domingo, 28 de fevereiro de 2010

BELEZA

Da C*inderela e da Anira recebi este selinho e com ele esta questão: “a beleza está nos olhos de quem vê ou isso é só desculpa de gente feia?”
É uma pergunta que condiciona a resposta por isso aqui vai a minha: A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM A VÊ!

E aproveito para contar uma história.

A minha avó Adelina tinha uma amiga, da qual não me lembro do nome próprio, mas lembro-me do apelido Porto. Nós tratávamo-la por D. Cá-Cá.
Esta senhora era cabo verdiana, tinha uma pele como a dos cabo verdianos que todos conhecemos, era magra, um corpo de senhora normal, mas sobre ele assentava uma cabeça de “macaca”, olhos pequeninos negros e brilhantes, queixo retraído, nariz arredondado…quem olhasse para ela, não ficava indiferente…desviava os olhos ou esforçava-se para poder continuar a olhar.
Porém, quando a D. Cá-Cá nos dirigia a palavra, conversava connosco e nos escutava, ouvindo-nos, o mundo modificava-se à nossa volta…ficávamos rendidos ao seu encanto, cativava-nos, sentíamo-nos compreendidos, respeitados, sentíamos a ternura tinha e até o amor que nos dedicava, atraía-nos como o Flautista de Hamelin,… enquanto ela estava de visita não a largávamos…, quando partia tínhamos saudades e falávamos muito nela, não a esquecíamos…
Era professora primária e a minha avó dizia-nos que os alunos a adoravam… mas que não queria ter filhos…

Para mim esta senhora era um símbolo de BELEZA!

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À C*inderela e à Anira, a minha gratidão, sinto-me honrada mais uma vez, com esta prova de apreço.

Deveria indicar blogues que considero dignos de receber este prémio e vou indicar: todos aqueles que comento, exactamente porque os considero "mais do que só um monte de palavras sem sentido"

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P.S. Tenho mais miminhos para publicar mas fazê-lo-ei amanhã.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XXII

Mais um sábado, mais uma semana a terminar, o tempo "corre" a galope ou então muito devagar...
Hoje o dia acordou com um vento demoníaco, os deuses juntaram-se e estão soprando e tentando varrer os homens da terra. Mas não me vão impedir de vos deixar mais uma Doçura.
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" Os seus lábios aproximaram-se e comprimiram-se num beijo; um longo, longo beijo, um beijo de juventude e de amor... Cada beijo um tremor de coração...
Lord Byron (1788-1824)
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PARA TODOS UM LONGO E BEM PASSADO FIM-DE-SEMANA! VIVAM-NO EM PLENO, EMBORA PARA A SEMANA HAJA MAIS!!!!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

VOANDO...

No início de um Verão o meu genro decidiu levar a família à Eurodisney e convidou a sogrinha ( oui, moi!) e lá fomos. Ele tem fobia ao uso do avião como meio de transporte, mesmo assim arriscou e, devidamente medicamentado, lá fomos os cinco.

Imaginem um avião da Air France, com três lugares de um lado, corredor a meio e outros três lugares do outro lado. Virados para o cockpit íamos assim distribuídos, da esquerda para a direita: Ana Rita, filha, marido, corredor, filho e avó (moi) e um outro passageiro.

Tudo bem! Tudo nos conformes! O avião começa a rolar na pista, cada vez mais depressa, mais depressa, as rodas soltam-se do chão, sobe em direcção ao céu…

Neta: EU CAI! EU CAI!
Filha: ESTOU A SENTIR-ME MAL! SOCORRO MÃE (moi)! NÃO VEJO! NÃO OIÇO!
Genro impávido, sereno e a rir-se.
Neto aos pulinhos na cadeira, iupi!, todo contente, não pulava mais alto, porque o cinto não permitia.
Avó (moi) pensava,... se isto fosse um filme, o comandante parava o avião em pleno voo e atirava os cinco, com um pontapé no rabo, pela porta fora…

Restantes passageiros, silêncio sepulcral, de repente várias crianças aos berros numa linda sinfonia, orquestrada... pela minha neta

Mãe sofre! Mas avó tem que ter muita paciência!!!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

ESPERANÇA

Em inícios de 1974, o ano de todas as esperanças, eu tive a minha ESPERANÇA privada.
Quando fui ao exame de rotina estabelecido pelo Dr. Gentil Martins, ele que conhecia os meus sonhos, entre nós havia grande empatia e cumplicidade, eu sabia que podia contar com a lealdade e competência dele e ele sabia que eu era uma doente obediente com muita vontade de viver, disse-me qualquer coisa que me soou a: “minha querida podes começar a “trabalhar” para realizares o sonho que tens em suspenso”. Eu caí num mar de tranquilidade, num mar calmo, sereno e de uma cor linda, ele estava a dar-me o sinal verde para voltar a ter um filho.
Num dia como este, os anos anteriores passam-nos a uma velocidade alucinante pela mente, todas as cores se tornam, aos nossos olhos, mais brilhantes, renascemos, a vontade de continuar a viver é redobrada, saímos para a rua com vontade de cantar, de dançar, de beijar quem passa por nós, … . Contámos a “nova”a todos e todos rejubilaram!
E esse filho nasceu, ou melhor essa filha nasceu em Outubro do mesmo ano. A Ana Rita para além de ser uma filha muito desejada foi o sinal inequívoco de que a minha doença tinha sido expurgada.
Tive uma excelente gravidez, tirando um ou outro enjoo nos primeiros tempos, tudo correu bem, o dia do parto foi divertidíssimo… Esse assunto dá para outro post…aguardem! Houve momentos hilariantes…!
A Ana Rita, uma das minhas duas obras-primas, é um marco de ESPERANÇA!


