quinta-feira, 31 de março de 2011

(IN)TRANQUILIDADE

Tenho feridas que são tatuagens que sangram, desenhadas pelas unhas de um felino, ao deslizarem sobre o meu peito. Tenho sonhos que digeridos me provocam azia…pesadelos que me fazem escalar as muralhas erguidas, por deuses vingadores, nas veredas da minha Vida!

Oposto ao desencontro e ao desencanto, encontro e encanto-me com o meu mar de tranquilidade! E nele vivo tranquilamente até ao fim dos meus dias!

quarta-feira, 30 de março de 2011

O ESPINHO

Estava feliz! Tinha encontrado, nos seus sonhos, um homem que era poeta. Ela amava os poetas! Esse homem vivia triste, sentia-se abandonado, ninguém compreendia as palavras que jorravam, como rios de lava, da sua boca circundada por uma alva e longa barba. Quantas vezes soltava a voz, mascarada num lamento, pelos caminhos sem norte que percorria entre frondosas árvores. Sussurrava às flores palavras ditadas pela sua alma inquieta. Perdia–se facilmente no mundo da fantasia, no entanto…ela admirava-o. Talvez até o amasse!

Um dia tentou ajudá-lo a encontrar a realidade, gentilmente, retirou-lhe da mão fechada um espinho cravado há muito, então ele gemeu e gritou-lhe: estás a roubar-me o AMOR!

segunda-feira, 28 de março de 2011

PERFEITO?

A Teresa Santos pensa que este blogue é perfeito, está muito enganada! Mas quem sou eu, que não sou perfeita, para a desmentir? Tal como ela, gosto de ser mimada (também gosto de mimar e de brincar, às vezes, ao faz de conta) ! Faz de conta que é mesmo perfeito! Sei que o “construo” o melhor que sei e posso… Creio que foi pela empatia, ainda que virtual que nos une, que a Terezoca me agraciou com esta "perfeição" (a "garota", bem conhecida de todos nós é glamourosa):

Cá vão as respostas exigidas pelas regras:


Qual o seu nome completo?


Maria Teresa Monteiro (fiquei-me por menos de metade, fico muito cansada quando o escrevo todo)



Como se auto define?


Extrovertida; optimista; tolerante; amante de gente jovem e menos jovem, de animais, de livros e de plantas; paciente; organizada; lutadora; apaixonada pela Vida; romântica; ousada,…(só estou a escrever qualidades, o melhor é ficar por aqui antes que comecem a surgir os defeitos…)


O que a motivou a criar o blogue?


O Tio do Algarve e a JS incentivaram-me a fazê-lo, (não conheço nenhum deles pessoalmente, nem sequer a voz), talvez porque gostassem dos comentários que fazia (ainda faço) nos seus. Eu sempre gostei de escrevinhar, fiquei com mais público, o que confesso, até me agrada. Talvez no meu íntimo também sinta que é um modo de estar ligada a novas pessoas, sempre tive essa hipótese toda a minha vida, no meu dia-a-dia, por inerência à minha profissão mas foi cortada com a minha passagem à reforma. Com o blogue partilho muito daquilo que registo para meu prazer, também pode ser um legado, tal como outros rabiscos meus, para os meus familiares directos.


O que não pode faltar na sua mala?


Tanta coisa! A minha mala parece a arca de Noé, pesa toneladas…


O que lhe dá força para ir em frente?


A busca incessante pelo AMOR em toda a sua plenitude. A vontade e a esperança de conseguir viver em harmonia com o que me rodeia.


Conte algo de engraçado que já aconteceu consigo.


Há muitos anos, num baile de angariação de fundos, já não me lembro para quê, ver um rapaz todo jeitoso a dirigir-se para a mesa que ocupava com familiares mais próximos, levantar-me por pensar que ele estava a convidar-me para dançar e ele ser um dos “angariadores”… (para os mais curiosos, dancei mesmo...e ele era um excelente bailarino, nunca mais o vi)


Agora, é a minha vez de oferecer este belo selinho.


