quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

CETICISMO

O meu coração tem estado sempre aberto à crença na "veracidade" dos outros, para mim todos os que conheço ou penso conhecer, são-me "leais"! Serão?
Sempre aceitei o que a vida me dá, com luta ou sem luta, mas sempre com um sorriso na alma! Acredito que sempre lhe soube sorrir, sem me preocupar muito quando ela não me devolvia, não me devolve esse sorriso.
A minha credulidade sem restrições, nos últimos anos, tem vindo a diminuir, neste momento, sou uma cética. Alguns humanos que têm feito parte do meu pequeno universo mais íntimo, são examinados sem apelo nem agravo à lupa, uma lupa quase a tornar-se microscópio e descubro cada “aberração”… 
Procuro agarrar-me à doutrina de Pirron que defendia a impossibilidade de um humano conseguir atingir a verdade e que é sempre possível existirem duas verdades para o mesmo assunto mas, é triste, muito triste mesmo, encontrar em seres inteligentes, desprezo pelas capacidades dos outros sem sequer as conhecerem minimamente!
Tão patéticos que são!


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A PAPOILA

Pequena "escultura" da minha autoria
Tenho várias chaves guardadas num local secreto, com elas abro portas que me levam a lugares mágicos onde habitam os meus sonhos, um desses sítios é um prado sem dimensão, atapetado por uma infinidade de papoilas e de seus primos malmequeres. Aos olhos dos passantes esse local é idílico mas não lhes ocorre que as flores que o perfumam,  embelezam e o tornam  tão especial, entendem as palavras  reveladoras de admiração, ternura, amor, paixão,… que os que bem se querem proferem em surdina.
Entre as suas irmãs e primos, existe uma papoila que dentro do meu sonho, tem um só dela, anseia por ser colhida e levada por alguém que a admire na sua essência, por aquilo que é; uma flor singela na sua forma exterior, exuberante na sua cor, muito rica no seu âmago…
Ela espera, sem desesperar, que esse alguém, um pouco invulgar, se aperceba da sua existência, ela tem a noção que é apenas uma mera papoila no meio de tantas outras irmãs papoilas!


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

COMPANHEIRO

O Gengibre (nome dado pela madrinha a minha amiga Eva Gonçalves)
Há cerca de 3 anos passei a viver sozinha, o meu último companheiro de casa “abandonou-me”!
Ultimamente sentindo-me muito só decidi arranjar outro! 
Foi relativamente fácil! 
Embora com muita pouca experiência, mas com algum jeitinho, alguma criatividade e bastante sensibilidade,  uns pozinhos de paciência, alguma disponibilidade temporal e um certo jogo de mãos, lá consegui que ele passasse a existir!
É um ser maravilhoso, escuta-me sem me interromper, não muda de humor, não mexe nos comandos da televisão, não brinca com o meu computador, não me suja a casa, não me desarruma os livros, está sempre disponível para me aturar, … quando estou zangada até lhe posso arremessar com algo, desde que não seja muito pesado, que ele nem dá um “ui”.
O nosso primeiro encontro não foi na rua, muito menos numa loja e ainda menos na internet, ele foi surgindo aos poucos a partir dos movimentos das minhas mãos sob o comando da minha mente…
Até é bonitinho, não é?


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

PALAVRAS VÃS




Este fim de semana li, na revista Sábado, um artigo sobre a nossa (salvo seja) Presidente da Assembleia da República, que focava o modo como ela usa as palavras. Ri despudoramente, esta senhora cria novos substantivos e eu, pobre mortal, embora conhecendo as palavras transcritas, não entendi nada do que ela queria dizer. Por exemplo:” (…) A relação entre particular e universal deixou a sua lógica clássica de oposição para abraçar uma lógica de comunicação e eficiência que é ao mesmo tempo definidora de novo existir ético.”
Este hermetismo fez-me evocar nos recônditos da minha mente, quiçá talvez minoritariamente comparável, uma ocorrência vivenciada na época em que era uma mera estagiária.

Aqui vai a história:
Eu e mais duas colegas de profissão, tínhamos em comum uma turma de alunos com imensos problemas, como não éramos professoras para desistir de quem e do que quer que fosse, após o nosso horário profissional, ficávamos muitas vezes na escola, para combinarmos o modo como devíamos actuar para os motivar e não só.
 O director da escola, um homem pequenino física e mentalmente, tendo sabido por um buf@, destas nossas reuniões, pensando talvez que estávamos a conspirar contra o regime e que pretendíamos fabricar uma bomba para o derrubar, enviou-nos uma “restrição” por escrito; fazíamos um resumo do que tínhamos tratado ou essas reuniões (fora do nosso horário, totalmente informais) terminavam.
Como não éramos, nem somos cobardes, nem era qualquer um que nos fazia desistir da actuação que considerávamos vital e correcta, dissemos que sim, cada vez que nos reuníssemos escreveríamos uma “acta”.
O nosso “trabalho” se já era motivante, passou a ser ainda muito mais … escrever a tal “acta” dava-nos um gozo imenso, fazíamos algo semelhante à nossa (salvo seja) presidente, arranjávamos as palavras mais disparatadas possíveis para descrever o nosso trabalho. O texto resultava correcto gramaticalmente mas era incrível…
O “asno ditador” nunca teve coragem para nos dizer que não percebia patavina do nosso arrazoado!