Bem-hajas querida por teres nascido! E por seres a Mulher que hoje és (um pouco ciumenta é certo e por vezes chata, mas não há humanos perfeitos)!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

AS TRÊS AMIGAS

Não vos quero saturar com muitas fotografias pessoais, mas parece-me que para poder mudar de assunto, a que publico hoje, de certo modo, completa a do post anterior. Foi tirada em finais dos anos 50, na cantina do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho. Três jovens com cerca de 18 anos, alunas universitárias amigas de infância, a comemorarem, na qualidade de antigas alunas, o fecho de mais um ano lectivo. Estavam mais alunas e ex-colegas de turma presentes, tenho fotografias do grupo, mas nós éramos as três “Mosqueteiras”, andávamos sempre juntas, havia e há uma quarta que ficou com o 5ºano e ingressou no Magistério Primário de Lisboa.
Este post tem algum paralelismo com o do dia 22, temos mais ou menos a mesma idade das jovens do anterior, e mais ou menos 20 anos nos separam. Uma delas sou eu. Duas têm o mesmo nome chamam-se Maria Manuela, duas são viúvas e a 3ª para o próximo ano faz 50 anos de casada, destas três foi a única que só acabou a licenciatura depois de estar casada e de ser mãe. A nossa amizade mantém-se até ao dia de hoje… e preparamo-nos para festejar em grande, no dia 10 de Junho de 2011, as bodas de ouro de uma das Manuelas. Seremos na mesma duas das quatro antigas damas de honor do casal (um pouco serôdias mas enfim…)
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Quem consegue descobrir qual das três sou eu ?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

AS TRÊS INSEPARÁVEIS

Para muitos de vós esta foto está a anos-luz de distância! Foi captada na Rua 1º de Dezembro, nos finais dos anos trinta, as três senhoras/meninas foram amigas durante décadas. Todas solteiras na altura! Uma delas ainda está viva e uma das que já partiu foi minha mãe. Eu ainda não tinha nascido!
Observem o vestuário, último grito da moda da época. Chapéu era obrigatório. O sorriso de todas prova bem como se sentiam felizes e não tinham televisão, telemóvel, computadores...
Vejamos se algum de vós consegue "descobrir" qual delas me trouxe no ventre…

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O BIOMBO

Cheguei ao meu Refúgio! Gostei do meu fim -de-semana passado em Lisboa, até me permiti recusar a ida a um concerto na Gulbenkian.
No 6ª feira à noite fui jantar ao Ó CHÁ, um restaurante em Alfama , totalmente diferente do que eu imaginava, lá respira-se conforto, intimidade, cumplicidade, bem-estar, … parece que estamos na casa de um de nós, que goste de decoração oriental. Lá vi um BIOMBO… que me trouxe à memória este de que vos vou falar, não têm nada de igual apenas e só, são ambos biombos .
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Era pequena, tinha 9 anos, andava na 3ª classe, pouco depois das férias grandes, já tinha iniciado o ano escolar, fiquei doente, febres muito elevadas e uma hemorragia nasal que só conseguiu ser estancada pelo médico, estava com FEBRE TIFÓIDE.
Não me lembro de muita coisa mas algumas, talvez com alguma deturpação causada pela memória e pelo modo como na altura senti o que se passava à minha volta, só as vim a entender mais tarde. Nunca mais se falou no assunto, pelo menos a partir de uma fase em que eu poderia ter guardado mais pormenores.
O médico* a pedir ao meu pai para ir, urgentemente, à farmácia comprar o que posteriormente vim a saber tratar-se de um hemostático, aterrorizou-me. Este "urgentemente" ficou-me gravado na memória, o meu sangue salpicava tudo...
Não consigo situar nem o meu pai, nem a minha avó, durante a fase pior da doença, em que eu passava o tempo a dormitar.
Mas vejo nitidamente o meu irmão e a minha mãe. A sala de jantar “ desapareceu”, obrigaram-me a abandonar o meu quarto, passei a estar deitada e recostada na minha cama, num canto dessa divisão, a qual passou a ter a meio um BIOMBO azul.
No lado onde passei largos tempos, meses da minha ainda tão curta vida, surgiu um divã, um sofá e uma mesinha. Nesse espaço só entrava a minha mãe. Via todos os dias o meu irmão a espreitar num dos lados do biombo e a perguntar:” Mitê tás milhó?”
A minha mãe passou a ser uma mãe sempre presente, vestida de um modo diferente do que estava habituada a vê-la e a dormir no mesmo espaço que eu.
Atrás do BIOMBO havia sempre uma grande azáfama.
Tive medo, muito medo, quando me apercebia que a temperatura do meu corpo estava muito elevada, ficava muito quietinha, pensava que se assim ficasse a temperatura baixava…
Quando dei os primeiros passos sem ajuda, senti que não sabia andar… as minhas pernas não tinham força para aguentar o corpo e a minha cabeça rodava.
Não me lembro de ver os meus primos, eles deixaram de ir a casa da nossa avó ou então não os deixavam ver-me, nunca soube o que na realidade se passou…
Quando a minha amiga Alice fez anos e me foram levar um pedacinho do seu bolo, disseram-me, mas não o vi, não o pude comer, que confusão me fez…
Tinha que tomar um medicamento de 4 em 4 horas, vinha da Suíça, através da Cruz Vermelha , não percebia bem o porquê de estarem sempre a falar na Suiça. Que mal que isto me fez, tinha pesadelos e tinha muito medo…chamava-se Terramicina
Mas nas minhas memórias esse BIOMBO, que não consigo situar em mais nenhum lugar da casa e que nunca mais vi, ficou gravado para sempre.
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*Este médico ocupava nas nossas vidas o lugar do nosso avó paterno biológico.
A sua aflição era patente, não se ria para mim, logo ele que sempre me amou muito e me achava imensa graça.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XXI

