quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A CORDA


Quando nasceu, uma das suas fadas madrinhas,  presenteou-a com uma corda, não uma vulgar corda,  como as fabricadas em qualquer  cordoaria, é  uma corda muito especial, é mágica. Tem poderes que lhe  permitem alongar-se, em sintonia com o movimento do pêndulo do relógio centenário, relógio  que canta as horas e as meias horas, um canto que a acalenta e a faz recuar, num passeio em que vai acompanhada por momentos de felicidade, aos tempos que foram ficando para trás.
Esta  corda tem um “mas”, não cresce apenas, também se enrola, contorce, cria nós,... Ela tem como missão mantê-la esticada, missão  que tem sido matizada com vários graus de dificuldade. 
Tem sempre completado a missão!
Neste momento a corda tem um nó,  um nó muito diferente de todos os nós que lhe têm sido familiares, um  nó que deve ter um truque, um truque possivelmente mágico, … ela tem passado dias, horas, minutos e segundos, a tentar desfazê-lo, a estudar a corda.
Não vai desistir! Ela não é pessoa para virar as costas às dificuldades, mas o malvado do nó, está vencendo as resistências dela!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ATÉ BREVE!

 


Enquanto não volto deixo-vos com uma das minhas PAIXÕES!


Desculpem o "aportuguesado" mas não consegui encontrar outro vídeo, a "falar" matematicamente, que tivesse "duplos sentidos".
Entretanto vão saboreando os beijinhos embrulhados que daqui vos envio. MT 

sábado, 5 de novembro de 2011

DOÇURA OU DIABRURA XCV

Hoje as DOÇURA OU DIABRURA são muito diferentes no aspecto...mas são uma doçura, muito meladas!
E fico por aqui na apresentação, nada de resumos da semana...tenho dito!

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=0brQ_Ixhotc

QUE O ESPÍRITO DO NATAL QUE JÁ POR AÍ ANDA, CONTRA TUDO O QUE VAI ACONTECENDO, VOS TRAGA UMA DOSE DE TRANQUILIDADE PARA VIVEREM PELO MENOS EM PLENO ESTE FIM DE SEMANA!
PARA TODOS OS MEUS BEIJINHOS EMBRULHADOS!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

GÉNIO


Durante a minha longa vida de docente contactei com muitos e variados tipos de alunos, alguns excepcionalmente bons, mas apenas um génio, o Miguel . Com a idade de 10/11 anos tinha uma cultura vastíssima, era muito educado, muito interessado por tudo, …



Nas minhas arrumações, tenho andado a eliminar certas recordações, não faz sentido deixá-las para serem outros a fazê-lo, entre elas estava este desenho com dedicatória, oferecido no final do ano lectivo, em inícios dos anos 70, por esse aluno.

Fez-me bem este “reencontro”…


P.S.:
1-A dedicatória diz: "À minha professora de Matemática do 1ºano como que em recordação das regras de dividir potências que só depois de me explicar 2 vezes compreendi.
À sua paciência, 
                                  Miguel"
2- O desenho está de pernas para o ar, um efeito "diferente", recuso-me a colocá-lo direito não vá tudo sumir.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

NOITE CHUVOSA


Não sabia quanto tempo tinha dormido, acordou com as bátegas de chuva sovando as persianas, abriu os olhos, uma penumbra muito suave tinha invadido o quarto.
Do corpo desnudo abraçado ao seu, emanava um aroma familiar, lembrando-se do amor partilhado umas horas antes, aninhou-se mais. 
Com um sorriso nos lábios e sonhos no pensamento, voltou a adormecer...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

MÚSICAS DO MUNDO


Fui a um concerto na Gulbenkian inserido no tema generico MÚSICA NO MUNDO e comecei a ficar consertada!
Assisti ao “Yair Dalal” * um grupo de 5 artistas que, usando   instrumentos musicais pouco usuais, presenteou-nos com a tradição musical judaica da Babilónia (Iraque): música sacra, instrumental e cânticos de Bagdad e Jerusalém.
*Yair Dalal (homem que deu nome ao concerto) é um músico muito conhecido a nível mundial, tem muito trabalho publicado, trabalho esse que reflecte um enorme valor musical na música clássica e árabe.
A história do porquê da partilha musical feita por este homem é muito interessante, cada cântico em si enriquece os nossos saberes…aprendi!
Para além das suas realizações musicais , Dalai é um pacifista, luta pela remoção das barreiras ideológicas entre as diferentes culturas mundias, com incidência, nas existentes entre Judeus e Árabes.
Gostei imenso do que vi e ouvi!
Ouvi sons que me fizeram lembrar a música cigana, a dança do ventre,… o casamento, a glorificação, as peregrinações, a misericórdia, o perdão…
Tive pena de não entender a língua e da não existir tradução (o que descodifiquei em termos de historial foi à posterior). Um dos cânticos foi feito em aramaico.

