segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CONFISSÃO

Confesso:
- a crise que atravessamos preocupa-me muito
- a falta de civismo põe-me histérica
- a hipocrisia dá-me vontade de “estrangular” meio mundo
- a mentira entristece-me
- a desumanização considero um crime
- o modo como a jovem geração está a ser educada confunde-me
(…)

Paranóia de Salvador Dali 

Com esta pequena confissão quero dizer que estes são assuntos que não quero “discutir” aqui neste espaço, são temas que não me são indiferentes, neles intervenho, com bastante frequência, mas com interlocutores a que possa ver os olhos (creio que quem me lê me compreende).
Durante anos debrucei-me num estudo aprofundado sobre as Ciências do Comportamento e sou uma mulher de Ciências, também não quero falar de assuntos aprofundados sobre Física Quântica, sobre Geometria Euclidiana, sobre a cisão ou a fusão dos átomos, nem em nada que seja afim.
 Aqui gosto de falar dos meus afetos, do meu dia-a-dia, dos meus desgostos e principalmente das minhas alegrias, o que não me impede de aflorar os assuntos que acabei de “renegar” .
“Posto isto e os factos” e continuando numa de confissão, assumo que atualmente, eu que era uma devoradora de livros (não os comia com faca e garfo, não suspendam a respiração) tenho lido muito pouco, não porque me falte material, mas porque ainda tenho alguma dificuldade em concentrar-me na leitura.
Passei por um período muito doloroso, uma fase que se está diluindo no tempo. Para que tal continue a acontecer, e esse estado de espírito fique totalmente arrumado, tenho ocupado grande parte do meu tempo na produção de objetos que vou recuperando de outros que estavam a meio caminho da lixeira mais próxima. As “fugas” que fazia sozinha estão em suspenso, falta-me força anímica!
Continuo a usufruir de alguma futilidade, vou à massagista, frequento uma escola de equitação, tenho uma professora de educação física que vem a casa, trato do meu físico,…sou vaidosa!
Não quero perder o meu lado humano de pessoa que gosta de pessoas, de animais, de plantas, de livros,… nem o meu lado de romântica incurável que vê no AMOR uma panaceia para todos os males!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DOÇURA OU DIABRURA CVI

Claude Monet (1840-1926)

Semana estranha de encontros e desencontros. No entanto passou a uma velocidade mach 1, não me desconjuntei (caso contrário não estava agora a teclar) e aqui estou para vos oferecer mais uma DOÇURA OU DIABRURA.

A cidade estava coberta de neve, as carruagens passavam na larga avenida a um ritmo lento. Tinham encontro marcado na casa de chá onde se tinham conhecido. Na penumbra do silêncio ele sentiu-a chegar, no ar espalhava-se um suave perfume, o perfume dela. Não a vi-a há uma eternidade, embora na tarde anterior tivessem estado juntos…
Levantou-se para a receber, nos seus braços estendidos ela aninhou-se num abraço terno, beijaram-se, … prenúncio de uma vida a dois.
A neve derreteu, o sol brilhou na larga avenida e a cidade ficou mais bonita! 
Maria Teresa

Que este fim de semana seja: sem neve, sem muita chuva mas com o coração a escaldar e bem preenchido!
Beijinhos embrulhados para todos! 

P.S. Os meus livros de poesia estão em Lisboa, o material de onde costumo retirar a Doçura ou Diabrura. Desculpem terem que aturar as divagações pelo meu imaginário romântico muito soft, como convém a um blogue para todas as idades.



terça-feira, 23 de outubro de 2012

QUE FAZER?


Embora as minhas baterias estejam carregadas quase ao máximo, estou numa pasmaceira inacreditável. Sinto-me protegida por uma bola de vidro que não consigo quebrar. Não sei o que fazer!
As obras no sótão e na arrecadação acabaram, o que significa que tenho que decidir o que vai para o sótão e o que vai para a arrecadação. Tenho uma ideia, muito mau seria não ter a noção do que deve ir para um local ou para o outro mas, está tudo numa amálgama tão grande (o que faz várias mãos começarem a desarrumar pensando que estavam a ajudar a arrumar), que não me apetece desfazer essa “misturadela”
Em alturas como esta, gostava de ser a personagem, da série “Casei com uma feiticeira”, torcer o nariz e ficar com tudo nos respetivos lugares, mas como não sou, pensei … e encontrei uma solução, vou descarregar parte das minhas energias a bater com as agulhas de tricotar uma na outra…, dar continuidade à manta que ando a fazer.
Caso resolvido, sem problemas de consciência!


P.S.- Quem me sabe dizer porque é que parte do texto é publicado em letra mais pequena, quando no original é normal ?