Hoje inicio um fim-de-semana que desejo que seja perfeito. Exactamente há 42 anos, recebi nos meus braços estendidos, tremendo de anseio e plenos de AMOR, o resultado de algumas DOÇURAS E DIABRURAS que andei cometendo 9 meses antes.Estive o dia em festa com os meus filhos e a noite vai continuar com o aniversariante e amigos.
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Não quero faltar com o nosso DOÇURAS E DIABRURAS.
"(...)mas a boca dele já estava atravessada sobre a dela. E ele já tinha assegurado que não lhe poderia escapar. Sem pressa, com um cuidado infinito, ofereceu-lhe a delicadeza de uma vida inteira. Beijos destinados a seduzir, a hipnotizar, a despertar todos os impulsos sensuais que ela possuia. Já tinha os braços dela em volta do pescoço quando a sua língua fez descerrar os lábios dela. Entrou e transportou-a rapidamente para aquela região de não - se - importar - com - o - que fazia. (...) "
Johanna Lindsey, em Gentle Rouge
PARA TODOS UM FIM-DE-SEMANA espectacular!!!!!!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O ANO EM QUE NASCI

Quando preenchi o meu perfil coloquei duas “provocações”perfeitamente consciente do impacto que poderiam ter, “fugi” a dizer a minha idade e declarei que vivia de rendimentos.
Não me preocupo absolutamente nada em dizer a idade que tenho, por vezes, até a arredondo por excesso, como fazia a minha mãe e as pessoas dizem-me: “ó não parece nada! “
E com a afirmação anterior lembrei-me de um episódio passado no dia em que fiz 52 anos.
Diogo ( 12 anos): quantos anos é que faz?
Eu: não se pergunta a idade a uma senhora. Mas vou dizer-te 52.
Diogo: é tão velha!
Eu: ISSO DIZ-SE DIOGO!
Diogo: desculpe, desculpe! Eu não queria dizer isso, eu queria dizer, não parece tão velha!
Eu: NÃO DIGAS MAIS NADA! VOU ESTRANGULAR-TE!
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Quem me conhece na vida real sabe a minha idade, aqui na virtualidade alguns sabem e outros, como quem não quer a “coisa”, vão tentando saber.
Vou satisfazer a vossa curiosidade mas não de “borla” e, sendo assim, então cá vai:

Nasci:
*332 anos depois de Galileu ter apresentado ao mundo o 1º telescópio
*150 anos depois da grande revolta dos escravos no Haiti
*144 anos depois de Emanuel Allen ter sido o último escravo a ser vendido publicamente em Montreal
*no ano em que morreu Rabindranath … escritor indiano , que ganhou o Prémio Nobel da Literatura
*no ano em que um ciclone causou imensos estragos em Portugal
*64 anos depois do ukulélé chegar ao Hawai
*37 anos depois de Henry Weed ter inventado as correntes para se usarem nos pneus quando há neve
*29 anos depois do nascimento do actor e bailarino Gene Kelly
*15 anos depois da morte de Rudolfo Valentino
* no mesmo ano em que nasceu Mário Claúdio (escritor português – ficção, poesia, teatro e ensaio)
* no ano em que morreu Virgínia Wolf

Fico por aqui. Com tantas pistas e algumas tão imediatas é muito fácil chegar-se lá.
Quem errar ou quem disser que eu sou MUITO VELHA, já sabe … é estrangulado(a) e sou eu que executo a sentença.
CURIOSIDADE SATISFEITA?

PS. Desta vez arrisco-me a não ter comentários… Aguardo! Pacientemente! Que remédio...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A CORISTA

Eu tive um sonho que ontem realizei e que hoje estou a partilhar convosco.
Desde muito pequena quando me perguntavam: “O que queres ser quando fores grande?” Eu respondia sem hesitar: “PROFESSORA!” E treinava, treinava muito com as bonecas. Já nessa altura os amigos da família quando falavam de mim diziam: “A senhora professora….”
E fui! Durante toda a vida! Foi um sonho realizado! Trouxe-me muita felicidade, muita satisfação, aumentou a minha auto-estima, realizei-me como adulta e a cada dia que passava rejuvenescia com o que aprendia com os alunos e com os obstáculos que tinha que ultrapassar. Nunca em momento algum, pensei em desistir, mesmo quando surgiam momentos menos felizes. Nunca me senti obrigada, estudava, programava, lutava, refilava, explodia, discutia, contemporizava, respeitava, fazia-me respeitar, amava, confiava, … e nunca me dei mal.
Nunca pus a família de parte, ou lhe dei menos atenção, fui sempre uma mulher/esposa, filha e mãe presente e nunca considerei o fardo pesado, sempre tive jeito para gerir muitíssimo bem o meu tempo.
Mas não era deste sonho que eu queria falar. Era DESTE!
Em adolescente fui ao Parque Mayer assistir a uma Revista e apaixonei-me pelas figuras femininas semi-nuas. Como seria bom estar no lugar delas, as luzes, os brilhantes, as purpurinas, as plumas, o porte altivo, as pernas ao léu, a leveza no andar … tudo isso eu desejei para mim. Uma força irresistível atraía-me para aquele mundo de brilhos falsos, de fantasia, de falsas promessas, com a hipótese de dançar ao som de uma música que me fazia vibrar de um modo diferente, diferente das músicas que até então conhecia. Elas, as jovens que voavam no palco, respiravam sensualidade…Sonho apenas sonhado, nunca revelado, eu sabia que era irrealizável. Não queria ficar órfã ainda tão nova!
Já cinquentona, confessei a três amigos e colegas este me anseio, esta minha vontade, este meu sonho, este meu impulso… e eles gentilmente, num final de ano lectivo, ofereceram-me o toucado que está a coroar a minha cabeça. O cartão que acompanhava esta dádiva, este presente, dizia que nunca era tarde para se realizarem os sonhos…. Eu acreditei! Por isso, ontem actuei perante uma plateia de crianças pequenas, que conhecem muito bem as loucuras da avó, realizando o meu SONHO escondido, o meu SONHO adormecido e, por breves instantes, que se irão eternizar na minha memória eu fui, eu sou uma… CORISTA!
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Agradeço à Isabel, à Martinha e ao António que, infelizmente, já não se pode rir com mais esta minha loucura, é uma das estrelinhas que velam por mim, a oferta generosa deste toucado e o incentivo dado para a realização do meu sonho; à minha fotógrafa privativa que me achou muito impaciente (coisas de diva, dizia ela) embora a luz das fotos não esteja famosa (também pelo preço que paguei, o que queria mais); aos meus espectadores (apenas dois, mas do melhor que há, espectadores 5***) e à Tamara, a mão direita da Ana Rita, que achou que eu estava muito bonita e a quem deixei experimentar o meu toucado e a gravar a sua imagem com ele colocado, para a família dela a/o poder apreciar.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

METAMORFOSES

VAMOS A VOTOS? QUAL DAS MINHAS MÁSCARAS PREFEREM?


