domingo, 31 de janeiro de 2010

(IN)SANIDADE

Ontem regressei, como quase todos sabem, de uma excelente semana passada no sul do nosso país, cheguei calma, cheia de genica, de planos, de necessidade de me movimentar... Esplendorosa como se pode ver pela foto em anexo (tirada no início do Verão de 2008). Tinha umas tarefas, não muito subtilmente, atribuídas pela minha filha, como podem comprovar nos comentários da “Doçura ou Diabrura XVIII”. Aliás quando li tantas recomendações, lembrei-me da minha Amiga Tela, que num dos seus posts, referiu um episódio muito engraçado, no qual descrevia, uma situação mais ou menos assim; depois de ter recomendado ao marido: “faz isto, mais aquilo, não te esqueças de aquele outro…tens que pensar em”… , quando ela atarefada, se preparava para sair porta fora, ele serenamente perguntou-lhe: “mais alguma coisa Madame?”.
A “ideia” está cá, embora as palavras exactas não estejam, estou certa querida Tela?

Cheguei por volta da hora do almoço, depois de ver os meus “queridos” e entregar à piolhita uma encomenda que ela me tinha feito, uns ténis da Kitty, cor-de-rosa a brilharem, “pirosos", "super pirosos", mas que a deixaram com um sorriso de orelha a orelha.Levei a tarde a arrumar roupas e a iniciar a tarefa de organizar a festa de anos do meu J.. Já tenho o protótipo do convite, está para aprovação da “madame”, da minha “patroa”.

Finalmente sentei-me para teclar, e entre as múltiplas coisas que fiz com o teclado, incluí a consulta ao meu correio. Entre os diferentes e-mails, abri um enviado por um querido Amigo, intitulado “Sinfonia em Negro”, aqui ... deu-se uma reviravolta no meu interior, fiquei sonhadora, nostálgica até, com uma vontade louca de dançar, mas não de uma dança solitária, uma dança acompanhada, num local onde outros pares também deslizassem…
Fiquei desperta! Fiquei a sonhar acordada! E como não me costumo deitar sem ter sono, fiquei a pé (sentada no sofá da sala) até quase às 3 horas da manhã. Aproveitei para ouvir música e para ler um pouco mais.
Não sei o que interagiu com o meu subconsciente, o que sei foi que tive pesadelos e deles lembro-me de algumas partes. Sonhei que a parede sobre a minha cama era toda forrada a azulejos brancos, tapados por um pano azul muito claro, e que um dos azulejos estava a soltar-se, preocupada retirei-o, mas encontrei por baixo um saco plástico que continha peças de vestuário de bebé, o meu filho que entretanto apareceu, não faço ideia de onde, disse-me que eram roupas dele e deviam ter sido ali colocadas pelo pai. Escavando mais a parede vi que era um “depósito” de vários objectos, rapidamente passei a estar acompanhada por um psicólogo (também não sei como) que aparecia muito na televisão, não sei se ainda aparece, íamos num comboio, que me disse que por 40 contos me explicava o porquê desses objectos estarem escondidos. Fiquei muito zangada insurgi-me contra (???)… não me lembro de mais nada.

Quando acordei e não há muito tempo, veio-me à memória que faz hoje três anos que fiquei viúva.

Alguém me pode ajudar a interpretar o meu sonho sem ter que pagar 40 contos, até porque já não uso contos, uso euros…

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XVIII

Buá! Buá! Buá! A minha semaninha de perna ao léu, termina hoje. Amanhã logo de manhã aí vou eu, de volta ao meu Refúgio e aos bracinhos dos meus amores (às vezes uns monstrinhos”).
Adorei a semana, o sol visitou-me todos os dias! Não tive tempo para fazer tudo o que tinha programado, mas até gosto que isso aconteça para não me sentir muito “compartimentada” Conheci uma jovem senhora, pela qual senti logo empatia, e com a qual penso que vou estabelecer laços de amizade, adorei a sua gentileza, a sua suave beleza, a sua inteligência, a sua capacidade de lutadora, o seu conhecimento do saber o que quer da vida… e melhor do que tudo com idade para ser minha neta. Com ela, tenho a certeza, vou aprender muito…
E eis que vos vou deixar com a rubrica de fim-de-semana

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"Queres saber com quantos beijos me satisfaria, Lesbia?
O número de grãos de areia entre os túmulos dos antigos senhores da Líbia e os templos onde o Egipto adora Júpiter sob a forma de carneiro.
O número de estrelas que observa as aventuras de amor furtivo da humanidade, enquanto a noite por elas em silêncio passa. Tal número satisfaria o teu Catulo enlouquecido.
O que não se pode contar não pode ser um número infausto."
Catullus (c.84-54ª.C.), POEMA VII
PARA TODOS, UM FIM-DE-SEMANA COMO MAIS DESEJAREM, VIVIDO EM PLENO!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

UMA AVENTURA NA...

Hoje acordei particularmente bem-disposta, levantei-me às 7 horas da manhã e decidi ir até Lisboa.
E fui! O dia começou a ficar lindo! O Sol foi subindo sorridente no horizonte! O IC 19 não estava mau de todo, "prometi-me" não permitir que nenhum mau condutor me perturbasse e cumpri.
Fui até à casa de Benfica, arrumei e desarrumei umas tantas ou quantas coisas, enfiei um chapéu na cabeça, encavalitei uns óculos escuros no meu belo nariz de traça romana e lá fui eu, até aos saldos do Corte Inglês, pensando e repensando que só devia ir ver, mexer, apalpar e não comprar. Pois sim! Apaixonei-me por uma camisa de noite e respectivo robe, lindos de morrer, amor à primeira vista, não resisti e... comprei-os. Não fiquei por aqui, entrei no Cub del Gourmet e não me contive, bolachas de cerveja, não as via há séculos e tanto eu como a Ana adoramo-las, pimba cesto e depois mais umas coisinhas...

Como estava muito perto, fui até à Livraria da XXXX, para um pequeno bate-papo com a D. M. e para adquirir o último dicionário de Língua Portuguesa, já com o famigerado Acordo Ortográfico. A Livraria estava encerrada e tinha um aviso a convidar a subida ao 6ºandar, não me fiz rogada. Lá fui eu com o à vontade que sempre me caracterizou mas que ultimamente tem andado por outros locais. Encontrei um patamar com as portas envidraçadas fechadas com código de acesso, tal não me desmotivou, para que servem as campainhas? Atendeu uma senhora (?) com cara de poucos amigos e começou por não perceber ou fingir que não percebia o que eu queria. O defeito não foi meu, eu sei explicar-me bem, possivelmente por enquanto. Indicou-me a porta em frente. Aí sim! Surgiu um senhor, o senhor A., que fez os possíveis, e quase os impossíveis, para agradar e não perder a cliente, neste caso, "je".

A partir daqui foi uma aventura e tanto, não havia ninguém para ir até à Livraria, ninguém sabia nada de nada, vende não vende, com recibo sem recibo, a dinheiro, com cheque, com cartão,....eu ia dizendo, vou-me embora, volto noutro dia, pago de qualquer maneira (salvo seja!) e o incansável senhor, gentil, educado e simpático lá foi, qual atleta saltador de barreiras, ultrapassando os vários obstáculos. Chegou a altura de me levantar da cadeira, que amavelmente me tinha sido oferecida, e entrar no elevador, descendo até ao 2º andar para se ir buscar a chave e ....o recibo.
Rés-do-chão, rua, porta da Livraria, a 1ª, porque a 2ª na abria, ou melhor depois abriu, quando chegou o recepcionista e outro funcionário. Dentro da loja lá se procurou o dicionário que eu pretendia e após alguma busca lá se encontrou, paguei em dinheiro, trocadinho até ao cêntimo, agradeci ao senhor A., ele confessando-me que era a primeira vez que fazia "aquilo" e eu pensando também eu, também eu. Despedi-me com um aperto de mão e um sorriso bonito, sim porque eu tenho um sorriso muito bonito.
Penso que o senhor A. ficou muito feliz, por ser útil e foi, foi mesmo um empregado exemplar, zelou pelo bom nome da Editorial, preocupou-se e foi educado. Que pena outros não lhe seguirem o exemplo!