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

DOÇURA OU DIABRURA CV

Depois de uma semana cheia de altos e baixos, de imensas tarefas realizadas, de uma azáfama há muito não alcançada (senti-me a formiga da fábula "A Cigarra e a Formiga") cheguei, chegámos, a mais um fim de semana e com ele a tradição das DOÇURA OU DIABRURA:

Na cumplicidade de uma noite sem luar, os nossos corpos tocaram-se, desajeitadamente, deixámos que as emoções viessem à superfície da nossa pele sem vestes.
Deixámo-nos embalar pelos sentidos e rumámos para lugares paradisíacos, … perdemo-nos um no outro!
Os sentidos despertaram de um sono profundo, inalámos o cheiro de flores exóticas, ouvimos a musicalidade das palavras, sentimos o sabor da doçura da pele, observámos a dança de seres etéreos, acariciámos os nossos corpos.
Saciámos a fome de beijos, … amámo-nos!
 Maria Teresa


PARA TODOS UM FIM DE SEMANA PLENO DE PAZ E AMOR!
CONVOSCO DEIXO-VOS UMA MÃO CHEIA DE BEIJINHOS EMBRULHADOS!




quarta-feira, 17 de outubro de 2012

LIBERDADE

Hoje queria fugir nas asas do vento! O tempo persegue-me!
Tenho consciência de que muitos sonhos, por muito que deseje, já não os posso realizar.
Olho em meu redor e vejo nas pessoas que estimo, aquelas que conquistaram um lugar no meu coração, o desalento, a revolta, o mau estar, … Têm razões para se sentirem assim, mas fico triste, muito triste e revoltada por saber que estão perdendo pedacinhos de tempo de vida.
Navegamos na mesma nau, uma nau perdida na Europa, uma Europa que nos afoga, oprime e escraviza.
Gostaria de saber escrever palavras de esperança mas desconheço-as!
Em sonhos saí da nau e galopei ao sabor do vento no cavalo que desenhei...
Senti-me livre!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

COLORIDO DE VIDA

A máscara é pequena, aqui pode-se comparar o tamanho
Pormenores da pintura

Há mais de 30 anos, o escultor Abel dos Santos, improvisou um cinzeiro que, nas reuniões, passava de mão em mão. Moldado em barro, muito tosco, feito num momento, eu que nunca fumei, via no seu esgar a morte, acreditava que transportava um aviso camuflado do seu criador. 
Abel dos Santos partiu há pouco tempo, esse cinzeiro encontrava-se em meu poder há décadas, era eu que presidia a essas reuniões, quando deixei de o fazer o Abel, um Homem de uma criatividade enorme, um Amigo que todos respeitavam, sempre disposto a ajudar tudo e todos, deixou-me ficar com a máscara.
Muitas de nós chamávamos-lhe: Mestre!

Não me perguntem porquê, mas ao fim de todo este tempo, deu-me uma vontade louca de lhe dar "colorido de vida" e a pintura resultou no que podem ver nas imagens.



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

DOÇURA OU DIABRURA CIV


Trrim, trrim, trrim,…toca a campainha, é o fim de semana a chegar, mais um, com ele o sol presenteia-nos com a sua presença. Eu volto, cada vez mais Eu, para vos deixar mais uma poesia.


Quadro trabalhado com areias por moi même. O desenho não é original, foi copiado de uma revista da qual não me lembro o nome.


A fuga dá-se
Pelo lado inatingível
Do eu
Até que o outro do lado finito
Do ser
Reclama a parte
Do sonho
Que fugiu.

Armando Taborda (em SonhoGrafias, Universitária editora)


Para todos o fim de semana que tanto desejaram, a acompanhar-vos os meus Beijinhos Embrulhados!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O ELEFANTE


Não, não é o elefante indiano que D. João III enviou, com pompa e circunstância, para o seu primo o Arquiduque Maximiliano da Áustria e que tão badalado é na “Viagem do Elefante” de José Saramago. Esse viajou no tempo e pelo espaço territorial.
Este elefante apenas viajou no tempo, as viagens, se tal se podem chamar, foram muito curtas, curtíssimas.
Foi adquirido por mim, em “bruto”, para o pintar e oferecer a alguém, de origem indiana, que amei como filha, que ainda hoje ocupa e ocupará um bocadinho do meu coração mas que, as voltas das nossas vidas afastou.
Repousou largos anos na arrecadação do meu Refúgio, primeiro porque o tempo era escasso para poder tratar dele convenientemente, depois porque caiu no esquecimento.
Com as obras que por aqui têm decorrido, ele imergiu de uma arca que há muito não era aberta (uma vergonha para mim).
Senti necessidade de lhe dar um fim, esse começou ao ser pintado e fi-lo de acordo com a sua condição de elefante indiano.
Para onde irá parar? Confesso que não sei! Mas acredito que terá um destino, um destino com um “final feliz “

Alguém duvida?

Ora digam lá se eu não sou habilidosa? Até pode "não fazer o meu estilo" mas ficou ao "point"!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ENCONTRO INESPERADO


Sentada na esplanada da aldeia onde existe o meu Refúgio, apreciando a sombra dos plátanos que a protegem, saboreando um fresquíssimo sumo de laranja e lendo placidamente o livro do momento, tive um encontro inesperado com a Mentira.
Como era bela e insinuante, tinha cara de anjo, se os anjos tivessem cara, era diáfana como uma fada e movia-se com uma leveza comparável ao voo de uma borboleta.
Fiquei fascinada, rendida, feliz por a conhecer! Recebi-a de mãos estendidas, aninhei-a no meio seio e amei-a.
Ignorava o seu nome tratava-a por Amiga.
Aos poucos as cores que a compunham foram-se esvanecendo, comecei a ver para além do seu aspeto corpóreo, cores mais escuras, cada vez mais escuras, … até que descobri como se chamava! Mentir estava na sua natureza!

A mentira acaba por destruir quem a usa e magoa muito quem acredita nela.