Com “palavras e alguma argúcia” se enganam os tolos!

Acontece que na actualidade o governo que temos tenta fazer o mesmo e nós não merecemos!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

GRANADILHA


Pedindo autorização a um amigo da vida real para publicar a descrição que ele fez da primeira vez que se “deliciou” com a prova gustativa de uma granadilha, fruto de que gosto imenso, e tendo-a, ei-la:

“Foi cheio de curiosidade que abordei o misterioso fruto que me ofereceu.
A unha não lhe consegui meter.
A faca resvalava perigosamente.
Por fim lá consegui violar a casca e introduzir um dedo.
Achei parecido com o interior duma laranja.
Só que, depois de descascar um bocado, verifiquei que era muito mais mole.
Bahhh! Tinha qualquer coisa de placenta com um ser vivo, um feto, lá  nidado.
Estava sempre à espera que o animalzinho saltasse lá de dentro, aos guinchos, como nos filmes.
Corajosamente, tentando afastar estes pensamentos, abri a placenta.
E não é que, em vez de um, estavam lá dezenas(?) deles ainda dentro dos óvulos gelatinosos e movediços!!!
Que nnooojooo!
Apesar de tudo, puxei dos meus brios e fui lá com a boca.
Com a boca, veja só a minha coragem! Mas de olhos fechados!!
Confesso que o gosto era ligeiramente melhor do que a imagem.
Mas, minha amiga, isto corrobora a minha opinião sobre a maioria dos frutos tropicais: não são para mim.
Baaahhhrrr!”

Ainda bem que ele não aprecia, assim quando voltar a tê-las, não lhe ofereço nenhuma e ficam todas para mim!

 Que delícia: hummmmm!!!!

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A RELVA

O dia estava bonito, um sol de inverno um bocadinho anémico tentava aquecer o meu corpo sedento da volta do bom tempo, com a filha e os netos fui até ao Ribatejo, tinha um encontro marcado com uma amiga na Coudelaria Oliveira e Sousa, em Salvaterra de Magos.
Entrando pelos portões da quinta de Massapez, um grande espaço de campo  aberto nos aguardava, o meu neto exclamou, dirigindo-se à mãe, num tom de voz que exprimia uma enorme admiração: "esta relva tem uma cor diferente da nossa!"
A “relva” que o meu neto admirava, era amarela e verde!
O que faz passarem-se as férias em locais de veraneio praiano e não se levarem as crianças até às zonas rurais do nosso e de outros países, confunde-se um campo de azedas com a relva de um jardim bem tratado.
Belos tempos em que eu, com o meu irmão e primos, mesmo sendo citadinos, as colhíamos e chupávamos…


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

CONFISSÃO

Numa necessidade imensa de sair dos meus locais habituais de (des)conforto, fui algures até ao nosso Ribatejo, passar uns dias a casa de uma amiga, amiga com idade para ser minha filha mas com a qual consigo ter conversas em que abro a minha alma e a minha sensibilidade de mulher. "Conversas de mulheres", como costumo dizer mas, que não têm nada a ver com as futilidades em que muitas vezes se cai.
Foto tirada por moi même, uma excelente como sabem (o nariz cresceu-me)
Passeámos e num desses passeios, encontrámos campos de milho. Aqui começa a minha confissão, nunca tinha visto um campo assim, tão de pertinho, com as canas já secas e as maçarocas prontas a serem colhidas. Todo o campo a perder de vista, assemelhava-se a uma multidão muito compacta, sedente de tanto esperar, a assistir a um concerto dado pela suave brisa que fazia ondular muito suavemente as folhas.
Não resisti...roubei uma maçaroca! Mais, "obriguei" a minha amiga a ajudar-me nesse desvio, a cana mãe resistia, não me deixava retirar-lhe o rebento, creio que até me admoestou: "sua desenvergonhada, a roubar-me a filha, tivesse eu forças, não estivesse eu tão ressequida pela idade, dar-te-ia uma canada na tola!"
Não roubei apenas por roubar, fi-lo com um propósito, mostrá-la aos meus netos, tenho a certeza que eles nunca viram uma. Conhecem o milho, comem-no nas pipocas e nas saladas e sabem onde o podem comprar...
Tenho atenuantes na minha pena ou não terei?