Mas, há sempre um mas, comprei a 1ªedição e não a 2ª, que era a pretendida! Fico com esta, não a vou trocar, coitado do senhor A., depois de ter que me aturar! Mas não vou desistir de comprar a outra!

Muito me diverti! Mas que "casa" desorganizada!

Este texto encontra-se no meu “O VOO DAS PALAVRAS” de que já vos falei. Esta “aventura” verídica, aconteceu a 11 de Fevereiro de 2009. Enviei uma cópia a um responsável desta Editorial, até hoje não obtive resposta e mais, a secção de marketing que me enviava as “novidades” que iam saindo, deixou de contactar comigo, eu que era cliente deles desde 1972…
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Ainda há quem se queixe de que os negócios vão mal… a tratarem clientes fidelizados desta maneira, o que é que esperam???

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

MODELO EXCLUSIVO

A Invisível auto convenceu-se que é uma vampe, (a)vamp(irou-se) e decidiu que só podem fazer comentários no seu blogue quem se apresentar com traje formal, como não sou de modas (ou sou?) venho mostrar-lhe que não deixo os meus “créditos” por mãos alheias e que vou continuar a perturbá-la com a minha “elegância” inata (estou um bocadinho para o cheiinho, mas isso não interessa nada).
A modelo que ostenta o fato de gala da figura, sou EU, como podem verificar pela “prova”estampada no braço esquerdo. Nele é visível a ligadura com tala imobilizadora do meu pulso, o que retira um pouco do chique, por isso fiquei com um dilema (podia ser pior, podia ser um trilema): o uso “dela” ou a minha ausência no jantar do Comandante. Optei por usá-la!
Nos cruzeiros é costume haver, pelo menos, dois jantares em que é solicitado aos passageiros o uso de trajo formal, eu já usei umas 5 vezes este vestido na Noite do Comandante e tenho outra túnica semelhante em feitio, mas toda preta, que “modifico” com acessórios que vão desde o mais naif ao mais sofisticado, assim “mato” diversas noites, mesmo as informais.
O vestido túnica é meu e será muito difícil existir outro no Mundo igual. Porquê? Porque foi feito por mim e pintado a meu gosto(?) por uma pintora da aldeia que leva muito barato. É certo que “borrou” o tecido e que teve que pintar as pétalas em queda, queda essa que tive que “travar” caso contrário o vestido, pelo gosto da pintora, teria ficado atapetado de pétalas.
No meu projecto de “estilista” caseira o vestido teria ficado apenas com uma faixa pintada.

Junto croqui do modelo para que as meninas percebam que se podem ter peças exclusivas sem grande dispêndio material, o tecido é o velhinho marrocan ( não faço a mínima ideia se é assim que se escreve) de seda .
Com tudo, não cheguei a gastar 100euros. As pulseiras, que vêem no braço direito não estão lá por pura exibição, uso-as, ou outras equivalentes, em grande número para disfarçar a enorme cicatriz que tenho nesse braço, que vai desde o pulso até à articulação do braço com o antebraço.
"Não há bela sem defeito… "

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Será que a Invisível não me deixa entrar no seu cantinho por não achar que tenho "perfil" para tal ou por pura "inveja"? Terrível problema... esta noite sou capaz de ficar com insónias, só a pensar nisso...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

AVÓS

No post NAMORISCANDO, a Calendas reparou que o atrevidote era um cunhado (não no sentido legal da palavra, era apenas namorado) da que estava a ser catrapiscada (a minha avó materna), acontece que esse Senhor Castro com esta “gracinha”, o conteúdo do verso do postal é um mimo de palavras sedutoras, com tanta sede de beber pelo pote, foi à “vidinha” dele…as manas tanto a minha avó, como a minha tia-avó Felismina não acharam graça nenhuma à “brincadeira”.
Mas o destino, o acaso, … o que lhe queiramos chamar, prega partidas às pessoas. Havia algo que estava “escrito” no destino de ambas.




Não tenho dados para saber as datas, tenho apenas a certidão de casamento da minha avó Adelina com o meu avô Francisco a 21 de Março de 1917.

Tudo seria normal se nesta data ele não fosse viúvo da minha tia-avó Felismina, que morreu de parto, deixando um rapaz, o maroto do meu tio Zézito o qual veio a falecer perto dos oitenta anos. Este conheci-o bem, um belíssimo contador de histórias, criativo como poucos na elaboração de “partidas” com imensa piada, uma pessoa de um charme e de uma alegria contagiante, mas péssimo a lidar com dinheiro… dele e dos outros. Adorava-o e a família perdoava-lhe tudo. Tenho histórias dele hilariantes que um dia vos contarei, foi o pai da minha prima Maria Georgina.
O casamento dos meus avós durou apenas até 1923, altura em que terminou tragicamente com a morte do meu avô que se suicidou. Jogo e mulheres destruíram e alteraram o destino de várias vidas, pois deste casamento nasceram 4 filhos.
E agora vem o “melhor” ou o “pior” da história: O meu avô Francisco era tio das mulheres. O meu bisavô era meio-irmão do meu avô, por parte da mãe, e bastante mais velho do que o irmão. Como houve problemas familiares com o 2º casamento do meu trisavô, relativos aos apelidos de família, o meu avô Francisco está registado com dois nomes que diferem em dois apelidos. Na própria certidão de casamento estão registados ambos.
Na certidão de casamento dos meus pais também onde diz "filha de" lêem-se os dois nomes do meu avô
Coisa bizarra, mas real! Tenho documentação a comprová-lo!
Há pormenores que se repetem em várias gerações, penso que apenas damos por eles por estarmos mais atentos, acredito que haja famílias com histórias muito semelhantes.


E não hei-de eu ter nos meus genes uma certa dose de loucura…

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

UM CHAPÉU

Este não é O chapéu do ”acordo” que fiz com a Invisível este, é um dos meus chapéus de Verão e tem uma história.
Como avó que me prezo de ser, não quero que os meus netos fiquem apenas com a ideia de que sou uma pessoa repressiva, que até sou, não permito o não cumprimento de certas regras básicas. Sou ( ou penso ser uma avó atenta) que não gosta de passar a vida a ralhar e procuro nas brincadeiras e nos passeios que faço com eles, vestir-me de um modo que os fascine e sentirem que sou, por vezes, um pouco exótica…
Faço algo semelhante no jardim, por onde tenho espalhados pequenos duendes, fadinhas, trols, moinhos de vento, … e em alguma decoração da casa, sei que eles ficam fascinados com as descobertas que vão fazendo.
Numa tarde de Verão há uns quatro anos, coloquei este chapéu na cabeça (uso-o poucas vezes na aldeia) com os olhos à mostra, não fechados e tapados como vêem na fotografia e encetei uma caminhada pela aldeia com o meu neto. Já não me lembro o que levava vestido mas devo ter usado uma das minhas longas túnicas. Quando saía ao fechar a cancela, verifiquei que a minha vizinha do lado direito, estava no jardim e que me observava com um ar perfeitamente estarrecido. Cumprimentei-a e para a sossegar, na aldeia ainda hoje, ao fim de 33 anos, sou alguém envolta num certo mistério, expliquei-lhe que queria que os meus netos guardassem de mim a ideia de uma pessoa divertida e um pouco avessa a convenções. Ela ouviu-me atentamente e eu com o J. iniciámos o nosso passeio, fomos até uma fonte natural “perdida” no mato e mostrei-lhe os antigos tanques que se em encontravam e encontram em péssimo estado de conservação. Fingimo-nos “exploradores” e divertimo-nos com várias “descobertas”.
Quando regressei, ao entrar em casa, alguém me chamou, era a tal vizinha que sorridente me disse: “D. Teresa, a N. (a filha um pouco mais velha que o meu neto) perguntou-me se eu a tinha visto e sem esperar a minha resposta disse-me : a avó do J. ia tão LINDA!”

