sexta-feira, 30 de abril de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XXVIII

Hoje decidi brincar às casinhas, estava muito compenetrada no que estava fazendo quando, num repente, lembrei-me de um texto escrito pela Pitanga e … fez-se luz! O fim-de-semana está à porta, vai ser certamente muito bom e bastante preenchido, PÁRA DE BRINCAR! Eu parei e decidi vir brincar um bocadinho com o computador. EIS-ME!


“trinta anos

as nuvens
são brancas
e translúcidas
porque os deuses
que se realizam
com o pôr do Sol
se expurgam nelas
após o coito
e os pingos de chuva
acredita
são as gotas de esperma
de todos os santos
e de todos os demónios
que se humanizam no amanhecer
do amor»

Miguel Barbosa,in A Eternidade de um Segundo Amor


PARA TODOS UM BOM SÁBADO E UM MELHOR DOMINGO, PORQUE O DIA QUE SE SEGUE É SEGUNDA-FEIRA! Esta minha descoberta tem que ser registada…

quinta-feira, 29 de abril de 2010

DESISTIR, JAMAIS!

Recebi da Moonlight, com muito carinho, o selo que a seguir publico



Na realidade tenho como lema: “não desistir nunca!”
Tal como outros mimos com que tenho sido “premiada”, este também tem regras e neste caso, abrindo uma pequena excepção, vou tentar cumpri-las.

1- Citar dois defeitos: sou teimosa e possessiva (este descobriu-o há uns dias quando li um texto da Calendas sobre a “traição”, a traição no amor)
2- Citar duas qualidades: sou muito leal e bastante optimista
3- Indicar uma música que seja ou esteja a ser a trilha sonora da minha vida: tenho dificuldade em responder, ao longo da minha vida as músicas que a têm “regido” são muito variadas, não sei…talvez o “Cântico Negro” de José Régio cantado por Maria Bethânia
4- Por fim uma frase que eu use como mantra. A mantra é uma oração e eu não tenho nenhuma específica, posso ter uma directriz que procuro seguir e, neste caso, direi que: tudo o que faço num dia, bom ou mau, tem que ser importante, caso contrário estaria a trocar um dia da minha vida porquê?

Finalmente devo dedicar este selo a seis bloguistas. Aqui tenho algum receio de ser injusta mas se o for, vão-me certamente perdoar.
Este selo é um pouco diferente dos que tenho recebido, tenho que ter sabido ler nas entrelinhas dos blogues de pessoas que não conheço pessoalmente. Já me apercebi que há algumas, que não se deixam vencer pelos momentos menos bons das suas vidas, sendo assim dedico-o aos seguintes amigos virtuais (vou referir 7 e não 6):

*Carlos Albuquerque do blogue Conversas Daqui E Dali
Calendas do blogue Momentos- A Dois
Sairaf do blogue O Mundo de Sairaf
Flor Alpina do blogue Eu Simplesmente
*Ergela do blogue A Noite do Lobo
Olga do blogue Pensamentos, Ideias e Sonhos
Pitanga do blogue Pitanga Doce

Muitos outros/as o merecerão, por isso está à vossa disposição e peço desculpa se alguém se sente excluído, mas os nomeados de uma forma ou de outra, mostraram-me que sabem vencer adversidades, algumas delas muito grandes mesmo.

PARA A MOONLIGHT O MEU MUITO OBRIGADA E UM PEDIDO DE DESCULPAS POR SÓ HOJE O PUBLICAR.

*O selo está no feminino, peço desculpa ao Carlos e ao Ergela mas não fui a autora:):):) Para além disso penso que ambos percebem bastante de informática para conseguirem mudar o género.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