1- A CORISTA COM A SUA FÃ Nº1 (não tem outra)






2- A CHINESA QUE FEZ PARAR O TRÂNSITO NA ALDEIA (lá ainda não há chineses)


3- PROJECTO PARA SER A B.B.

4- PROJECTO PARA SER A DECANA DA MAIS VELHA PROFISSÃO DO MUNDO

5- A AVÓ DO CAPITÃO GANCHO (que não está muito contente por ter que a ter pertinho)

6- A RAINHA MÁ (eleita pelos pais para tomar conta dos meninos da festa, sem ceptro, fanada por um dos vigiados)

DESILUSÃO

Há bem pouco tempo um amigo dedicou-me flores, fiquei muito sensibilizada pelo gesto, gosto de flores, gostei destas flores, destas orquídeas…Descobri que as flores podem não ser sinónimo de real amizade, porque muito pouco tempo depois a suspeição instalou-se entre nós.
No meu mail apareceram vários anexos aparentemente enviados por ele, que ao serem abertos mostravam cerca de 240 imagens “minhas” (não todas minhas como pessoa, mas com figuras e imagens de família e do blogue, umas reconheci, outras não). Sou muito inexperiente em informática,mas sei que se conseguem fazer muitas manipulações a partir de pequenos dados. Fiquei surpeendida e verdadeiramente assustada com esta “remessa”. Tenho obrigação de proteger os mais pequenos de uma “exposição pública”. Procurei uma justificação para o que estava a suceder, ele negou que o tivesse feito mas, … também não acreditou que eu as tivesse recebido. A minha palavra foi posta em causa, não houve resposta às explicações e provas de como não estava a inventar nada. Estou arrependida, isso sim, de ter reenviado os anexos recebidos, porque se um amigo duvida de outro, depois de haver um desmentido, a amizade cai por terra, as justificações não devem ser precisas. Acredito que não tenha sido ele a enviá-las, uma vez que diz que não o fez, mas continuo a não encontrar uma justificação para cá as ter.
Estou magoada e triste mas a vida traz e leva! Infelizmente, cada vez mais, estou a habituar-me a que me leve...


Algum de vós que me lê, com muito mais conhecimentos informáticos do que eu, conhece uma razão que justifique este facto de aparecerem anexos que não são enviados de origem?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XX

Tempo frio, tempo chuvoso...mas isso não nos impede de ter o nosso fim-de -semana, desta vez com hipóteses de, alguns de nós, nos divertirmos mais do que é costume e de sonharmos...


"Tenho estado o tempo todo a sonhar com uma poltrona para dois, em frente a uma enorme lareira crepitante, com a telefonia a tocar músicas melodiosas e as chamas formando sombras nas paredes.
Noite para olhar para a lareira!
Um rufo febril, suave peleja e depois a doce reconciliação.
Um abraço muito belo e depois, presa nos teus braços, a cabeça no teu peito, algo por que anseio agora, um beijo que faça parar o tempo. "
Pamela Moore

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MULHERES ARANHAS

Carnaval? Nunca gostei! Detestava as máscaras, as bisnagas, a farinha, os saquinhos… Convite para baile? Convite aceite! Bailes que se realizavam na minha adolescência e início da idade adulta, na própria casa, em casa de amigos, familiares ou conhecidos. Íamos de “assalto” e toda a gente se divertia. Eu era a “primeira” a começar a dançar e a “última” a parar. Enquanto aluna universitária frequentei os que eram promovidos pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa. Três amigas minhas de infância foi assim que conheceram os respectivos maridos. Eu não! Eu dançava com diferentes parceiros, não porque fosse leviana, não o era, mas exactamente para que nenhum deles se sentisse com “direitos” porque, o que eu queria mesmo era… DANÇAR!

Casei com um “pés de chumbo”!

Quando os bailes se realizavam em nossa casa, a minha avó e os meus pais eram excepcionais, permitiam que eu e mais três amigas “dessemos conta” do salão e da sala de jantar, tirávamos móveis, enfeitávamos paredes, eu sei lá… ! Cerca de dois dias antes já andávamos a preparar a festa.


Nunca me mascarei, nem mesmo em pequenina, mas com o nascimento do primeiro neto esta minha atitude alterou-se, não porque ache graça ao facto, mas porque as crianças acham.
Já fui CRUELLA, já fui AVÓ PIRATA, já fui FADA DOS TEMPOS MODERNOS, já fui AVÓ PALHAÇA, já fui RAINHA MÁ, já fui MULHER ARANHA, … este ano vou ser….. AGUARDEM!!!!!
Quando me mascarei de Cruella o divertimento foi imenso, as crianças do Infantário onde o meu neto andava estavam mascaradas, como não podia deixar de ser, de Dálmatas. A educadora pediu-me para ficar na festa e esta correu tão bem, que uma criança mais tarde disse à educadora que a festa tinha sido tão boa, tão boa, que até a verdadeira Cruella lá tinha estado.
Sei que tenho um jeito especial para as crianças, mas também já notei que me começo a cansar com a sua vivacidade. Não se pode ter tudo, netos a ficarem grandes e eu a manter-me “nova”.
No Carnaval em que a fotografia que ilustra este post foi tirada, a minha mãe também se quis mascarar. Idealizem os “nativos” daqui da aldeia, a observarem-me e à minha mãe com 84 anos, a passearmos assim vestidas, servindo de companhia ao nosso neto e bisneto vestido a preceito, de homem aranha.
As nossas máscaras foram improvisadas com o que tínhamos, acrescentámos umas aranhas plásticas a um tule preto, que não produziu o efeito totalmente idealizado, porque teve que ser dividido pelas duas. O que realmente levou mais tempo a ser conseguido foi a maquilhagem.
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PS- Não consegui trasmitir a alegria que queria a este texto, foi a primeira vez, desde que a minha mãe faleceu, que "lidei" com uma fotografia dela como adulta.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