Tenho ou não razão para pensar como penso ?

domingo, 24 de janeiro de 2010

FUGA

Dá-me um prazer imenso fazer isto, “fugir “ sozinha dentro do nosso país, porque para fora já não me atrevo.
Com ou sem antecedência, marco um hotel ou um apartamento, de preferência este último e, ala que aí vou eu, ou melhor, aqui venho… Desta vez o apartamento já estava reservado desde a altura do grande Acontecimento, voltei ao lugar do “crime”. O meu filho acompanhou-me e está cá durante este fim-de-semana.
Estou a começar a pensar no Turismo Rural… Deve ser mais aconchegante, mais familiar…enfim, logo se vê…
Alinhavando estas palavras na varanda, de um sexto andar, quase sobre o mar, ao levantar os olhos vejo-o e a um barco a entrar na marina.
A serenidade que se abate sobre mim faz-me acreditar que estou noutro espaço, num mundo paralelo. O silêncio é quase total, oiço o desfazer das ondas e o sussurrar do vento embora não o sinta, os pardalinhos que em Novembro me visitavam não apareceram ainda.
Durante esta semana deambularei pela praia, lerei, visitarei duas amigas, uma que mora aqui em Albufeira, outra em Almancil e procurarei meditar, deixar o meu espírito espraiar-se pelas veredas da mente. Deverei tomar decisões, uma já está tomada e combinada com a minha “cria”, iremos visitar a cidade do Porto, num fim-de-semana um pouco mais prolongado, ficaremos alojados no “Tiara”. Esta “cria” precisa de espairecer, o divórcio está-lhe a dar muitas “dores de cabeça” e a mim também, por arrastamento… Ele ficou encarregue de tratar de tudo, tem que se tentar ver se é possível assistirmos a um espectáculo.
Voltando à semana que aqui pretendo passar não vos vou esquecer, tenho até uma vaga impressão que estou a ficar “viciada”e isso de vícios já não me agrada muito.
Ontem quando cheguei verifiquei que me faltava um cabo no carregador do PC, enquanto não consegui comprar outro, não descansei, comecei a pensar na semana sem computador e isso deixou-me mais agitada do que deveria…
Sei que sou uma pessoa privilegiada por poder fazer estas “fugas”, nem todos, mesmo que queiram muito o podem fazer. Não se esqueçam no entanto, que já não sou jovem e que tive que fazer opções para poder chegar à idade da reforma e me sentir livre em muitos sentidos…
Estou grata à Vida por me permitir tal!
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A imagem foi retirada do livro "por uma pitada de sal" de Miguel Barbosa , é uma fotografia do quadro com o nome "A fuga", pintado pelo mesmo, em acrílico sobre papel.
Miguel Barbosa nascido a 23 de Novembro de 1925, é pintor, poeta, romancista, dramaturgo e paleontólogo. Academicamente é ou deveria ser "economista".

sábado, 23 de janeiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XVII

O passatempo favorito do amor é o beijo progressivo. Quando um homem corteja uma mulher começa geralmente a manifestar-se beijando as suas mãos enluvadas - uma atitude bastante inocente sem dúvida.
Mas isso não o satisfaz por muito tempo. A luva estorva, e ele anseia por comprimir os lábios na sua carne macia – primeiro nos alvos dedos – depois na palma rosada, e no pulso de veias azuladas.
Ela cora um pouco com isto e retira a mão, porém, certamente não há muito mal nisto, pensa ela.
Depois disto ele pede para beijar a face – apenas um pequenino toque dos lábios na sua superfície aveludada – nada mais. É um favor tão pequenino que se pede! E se uma face é acariciada, porque não a outra? É injusto revelar favoritismos. Passar da face esquerda para a direita, leva directamente ao campo de acção do amor – aos lábios, a casa dos beijos.
Ella Wheeeller Wilcox (1850-1919)
PARA TODOS DESEJO UM FIM-DE-SEMANA E A SEMANA QUE SE AVIZINHA, CHEIOS DE MUDANÇAS EXCELENTES, DA MINHA PARTE VOU PASSEAR CÁ DENTRO... MAS LEVO O TECLADO COMIGO.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ELE E ELA

Quadro de autor desconhecido (Mª Júlia R. 67)
- Aiiiiiiiiiiiiiiiiii!
- Que tens querida para suspirares assim?
- Saudades! Muitas saudades!
- Saudades de quê garota? Vá lá! Sou todo ouvidos! Conta …
- Lembraste quando estávamos encostados à parede de um atelier com os nossos irmãos e que tememos pela nossas vidas?
- Se me lembro, eu vi o homem que disse: ”estes são para refazer, não têm valor artístico, são pintados a óleo mas, sobre madeira.”
- E eu ouvi uma voz feminina perguntar: posso ver? E sem esperar resposta desencostou-nos da parede. Mas este é lindo! Disse a voz. E uma voz de homem disse: Se gosta, é seu! Pode levá-lo, …menos lixo!
-Eu vi-a, tinha um brilhozinho no olhar e perguntou ao marido, um jovem de barbas, que se mantinha um pouco à parte: gostas querido? Este sorriu e não disse nada.
- Senti-me transportada e depois só me lembro de estar numa sala a colocarem algo em nosso redor.
- Foi a moldura que ainda hoje nos embeleza, …foi há tanto tempo. E depois vi-a pendurar-nos neste local onde ainda hoje estamos.
- Ah!Ah!Ah!Ah!Ah! As conversas que ouvimos, até coro ao lembrar-me de algumas…
- Mentirosa! Nunca te vi corar, a Ela sim… Tu és tão atrevida… Lembras-te daquela vez em que as crianças não estavam em casa…
- Pára com isso! A conversa ainda não acabou… Não queiras mudar de assunto. O que queres sei eu mas, temos tempo, muito tempo…
-Para amar todo o tempo é sempre pouco!
-Pois! Pois! Por isso hoje estamos quase sempre sós! E para Ela esse tempo acabou, quando cá dorme está sempre sozinha.
- Nem sempre está só, recordaste daquele dia em que um rapazinho gritou: “mana, vem cá! Aqui no quarto da avó estão dois a fazer sexy!” E uma garotinha, eu vi-a bem, cópia de outra que vi e tu ouviste no passado, quando se atirava para o meio dos pais e dizia: “a mãe é minha!”entrou pelo quarto dentro e ficou estática, de boca aberta a olhar para nós. Crianças…!
-Não é exactamente a esse “só”que me referia, mas enfim...essa é mesmo de homem, não entendem…
É desse tempo, do tempo de que estavamos a falar de que tenho saudades, do tempo em que nesta casa se ouviam risos, risadinhas, sussurros, raspanetes, música, …
- Amor, mas nós temo-nos um ao outro, estamos aqui e aqui vamos permanecer, dia após dia, até alguém nos retirar desta parede, deste quarto e nos levar para outro local ao sabor da sua vontade. Pode até acontecer que o garoto ou a garota que tão admirados ficam quando nos observam, um deles nos queira a vigiar o seu leito de adulto.
-Que bom seria, voltarmos a ver e a ouvir o AMOR. Tens razão querido, isso é um sonho… Tenho vontade de te beijar

