vomita e faz xixi em qualquer carro…
O que gosto mais é de “voar” com ela, sentimo-nos ambos livres, em longas viagens conta-me muitos segredos, diz como se sente e por vezes trauteia uma canção, disso não gosto muito desafina como nunca se ouviu. Confia em mim!
Já estou no inverno da vida, na 2ªfeira fui atacado por um vírus e adoeci, estou mesmo bastante doente. Ontem fui rebocado e estou num parque donde partirei ainda hoje, num grande camião, para Lisboa, vou ser observado pelo meu doutor, o qual me vê uma vez por ano e me leva a um hospital, onde me têm considerado um velhote apto para todo o serviço. Sei que neste momento um jovem Fiat tomou o meu lugar, provisoriamente, não fiquei ciumento, nem ficarei se for substituído por um outro jovem qualquer, sei que chega um tempo em que lhes temos que dar o lugar, talvez tenha chegado a minha hora de partir…

De algo tenho a certeza, esta ligação de duas décadas criou entre nós dois, laços muito profundos , sei que ela jamais me esquecerá…

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O CASINO

Encontro-me durante esta semana afastada dos meus lugares habituais, “vim a banhos” como um Amigo me disse. Contrariamente ao que ele possa dizer, não penso tomar banho no mar, embora passeie na praia. Vim para descansar, ler, pensar, passear, elaborar projectos, … não exactamente pela ordem descrita.
Encontro-me perto de um casino e como na 2ªfeira tive a visita (in)esperada do meu filho fomos “visitá-lo” à noite.
Como todos sabem, um casino é um local onde se pode jogar a dinheiro, nas slot machines, na roleta, no blackjack e outros jogos de fortuna e azar. Mas será que todos sabem que o cálculo de probabilidades de ganhos nos demonstra que o mais favorecido é o próprio casino.

Estive pela primeira vez junto de uma roleta, parece impossível? É verdade! Não fui lá para jogar, fui para observar…
É impressionante ver o rosto de quem leva o jogar a sério, os jogadores compulsivos. Caras fechadas reveladoras de grande sofrimento, movimentos desajeitados, direi que hesitantes...Um homem “saltou-me” à vista, “corria” de uma mesa para a outra em alternância, de modo que quando uma roleta parava, ele já estava a jogar na outra, não parava e era ver as mãos dele trementes colocando as fixas.
Recordei-me nesse momento das “24 Horas da Vida de uma Mulher”*de Stefan Zweig, nele li a descrição pormenorizada de um jogador, observado pelos olhos de uma mulher, e do afloramento de temas como a obsessão, a compulsão e a impulsão que acabaram por atirar com essa mulher para um acto repentino de paixão
Em “O Jogador” de Fiódor Dostoiévski também podemos encontrar o homem jogador compulsivo. A história acaba com a principal personagem num enorme conflito, não saber se deve gastar o dinheiro, dado por um amigo, para ir para junto da mulher que ama, e que se encontra afastada na Suíça, ou se o deve gastar na roleta.

Observei gente colada às slot machines sem as largavam nem para comer, comiam mesmo ali. Levavam as sandes e as bebidas à boca, maquinalmente com uma mão, e com a outra iam carregando no botão da infernal maquineta ou puxando uma alavanca, em movimentos bruscos, sem darem um pouco de atenção que fosse, ao que estavam a ingerir. O acender de cigarro atrás de cigarro, era totalmente mecanizado.

O que leva homens e mulheres a ficarem completamente hipnotizados por não sei bem o quê? Penso que jogam mais pela acção de jogar do que pela hipótese de ganhar, essa acção traduzida pela busca incessante de apostas e riscos cada vez maiores que continuem a provocar a excitação desejada.

Então porque revelam rostos tão tristes, tão macilentos, tão sem vida, tão apagados?

*O livro é pequenino, um conto, que se lê num repente... não dá para parar! Vale bem o pouco tempo que se “gasta” a lê-lo, digo eu…

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

CICLOS DE VIDA

*Hoje acordei a pensar que mais um ano civil se aproxima do fim e tudo isto porque, desde o Neolítico o Homem sente necessidade de contar o tempo para o ajudar a sobreviver. Hoje o tempo comanda as nossas vidas, num rodopiar que nos entontece, mas não protege a nossa sobrevivência, pelo contrário, torna-a frágil e torna-nos famintos dele.
O fim do ano de 2009 aproxima-se, isto no nosso calendário, o calendário Gregoriano, existente desde o século XVI mas não adoptado pelo mundo inteiro .
O que se altera no último dia deste mês e o que se muda depois, em termos de VIDA? Exactamente o mesmo que se altera do último dia de um qualquer mês, de um qualquer ano, para o dia 1 do mês seguinte.
Mas o homem adora comemorar estes ciclos temporais, precisa de ter referências. Não fujo à regra!
Sei que há cerca de uns anos pesava menos 15 quilos e sei por que engordei. As carências afectivas dos últimos anos, as desilusões, as pressões exercidas sobre mim, levaram-me a consumir açúcar em excesso sob a forma de chocolates. No reverso há algo de benéfico, não me atulho de medicamentos e durmo lindamente sem necessitar de drogas químicas.
As minhas formas físicas estão mais roliças mas não atingem ainda as proporções das figuras da pintura da Renascença e sobretudo do Barroco. Rembrandt, Rubens, David e Renoir não olhariam para mim duas vezes.
Os homens da minha geração, possivelmente também não, apreciam mais, meninas em que se desbastaram as ancas, o rabo e as coxas, como eu faço com uma lixa à porta da minha arrecadação, que incha no tempo húmido, e se recusa a fechar.
Actualmente "recuperaram-se" os peitos fartos, à vista num decote profundo, à boa maneira das damas medievais, mesmo que esses peitos estejam plenos de silicone.
Aqui já terei um pequeno lugar, os meus seios não são muito opulentos, têm um tamanho razoável e sempre gostei de os semi-expor em grandes decotes, tenho um colo bonito que a pouco e pouco, eu sei, se irá transmutando de acordo com o meu ciclo de vida, por enquanto ainda ficam bem a entrever-se.
Estarei numa fronteira temporal? Devo estar!
Espero ter a serenidade e o bom senso de não me tornar ridícula com a idade.
Mesmo que se queira ou não, a vida é cíclica, os factos, os acontecimentos repetem-se, não exactamente do mesmo modo, mas integrados no espaço, no lugar, e no tempo.
Quantos livros já li, com histórias em que o âmago é exactamente o mesmo? Mudam as personagens, muda o local, mudam os pormenores.....mas o "resto" está lá!
A própria História é cíclica!
My God! Como divaguei! Como deixei os meus pensamentos navegarem nestas linhas mal alinhavadas.
São horas de me dedicar a algo mais útil.