UMA CARTA

Esta carta que hoje vem à luz do dia, melhor dizendo do "nosso" cantinho, foi escrita no dia 27 de Dezembro de 1967. O meu filho mais velho nasceu em Fevereiro de 1968. Encontrei-a há pouco tempo nos pertences do meu marido e tenho a certeza, que se ele ainda estivesse connosco não se importava que, ao fim destes anos todos, a partilhasse convosco. Estávamos amuados como se depreende do texto, tínhamos gasto mais do que o "orçamento" nesse Natal … Caramba! Íamos ter o nosso primogénito...
Escrevi-a em tom de brincadeira (mais ou menos) e coloquei-a no espelho

Reservo-me no direito de não vos contar como foi a reconciliação mas lembro-me dela, estava muito, mesmo muito, “barriguda”…

PS- A pedido vou transcrevê-la (há quem precise de ir, urgentemente, ao oftamologista)...

"Lisboa, 27 de Dezembro de 1967

Querido,

Como neste momento me sinto "inspirada" (já "expirei" e "suspirei"), resolvi escrever-te esta declaração (estás com sorte porque nem sempre "isto" me acontece). O meu amor por ti, é tão profundo, tão profundo que atinge a terra no seu coração (o seu núcleo). Neste momento apenas consigo comparar os meus sentimentos por ti à Geologia e à Mineralogia. Os calores que sinto quando me beijas são iguais em temperatura à que se verifica no nife (núcleo terrestre - níquel e ferro), e esse calor é intensíssimo como tu bem sabes. Quando me abraças, sinto-me envolvida por um anel de ferro, de ferro extraído da magnetite, que é de melhor qualidade do que o extraído da siderite, este é quebradiço, tem enxofre à mistura. Quando me olhas sinto-me atingida por um meteorito (salvo seja!), semelhante aos que atingem a terra a uma velocidade louca (quem está a ficar louca sou eu!) e, nela penetram ou se desfazem (prefiro a 1ª hipótese)! Estou prestes a extravasar, qual vulcão peliano, por isso é melhor ficar por aqui, caso contrário, ainda se dá uma hecatombe e, para hecatombe, já bastam as nossas finanças deste mês.

Um abraço super-explosivo da tua

"Bolinha"

PS-Vê lá se fazes um sorriso! Estou a começar a ficar cansada de te ver amuado!"

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A BEBEDEIRA

Bêbeda eu? Nunca! Um pouco mais alegre do que o habitual? Sim! Mais do que uma vez! Basta beber dois copinhos, rio imenso, sinto uma enorme vontade de rir e de dançar, tenho que me controlar para não o fazer em cima de … uma mesa.
Sou mais velha 6 anos do que o meu irmão por isso, recordo-me razoavelmente bem do incidente que vou relatar, embora com algumas “brancas”. Aliás foi contado e recontado ao longo dos anos, pelos elementos mais velhos da minha família.
Da parte da manhã de um dia quente (possivelmente estávamos no Verão), o meu irmão com 4 anitos, começou a não se “aguentar nas pernas”, era colocado no chão e catrapus, quando largado ficava caído. A nossa mãe que perdia totalmente a cabeça, quando nos acontecia qualquer coisa menos normal, entrou em histeria. O que nos valia era a nossa avó Adelina, sempre presente, que dizia que tinha tempo para lamentações depois das coisas serem resolvidas, era uma pessoa serena, que não perdia a cabeça com facilidade.
Lembro-me de falarem num médico e que tinham que o meter na cama. Sei que adormeceu de imediato para maior aflição da nossa mãe e agora já um pouco também da nossa avó, porque o Zé era um “chato” para dormir nas horas normais, quanto mais fora delas.
Antes do médico chegar, a causa da “doença” foi descoberta.
O almoço era peixe assado que se encontrava temperado sobre uma das bancadas da cozinha, a seu lado fora colocado um copo de vinho branco, para se lhe deitar por cima quando fossem horas de o meter no forno.
Quem estava encarregue de o fazer gritou: “minha senhora! Minha senhora! O vinho desapareceu! O copo está vazio!”

Mistério desvendado! Irmão a dormir todo o dia! Se acordou ou não com uma bruta dor de cabeça não sei! O meu lado malvado diz-me que era “bem feito” tê-la sofrido!

Hoje achamos graça a esta história mas na verdade o problema podia ter sido grave, era uma criança muito pequena, podia ter entrado em coma alcoólico…

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O MEU VELHO


Vi-o pela primeira vez em Outubro de 1973, bem destacado, encostado a uma parede da Sala de Exposições, do Palácio Valenças em Sintra. Foi amor à primeira vista, não o trouxe nesse dia para casa, porque quem o imaginou, pintou e o baptizou de "Inverno da Vida", o Mestre Domingos Saraiva (1908-1994), me pediu para o deixar lá mais uns dias, até ao fecho da exposição. Acedi mas um pouco contrariada.

O que me atraiu e o que me atrai nesta figura de velho?
Porque o coloquei em destaque, num espaço da minha casa a que, pomposamente, chamo o “meu” Jardim de Inverno?