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

VISÃO DE SONHO

Numa manhã de Primavera, com o estio quase a bater à porta, Ela acordou lentamente de um sono sereno e reparador, abriu os olhos e de imediato os fechou, o Sol inundava-lhe o quarto em golfadas de energia. De imediato reagiu: tinha-se esquecido de correr as persianas. Foi um acordar prematuro, que num encadeamento de recordações a fez decidir: é hoje! É hoje o dia em que vou subir até ao cimo da serra! A uma velocidade que lhe não era habitual, preparou-se para a caminhada: sapatos, calções, blusa, chapéu, cajado e uma mochila com água e duas maçãs. Iria sem relógio, sem bússola, sem pressas…
Pôs-se a caminho a partir do sopé, evitou a estrada e entrou em trilhos, por vezes a corta mato. E foi subindo a pouco e pouco, fazendo pausas, para ouvir os pássaros, o restolhar das folhas, a brisa que em pequenas rajadas lhe beijava a nuca. Parava para ler nomes, iniciais entrelaçadas e juras de amor, gravadas nos troncos de alguns plátanos. Como eram doces os cheiros que tinha dificuldade em isolar, que pouca importância tinha a pequena “mordidela” das urtigas que lhe provocava prurido nas pernas nuas. Colheu uma flor, de cor lilás, que com gestos suaves, colocou na fita do chapéu, revirou uma pequena pedra e seduzida, viu a azáfama da pequena fauna que habitava o solo por baixo dela, suspirou, sorriu, respirou fundo e retomou a caminhada. Estes gestos, estes movimentos, repetiram-se, uma, duas, várias vezes, ora fechava os olhos e tentava decodificar os sons que ouvia, ora os abria bem arregalados qual Lobo Mau, ora cantarolava para ouvir a própria voz,… o tempo foi passando, o sol subindo na copa das árvores e o seu envolvimento com a Natureza era cada vez maior, num crescendo como o teclar num piano a terminar numa explosão de sons fortes e ecoantes . Sentia-se como parte ínfima mas integrante dessa Mãe generosa! Quando menos esperava, de tão embrenhada que ia na contemplação serena de tanta beleza, alcançou um vazio. Respiração suspensa, à sua frente abria-se uma visão de sonho, sonho nunca sonhado, … ao longe céu e mar fundiam-se, como só se fundem os corpos de dois amantes, num bailado pleno de sensualidade e de volúpia, a seus pés lá bem em baixo, o mar amorosamente deitava-se sobre a areia e beijava as rochas, num beijo rápido, num beijo demorado, num beijo salgado, num vai e vem contínuo e ritmado, como uma sinfonia interpretada por instrumentos de corda.
Sentou-se numa rocha à beira do penhasco e perdeu-se nos seus pensamentos, pensamentos plenos de estupefacção, que em turbilhão lhe enchiam a mente. Há quanto tempo que não se sentia, tão segura, tão calma, tão grata à Vida por lhe estar a dar a oportunidade de comungar com a Natureza esse tempo, esse espaço, essa beleza, essa plenitude, … todo esse contraste com aquilo que lhe era permitido captar na vida real, na vida do seu dia-a-dia. E pensou, sem pena, sem dor, como gostaria de ser poeta, de ser pintora, … porque só assim conseguiria imortalizar, num poema ou numa tela, todas essas sensações, todas essas imagens, que se lhe ofereciam aos seus sentidos, sentidos de ver, de cheirar, de tocar, de ouvir e porque não, de saborear…




Texto publicado em resposta ao desafio BELEZA para a Fábrica de Letras

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ORAÇÃO

Tenho pequenas brochuras onde estão arquivados textos que fui escrevendo ao longo da minha vida. Da “O VOO DAS PALAVRAS” retirei o texto que hoje vem a lume, que foi escrito como podem ver faz hoje precisamente um ano.

18 de Janeiro de 2009
PAI
Faz amanhã precisamente três anos que partiste. Não é importante que seja hoje ou que seja amanhã, o que me perturba é que sonhei contigo e foi um sonho bonito, se puder dizer que há sonhos bonitos.
Acordei a pensar em ti, no quanto te amei e continuo a amar, como me admiravas e como tinhas orgulho em mim, fui a filha preferida, eu e o Zé descobrimo-lo há muito, mas isso nunca alterou a nossa relação de irmãos.
O Zé diz, com muita graça, que tem "raiva" de ter herdado o feitio da mãe e que eu sou uma sortuda, tive tudo, herdei o feitio e as sardas do pai e a alegria e a extroversão da mãe. Coitada da mãe, que não era a preferida por nenhum dos filhos, embora também fosse muito amada e demasiado mimada.

Tu que me apresentaste os grandes clássicos!
Tu que gostavas imenso de ler Júlio Verne e de Alexandre Dumas!
Tu que adoravas História, que tinhas uma curiosidade profunda pelos acontecimentos do passado!
Tu que afirmavas com um ar doutoral: "os feitos do Homem são cíclicos"!
Tu que me deste a provar a 1ª cerveja que bebi, numa cervejaria perto do Coliseu!
Tu que adoravas Circo e nos levavas a ver todas as Companhias que actuavam em Lisboa!
Tu que eras um cinéfilo assumido, que nos levavas todos os sábados ao cinema!
Tu que me deste a conhecer e a admirar os grandes realizadores italianos!
Tu que sofreste com a escolha que fiz do homem companheiro de vida, mas nunca o disseste por palavras, li-o nos teus olhos!
Tu que vi ligeiramente embriagado no dia 1 de Maio de 74. Como estavas alegre!
Tu que tinhas frases feitas a que achávamos imensa graça e que hoje repetimos! "Vai lá um de nós que eu fico aqui"! "É como o relógio do Anhuca, nunca trabalhou e agora está parado"! " Vamos todos, a cantar, muito bem calados"! "Margarida tiveste azar"! (Nunca nos disseste quem era a Margarida).
Tu que me ajudavas a executar várias tarefas e que o fazias sem precisarmos de falar!
Tu que me ensinaste a usar ferramentas para os pequenos arranjos caseiros!
(...)
Tu que sofreste quando te dei banho pela 1ª e única vez! Nunca teria havido uma primeira se adivinhasse o sofrimento que causei.
Tu que choraste quando me disseste: " sei que és minha filha mas não sei o teu nome"!
Tu que deixaste de saber escrever e ler mas que justificavas tal facto com falta de visão e vias muito bem!
Tu que tiveste inteligência suficiente para deixares de conduzir, reconhecendo que os teus reflexos eram demasiado lentos!
(...)
Tu que criaste, amaste e respeitaste a tua família, com um desvelo indescritível!
Tu que respeitavas a Mulher!

Meu Pai,
se a energia que emanou de ti quando partiste, no teu eterno sono, ainda fizer parte do Cosmos, empresta-me um pouco dela para que consiga enfrentar com serenidade a minha solidão forçada.
Dá-me forças para continuar a minha caminhada terrena com qualidade e sem magoar aqueles que amo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

MANIAS & COMPANHIA

Durante a semana o CARLOS ALBUQUERQUE, a ANIRA e a MILES mimaram-me mas em troca querem saber “coisas”

O Carlos confessou 5 manias dele e quer que eu confesse 5 minhas.
Vou confessar aleatoriamente:
1- Costumo andar com uma chávena COM chá atrás de mim de tal modo que já escaldei um neto (não sou pessoa de lágrima fácil mas, nesse dia de má memória, até “uivei”)
2-Gosto de seroar rodeada de velas acesas, mais no Outono e no Inverno ( a minha mãe achava mórbido este meu ritual)
3- A mesa sobre a qual trabalho não pode estar muito arrumadinha, tenho papéis espalhados sobre ela (está desarrumada mas organizada)
4-Tenho sempre “montes” de livros e revistas sobre o sofá da sala (deixo um espacinho para me sentar)
5- Não tomo um banho de imersão sem levar comigo para a banheira um livro para ler
Tenho muitas mais, algumas das quais já confessei anteriormente.
Agora vou passar a 5 amigos que gostaria de conhecer melhor:
CARAPAU

Da ANIRA recebi a Mafalda, todos gostam dela e eu não fujo à regra, quem não acha graça à menina argentina de 7 anos que odeia a sopa e o racismo e que se preocupa imenso com a política.

Agora tenho que citar 10 coisas que não me saem da cabeça… Parece-me que não sei responder, não ando sempre a pensar na mesma coisa, penso em muita coisa e em nada.
Há coisas que não esqueço, mas que não estou sempre a pensar nelas, então cá vão:
1-As crianças maltratadas, com fome, com doenças, ….
2-Os idosos rejeitados pela família
3-O terrorismo
4-O mundo em guerra
5-As calamidades naturais
6-O nacrotráfico
7-A desumanidade
8-O desemprego
9-A falta de humildade
10-As grandes mentiras
Bolas! Só desgraças…
Ofereço este selo não a 10 mas a todos os meus comentadores

Agora a MILES TO GO pede-me para citar 5 coisas de que me arrependo.

Devo confessar que não sou muito de me arrepender, porque quando faço as coisas, normalmente, sei porque as faço, mesmo que não me orgulhe delas.
1-Arrependo-me de não ter dito mais vezes aos meus pais que os amava
2-Arrependo-me de não ter querido ter mais filhos
3-Arrependo-me de me ter deixado seduzir virtualmente por um crápula
4-Arrependo-me de não ter ousado viajar mais quando era nova
5-Arrependo-me de muitas vezes não me ter arrependido.