DEGRADAÇÃO

Quando li “Ninhos de Plástico” escrito pelo JP, recordei um episódio que há bastantes anos me entristeceu muito. Tenho imagens dessa altura muito imprecisas. Sei que aconteceu durante um fim-de-semana, passado na Serra da Estrela com o meu marido. Pernoitámos na Pousada de São Jerónimo, no Caramulo e no dia seguinte fomos almoçar a uma aldeia conhecida por ser a que está situada a maior altitude, o seu nome está guardado na gaveta do esquecimento. No local, para além de almoçar, comprei queijo, umas meias e uma manta que ainda hoje possuo.
Pela aldeia corria um riacho, a água atraíu-me como se fosse um íman gigantesco, aproximei-me dele e percorri um pequeno percurso da sua margem direita, subi contra a corrente. Havia arbustos despidos de folhas, pareciam garras descarnadas, apontando para o céu… para meu espanto e minha tristeza, alguns estavam enfeitados como se fossem árvores de Natal envelhecidas, carcomidas e secas, os enfeites pareciam ter sido colocados ao acaso, por seres demoníacos não amantes da Natureza, da Beleza, nem da Harmonia. Estavam adornadas com sacos de plástico rasgados, garrafas de água e refrigerantes, papéis, toda a espécie de dejectos que o homem pouco civilizado, desconhecedor da utilidade dos caixotes para lixo, costuma deitar para o chão. Toda a espécie de “porcaria” que o Homem decidiu deitar sobre a neve, no degelo esta na forma de água líquida atingiu o riacho e, deslizando entre as suas margens foi deixando esse lixo encalhado e enovelado nos arbustos, quando as águas baixaram e os arbustos ficaram visíveis, todos estes resíduos emergiram com eles.
Sentei-me a observar esta degradante imagem, para reter na memória este espectáculo tão deprimente, causado pela ignorância dos homens, pela sua falta de respeito pelo legado herdado. Já nessa altura, longos anos se passaram entretanto, a poluição de um local que devia estar impoluto era bem visível.

Não sei como a Serra está nos dias de hoje, o tempo vai passando e a concretização da vontade de a visitar novamente vai sendo adiada, espero voltar a esta aldeia, da qual não sei o nome, e rever este riacho límpido, ladeado por belos arbustos repletos apenas de folhagem…

terça-feira, 27 de abril de 2010

OLHAR SOBRE ABRIL

Para cumprir o que “prometi” no “fecho” dos comentários do post do dia 25 de Abril aqui ESTOU!

Abril de 74 aconteceu porque a maioria das pessoas anónimas, o povo, o desejava, precisava dele como de pão e de água para mitigar a fome e a sede. E porquê?

Porque:

Os seus filhos iam para aquilo a que se chamava Ultramar, fazer uma guerra que não compreendiam, não queriam, não eram militares de carreira, estavam mal preparados para o que teriam que enfrentar, iam porque quem dirigia a Nação, assim o decidia. E muitos por lá ficaram, muitos vieram afectados para sempre psíquica e/ou fisicamente.


Estávamos “orgulhosamente sós”, desconhecia-se muito do que se passava para além das fronteiras de Portugal. Escutavam-se essas notícias na clandestinidade dos lares.

O analfabetismo grassava, muitos portugueses não sabiam ler nem escrever e isso convinha.

Em Março de 62, os universitários entraram em “choque” com o governo, muitos foram presos, muitos tiveram os telefones sobre escuta, muitos ficaram impedidos de se matricularem, durante anos, em faculdades portuguesas.

Um funcionário público não se podia ausentar do país sem autorização do estado.

O acesso à cultura estava limitado, muito limitado mesmo.

Um grupo de mais de três pessoas parar na rua em amena cavaqueira? Nem pensar! Eram vigiados, interpelados, identificados, …

Havia uma polícia política que torturava e estava em todo o lado, as suas prisões esta
vam cheias, não de ladrões, de violadores, de pedófilos, de corruptos, … mas de mulheres e homens que se tinham atrevido a dizer o que pensavam sobre o que é que consideravam ser justo ou injusto.

A exploração do trabalho infantil era escandalosa (leiam o que o Carlos Albuquerque escreveu sobre isso)

Havia censura, os jornais, os filmes, as peças de teatro, os livros, a música, …tudo era passado a pente fino, e lá estava o “traço” do censor a cortar, uma crónica, uma frase, um beijo, uma crítica, um “romance”, um poema …
Houve missivas trocadas entre militares e respectivas famílias que eram violadas e o traço do censor cortava, tapava, muito do que lá vinha escrito.