O copo na mão que imagino cheio de aguardente, emborcada em movimentos ritmados ao longo de grande parte de uma vida, que se foi degradando com o passar dos anos, com o perder das forças, com o abandono a que foi votado, com a falta de amor… faz-me doer a alma!
O seu ar de derrotado, a barba mal cuidada e a falta de higiene… faz-me nascer um desejo imenso de querer cuidar dele!
Não vou permitir que mais ninguém o maltratre, quero que veja como gosto dele! Quero que sinta que é compreendido e que é amado! Sento-me no sofá azul, entre as plantas, num frente a frente, a olharmo-nos nos olhos, confesso-lhe os meus pensamentos, as minhas dores, as minhas lutas, as minhas conquistas, as minhas derrotas, as minhas alegrias, as minhas angústias, os meus sonhos, os meus momentos de felicidade, … olha-me com uns olhos onde ainda há alguns resíduos de compreensão e escuta-me,… devolve-me um olhar doce, pleno de cumplicidade ….
Nunca me repreendeu, nunca me aplaudiu, mas escuta-me atentamente. Ele é o único homem em quem confio, entre nós há uma enorme compreensão, sei que me vai sobreviver e que jamais revelará quem eu sou no meu todo, todo esse, até desconhecido para mim…



Texto publicado no âmbito do desafio VELHICE para Fábrica de Letras

sábado, 6 de fevereiro de 2010

RESCALDO

O meu fim-de-semana? Espantoso! Fantástico! Maravilhoso! Mas não do modo como me o desejaram!

Existiu um pequeno, enormíssimo senão…
Em menos de 24 horas tive que tomar dois comprimidos de Clonix, logo eu que abomino, odeio fármacos. Se não os tomasse os meus “5 sentidos” teriam ido para o fim do mundo e a única coisa que sentiria era dor, dor à volta da órbita direita e nos seios perinasais.
E porquê essas dores? Porque na 2ª feira passada quando fui completar a “obra” iniciada em Setembro, o senhor Implante que até estava muito bem colocado, ao ser acoplado a um parafuso a fim de levar a senhora Coroa, assustou-se e decidiu, naquele mesmo instante, iniciar uma viagem, sem fim previsto, pelo meu maxilar superior direito. Que horror! Dirão alguns de vós! Chiça, penico, chapéu de coco, asas de grilo, direi eu! Desculpem o meu praguejar mas tinha que desabafar…
Pois! Sua Ex.ª iniciou uma viagem supersónica que o radar não a conseguia detectar… uma aventura, uma aventura macabra, ao pé dela a Múmia, que já passou 435(???) vezes na TV, é um bebé de colo… em que os protagonistas eram o implante, o meu maxilar e o meu dentista que felizmente também é cirurgião… eu o suporte do cenário…, os espectadores, outros dentistas e higienistas, muitos interessados é certo mas com uma curiosidade um pouco mórbida, para o meu gosto. Eu não os vi, mas a Ana Rita testemunhou. Fiquei-me, pacientemente, a fazer o meu papel de olhos fechados, a pensar no que estaria ali a fazer , e se não estaria no filme errado …
Vou poupar-vos a cenas violentas mesmo para maiores de 18 anos, só vós digo que a cirurgia que se seguiu demorou cerca de duas horas, que o cirurgião saiu vencedor e que eu não danifiquei o cenário… As radiografias que me fizeram, que foram desde as normais às circulares (panorâmicas) é que podem ter danificado os poucos neurónios que ainda me restam.
Recomendações e cuidados a ter foram muitos, cumpri-os até 6ªfeira à hora do almoço…
E porque deixei de cumprir, com total obediência? Eu explico!
Há mais de um mês que esta minha fuga de fim -de-semana estava programada, envolvia-a e envolveu, um grupo de 11 amigos e incluiu uma ida ao teatro e um resto de serão passado em casa de um casal incluído no grupo.
A senhora minha cabeça, com o andar de um lado para o outro, a preparar isto e mais aquilo, zangou-se comigo… só consegui ficar mais ou menos apta, para entrar em acção, depois do primeiro Clonix.

A partir daqui posso confessar que até me diverti…após a peça de teatro divertidíssima é certo, mas da qual eu estava a ver a 3ª versão (mais ninguém conhecia a história, o que me confundiu um pouco, eu estava longe de ser a mais velha do grupo), fomos para casa do tal casal amigo, brincadeiras próprias de adolescentes no quem vai no carro de quem, antecederam a partida. Durante o resto do serão tive uma enoooooooorme conversa com o meu amigo Francisco, não levava a tal carteira, levava uma a imitar pele de tigre, muito na moda disseram-me, mas que tem uns 20 anos pelo menos (o que eu me divirto quando me dizem que eu estou in com coisas off há séculos).
O que realmente foi muito frutuoso foi o diálogo com o meu amigo, ele ajudou-me a fazer uma introspecção sobre dois assuntos que já há uns longos meses me estão a perturbar bastante, afastamo-nos um pouco do restante grupo é certo, mas os amigos perceberam e até nos permitiram uma certa intimidade, não interferindo na conversa, até a apoiando, embora desconhecessem grande parte do seu conteúdo. Amo os meus amigos, têm uma sensibilidade que lhes permite ver e sentir certas situações como esta que noutro local e noutro contexto, podia ser rotulada de falta de educação…
Nem vos digo a que horas cheguei a casa,… sei que acordei perto do meio-dia.
Ele e Ela não têm nenhuma história para contar… Tive que tomar o 2º Clonix e passei este sábado um pouco “abananada”…

Mesmo assim VALEU! Valeram ” AS PENAS”!!!!