Nunca tinha visto espectadores, na Gulbenkian, sairem antes do espectáculo terminar, mas aconteceu, em pequenas levadas, e ao longo da apresentação, sairam cerca de 60 pessoas ( o grande auditório estava cheio) penso que o fizeram por uma questão de discriminação apenas, lamento que haja no meu país quem não saiba separar o “trigo do joio”, que não saiba apreciar a Arte pela Arte.

A minha companhia dormitou (poucas vezes, mas fê-lo)! E eu interrogo-me:
Seria por estar comigo?
Seria porque a idade não perdoa?
Seria porque o concerto não lhe agradou?
Seria por qualquer outro motivo?

sábado, 29 de outubro de 2011

DOÇURA OU DIABRURA XCIV

.Estou numa de mal humorada, muito triste mesmo! A semana não correu bem, de um desastre de viação inesperado e estúpido, um amigo de longa data partiu...
Mas a vida continua, com este espírito não vou deixar de "escrever" as DOÇURAS OU DIABRURAS.


AS TUAS MÃOS

Nos teus dedos,
Meu amor,
Há uma andorinha,
A graça e o condão
De uma varinha
Que desenha sortilégios
E os esconjura.
Há sinais
Que ficaram por rezar,
Sinais
Que sugerem suscitar
A beleza, a paixão,
E mesmo o pranto.
Jura,
Que as tuas mãos
Serão minhas delícias,
Que me trarão
Certezas e carícias,
E eu saberei a essência
Da ventura.
Jura,
Que as tuas mãos 
Me correrão
Em fogo lento,
As ondas das marés
Do teu tormento
E só minhas.
Canta!
Canta, meu enlevo,
Meu amor,
Ama!
Ama, cantando
Entregue 
Ao cantador,
Já que ele vive apenas 
Quando cantas!

Maria Lucília Bonacho ( in E o Fado Cantou-lhe Assim*, OÁSIS)

PARA TODOS UM EXCELENTE FIM DE SEMANA, NA COMPANHIA DE MUITOS BEIJINHOS EMBRULHADOS!

* Trata-se do primeiro livro de poesia da autora, dedicado à Amália Rodrigues. Toda a sua restante obra é em prosa.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

OUTONO


Estou péssima! Este Outono está dando cabo do meu bem estar! Quando penso que muitos de vós estavam ansiando por ele, sinto-me possuída por uma “vontade assassina” de vos estrangular…
Pronto, já desabafei! Não tenham medo, não vou matar ninguém, um sorriso já assomou ao meu rosto!
O Outono é lindo, é romântico, é acolhedor, quando acompanhado pelo cheiro das castanhas assadas, pela cor das folhas,  com aquelas tonalidades que vão do verde alface ao castanho dourado avermelhado, pelo cair das folhas dos plátanos (e eu o pisá-las deliciada com o som do seu estalar), por se poder apreciar a praia despida de gentes mas com um mar mais encapelado a beijá-la, pelo aconchego que já se vai tendo junto de uma lareia acesa… 
Mas este malvado, que faz espalhar as flores da buganvília por todo o lado, que quebra galhos das nespereiras, que semeia o pânico entre as roseiras ainda floridas, que faz as avezinhas andarem a protestar aflitivamente, … é totalmente dispensável.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

SOMOS UM PILAR

O texto que se segue foi escrito pela Helga, autora do blogue Planícies da Memória , com a devida  autorização e o meu MUITO OBRIGADA, transcrevo-o na íntegra (mudei a imagem, não porque não gostasse da que ela publicou mas para dar um pequeno cunho meu). Ao lê-lo senti-me retratada e sei que nunca conseguiria descrever  este desabafo de uma forma tão perfeita, tão bela, como a Helga o fez...