As eleições não eram livres, não votava quem queria mas quem “correspondia” às condições de uma lei discriminatória, não havia igualdade entre homens e mulheres. Poucas mulheres tinham os requisitos necessários para serem eleitoras.

(…)

Muito já se escreveu e escreve sobre Abril de 74. Há historiadores, sociólogos, políticos, jornalistas … que escreveram, analisaram, interpretaram, opinaram, … sobre este tema, muita tinta se gastou e se vai continuar a gastar,... A nível pessoal muito mais teria a relatar,
mas penso que todos compreenderão como me foi grata a LIBERDADE! Entrar numa DEMOCRACIA era um sonho que se realizou.

Após ter nascido, Abril de 74 passou a ter muitos “pais”, não havia testes de ADN na altura e eu nunca vi tanta doutrina política a querer apossar-se da sua paternidade.

Errado! Só foi possível existir Abril de 74 porque o POVO apolítico estava farto! Houve homens que se destacaram como militares sensatos, entre eles o SALGUEIRO MAIA.

Hoje estou um pouco desiludida, verifico que a LIBERDADE mal compreendida, mal aplicada, tem também custos muito elevados. Voltar a ANTES? Nunca! Mas ver o meu país a definhar em lugar de florescer, como era previsto, é no mínimo FRUSTRANTE!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

CRÓNICA

Um dia após comemorarmos o dia que nos trouxe alguma Liberdade, gostaria de partilhar convosco este texto que recebi por e-mail.


Strawberry fields forever

Os homens europeus descem sobre Marrocos com a missão de recrutar mulheres.
Nas cidades, vilas e aldeias é afixado o convite e as mulheres apresentam-se no local da selecção.
Inscrevem-se, são chamadas e inspeccionadas como cavalos ou gado nas feiras. Peso, altura, medidas,dentes e cabelo, e qualidades genéricas como força, balanço, resistência. São escolhidas a dedo, porque são muitas concorrentes para poucas vagas. Mais ou menos cinco mil são apuradas em vinte e cinco mil.
A selecção é impiedosa e enquanto as escolhidas respiram de alívio, as recusadas choram e arrepelam-se e queixam-se da vida. Uma foi recusada porque era muito alta e muito larga.São todas jovens, com menos de 40 anos e com filhos pequenos. Se tiverem mais de 50 anos são demasiado velhas e se não tiverem filhos são demasiado perigosas. As mulheres escolhidas são embarcadas e descem por sua vez sobre o Sul de Espanha, para a apanha de morangos. É uma actividade pesada, muitas horas de labuta para um salário diário de 35 euros. As mulheres têm casa ecomida, e trabalham de sol a sol.
É assim durante meses, seis meses no máximo, ao abrigo do que a Europa farta e saciada que vimos reunida em Lisboa chama Programa de Trabalhadores Convidados. São convidadas apenas as mulheres novas com filhos pequenos, porque essas, por causa dos filhos, não fugirão nem tentarão ficar na Europa. As estufas de morangos de Huelva e Almería, em Espanha, escolheram-nas porque elas são prisioneiras e reféns da família que deixaram para trás. Na Espanha socialista, este programa de recrutamento tão imaginativo, que faz lembrar as pesagens e apreciações a olho dos atributos físicos dos escravos africanos no tempo da escravatura, olhos, cabelos, dentes, unhas, toca a trabalhar, quem dá mais, é considerado pioneiro e chamam-lhe programa de "emigração ética".
Os nomes que os europeus arranjam para as suas patifarias e para sossegar as consciências são um modelo. Emigração ética, dizem eles.
Os homens são os empregadores. Dantes, os homens eram contratados para este trabalho. Eram tão poucos os que regressavam a África e tantos os que ficavam sem papéis na Europa que alguém se lembrou deste truque de recrutar mulheres para a apanha do morango. Com menos de 40 anos e filhos pequenos.
As que partem ficam tristes de deixar o marido e os filhos, as que ficam tristes ficam por terem sido recusadas. A culpa de não poderem ganhar o sustento pesa-lhes sobre a cabeça. Nas famílias alargadas dos marroquinos, a sogra e a mãe e as irmãs substituem a mãe mas, para os filhos, a separação constitui uma crueldade. E para as mães também. O recrutamento fez deslizar a responsabilidade de ganhar a vida e o pão dos ombros dos homens, desempregados perenes, para os das mulheres, impondo-lhes uma humilhação e uma privação.
Para os marroquinos, árabes ou berberes, a selecção e a separação são ofensivas, e engolem a raiva em silêncio. Da Europa, e de Espanha, nem bom vento nem bom casamento. A separação faz com que muitas mulheres encontrem no regresso uma rival nos amores do marido.
Que esta história se passe no século XXI e que achemos isto normal, nós europeus, é que parece pouco saudável. A Europa, ou os burocratas europeus que vimos nos Jerónimos tratados como animais de luxo, com os seus carrões de vidros fumados, os seus motoristas, as suas secretárias, os seus conselheiros e assessores, as suas legiões de servos, mais os banquetes e concertos, interlúdios e viagens, cartões de crédito e milhas de passageiros frequentes, perdeu, perderam, a vergonha e a ética. Quem trata assim as mulheres dos outros jamais trataria assim as suas.
Os construtores da Europa, com as canetas de prata que assinam tratados e declarações em cenários de ouro, com a prosápia de vencedores, chamam à nova escravatura das mulheres do Magreb "emigração ética". Damos às mulheres "uma oportunidade", dizem eles. E quem se preocupa com os filhos?
Gostariam os europeus de separar os filhos deles das mães durante seis meses? Recrutariam os europeus mães dinamarquesas ou suecas, alemãs ou inglesas, portuguesas ou espanholas, para irem durante seis meses apanhar morango? Não. O método de recrutamento seria considerado vil, uma infâmia social. Psicólogos e institutos, organizações e ministérios levantar-se-iam contra a prática desumana e vozes e comunicados levantariam a questão da separação das mães dos filhos numa fase crucial da infância. Blá, blá, blá. O processo de selecção seria considerado indigno de uma democracia ocidental. O pior é que as democracias ocidentais tratam muito bem de si mesmas e muito mal dos outros, apesar de querem exportar o modelo e estarem muito preocupadas com os direitos humanos.
Como é possível fazermos isto às mulheres? Como é possível instituir uma separação entre trabalhadoras válidas, olhos, dentes, unhas, cabelo e inválidas?
Alguns dos filhos destas mulheres lembrar-se-ão.
Alguns dos filhos destas mulheres serão recrutados pelo Islão.
Esta Europa que presume de humana e humanista com o sr. Barroso à frente, às vezes mete nojo.