PS- Antes que haja um matricídio, observem por favor, na coluna da direita, o lindo sêlo que a Ana Rita me ofereceu... DECLARA QUE EU SOU UMA MADAME (??) DE SUCESSO

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XIX

Esta noite vou p´ra night, já nem me lembro quando o fiz pela última vez, por isso inicio o meu fim-de-semana mais cedo. Mas não podia deixar de publicar as minhas DOÇURAS OU DIABRURAS




OS CINCO SENTIDOS
São belas - bem o sei, essas estrelas,
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor olhos para elas:
Em toda a Natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!
***
Formosos - são os pomos saborosos,
É um mimo - de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede ... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão ... mas é de beijos,
É só de ti - de ti!
***
Almeida Garrett, FOLHAS CAÍDAS, OS CINCO SENTIDOS (extractos)
****
QUE TODOS TENHAM UM EXCELENTE FIM-DE-SEMANA.
O CARNAVAL APROXIMA-SE VÃO TREINANDO...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CANCRO versus ESPERANÇA

Já mais do que uma vez falei no meu braço direito, a última das quais, no post datado de 27 de Janeiro último. Talvez o dia de hoje, uma vez que se comemora o DIA MUNDIAL CONTRA O CANCRO, seja indicado para vos falar de uma fase da minha vida menos boa mas que me fez acreditar que tudo é possível quando a esperança não morre e a família e os amigos estão presentes….
Foi na minha década dourada, na década dos meus 20 anos… apareceu um negro a manchar esta bonita cor, que associo ao sol e aos girassóis que tanto admiro e de quem tanto falo…
Estávamos em finais de 1970, em Outubro, a minha querida avó Adelina encontrava-se em fase final de vida terrena, tinham-lhe sido detectadas metástases nos pulmões e sabia-se que o tumor primitivo estava localizado num braço. Um “caroço “ bem visível, desde os seus tempos de adolescência, restos de um furúnculo estupidamente espremido.
Numa das minhas abluções matinais senti um repuxar no meu antebraço direito e apalpei-o. Encontrei um pequeno nódulo do tamanho de uma ervilha. Nesse mesmo dia o Dr Fernando Cortez ia passar por casa da minha avó, para uma das suas visitas assíduas. Contei-lhe o que tinha sentido, fui observada e ele foi da opinião que todos os “carocinhos” deviam ser extirpados. De imediato combinei com ele fazer a extracção, que se realizou cerca de uma semana depois no consultório do Dr. Francisco Gentil Martins, que momentaneamente, o Dr. Cortez se encontrava a substituir. Intervenção muito simples, feita apenas com anestesia local … e o pequeno tumor seguiu para análise. Entretanto os pontos foram sendo retirados, já não me lembro por quem, nem onde.
Até que houve um dia em Novembro de 1970 em fui “convocada” para ir até ao citado consultório. Tinha a receber-me o Dr. Gentil Martins que tal como o seu nome indica, gentilmente me informou, que o pequeno tumor era um sarcoma em formação, teríamos que “matar formigas com uma bomba atómica” e esse processo iniciou-se com um internamento, uma anestesia geral e uma limpeza bastante alargada no meu antebraço, a cicatriz com cerca de 2cm de comprimento passou ao tamanho que hoje podem observar.

Posteriormente fui submetida a um tratamento de radioterapia, mais precisamente radiações de cobalto.
Tive pessoas maravilhosas ao meu lado, sem falar na família e nos amigos.
O Dr. Fernando Cortez que me confessou que se eu dissesse que retiraria o nódulo nas férias grandes (reparem que estava nessa altura em Outubro) ele estaria de acordo (esta opção teria pecado por muito tardia).
O patologista (do qual me esqueci o nome) ter ficado muito interessado no meu caso, o tumor era primário e estava em fase de “transformação”, não era totalmente maligno, coisa muito rara de se encontrar, de tal modo que ficou nos anais da patologia.
O Dr. Vilhena médico especialista em radiação que revelou um interesse imenso pelo meu caso.
A técnica da radioterapia, que me facilitou os horários do tratamento para eu não ter que faltar às aulas, fazia “batota”, colocava-me entre doentes marcados, os quais eu não prejudicava muito, a radiação embora alongada no tempo, era curta na actuação (5 minutos).
Os meus alunos que nunca sonharam sequer o que se estava a passar comigo, mas que eram uma catarse sem o saberem. Conseguia entrar numa sala de aula e estar lá, como era costume estar, atenta, paciente, alegre e competente.
Os colegas de profissão que, não falando directamente no assunto, me dirigiam piropos e gabavam o meu sorriso e a minha boa disposição.
Pedi pouco na altura, já era mãe, tinha apenas o meu filho mais velho, “pedi “ para conseguir sobreviver até que ele tivesse idade para se lembrar de mim… Hoje ao escrever estas palavras este pedido parece revelar um certo egoísmo da minha parte.
Muito mais teria para dizer… é a primeira vez que escrevo sobre este assunto, mas vou terminar aqui e agora, não sem antes afirmar que tenho muitas razões para sorrir à VIDA, preocupa-me o desamor, a inveja, a intriga, a discriminação, a intolerância, a falta de humildade, a mesquinhez …. Vou continuar a amar, a abraçar, a beijar, a acarinhar, … e a contar convosco que ultimamente têm partilhado comigo a minha maneira de ser e de estar na vida.
Cometo muitos erros, às vezes involuntários, mas procuro melhorar essas falhas para poder continuar orgulhosamente a considerar-me bastante humana.


COM ESTE TESTEMUNHO GOSTAVA DE ALERTAR TODOS PARA A PREVENÇÃO, A ESPERANÇA E A TENACIDADE. NÃO PODEMOS PERMITIR QUE A VIDA NOS DERROTE! TEMOS QUE SAIR VENCEDORAS DAS HORAS MENOS BOAS!
HÁ MAIS PESSOAS QUE VENCEM ESTA DOENÇA DO QUE AS QUE SÃO DERROTADAS… MAS APENAS NOS CHEGAM AS NOTÍCIAS MÁS …

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

E SE...?

E se em Portugal exixtissem leis como estas? O que sucederia?


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

INSPECÇÃO

Na primeira e única vez que levei a “minha carroça” à Inspecção Automóvel, tive um brilhante e elucidativo diálogo com o funcionário que o inspeccionou.