"Somos um pilar. Forte e indestrutível. Sólido como uma rocha. Aguentamos tempestades, aturamos demências, consolamos tristezas, perdoamos ofensas e no final do dia sorrimos. Sorrimos porque nos habituámos a sorrir perante as adversidades. Sorrimos porque é a única forma de as vencer. Habituámo-nos a ser fortes. Habituámos os outros à nossa força. Porém um dia, sem razão aparente, não conseguimos sorrir. Não conseguimos ser fortes. Choramos por tudo e choramos por nada. As demências dos outros aborrecem-nos e as ofensas magoam-nos. Precisamos de um abraço. De um sorriso. De uma palavra de conforto e compreensão. Mas somos um pilar. Forte e indestrutível. Sólido como uma rocha. Somos culpados. Habituámos os outros à nossa força e nunca à nossa fraqueza. Lidamos com as fraquezas de todos e no entanto ninguém sabe lidar com as nossas. Desconhecem-nas. Esperam que sejamos fortes como sempre fomos. Que nos ergamos sozinhos. É o que fazemos. É no auge da nossa angústia que reconstruímos o nosso pilar.  É no meio dos destroços que se ergue a nossa força. Precisamos dela. Para consolar quem não nos consola. Para compreender quem não nos compreende. Precisamos de continuar com a farsa em que todos acreditam. Incluindo nós..."

Helga

sábado, 22 de outubro de 2011

DOÇURA OU DIABRURA XCIII


A semana que passou foi pródiga em eventos, diverti-me muito e trabalhei pouco. No entanto, o divertimento não conseguiu apagar totalmente uma nuvenzinha que paira sobre a minha cabeça.

Hoje o AMOR das DOÇURA OU DIABRURA é um bocadinho triste, mas real. Tenho a honra de ter entre os meus amigos o autor deste poema.



À minha mulher, Drª Evelina Camarinha

O cancro nasce sem choro
inflorescência  súbita e perversa
com a beleza das papoilas que matam
e liquefazem o corpo
encapelado mar rubro de dor
por segundos minutos horas dias meses anos séculos milénios
eternidade
no pulsar do coração
e nas lágrimas caídas gota a gota
nas flores que sobrevivem na estufa
do nosso disfarçado
espanto.

P.S. A vida continua
A eternidade não tem tempo nem sentido.
Assim te amo enquanto for possível.
 Armando Taborda (in SonhoGrafias, Universitaria Editora)

PARA TODOS UM FIM DE SEMANA PASSADO COM ALGUMA PAZ DE ESPÍRITO. USUFRUINDO DA BELEZA QUE A NATUREZA NOS CONCEDE:
BEIJINHOS EMBRULHADOS PARA SI!
CHUAC, CHUAC, CHUAC!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

RESPOSTA (MAIS OU MENOS)


Esta foi mais ou menos a resposta dada à carta que publiquei aqui. Mais ou menos porque não ficámos com o original, que foi escrito num guardanapo de papel.

“Gentil Senhor

O rubor subiu-me às faces com tão belas e sedutoras palavras que roçaram, como asas irisadas de uma borboleta esvoaçante, o coração desta pobre mulher romântica, que passa dias e dias suspirando languidamente, por encontrar alguém que saiba encontrar o caminho que conduza ao desvendar dos seus mais secretos anseios.
Sem pudor  cedo-lhe o meu número de telemóvel , ousando ir mais além… Esperando não macular a sua timidez, confio-lhe vários:

96356409347281364402895431749560887587690453498887345234578990067

Digo sim, enlevada com o seu convite, para recatadamente ser venerada e venerá-lo mas, ... tenho que o confessar … não bebo chá!
Sem perder a esperança na concretização desse encontro a dois, permito-me sugerir -lhe que entre nós exista outra bebida, igualmente requintada e deliciosa … uma garrafa de cachaça.
Aguardando com alguma ansiedade pelo nosso encontro, sou uma mulher aberta ao desbrochar de um romance ainda em botão”

Enviámos a resposta pela mesma via, o empregado de mesa. Da outra mesa as gargalhadas surgiram, o guardanapo passou de mão em mão e nós, como nada tivesse acontecido, mantivemo-nos impávidas e serenas sem darmos “parte fraca”.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

UMA CARTA


Todos os meses, numa determinada semana e num determinado dia, eu e mais 9 amigas encontramo-nos para almoçar, salvo uma ou outra excepção o local é sempre o mesmo,  nem sempre estamos as 10, vai quem pode.
Há cerca de um ano numa dessas “festarolas”, o almoço prolonga-se pela tarde e divertimo-nos imenso com as nossas novidades, as nossas conversas e até os nossos problemas, recebemos via empregado de mesa a carta que anexo. 