É fácil, como não vi número limite para esta oferta e se vi já me esqueci, esta cabeça já não funciona como funcionava, aqui vai ele para todos os bloguistas que eu comento. Levem-no sem falsas modéstias, tenho a certeza que todos dão o seu melhor naquilo que escrevem...Façam-me esse miminho por favor...

sexta-feira, 25 de março de 2011

DOÇURA OU DIABRURA LXXV

Safa! Cheguei inteirinha a esta sexta-feira. Pensei que ia morrer afogada em papelada mas safei-me! Por agora! A tarefa ainda não terminou, aliás parece que não vai acabar...Muitos documentos passaram-me pelas mãos, andei organizando os meus dossiers, quilos de papel foram para a reciclagem e reoganozei outros tantos…
Chegou a altura de acordar o tema de fim de semana, andava um pouco adormecido, este foi o resultado do seu despertar:



Cem anos

O crespúsculo
que engravida de sombras
o corpo da noite
como um toque de sinos
chamando à prece
e à oração
é o amanhã
da folha do destino
que esvoaça nas cicatrizes
insensatas
dos contornos
do adultério
que escondo
na algibeira rota das calças
Miguel Barbosa, in A Eternidade de um Segundo de Amor (HUGIN)pág. 32



PARA TODOS UM FIM DE SEMANA PRIMAVERIL…QUE UMA BRISA SUAVE TRAGA ATÉ VÓS OS CHEIROS DA PRIMAVERA!


E CÁ ESTÃO, PARA SEREM COLHIDOS, OS MEUS BEIJINHOS EMBRULHADOS!

quarta-feira, 23 de março de 2011

JAPONEIRAS, IGREJA E CAFÉ

Não vou fugir de continuar a descrever episódios da minha fuga, mas vou num registo diferente dos anteriores, sob a forma de pequenas notas, escrever sobre uma bela visão colorida, a entrada numa igreja que nunca tinha conseguido visitar e no café mais famoso do Porto.
No passeio a
pé que fiz com o amigo que me “emprestou os ouvidos” para ouvir as minhas queixas, encontrei perto do restaurante A Brasileira várias japoneiras (cá para o sul chamamos-lhe cameleiras), fiquei deslumbrada, as suas flores em tons de rosa estavam lindas, dignas de serem admiradas, exibiam-se com uma fragilidade aparente, muitas das suas pétalas tinham tombado sobre o passeio e forravam-no como se um mar rosado por ali tivesse encontrado o seu lugar. Creio que ninguém que por ali passe fique indiferente a esta beleza.
Tenho pena de não ter uma fotografia, elas mereciam, junto duas tiradas da internet que ficam muito aquém da realidade.

Também nesse passeio a pé consegui entrar pela primeira vez na Igreja de Santo António dos Congregados, nunca a tinha visto com a porta aberta. É uma igreja que se encontra situada muito perto da belíssima estação ferroviária de São Bento, construída no início do séc. XVIII, sobre uma capela do século anterior, possui uma frontaria em estilo barroco forrada com azulejos modernos, da autoria de Jorge Colaço, representando cenas da vida de Santo António. No seu interior, com uma só nave, encontrei painéis descritivos de passagens da vida deste santo. Merece ser visitada!

Num dos dias, lanchei no Majestic, permaneci lá algum tempo, menos do que gostaria, porque embora houvesse música ao vivo, os clientes eram demasiado barulhentos e pouco respeitadores do pianista que tocava, além disso uma multidão de jovens, acompanhados de adultos que me pareceram ser professores, invadiram o espaço e a confusão começou a ser demasiada até para mim que estou habituada a lidar com muita gente. O local, na minha opinião, não é o mais indicado para este tipo de invasões.
Mesmo assim o lanche foi agradável, um chá servido em loiça de porcelana com uma torrada…
Noutro dia, lanchei noutro local, um lanchinho diferente bem agradável …mas isso é outra história!