Passo o desafio a todos os meus comentadores.

OBRIGADA AO CARLOS, À ANIRA E À MILES PELOS MIMINHOS.
ESPERO, DE ALGUM MODO, TER CONTRIBUIDO PARA ME CONHECEREM UM POUCO MELHOR

sábado, 16 de janeiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XVI

"Há um beijo de boas-vindas um abraço de despedida, o demorado, o amoroso, o real, o roubado ou o recíproco; o beijo de amor, o prolongado o de alegria, o de tristeza: o selo de promessa e prova de satisfação. É pois, estranho que uma mulher cujas armas são beijos, sorrisos, lágrimas e suspiros seja invencível?"
Haliburton (1796-1865)


PARA TODOS OS QUE ME LEEM, QUER DEIXEM OU NÃO O SEU COMENTÁRIO, UM FIM-DE-SEMANA CALMO, SEM SOBRESSALTOS, VIVIDO EM PLENITUDE...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

NAMORISCANDO

Os menos jovens conhecem este tipo de postal, eu já não o usei, mas conheço-os bem, tenho uma boa vintena em meu poder, uns mais interessantes do que outros, todos pertença de familiares muito próximos.
Este do qual penso que só devo mostrar o “direito”, o outro lado é muito mais pessoal, foi dirigido à minha avó materna que nasceu a 2 de Março de 1893. O autor da escrita foi um pretendente “à sua mão”, que nunca lhe foi dada, ele não foi o meu avó.
Eu adoro observar a letra e o texto faz-me sorrir…
Que sonhem os românticos! Ainda há homens românticos? Mulheres há muitas…

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A TELA

Sou uma mulher bastante habilidosa, já o afirmei num comentário que fiz a outro, num outro post, conheço-me bem, reconheço aquilo que sou capaz de fazer, sou o resultado de uma educação exigente dada por várias mulheres da família e por um pai para quem nada era impossível de se realizar desde que quiséssemos, e dos genes herdados que desempenharam bem o seu papel.Tenho algo, que não sei se é defeito ou qualidade, gosto de experimentar, teimosamente, trabalhos para os quais não fui minimamente preparada. A mania da perfeição impede-me, por vezes, de ir mais longe.

A MULHER NUA

Humana fonte bela,
repuxo de delícia entre as coisas,
terna, suave água redonda,
mulher nua: um dia,
deixarei de te ver,
e terás de ficar
sem estes assombrados olhos meus,
que completavam tua beleza plena,
com a insaciável plenitude do seu olhar?

(Estios; verdes frondas,
águas entre as flores,
luas alegres sobre o corpo,
calor e amor, mulher nua!)

Limite exacto da vida,
perfeito continente,
harmonia formada, único fim,
definição real da beleza,
mulher nua: um dia,
quebrar-se-á a minha linha de homem,
terei que difundir-me
na natureza abstracta;
não serei nada para ti,
árvore universal de folhas perenes,
concreta eternidade!

Juan Ramón Jiménez, in "La Mujer Desnuda"
Tradução de José Bento

Foi o que aconteceu com a tela da qual hoje publico a fotografia. Uma revista, que neste momento não me apetece procurar, desafiava as leitoras a pintar um quadro a óleo, disponibilizava vários desenhos e indicava os vários passos a seguir na pintura. Eu escolhi a figura de mulher, tive que adaptar o tamanho do desenho, ao tamanho da minha tela (30cmx4cm) e saiu o quadro que estão a ver. Presentemente não é meu, ofereci-o no Natal de 2006 à minha nora. Nunca tive coragem de o entregar à apreciação de um perito, mas senti que o meu objectivo tinha sido alcançado, sensação de “missão cumprida”. Decidi que não sou pintora, esta foi a minha primeira e, até à data, a minha única obra a qual, vaidosamente, até tive a ousadia de assinar.
É PRECISO OUSAR, não concordam?
EU SOU OUSADA! E A IDADE TORNOU-ME AINDA MAIS!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

QUEM É QUEM?

Quatro mulheres, quatro gerações, que tiveram a suprema felicidade de se conseguiram encontrar ao mesmo tempo no mesmo espaço, muito diferentes em aspecto e em anos vividos.
Aqui todas pararam nos dois anos de idade.
Partilham genes e só uma ainda não teve o prazer e a bênção de ser MÃE.

Quem é quem?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A FOFINHA

Em Dezembro escrevi um texto sobre o modo como aproveitava os restinhos de lã.
No seguimento desse post vou falar-vos hoje das “fofinhas”
A manta que vos apresentei nessa altura, é de muito fácil confecção, já tenho feito outras mais ou menos elaboradas, “beijinhos embrulhados” que vou distribuindo pela família e pelas minhas amigas.
Os meus netos têm uma atracção enorme por elas e chamam-lhes as fofinhas. Encostam-nas à face e roçam-na por elas. Este ano, perto do Natal, a piolhita de 4 anos encomendou-me uma e indicou as cores que queria ( a mãe foi consultada) e eu apressei-me a satisfazê-la. Para além de me entreter o tricotar e o crochetar permitem-me ver filmes, séries,… é o que chamo uma em duas ( uma sou eu, duas são a peça em que estou a trabalhar e a televisão), fico com “um olho no burro e outro no cigano”…
Nela empreguei três cores, dois tons de amarelo e um de branco sujo. É feita em duas partes, na primeira “crocheta-se” uma rede como podem observar.

Na segunda preenchem-se os quadradinhos da rede.
Ei-la, em primeiríssima mão ainda sem ter sido estreada

O Freddy nem esperou que eu a dobrasse, decidiu de imediato estreá-la. Vá lá! Portou-se bem! Contrariando a sua maneira de estar na vida, não lhe fez xixi em cima, … Que sorte! A dele, a minha, a da manta e a da minha neta.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ACONTECEU...

Sabe-se que:
Madalena Lucília Iglésias do Vale de Oliveira, nasceu em Lisboa, no bairro de Santa Catarina, em 24 de Outubro de 1939, filha de mãe espanhola e pai português.
Apenas com 15 anos, começou a frequentar o Centro de Preparação de Artistas da Rádio da Emissora Nacional.
Era e é, uma senhora muito bonita, que sempre foi conhecida artisticamente como sendo MADALENA IGLÉSIAS.
Até 1969 teve uma vida profissional muito activa, como cantora e como actriz. Tinha uma excelente voz, uma das mais invulgares ouvidas no nosso país. Recebeu vários prémios nacionais e internacionais em diversos Festivais e participou com António Calvário em dois ou três filmes portugueses que tiveram muito sucesso, eram histórias muito românticas que acabavam sempre com o “e foram felizes para sempre”.
Em 1966 venceu o Festival RTP da Canção, com “Ele e Ela”, com letra e música de Carlos Canelhas.
Era muito reservada, não frequentava os ambientes sociais da época, até que em 1971/72, “desapareceu” de cena. Não se sabia bem o que lhe tinha acontecido e inventaram-se mil e uma histórias, à dimensão da época.
Este “mistério”, e a rivalidade criada pelos meios de comunicação, com Simone de Oliveira, viria anos mais tarde a servir de inspiração ao primeiro musical de La Feria “What Happened to Madalena Igésias?”