Quem a tinha enviado tinha sido um cavalheiro que estava na sala e não era dirigida a nenhuma de nós em especial. De imediato descobrimos quem tinha sido o “ousado” ( viemos mais tarde a confirmar com o empregado). Numa mesa perto da nossa estavam vários homens ligados à música, à escrita, à igreja,… muito conhecidos do público em geral.
O autor desta carta foi o escritor António Lobo Antunes.
Estavamos só 8, duas de nós ficaram escandalizadas, consideraram o acto como uma falta de educação, as restantes fartaram-se de rir e alinharam na proposta de se enviar uma resposta "à altura".
O que responderia cada uma de vós (e porque não cada um, pois a carta podia ter sido escrita por uma senhora com as devidas adaptações) ?
Aceitam o desafio? 

domingo, 16 de outubro de 2011

FOTÓGRAFA

É muitíssimo boa fotógrafa, mesmo do cimo da sua grande sapiência, continua a aperfeiçoar-se, treina, treina, treina intensamente… anda em busca da perfeição, quiçá  (agora usa-se muito este advérbio e eu fiquei com ele na cabeça, tornei-me um perigo) da conquista do prémio Pulitzer.
Pelo buraco da fechadura estive a assistir a um dos seus treinos, uma técnica fantástica, inovadora, criativa, motivadora, barata e expedita!
Tira fotografias a si mesma ao espelho! Saem fotos impecáveis, como podem comprovar  na que publico (foi desviada por mim, no dia da “comunicação”, em que todos aguardavam ansiosamente pelas fabulosas medidas a tomar, pelo nosso  eficiente, "fantabuloso", fantasioso, … PM, ela estava muito concentrada de boca aberta, não deu pelo rapinanço). Reparem nos pormenores, cheia de jóias no braço direito*, tal como uma nova rica que gosta de andar com a joalharia às costas, ou melhor nos braços, nada  tremida, totalmente nítida, bem enquadrada,…um trabalho admirável, que deixa qualquer um de cara “à banda”!


Por “cara à banda”, deixo-vos um aviso, não se aproximem muito deste texto, o meu nariz anda a crescer imenso, assim como o do Pinóquio,  estão a “ver”, que há o perigo de entrar no olho de alguém … Fui vítima de um acidente como esse na 5ªfeira, alguém aldrabou tantou que me magoou o olho esquerdo, ando com uma pala, pareço o Camões no feminino, fiquei com uma bruta “infecção subsidiária”.
*O excesso de jóias é um truque que uso para disfarçar a cicatriz

sábado, 15 de outubro de 2011

DOÇURA OU DIABRURA XCII

Esta semana terminou com um conto de suspense com fim previsível mas muito mais maquiavélico ... Fez-me lembrar as famílias que são muito permissíveis para com os seus rebentos, com rédeas de muitos quilómetros de comprimento  e de um dia para outro,   reduzem essas rédeas a meia dúzia de centímetros. Que acontece? Na maioria dos casos as "criancinhas" revoltam-se e entram numa espiral de "ataques cerrados" a tudo e a todos ... Porque é que estes progenitores não rectificam os seus erros de educação, educando e aplicando? 
Enfim, não foi bem este assunto que me trouxe até aqui. Vim para vos deixar, mais uma vez, uma Doçura ou Diabrura... 
A fotografia foi tirada por um amigo virtual (não façam filmes é mais novo do que os meus filhos e é um homem muito lutador) e que me a dedicou,  no Facebook, em 2010, no dia dos meus anos. Obrigada "Bombas"!

ESPERANÇA AMOROSA

Grato silêncio, trémulo arvoredo,
Sombra propícia aos crimes e aos amores,
Hoje serei feliz! - Longe, temores,
Longe, fantasmas, ilusões do medo.

Sabei, amigos, Zéfiros, que cedo
Entre os braços de Nise, entre estas flores,
Furtivas glórias, tácitos favores,
Hei-de enfim possuir: porém segredo!