terça-feira, 22 de março de 2011

AMARELINHO

Estava eu sentadinha numa pequena praça, olhando o Rio Douro e pensando, pensando…quando vejo passar um autocarro de turismo vermelho, tão vermelhinho que acendeu uma luzinha na minha já tão brilhante mente… Vou fazer o papel de turista (bem analisada a situação até era) decidi e quando decido uma coisa, fujam…decido mesmo.
Num quiosque, bem perto, informei-me das diversas hipóteses de percursos e escolhi o “amarelo”, o bilhete dava para 24 horas e permitia-me dar um longo passeio pela cidade, fazendo uma viagem panorâmica da mesma, por ruas interiores e pela zona costeira do lado do Porto e do lado de Gaia. Também tinha direito a uma viagem por rio e uma visita guiada às Caves Calém .
E lá fui eu! Entrei no amarelinho* na tal praça, que fica relativamente perto da rua Miguel Bombarda**, subi para o primeiro andar, mas não me aguentei lá muito tempo…o vento que se fazia sentir ia-me arrancando os cabelos.
Disfarçada de “turista” de auscultadores nos ouvidos, tomando nota mental das informações que me eram dadas (que esqueci de imediato) e ouvindo música portuguesa.
À beira rio viajou comigo em pensamento Gaspar de Jesus, um amigo que visita muito este blogue, fotógrafo de profissão mas não um mero fotógrafo, um Mestre na sua Arte. Vi no local os “modelos” de muitas das suas excelentes fotografias as quais fazem juz à beleza característica da cidade do Porto, das suas lides e das suas gentes.
Como tinha apanhado a “carreira” sem ser no início do percurso, depois de voltarmos de Gaia, houve uma paragem de meia hora na Ribeira que eu aproveitei para almoçar (mais ou menos) e fazer outra coisa que vocês sabem muito bem o que foi. No meu “mais ou menos” almoço entabulei conversa com duas jovens que foram de uma enorme simpatia. Em poucos minutos podemos ter “tanto”! O que nos rimos…
De novo no “bus” lá fui eu, mais uns tantos ou quantos turistas “estrangeiros”, continuando a admirar por fora a beleza de muitos edifícios, muitos dos quais conheço muito bem por dentro, e o estado muito degradado de outros.
Desci, bem-disposta, feliz até, na paragem onde tinha entrado…

*O amigo que me emprestou os ouvidos acha muita graça aos diminutivos que os lisboetas (serão só estes?) dão a muitas palavras.
** Neste local deu-se a hecatombe…a minha comitiva foi despedida com justa causa, não lhe dei nenhuma indemnização e talvez venha a ser penalizada por perdas e danos…ainda vou pensar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