QUE ACONTECEU?
ACONTECEU que se CASOU em 1972, com um português riquíssimo, emigrado na Venezuela de seu nome Fernando Oliveira, numa festa fechada aos jornalistas mas à maneira de Hollywood e passou a viver nesse país, onde ainda actuou no Canal 4, mas por pouco tempo, pois foi mãe e passou a dedicar-se inteiramente à educação dos dois filhos.
Não foi feliz para sempre porque enviuvou. Em 1987 voltou para a Europa, mais precisamente para Barcelona onde ainda hoje vive.
Em 1994 voltou a dar sinais de vida, com umas gravações
Em 2008 foi publicada uma fotobiografia " O Meu Nome é Madalena Iglésias", da autoria de Maria de Lourdes Carvalho.
********
Em 1989 Rita Ribeiro contracenando com António Cruz ( que viria a falecer pouco tempo depois), na peça teatral já citada, parodiaram com grande mestria as “Rainhas da Rádio” dos anos 60 (Simone e Madalena), um acontecimento do teatro ligeiro português inesquecível, para todos os que tivemos o privilégio de assistir a tão revolucionário acontecimento. De certo modo este espectáculo musical foi uma homenagem, prestada por La Feria a ambas.
Tanto a Rita como o António tinham uma força, eram aquilo a que se costuma chamar “animais de palco”, dançavam, cantavam, contracenavam num ritmo alucinante. Não havia lugares marcados na Casa da Comédia e a peça era interactiva. Ainda vejo o António subindo a correr os degraus onde o público se sentava a cantar e a interagir connosco. Ficou-me na memória!

domingo, 10 de janeiro de 2010

MIMADA E/OU INSUPORTÁVEL

Meus queridos estão a mimar-me em excesso. Aviso-vos que podem correr o risco de me tornarem tão mimada, tão mimada, que depois têm que aturar uma “criança” com birras ou então uma “sexagenária” insuportável cheia de “peneiras", ou ainda uma terceira hipótese, uma mistura de ambas.
Qualquer das hipóteses podem ser “explosivas”… Por isso vos peço, não me mimem tanto (pobre e mal agradecida) podem “estragar-me”…e não me querem “estragada”, pois não?
Depois deste intróito, em estilo de apelo, vou iniciar a “função”de hoje.

Este blogue é 5 estrelas (porque não 7? Estão a ver, o mimo a revelar-se), oferecido pela Invisível e pela Charlotte

Aqui vão 5 canções preferidas (são aleatórias, o que quer dizer que à noite, já posso citar outras)
1- Take This Waltz – Leonard Conhen ( baseada nas palavras de Federico Garcia Lorca, que são muito mais bonitas)
2- Secretamente – Rita Guerra
3- Milord-Edith Piaf
4- Um Jeito Estúpido de Amar-Maria Bethânia
5- Et Maintenant- Bécaud
6- My way- Frank Sinatra
7- É p´ra Amanhã – António Variações
8- O Leãozinho – Caetano Veloso

E agora que tomei balanço, tive que me forçar a parar.

A D*, querida menina que atingiu a maioridade há tão pouco tempo e se sentiu tão feliz por isso…ofereceu-me os selos viajar (bisado) e 5 estrelas (este publicado e "respondido"em cima)

A querida Tela ofereceu-me flores, um lindo ramo de túlipas lilases de acordo com a minha idade (sua malvada!) que na linguagem das flores refere-se a “fama” (com este significado fico “baralhada” o que não é muito difícil, serei famosa e não tenho o proveito ou tenho o proveito e não sou famosa?)
Estou a meter-me com a Tela, estou a provocá-la, porque ela de vez em quando, me prega uns valentes sustos… Nem sonham!

O querido Ergela um lobo da noite, muito gentil (pelo menos parece:):):)) teve a delicadeza de me dedicar a fotografia do Big Ben, porque eu lhe disse, num comentário que lhe fiz, que tinha visto uma muito bonita mas não sabia onde.


O querido Tio do Algarve, um homem com um humor muito criativo e original concedeu-me uma comenda. Sim! Sou Comendadora da Ordem do Espírito Jovem. E esta hein? Alguma vez pensaram que isto era possível?


O MEU ENORMÍSSIMO OBRIGADA! Que seria deste cantinho se vocês não existissem e não colaborassem?
BEIJINHOS EMBRULHADOS PARA TODOS E DESCULPEM “QUALQUER COISINHA”!

sábado, 9 de janeiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XV

E cá estamos nós, vivos e desejando que a saúde de todos esteja excelente, que se sintam em boa forma física e psíquica, para passarem este fim-de-semana em "pleno"!
***************
"Ela (enquanto ele lhe rouba um beijo): Seu ladrão! Vou mandar-te prender por te apropriares do que não é teu.
Ele (beijando-a uma vez mais): Muito bem, já to devolvi. Se apresentares essa queixa contra mim, hei-de acusar-te de aceitares coisas roubadas, sabendo que o são."
Extraído do filme Funny Jokes
PARA TODOS... UM FIM-DE-SEMANA MARAVILHOSO e ... AGASALHEM-SE!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

QUE ACONTECEU?

Para se poderem digerir "os pecados" e antes de começarmos a "pecar" mais, uma pequena pausa.

QUEM SE LEMBRA E QUER CONTAR A HISTÓRIA?
Se não sabem, se não se lembram, se ainda não tinham nascido, eu conto. Prometo.











quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

IRA

“Ira furor brevis est! “ Horácio

Já fui dominada pela ira, por duas vezes, não sinto orgulho disso mas não me arrependo (li uma frase semelhante a esta, no blogue do Marquês, que me fez pensar bastante)!
Vou relatar uma dessas situações que considero pouco dignas numa adulta com a responsabilidade que sempre me caracterizou. Durante cerca de um terço da minha vida profissional oficial, dediquei-me ao ensino especial , mais concretamente à deficiência auditiva. Como todos devem saber, os surdos profundos chegam a determinados anos de ensino desfasados na idade, ou seja quando um aluno ouvinte entra para o actual 5º ano, com 9, 10 ou 11 anos, o surdo profundo começa a frequentar esse ano, em média com os 14. Há ou havia turmas em que se tentava a integração com alunos ouvintes, então para que não houvesse uma grande disparidade nas idades, muito notória nesta faixa etária, os alunos ouvintes eram invariavelmente, aqueles que davam problemas disciplinares e que se tinham atrasado nos anos escolares.
O Paulo hoje um respeitável pai de família na casa dos trinta e bastantes anos, era muitíssimo indisciplinado, pouco habituado a cumprir normas. Eu que me caracterizo por ter sido uma professora com “rédeas” que apertava ou soltava mais, consoante o andar da “carruagem", sempre consegui aguentar o Paulo num limite de “normalidade” comportamental e interesse pela disciplina que leccionava. Quem passasse pelos meus alunos, enquanto aguardavam a minha entrada, sabiam que a professora que ia entrar era eu. A turma tinha-se habituado a aguardar por mim junto à sala, sem fazerem barulho e sem se empurrarem, não se portavam como “selvagens”.
Há um dia, há sempre um dia em que se pode perder a compostura…
A sala era no primeiro piso e ficava mesmo sobre a desembocadura de uma escadaria ampla, dos últimos degraus via a entrada, nesse dia enquanto a subia, vi o Paulo a empurrar vários colegas e a puxar os cabelos a uma.
Abordei-o pelas costas e com a minha mão direita, puxei-o para o meu lado, dando ordem de entrada aos restantes alunos, eis quando, pelo “canto do olho” vejo o Paulo com a mão direita dele a ameaçar que me batia, perdi a cabeça, quando dei por mim já lhe tinha dado uma potente bofetada… e lembro-me de ter pensado: “Maria Teresa pára! Tens que parar!” E parei embora me apetecesse confesso, desancá-lo… Não o deixei entrar na sala e solicitei a presença de um responsável pelo aluno.
Esta história teve um final feliz para todos, os pais do Paulo, gostavam de mim, sentiam que eu era uma das professoras que estava verdadeiramente interessada no filho, que o estava a ajudar a moldar-se e a crescer social e culturalmente. “Ele até tinha passado a gostar de ir para escola, já não fugia e … até já gostava de Matemática!”
O incidente foi sanado rapidamente e o Paulo passou a estar muito menos irrequieto nas aulas.
O Paulo e a família moram perto da minha casa de Lisboa, por isso sei que ele continua a pensar que a minha atitude foi a adequada, no entanto eu preferia não ter passado por este incidente, tenho consciência que esta e a outra ocasião em que perdi totalmente a “cabeça”, foi um caso isolado e que tiveram por base uma provocação que nunca previ. Aprendi a lição e nunca mais permiti que provocações deste tipo, me fizessem ripostar com violência. Não posso dizer que “desta água não beberei”, mas sei que no dia-a-dia, não sou uma pessoa agressiva nem por palavras nem por actos.