*Texto adaptado do VOO DAS PALAVRAS de que sou autora, escrito em Dezembro de 2008

"A verdadeira função do homem é viver, não existir. Eu não gastarei os meus dias tentando prolongá-los. Eu vou usar o meu tempo." - Jack London

domingo, 29 de novembro de 2009

MARIA E JOSÉ

Com o selo que me foi atribuido pela Tite, BLOGUEIROS UNIDOS, ainda fiquei mais atenta, se possível, à reciclagem. É preciso fazer jus ao prémio!
Eis uma prova do que afirmo!

Na figura estão a Maria e o José que vão fazer parte do presépio com que o meu neto vai ser presenteado através do calendário do Advento dele, José “sai” no dia 22 e a Maria no dia 23 ( o Menino coube no saquinho).
Até aqui tudo vai bem…
Reparem agora nos papéis que os envolvem.
São páginas de uma revista que estava posta de parte, para ir para a reciclagem, que vai ficar duplamente reciclada porque foi novamente utilizada.

Agora os atilhos: uns são restinhos de uma fita que usei também no braço da Mimi, como podem confirmar, os outros foram retirados de uma rede que, actualmente, é costume as floristas usarem a envolverem os ramos de flores.

E como diria Fernando Pessa: “ E esta, hein?”

RECICLAR É PARA COMEÇAR ONTEM!

sábado, 28 de novembro de 2009

DOÇURA OU DIABRURA X

Como estamos numa época que exalta o amor, na rubrica de fim-de-semana vou mais uma vez "para" a DOÇURA, a DIABRURA que espere.

(...) mantinham-se quietos sob as árvores, enquanto os lábios dele esperavam no seu rosto, esperavam qual borboleta imóvel sobre uma flor. Ela estreitou-o um pouco mais contra o seu peito, ele mexeu-se, pôs ambos os braços em volta dela e puxou-a para si.
E então, na escuridão, ele inclinou-se para a sua boca, docemente, e tocou-lhe a boca com a sua boca. Ela estava receosa quieta nos seus braços, sentindo os lábios dele nos seus. mantinha-se quieta sem saber que fazer. Então a boca dele aproximou-se, forçando a dela a abrir-se, uma onda quente percorreu-a e inundou-a, abriu os lábios para ele, em remoinhos pungentes e magoados puxou-o mais para si, deixou-o avançar, os lábios dele vieram e elevando-se e baixando, doces, ai tão doces, mas ai, como a vigorosa ondulação da água, irresistíveis, até que, com um pequeno gemido surdo, ela dele se desprendeu.

D:H: LAWRENCE (1885-1930), EM THE RAINBOW

BOM-FIM-DE-SEMANA PARA TODOS!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A MIMI

Olá sou eu! Sou a Mimi, “mimi” diminutivo de Miminho! Sou uma boneca de trapos …
Enquanto a desnorteada da beijoqueira anda à procura de uma caixa para me fechar lá dentro, eu consegui entrar em contacto telepático com o computador e aproveito para falar dela e de mim.

Eu já fui assim :

Fui pintada pela Ana:

Andei enovelada assim:

Agora sou assim:



Há mais fotos intermédias da minha "formação" mas a preguiçosa, não as colocou no computador, ora vejam lá! Era capaz de lhe dar muito trabalho!
Foi “ela” que me “fabricou”, fez-me para me colocar no calendário do Advento de uma menina que ainda não vi mas já lhe ouvi a voz. Tenho muitas qualidades, posso ser vestida e despida, não preciso que me alimentem, sou fofinha, não choro, mas também não rio, sei que fui gerada com muito amor,…

A minha “mãe” é um pouco louca, fala sozinha, por vezes pragueja, ouvi-a dizer:
-“Que raio! Estás a dar mais trabalho a fazer, do que me deram os meus filhos!”
-“ Bolas! Mas quem me manda meter nestes trabalhos, nunca mais acabo isto” (o “isto” era eu)
-“Estás bem, mas para a próxima, com a prática, faço outra melhor!” (será que a safada já está a pensar em substituir-me?)
- “Não estou a dar conta deste cabelo, faz-me falta a Adek! “ (Quem será esta?)

Enfim lá está ela atarefada a forrar a caixa, que entretanto descobriu, tem a mania de guardar tudo, daqui a pouco vou ficar encerrada, esperando que seja por pouco tempo e que a menina que vai brincar comigo goste de mim…"cheira-me" que para onde vou, vou ter companhia.
Quem me fez eu sei que pôs muito empenho, carinho e amor na minha “gestação”, também sei que sou um beijinho embrulhado e gosto disso!
Espero que gostem de mim! Eu gostei deste bocadinho em que me dei a conhecer.