INSONSO

Para que não fiquem “suspensos” e com muita vontade de saberem até onde me fui procurar, aqui vai um pequeno apontamento muito insonso (não vão encontrar sal, açúcar ou pimenta, na maioria dos dias da fuga estes condimentos ausentaram-se, a culpa foi da crise).
Fugi “cá dentro”, a cidade do Porto esperava por mim e eu precisava dela para palco do meu reencontro. Pela segunda vez, numa vida em que já palmilhei muitos “caminhos”, fui sozinha a esta cidade. Fui de comboio (o Carapau para peixe, vê muitíssimo bem) em classe turística, beneficiando do desconto que têm direito os seniors. Sim, sou sénior! E tenho uma vaga impressão de que gosto da palavra (???).
Chegada à estação da Campanhã, não fiquei surpreendida (porque seria?) por não ter sido recebida com a pompa que a ocasião merecia, mesmo assim aguardei meia hora, que me impus, pela chegada da comitiva "acertada", a qual atacada por um vírus muito conveniente, tinha e teve durante todo o dia, os contactos possíveis inoperacionais.
Fiquei alojada sozinha, como aliás estava programado, no antigo Hotel Batalha de boa memória, hoje Mercure de seu nome, situado na praça que lhe deu o nome “primeiro”, juntinho à rua de Santa Catarina. Dele tinha uma boa recordação que quero preservar e outras menos, cheias de barbas brancas que precisam de ser arrancadas pêlo a pêlo (talvez um dia…quem sabe? Eu estou preparada, as barbas estarão?)
Nunca me senti só nem sozinha, durante o almoço do dia da minha chegada, tive a companhia de um amigo a quem telefonei, tipo S.O.S., para lhe pedir de empréstimo os ouvidos. Gentilmente ouviu a minha diatribe e fez-me caminhar a pé para espairecer…Foi excelente e serena essa tarde!
Soube aproveitar bem o tempo que por lá passeei, mas vou pulá-lo e cair no sábado dia 12, dia de má ou boa memória, dependendo do ângulo em que foi visto, por tudo aquilo que me veio a acontecer. Logo pela manhã, ao sair do hotel, tropeço literalmente com uma horda de elementos da comunicação social e de mirones (como sou pouco modesta ainda pensei, cá está a minha recepção, atrasada mas chegou!).
Sou um membro da geração à rasca (odeio o termo), mas detesto multidões! Fugi do local! E fiz algo que não sonhava sequer fazer, subi a pé com bastante prazer e interesse, toda a rua de Santa Catarina, observando as suas lojas e os seus passantes. A partir de uma dada zona, comecei a notar uma diferença enorme nas habitações e nos habitantes, pensei e interroguei-me: fui teletransportada (de vez em quando tenho alguns delírios), estou algures perdida no “espaço”, volto para trás, avanço, que faço?
Não sou sénior (estou a amar a designação) de me amedrontar facilmente, avancei debaixo de uma situação climatéria adversa, choviam “cats and dogs” (eu que sou uma naba a inglês lembrei-me desta expressão) e cheguei à Praça Marquês de Pombal (não fazia a mínima ideia que no Porto havia uma praça com este nome).
Levava “leitura” (outra tara minha, ando sempre com um livro no caos que são as minhas enormes malas de mão), procurei um local onde pudesse estar uns tempinhos comodamente sentada sem ninguém a incomodar-me e ei-lo …



Foto via satélite (tirei uma no local, com telemóvel, mas ainda não sei enviá-la para o computador)

um café de nome Satélite, no rés-do-chão de um prédio bastante degradado, idêntico no seu aspecto, aos que num passado não muito distante, existiam em todos os bairros das cidades portuguesas. Bastante espaçoso, com um só empregado que me pareceu ser o dono e um quiosque de jornais. Lá dentro só homens (poucos), lendo “matinais e desportivos” e saboreando o seu cafezinho da manhã, parecendo que todos se conheciam.

Entrei, e era esperada por vários pares de olhos vidrados em mim (senti-me uma ET que tinha acabado de chegar a um local pouco habituado a receber exemplares do sexo feminino e desconhecido). Acomodei-me num cantinho, por baixo do televisor, colocado bem alto na parede. Fiquei com uma vista panorâmica para a sala e para a rua, toda a minha plateia estava bem visível e na frente dos meus olhos, (ainda pensei fazer um número dos meus que não posso relatar aqui)… pelas caras de quem entrou e saiu observei a estupefacção de verem “uma sénior” sozinha, lendo e saboreando um chá, sentada numa mesa que ninguém deve querer e num café quase deserto.
Como gostava de saber ler mentes…

O tempo não perdoa, começaram a surgir algumas mesas preparadas para receber comensais para almoçarem, era hora de me retirar e assim fiz, depois…isso já foi outra história, uma história com muito tempero…

sexta-feira, 18 de março de 2011

INEVITÁVEL

No dia em que o viu pela primeira vez, “sentiu-o” como o idealizara durante mais de um ano nos seus sonhos de mulher renascida para voltar a amar…
Entre eles existia um mar revolto quase indomável para ser navegável. Os barcos, onde a vida de cada um viajava, eram tripulados por marinheiros provenientes de escolas de marear com procedimentos muito diferentes…