Nas asas frouxos ais, brandos queixumes
Não leveis, não façais isto patente,
Que nem quero que o saiba o pai dos numes:

Cale-se o caso a Jove omnipotente,
Porque, se ele o souber, terá ciúmes,
Vibrará contra mim seu raio ardente
Bocage ("Bocage Sonetos", livros de bolso * Europa-América)

PARA TODOS UM FIM DE SEMANA EM QUE A ESPERANÇA NÃO MORRA!
NÃO TENHAM "MEDO" DE ACEITAR, ESTES AINDA NÃO PAGAM IMPOSTO, AQUI VÃO OS MEUS BEIJINHOS EMBRULHADOS!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

NÃO FIZ NADA!

Após mais um dia de trabalho Albano foi directamente para casa. à chegada encontrou os filhos a brincarem no jardim com os pijamas vestidos. Estavam molhados e sujos de terra, sobre a relva a mangueira parecia uma cobra gigante, algumas embalagens vazias de comida comprada feita e brinquedos espalhados, quanto às crianças gritavam possessas e corriam descontroladamente  atrás umas das outras.
O carro da mulher estava fora da garagem, tal como ele o tinha deixado a pedido dela, as quatro portas estavam totalmente abertas. Albano sentiu um frio percorrer-lhe o corpo e o coração bateu mais forte. Correu para a porta da vivenda que se encontrava escancarada, a sala parecia ter sido varrida por um furacão, a televisão estava ligada, num programa infantil e no volume máximo, na cozinha o frigorífico tinha a porta mal fechada e espalhados pelo chão, pela bancada e pela mesa, encontrou o caos, pedaços de bolachas, embalagens de leite, iogurtes derramados, …
Chamou pela mulher: Arlete, Arlete!
O silêncio respondeu-lhe.
Em corrida subiu as escadas atulhadas de brinquedos e de roupa.
No seu pensamento via a Arlete desmaiada na melhor das hipóteses.
Da casa de banho ao cimo das escadas saía um cheiro nauseabundo a urina e a fezes, o papel higiénico forrava as paredes, toallhas molhadas cobriam o chão, a pasta de dentes tinha servido para a execução de desenhos abstractos, a banheira com alguma água e sabão tinha dois patinhos de borracha que pareciam estar a rir-se dele.
Temendo o pior entrou no quarto do casal…
Ficou petrificado, a Arlete com a camisa de noite ainda vestida, estava recostada nos almofadões lendo uma revista.
-Que aconteceu? Arlete estás bem? Que se passa?
-Nada Albano, nada! Porquê tanta agitação?
-Como é possível dizeres isso, a nossa casa está de pernas para o ar! – Respondeu de cenho franzido o Albano
Arlete sorriu e respondeu: Ah! Estás a referir-te à casa? Não és tu que todos os dias, quando chegas do trabalho e me vês cansada perguntas: “Querida afinal o que é que fizeste em casa, durante todo o dia?”
Pois é querido, hoje NÃO FIZ NADA!
NOTA: Não sou a autora da ideia da história. O original chegou-me por e-mail de autor desconhecido, eu dei-lhe um “banho” bem ao meu modo.
Sei por experiência que, desde que estou reformada, há quem pense que não faço nada…

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ACUMULAÇÃO

A manhã decorria com uma tranquilidade transmitida pela sua paz interior, pelos cheiros que chegavam dos campos acabados de ceifar, pelos sons emitidos pelos passáros.

Roubou um pedacinho de tempo a algumas tarefas que podiam esperar e decidiu espreguiçar-se na cadeira de descanso que a convidava de braços abertos.
Recostou-se e meditou, meditou nas imensas juventudes que tinha acumulado ao longo dos anos. Sim, porque em todas as etapas da sua vida, tinha sido jovem…muito jovem até!
A maturidade tinha-a ensinado a viver com aquilo que é impossível de mudar, continuava a conservar a esperança de atingir alguns sonhos. Sorrindo pensava que a velhice era uma obra de arte, bastava olhar para as rugas vincadas, esculpidas por um génio do cinzel, as cãs, que iam substituindo dia a dia o negrume dos seus cabelos, estavam a ser pintadas por um pincel mágico manuseado pelas mãos de um duende maroto.
Não, não se sentia no inverno da vida sentia-se na estação das colheitas, no seu coração o amor continuava ardente, não era velha pois mantinha a fé em si mesma, era saudavelmente alegre, sabia que para o coração não há idade.
Ao longo do tempo tinha acumulado muitas emoções, estava na hora de começar a acumular outras.
Suspirando ergueu-se lentamente e iniciou mais um capítulo do livro da sua vida…
Nota: Tela pintada por Gustav Klint

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

DOÇURA OU DIABRURA XCI

Foi a SEMANA, ao fim de tantos meses, finalmente ... uma semana em que todos os dias estiveram perfeitos (estou a referir-me ao clima, porque quanto às diferentes crises que grassam por aí, neste momento, recuso-me a pensar).