Agora chegou a altura de serem vós os juízes! Aguardo a vossa sentença!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O "CARVÃO" DOS REIS

Desejando que todos passem um excelente Dia de Reis, para não o esquecermos vou escrever um pouco sobre ele.

OS REIS MAGOS
Diz a Sagrada Escritura
Que, quando Jesus nasceu,
No céu, fulgurante e pura,
Uma estrela apareceu.
Estrela nova ... Brilhava
Mais do que as outras; porém
Caminhava, caminhava
Para os lados de Belém.
Avistando-a, os três Reis Magos
Disseram: “Nasceu Jesus!”
Olharam-na com afagos,
Seguiram a sua luz.
E foram andando, andando,
Dia e noite a caminhar;
Viam a estrela brilhando,
sempre o caminho a indicar.
Ora, dos três caminhantes,
Dois eram brancos: o sol
Não lhes tisnara os semblantes
Tão claros como o arrebol
Era o terceiro somente
Escuro de fazer dó ...
Os outros iam na frente;
Ele ia afastado e só.
Nascera assim negro, e tinha
A cor da noite na tez :
Por isso tão triste vinha ...
Era o mais feio dos três !
Andaram. E, um belo dia,
Da jornada o fim chegou;
E, sobre uma estrebaria,
A estrela errante parou.
E os Magos viram que, ao fundo
Do presépio, vendo-os vir,
O Salvador deste mundo
Estava, lindo, a sorrir
Ajoelharam-se, rezaram
Humildes, postos no chão;
E ao Deus-Menino beijaram
A alava e pequenina mão.
E Jesus os contemplava
A todos com o mesmo amor,
Porque, olhando-os, não olhava
A diferença da cor ...
Olavo Bilac


Segundo o evangelho de São Mateus, os três Reis Magos, Gaspar, Belchior e Baltazar, vieram do Oriente, guiados por uma estrela, adorar o Deus Menino em Belém, e oferecer-lhe ouro, incenso e mirra.
"Os Magos ofereceram três presentes ao menino Jesus: ouro, incenso e mirra, cujo significado e simbolismo espiritual é, juntamente com a própria visitação dos magos, um resumo do evangelho e da fé cristã, embora existam outras especulações respeito do significado das dádivas dadas por eles. O ouro representa a realeza (providência divina para sua futura fuga do Egipto, quando Herodes mandou matar todos os meninos de Belém até dois anos de idade). O incenso pode representar a fé, pois o incenso é usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus assim como a fumaça sobe ao céu (Salmos 141:2). A mirra, resina anti-séptica usada em embalsamamentos desde o Egipto antigo, remete-nos ao género da morte de Jesus, o martírio, um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamamento de Jesus (João 19: 39 e 40), estudos no Sudário de Turim encontraram estes produtos.” ( in, Wikipedia(adaptado))


No dia 6 de Janeiro, comemoramos o Dia de Reis e é usual comermos bolo-rei, um bolo que não vou descrever porque todos o conhecem, com ou sem fava, com ou sem brindes.
Aqui mesmo ao lado, os nossos vizinhos espanhóis dão a este dia um relevo muito diferente de nós.
Começam a festejá-lo no dia 5 em várias cidades com cortejos, “A Cavalgada dos Reis”, em que desfilam os três Reis Magos, montados em camelos ou usando carros alegóricos, seguidos por um séquito de pajens e de outros personagens mais ou menos exóticos, que perante o olhar extasiado das crianças distribuem caramelos.
Além deste tipo de festividade, os espanhóis distribuem os presentes, não como nós tradicionalmente o fazemos na Noite da Consoada ou na manhã do Dia de Natal, mas na noite de Reis ou durante este dia.
Há no entanto uma tradição da qual tomei conhecimento recentemente, através da Calenda, quando escrevi o texto A SUBSTITUTA , que me interessou bastante.
Em Espanha por aquilo que me apercebi, os “Reis Magos” têm um papel análogo ao do “Pai Natal” na quadra natalícia.

Quando as crianças não se portam bem, não devem receber presentes, pois uma das coisas exigidas pelos Reis Magos, é o bom comportamento e a prática do bem. Para os que não cumprem esta regra, os reis não trazem presentes, trazem outra “coisa”... Na manhã do dia de hoje, estes meninos encontram um carvão. Mas como os Reis Magos, não são maus, o carvão oferecido é doce, é um bolo, que todos podem comer, crianças e adultos, mas que no entanto é um sério aviso para a necessidade dos que o recebem, mudarem o seu comportamento.

Eu não mereço um carvão mas tenho pena de não poder provar um!

Obrigada Calenda , sem o material que me facilitaste, não me tinha lembrado de escrever este texto.

AVAREZA

“Que é a avareza? Viver sempre na pobreza pelo receio da pobreza” São Bernardo

Não penso que seja avara! Avaro. Forreta. Unhas-de-fome. Mão-de-finado. Sovina. Mão-de-vaca. Mesquinho. Miserável. Somítico. Pão duro. Todos estes qualitativos não se coadunam com o meu modo de encarar a vida

“Sou feliz vivendo assim,
Sem dinheiro pra gastar,
Preocupar-se é tão ruim
Que pode até desandar!

Desandando o tirocínio,
Desestrutura a postura,
Perde-se todo domínio
Próprios duma criatura!

Pelo menos um pecado
Não levarei, com certeza,
Um dos piores! Coitado

De quem se foi a pureza,
Posto que foi dilacerado
Pelas garras da avareza!”

José Rosendo

O que mais se pode aproximar deste pecado é o prazer que sinto em saborear chocolates e que me leva a ter a atitude que passo a relatar.
Gosto muito de oferecer “beijinhos embrulhados” principalmente sob a forma de peças feitas por mim, elas levam pedacinhos do meu tempo, pedacinhos da minha vida.
Há uma coisa que não partilho, os chocolates que compro PARA MIM ou que me são OFERECIDOS. Não fiquem muito admirados, podem ficar apenas um bocadinho, eu explico!
Desde muito garota que o faço, quando recebo ou compro um chocolate não o devoro… ou guardo-o inteiro mas sei que está ali ou guardo-o e vou-o comendo aos bocadinhos, é talvez qualquer coisa que se pode comparar aos viciados que dizem não o ser por tabaco, sabem que têm à mão cigarros se necessitarem deles e perdem totalmente a cabeça quando vão em busca de um e não encontram nada…
Pessoalmente fico histérica quando isso me acontece, quando pensando que tenho ali o meu rico chocolatinho, chego ao sítio e puf!, não está lá, levou sumiço… Em contrapartida o meu lado generoso, sim, sou bastante generosa, dá-me bastante prazer no partilhar, dou os chocolates que me pedirem mas,… por favor, não comam o MEU.
Actualmente, esta situação não acontece com frequência, era muito vulgar quando ainda vivia com os meus pais e o meu irmão que comia os dele e” roubava-me” os meus.
Com a saída dos filhos de casa e a morte do marido isto já quase praticamente não acontece.
Tenho sempre chocolates e outros doces em casa para os meus netos, o que de vez em quando faz com que a Ana Rita me repreenda (como se eu me ralasse muito com isso) mas que, de vez em quando, também os devora, para depois me acusar de eu a fazer pecar. Eu? Quem é que tem que ter força de vontade para não os comer?

E agora qual de vós tem o dinheirinho, as patacas, os tostõezinhos debaixo do colchão ou fechados a sete chaves num cofre? Qual de vós é um Tio Patinhas ou um Mister Scrooge?

domingo, 3 de janeiro de 2010

LUXÚRIA

A Luxúria ao contrário do que alguns pensam não tem a ver com luxo.
Luxúria é: desejo não contido ou prática desenfreada do prazer sexual, é concupiscência, é lascívia, é corrupção de costumes, é sexualidade extrema, é sensualidade extrema…
Também pode ser exuberância de vegetação ou viço, mas estes não são pecados e aqui estamos a falar de pecados…
E agora? Como vou descalçar esta bota? Porque me meti nesta de falar nos pecados capitais? Não posso fugir, caso contrário não sou a “valentaça” que penso que sou, vá! Cá vou eu!
Ufa! Já escrevi umas tantas ou quantas linhas. Isto é o que se chama “encher chouriços”.