Não conseguiram alcançar o porto de abrigo almejado! Antes de partirem para águas mais calmas, algures no horizonte do imaginário de cada um, havia já uma despedida anunciada…
Ela disse adeus não “àquele” que tinha conhecido, que amava, mas a “outro”, outro que a deixou profundamente infeliz, tal a falta de vontade de viver visível na sua face, onde se espelhava uma tristeza profunda, uma aceitação do inevitável sem luta, uma fácies a roçar o patético…

Pelo rosto, ela permitiu que durante um tempo intemporal, escorressem rios de água salgada e, com uma força que pensava não possuir, ergueu-se com dignidade, pronta para a luta, pronta para enfrentar todos os medos, todos os obstáculos que se têm oposto à sua felicidade.

Caminhando com passadas bem assentes no terreno que pisava e pisa, resistiu à tentação de olhar para trás…

quarta-feira, 9 de março de 2011

INTERVALO

Já tardava…mas chegou! Chegou a minha vontade incontrolável de partir, partir por uns tempos para outros lugares, ver outra cidade, outras gentes, encontrar amigos e desconhecidos…
E tal como diz Torga preciso de me procurar e encontrar…

Viagem

É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...

Miguel Torga, in 'Diário XII'



São apenas uns dias! Até breve...

PARA TODOS VÓS, DEIXO UMA QUANTIDADE INFINITA DE BEIJINHOS EMBRULHADOS!
Maria Teresa

terça-feira, 8 de março de 2011

SER MULHER

Pintura de Kelly Thompson (neozelandesa)


SER MULHER É:

-uma dádiva
-um estado de espírito
-sentir crescer um novo ser no ventre
-tornar-se cinderela à “meia-noite”
-ter um colo onde pode albergar o mundo
-encontrar “flores” em terrenos áridos
-descobrir uma “fonte” no meio do deserto
-chorar de alegria
-sorrir quando a alma chora
-saber cair
-saber levantar-se
-saber “sarar” feridas
-aceitar o passado
-sonhar com o futuro
-ver o sol num dia chuvoso
(…)

GOSTO DE SER MULHER!

DESAFIO:
Por favor, completem a lista...

domingo, 6 de março de 2011

CARNAVAL

A época carnavalesca não me agrada particularmente, fazendo esta afirmação parece que estou em contradição com aquilo que publiquei no Carnaval do ano passado. Tenho uma justificação que aqueles que me vão conhecendo já sabem, fi-lo para gaúdio dos meus netos ( sendo mais exacta faço-o nos últimos 7 anos), não nego que acabo por me divertir bastante.
Este ano, mesmo com esse tipo de incentivo, não me sinto com força anímica para entrar em folia. Mas a época existe no calendário, não a vou omitir, não sabendo bem porquê, talvez porque me tenha apetecido mostrar-vos as obras de arte que junto …


1.

Óleo de Karol Bak (polaco) *

2.



Aguarela de Paul Jackson (americano) *

3.

Aguarela de Ann Gates Fiser (americana) *

4.

Tela de Victor Crisostomo (peruano) *





Agora um DESAFIO:
1. Supondo que me mascarava, em qual das retratadas pensam que eu gostaria de me transformar ?
2. Ou qual delas cada um de vós prefere como base para uma máscara?