IDENTIDADE

Fusão da minha alma
meu sonho, minha fábula
minha sensibilidade oculta
minha gémea melancolia
minha sensualidade difusa
meu enigma, minha perdição
meu sonho metamorfizado,
meu desejo infinito,
de não te perder,
depois de te ter encontrado
Isilda Melo Seabra (Raízes do Ser, Universitária Editora)

PARA TODAS E TODOS UM FIM DE SEMANA DE CONTO DE FADAS!
E OS MEUS INFINITOS BEIJINHOS EMBRULHADOS!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

RAPIDAMENTE

A manhã de sábado ia a meio...
-Rápido! Vamos passar o fim de semana fora...
-Vamos para onde?
-Segredo! O indispensável dentro de uma maleta!
-Já "estou"...
Mais ou menos uma hora depois partia para um lugar desconhecido...
Fui para sul, atravessei a ponte 25 de Abril, a partir de determinada altura, depois de uma paragem técnica em Palmela, entrei em estradas de interior, baralhei-me (para me baralharem não  é preciso muito) com a direcção tomada, ia na conversa e na minha necessidade de observar a natureza que me rodeava.
Li placas com a indicação de localidades por mim conhecidas, outras nem tanto, depois de passar pelo Outeiro do Cão, entrei e saí do Outeiro do Lobo (a distância entre as placas de sinalização desta aldeia era tão curta que quase só inspirei e expirei uma vez) e lá fomos, até que cheguei ao lugar do destino.
 Caminho de acesso já dentro de "muros"
 O alojamento
 A paisagem vista do varandim
 Os vizinhos que nunca vi
 A rampa de acesso ao alojamento (por "aqui" não vi escadas)
 Um recanto oásico a caminho da piscina
 Uma lonnnnnnga piscina de ondas
 Posando para a posteridade bem agarrada ao livro que ando a ler (um livro faz sempre parte da minha bagagem)
 Uma paisagem também visível mas para além dos "muros"
  Neste local de descanso impera a ecologia.

E é mesmo assim, aqui construí-se a pensar no poupar...de tal modo que as torneiras da casa estão providas de temporizador e "aqui" a "je" que para manobrar tecnologias fica uns pontos abaixo de zero, tomou duche às prestações (praguejando um bocadinho confesso). Existia certamente um processo para dar tempo para tirar todo o gel de uma vez mas não descobri.

Hoje estou diabólica! Onde estive? Vá lá! Vejam se descobrem...
Se ninguém souber a resposta eu prometo, solenemente (quem mais promessas faz menos cumpre), que vos falo mais sobre o local!

sábado, 1 de outubro de 2011

DOÇURA OU DIABRURA XC



A semana correu mansa com dias ensolarados. Chegadas e partidas! Saudades, abraços, novidades …
 “Partidas” do Google essas foram imensas e de muito mau gosto. Neste momento continuo sem ter um acesso normal a alguns blogues, uns porque têm um aviso de que podem conter um vírus “pernicioso”, outros porque não os encontro no endereço que possuo e outros ainda onde só posso comentar como “anónima”.
Sei que muitos se queixam do mesmo…

E com este rolar do tempo chegou o dia da Doçura ou Diabrura.

No teu barco
No teu caminho
Viajo serena e feliz
Falando como uma criança
Perdida nas palavras
E depois nos silêncios que me dás

Fujo de ti
Perco-me em ti
E na vã palavra de te dizer não

Então digo
Atrevidamente brincando com o teu olhar
Que te quero
Como um canto
ou uma ave que passa
Maria Dolores Piteira (in Labirinto de Espelhos, pág. 113, Editorial Minerva)

A NATUREZA TEM UM RITMO PRÓPRIO E FÁ-LO SEM PRESSAS. FAÇAMOS COMO ELA ESTE FIM DE SEMANA, VIVAMO-LO SEM PRESSA MAS BEM PREENCHIDO…
PARA TODOS OS MEUS BEIJINHOS EMBRULHADOS!