Dionísio espreita, nas sombras da noite, duas presas já suas conhecidas, nunca as tinha unido mas naquele momento era o que mais desejava.
Ambos encontram-se não interessa onde, num bar, numa pastelaria, num antro escuro, …num local de caçada.
Reconhecem-se sem se conhecerem, possuem o faro dos predadores, olhares trocados sem se tocarem, sinais camuflados, e sem uma palavra um segue o outro, entram num carro, arrancam bruscamente, com destino predestinado por um deles.
Dionísio está deliciado e proíbe Eros de interferir, este amuado parte, vai juntar-se a um casal que há pouco conheceu e que se está beijando.
Um quarto de hotel, uma alcova, um lugar resguardado de olhares indiscretos. Fechada a porta ambos se desnudam precipitadamente, não conhecem o corpo um do outro nem isso lhes interessa, o desejo carnal embriaga-lhes os sentidos, retira-lhes a visão, aguça-lhes o desejo, tochas acesas incendeiam-lhes as carnes, agarram-se em fúria como animais com cio, os lábios nunca se tocam, mas percorrem os corpos suados, caem sobre o leito, e numa mistura de braços, mãos, pernas, ventre, língua, seios, pénis, vagina, pélvis, … atacam-se selvaticamente, sem se preocuparem com o prazer partilhado, arranham-se, mordiscam-se, rebolam, esgrimem-se, lambem-se, … procurando desfrutar ao infinito aquele momento de loucura, de insanidade, do prazer pelo prazer, proferem não palavras doces, palavras de amor, insultam-se e das suas bocas saem obscenidades, isso excita-os, excita-os muito e, num clima de lascívia total e sem alma, atingem o orgasmo…
De imediato ele levanta-se, veste-se atabalhoadamente e tresandando a sexo, sai porta fora sem olhar sequer para a adversária e simultaneamente cúmplice de tais prazeres. Ela prostrada, cansada, num leito desfeito pela luta feroz ali travada, levanta-se, olha-se ao espelho, observa a sua nudez e sorri, sorri com sensualidade, sente-se completa, realizada, sem amarras, toma um duche que lhe causa volúpia, veste-se, retoca a maquilhagem e sai, olhando para trás, para os destroços de mais uma noite de luxúria e novamente sorri…
Dionísio está prenhe de satisfação, esfrega as mãos e ensaia uns passinhos de dança, estes dois ofereceram-lhe mais uns louros para coroarem a razão da sua existência, não o defraudaram e ele sabe que noutro dia, noutros dias, eles serão novamente presas e predadores com outras presas e outros predadores, porque estes dois, … jamais se voltarão a encontrar.

Nunca fui levada à prática desenfreada do prazer sexual mas já fui levada à prática do mesmo prazer, tirando a palavra desenfreada. A sensualidade atraí-me. Não consigo idealizar o sexo sem um pozinho que seja de sensualidade.
A luxúria nasce da paixão e uma paixão desenfreada pode levar à ira (Krishna) e a ira pode conduzir à violência (infiro eu)
Nunca senti nada disto.
O que já senti descrevi aqui .

E agora qual de vós já cometeu este pecado? Quem tem coragem de falar nele? Não se façam rogados…

Dionísio e Eros aguardam as vossas respostas para vos observarem, para vos acompanharem, para vos protegerem… ou não. Sabe-se lá!

sábado, 2 de janeiro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XIV

FIM-DE-SEMANA e mais uma DOÇURA OU DIABRURA

As aves fazem-no. Os percevejos também. Mesmo as bolas de snoocker e as lesmas o fazem. Mas só tu e eu o fazemos por amor. Desde as origens de "alimentar com beijos", o beijo evoluiu para além do imperativo de nutrição, através de rituais tribais primitivos, passando pelos trovadores, pelo amor palaciano e por Hollywood, sobrevivendo en route a proibições religiosas, ligas anti-beijos e cheiro a alho para se tornar o que é hoje, a expressão mais perfeita de amor entre dois seres humanos.
Rosemarie Jarski

UM ÓPTIMO FIM -DE-SEMANA PARA TODOS!
Preparem-se para um lonnnnnnnnnngo mês...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

CAMPO DE GIRASSÓIS

Comparo a minha vida a um campo de girassóis, eles representam tudo o que a vida me deu de bom. E é o girassol a flor escolhida porque sou uma filha do Verão, não apenas por ter nascido nesta estação do ano, mas porque tal como eles, eu procuro viver virada para o sol, em busca de luz, de prazer, de bem-estar. Receber os raios do sol na minha pele desnuda aquece-me, alimenta-me, faz-me renascer, causa-me volúpia, …

No entanto esse campo para se manter bonito tem que ser cuidado, muito cuidado, porque entre os seus caules nascem ervas daninhas e outras plantas portadoras de espinhos. Cuidadosamente eu vou-as retirando, algumas tornam-se úteis, alimentam e tornam mais fortes os meus girassóis.
Com o nascimento deste meu blogue, pé ante pé, tal como o João Pestana, surgiram os ladrões de girassóis. Difíceis de apanhar os malandros, actuam na calada da noite, quando eu amorosa e languidamente me aconchego nos braços de Morfeu.
Não entendo porque são tão atraídos pelas minhas flores, não precisam de as roubar, de as espezinhar, de as desfolhar, peçam-mas que eu ofereço-as mas com a condição de continuarem a ser bem cuidadas.
As plantas daninhas e as portadoras de espinhos nem sempre são fáceis de retirar e há alturas do ano em que elas proliferam e proliferaram a uma velocidade tal que eu só as consigo vencer com a ajuda dos que me rodeiam.
Tal fenómeno acontece com demasiada incidência no mês de Dezembro. Eu luto mas elas estão cá e alteram o “meu estar” na vida, alteram o meu sorriso e a minha boa disposição… Neste mês, ao longo de diferentes anos, Tânatos visitou três amigos no Dia da Consoada e no dia 28 um filho por nascer, noutro dia 28 de um outro ano, Vulcano quis conhecer-me, e visitou a minha casa … só Asclépio foi benevolente ajudou-me, amparou-me, guiou-me e não permitiu que Tânatos ousasse tocar-me.
Dezembro é o mês em que gostaria de fugir, passar o Natal numa casa solarenga de turismo rural, sem ninguém conhecido, acolhida no seio de uma família com calor humano, alimentar o espírito com histórias não ouvidas, observar pessoas unidas pelo espírito natalício e ser uma delas, ainda que tudo isto tivesse uma certa encenação por parte dos anfitriões, brincaria ao fazer de conta. A felicidade aqui não teria cabimento, ou teria? Só experimentando! Porque não o faço? Porque tenho uma família que amo e que me ama, porque tenho um círculo de amizades que me abre os braços para me receber. Se eu “desaparecesse” nesta época a minha filha (principalmente ela) “morreria” de desgosto …e eu, possivelmente, também me arrependeria! Talvez a solução seja levar a família mais chegada comigo…
Sinto que sou tonta em reviver tudo isto durante grande parte do mês de Dezembro, mas vem-me ao consciente, por muito que não queira. Talvez seja o equilibrar dos pratos da balança que é a vida, pois a quadra natalícia foi uma das épocas que mais alegria me dava num passado que ficou bastante para trás.

Por isso confesso: a vossa presença neste meu espaço, principalmente durante esta quadra, foi um bálsamo para a minha alma, minimizou e muito, toda a dor causada pelo ferimento destes espinhos.Ri-me convosco, distraí-me a ler os vossos blogues e os vossos comentários. Por mim e para vós, relembrei com prazer cenas caricatas da minha vida e voltei a rir-me perdidamente enquanto as escrevia. Não sabem quanto vos estou grata!

AMO-VOS!




PS: Aos que danificam ou querem danificar as minhas flores, apareçam! Não sejam cobardes, mostrem a cara, eu ofereço-as e até posso indicar-vos o caminho para chegarem até elas, sem necessidade de se ferirem, de me ferir e de as danificar… A maldade, o embuste e a maledicência, não são gratuitas, mais tarde ou mais cedo chega a conta para ser cobrada.