*Como já vem sendo hábito, se quiserem saber mais sobre estes pintores, visitem o blogue do
Rolando Palma , para que gosta de boa pintura este espaço é um colírio para os olhos.

sábado, 5 de março de 2011

DOÇURA OU DIABRURA LXXIV

Mais uma semana que se foi! Algumas intempéries emotivas em contraposição à quietude física alimentaram os meus dias…terminei tarefas, iniciei outras…nada de muito diferente de uma rotina, mais ou menos estabelecida, que não procuro.
Chegámos a um fim-de-semana que inicia uma quadra excelente para os foliões. Ao contrário do que pode parecer nunca gostei dela (tirando os bailes a que num passado já muito distante ia e mantinha-me toda a noite a dançar) nos últimos anos “entrei” nela, por amor às minhas crianças e até me diverti bastante.
É tempo de “antena" da Doçura ou Diabrura hei-la:

Pintura a óleo de Robert Doesburg (retirada do blogue do Rolando Palma)



Poema sem nome

És mais um que passaste
E atrás de ti nada deixaste,
Que uma triste canção de treva
E de mentira,
Qual fantasma que na noite
Mais uma pedra atira.
Na noite te encontrei
E na noite te perdi.
Infiltraste a minha carne
De carícias, nada senti!
Essa ânsia que existia em ti
De me sentires mulher,
De desvendares o que existia
No recôndido do meu ser.
Sou agora um ímpeto de dor
Na imensidade calma
E tu, és mais um corpo que toquei
Com voz, sem alma!
Maria de Deus Melo, in Raízes do Ser (Universitária Editora, pág.49)



NESTE FIM-DE-SEMANA, PARA ALGUNS PROLONGADO, DIVIRTAM-SE…NADA DE EXCESSOS! FAÇAM MUITO MAIS DO QUE EU VOU FAZER!!!!

quarta-feira, 2 de março de 2011

118 ANOS

Faz hoje 118 anos que nasceu a MULHER que mais marcou a minha vida, com ela aprendi a ser “pessoa”, a minha AVÓ materna (no entanto, não esqueço o quanto a minha mãe e a minha tia-avó Maria Teresa também foram muito importantes).
Existem muito poucas fotografias dela, não gostava de ser fotografada e a minha mãe, nunca entendi bem porquê, pela altura do seu falecimento rasgou quase todas, as que sobraram são muito antigas.

A minha avó é a jovem da direita, a outra é uma das suas 4 irmãs (a minha tia-avó Felismina que faleceu muito jovem).

Lembro-me muitas vezes dela! Relembro amiúde os provérbios e as citações que gostava de usar… usava e abusava, tenho que reconhecer, fazia-me pensar nos subentendidos dos mesmos, esmiuçava-os e isso só me trouxe vantagens.
Afirmo, sem perigo de me enganar, que ela não se importava de fazer papel de “idiota”, sendo muito inteligente, quando os idiotas se exibiam pensando que eram inteligentes.
Foi a primeira pessoa a quem contei,em cumplicidade, que desconfiava que estava grávida…chorou de alegria e durante uns tempos manteve o “segredo” até dos meus pais ( a minha mãe quando soube teve uma “birra”, ficou cheia de ciúmes).
Não era dada a muitas provas de afecto, não nos lambuzava com beijos como fazia a minha mãe, as suas provas de amor revelavam-se nas atitudes que tinha para com quem amava. Era muito respeitada, uma excelente ouvinte e uma óptima conselheira, junto da família, dos amigos e dos conhecidos.
Teve uma vida emocionalmente muito dolorosa, ficou viúva muito nova, por volta dos trinta anos, com três filhos e um enteado para criar, tinha um diploma de professora primária mas não se serviu dele, era imprescindível a sua presença em casa, tinha jóias e essas “foram-se”, nunca se lamentou, nem sequer falava nisso, aliás nunca a ouvi lamentar-se do que quer que fosse.
Perdeu uma filha poucos meses antes de enviuvar e mais dois já na casa dos vinte anos, em menos de um ano.
Era uma guerreira mas sem espalhafato!
Partiu na altura que tinha que partir! Mas primeiro realizou um grande sonho da sua vida, ajudou a criar o menino dos seus olhos, o primeiro bisneto…
Tanto, mas tanto, que podia dizer sobre ela e para ela...


Mas só me ocorre…
continuo a AMAR-TE minha querida!
PARABÉNS!