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PALAVRAS COM SENTIDO


No primeiro fim de semana de Outono, um Outono que se apresenta ameno, aconteceu a partida para uma viagem com um alvo bem definido. A Beira Interior esperava por nós!
Durante todo o percurso senti a presença de José Saramago, em algumas das palavras que usou para construir  as obras “Viagem a Portugal” e “A Viagem do Elefante”.  Em Castelo Rodrigo também o encontrei, homenageado numa gravação em pedra.


Comprando figos secos "à tigela" na Feira Medieval, em Sortelha

E num jogo de palavras com sentido, construindo frases, mas com um certo desalinho da minha parte, vou continuar a jogar com elas, num relembrar de momento, consoante vão saindo das gavetas da minha cómoda do conhecimento e chegam ao meu consciente, registando o meu testemunho.
Castros, castelos, judearias, inquisição, igrejas, pelourinhos, museus, aldeias, vilas…
Castelo Rodrigo de seu nome, uma aldeia histórica que é vila, deixa emergir a beleza do local, a história das guerras antigas e a muito celebrada passagem de Salomão, o elefante  que foi obrigado a ser caminhante.
Museu Histórico Militar, orgulho de Almeida, palavras que nos conduzem ao mundo das lutas, das guerras e guerrilhas e que no local nos permitem observar a evolução de malfadados mas atraentes instrumentos de morte, as armas.
D.Dinis, de entre os reis relembrados, foi o mais citado pelo seu bom desempenho como governante. Em Trancoso lá estava, recordado por outros motivos, o seu casamento com D. Isabel de Aragão. A palavra Trancoso segreda-me “sardinhas doces”. Eu não caí em tentação, mas houve quem não se esquivasse, eu testemunhei!
Na Guarda  a formosa, a fria, a farta, a forte, a fiel… oiço a palavra amores  e fico desperta, sou uma romântica sem cura, oiço e aprendo, ela foi palco de algumas paixões. Nesta cidade que alguns consideram formosa e outros feia,  D. Sancho I apaixonou-se perdidamente por D. Maria Pais mais conhecida por Ribeirinha, para ela e por ela escreveu lindos poemas. Quase que a fez rainha! D. João, Mestre de Aviz enamorou-se de Inês, uma judia filha do Barbadão, sapateiro local, que com o desgosto, deixou crescer longas barbas. Deste grande amor, reza a História, nasceu a Casa de Bragança. D. Pedro e D. Inês  aqui se conheceram e se casaram secretamente…
Numa das ruas da parte antiga fico a saber que Augusto Gil por ali nasceu. Augusto Gil, duas palavras, um nome, de imediato vejo-me a recordar a “ Balada da Neve”.
Há atitudes que podem substituir com impacto a fala, numa esquina da parte exterior da Sé da Guarda, bem no alto, em companhia de outras gárgulas, um ânus esculpido em pedra, bem aberto em direcção a Espanha, transmite uma vontade das gentes. Ri-me da infantilidade da ideia mas apreciei a obra.
Belmonte, a terra dos Cabrais, Cabrais lembra Cabral e estou certa. Aqui nasceu Pedro Álvares Cabral e com ele surge a palavra descobrimentos, no museu a eles dedicado, um museu interactivo, muito bem concebido (não foi por acaso que ganhou um 1º prémio de criatividade) entrei no mundo dos nossos navegantes. Viajei sonhando. Belíssima viagem!
Em toda a região se fala na presença dos judeus, foram e são muito importantes para as localidades.Visitei lugares por eles habitados, tive a percepção da desconfiança, do culto e do oculto, do medo, da humilhação, … que estes seres humanos têm sentido ao longo dos séculos. Em Belmonte foi-me concedido o prazer de visitar o Museu Judaico.
Sortelha uma aldeia de encantar estava engalanada com uma Feira Medieval. Haveria cenário mais apropriado para nos receber?
Os olhos transmitiram-me imagens e a estas associo as palavras: magníficas paisagens, grande diversidade de vegetação arbórea, fortalezas altaneiras, um matizado perfeito bordado pelas flores que bordejam as casas e estreitas vielas.
Tal como escreveu José Saramago: “A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. “

O que acabo de narrar é uma pequeníssima mostra do nosso passeio, uma pequena parte daquilo que me ficou em memória.