CENA 1
Eu dentro do carro sobre o poço da garagem e o funcionário dentro dele por baixo do meu carro.

-Bzzzzzzzzzzzzzzzzzz
- Não percebi o que disse…
-Carregue no travão …….Bzzzzzzzzzzzzz
-Já carreguei mas disse mais qualquer coisa que não entendi!
-Rode o volante todo para a direitaBzzzzzzzzzzzzz
-Rodei mas não ouvi o que disse a seguir.
-Rode agora para a esquerda…. Bzzzzzzzzzzz

…………….


CENA 2
Ambos fora do carro e perto do guichet onde se pagava

-Está tudo bem mas para o ano tem que vir cá em Fevereiro e não em Março
-Ora essa! Porquê?
-Porque o mês da inspecção do seu carro é em Fevereiro
-Mas o meu carro foi adquirido em Março
- Desculpe minha senhora, tem razão!
- Posso saber porque está aos gritos comigo?
- Porque a senhora é surda.
-Eu? Surda? Essa é boa!

********

A partir daqui quem o leva é o “médico” dele, o educado, prestável e competente Sr. Pedro…

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O INVERNO DA VIDA

O TEMPO, aquilo que Platão definiu como “ a imagem móvel da eternidade imóvel”, passou por Ele de um modo bastante suave, sem grandes sobressaltos. Amou, foi amado, foi feliz e semeou felicidade. Nunca esteve doente. Chorou quando nasceu, aprendeu a andar, a falar, a comer sozinho, a vestir-se, a tomar banho, a ler, a escrever, a conduzir…
Chegou um dia em que decidiu não conduzir mais, achava que os seus reflexos eram lentos e não se sentia capaz de reagir a uma situação de perigo. Tinha na altura 88 anos e tinha carta desde os 18, nunca tinha tido um acidente mas tinha tido um grande desgosto, quando uns anos antes, lhe tinham recusado a renovação da carta de moto.
Passados uns meses, pediu à filha que lhe tomasse conta das finanças, justificando que lhe faziam confusão todas as propostas que o gerente de conta lhe fazia; escusava-se a assinar um cheque dizendo que confiava nela; deixou de escrever aos parentes porque não lhe apetecia; desligou-se da escrita apenas por um motivo: tinha deixado de saber escrever. Olhava para a mesma filha e dizia-lhe: “sei que és minha filha mas não me lembro do teu nome! Tinha tanto medo que isto me acontecesse!...”. A filha, brincalhona, engolindo lágrimas, dizia-lhe sorrindo: “mas que sorte, pai! E se fosse ao contrário? Se soubesse o meu nome e não soubesse que eu era sua filha? Se pensasse que eu era uma namorada e me quisesse agarrar, eu teria que me defender e dava-se uma hecatombe familiar!”Ele sorria, mas um sorriso triste.
O tempo foi passando, os livros começaram a ficar de lado, os jornais também. “ Estou a ver mal!”, era a justificação. Foi ao oftalmologista e descobriu-se que já não sabia ler.
Deixou de conseguir fazer a barba. Via-se no espelho mas a figura simétrica da imagem confundia-o. Achava graça ser a filha a fazer-lha e perguntava-lhe: “ mas tu agora também és barbeira?” A filha dizia-lhe que sim, que era para ganhar um trocados. Quando a barba estava feita, ele queria pagar e dar gorjeta, por isso trazia sempre consigo um porta-moedas com umas moedas que ele entregava com um sorriso, um obrigado, mas ao acaso.
Na primeira e única vez que a filha teve que dar-lhe banho, chorou como uma criança.
A acção de vestir -se começou a ser orientada.
Quando um dos netos o visitava, tentava acompanhar a modernidade e dizia: “ olá, pá! Há quanto tempo é que não te via?” E o neto sussurrava à mãe ou ao pai: “O avô não faz a mínima ideia de quem sou!” Com o deslizar da conversa, todos fingiam não perceber, iam-lhe dando pistas que ele, ainda inteligentemente, sabia apanhar.
Havia perguntas que punha aos que o rodeavam: “Eu sei que há dia e noite e já soube o porquê mas não me lembro! Porque é?” Os familiares, com um certo cuidado, iam-lhe desviando a atenção. Ele disfarçava mas sofria, ainda se apercebia que algo que temia o estava a possuir.
Começou a querer “fugir” de casa e a cair muitas vezes. Foi imperiosa a necessidade de se ter um cuidado redobrado, passou a andar com uma pulseira de identificação cravada para não a conseguir arrancar, isso confundia-o. Embora já não soubesse ler horas, exigia o uso do relógio.
O neurologista avisou os familiares: “De um dia para o outro vai deixar de saber andar...”. E assim foi. Andava, mas amparado, soube sempre movimentar os pés.
Tinha então 90 anos mas um belíssimo aspecto físico. Parecia ter menos 10!
A partir daqui, até aos 93, regrediu no tempo e ficou bebé. Usava fraldas, a comida era-lhe dada à boca, mas sabia mastigar. Sempre tomou banho na banheira, porque amparado por duas pessoas dava passinhos. Tinha que estar ligado por uma cinta ao cadeirão articulado onde passava os dias, incomodava-o a conversa dos que o rodeavam e, por isso, era quase em silêncio que a família e amigos lhe faziam companhia. Gostava de ser afagado e ainda se ria e tinha cócegas quando o filho lhe mordiscava uma orelha ou quando a filha lhe sussurrava palavras de amor, palavras que nunca tinha tido coragem de lhe dizer quando ele estava lúcido. Balbuciava algumas frases sem nexo, não sentiu a ausência da companheira de 65 anos de vida em comum. Foi levado pela VELHICE, transportado com a ajuda do vento até entrar numa nuvem azul, num lindo dia de Janeiro e, aí permanecerá numa eternidade imóvel…



Texto publicado no âmbito do desafio VELHICE para FÁbrica de Letras