Um excelente texto da Clara Ferreira Alves sobre a Europa.

Dá que pensar sobre o rumo que a sociedade vem tomando

domingo, 25 de abril de 2010

OUTRO 25...


A DEMOCRACIA EM PLENO TARDA EM INSTALAR-SE? OU JÁ EXISTE E EU NÃO DEI POR ELA?

sábado, 24 de abril de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XXVII

E mais um dia nasceu! É sábado e prevejo-o com muita animação. A cavaleira ontem fez anos, teve duas festinhas, uma na "escola" e outra em casa com os familiares mais chegados. Como não há duas sem três, hoje vai ter outra também em casa com os amiguinhos ...quase toda a "classe" deve estar presente. Como é hábito, eu estarei lá, para servir de "generala" (avó tem posto de militar, quando toca a dar ordens)...e ajudar a entreter estes "diabinhos" à solta.
E agora a nossa DIABRURA:


"dez minutos

para que existiria
o voo
se não houvesse
o ninho
para que sopra o sonho
sem o substrato paradoxal
da paixão
para que serve a alma
se o corpo não tiver
a maresia do êxtase
de sentir a brisa
brincando com o sexo do mar"
Miguel Barbosa, in A Eternidade de um Segundo Amor

PARA TODOS, COM OU SEM SOL, DE PREFERÊNCIA COM SOL... UM MARAVILHOSO FIM-DE-SEMANA!!!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SERÁ DA IDADE?

Ontem, 4ºfeira, foi o dia do almoço mensal com um grupo de amigas. Levantei-me cedo, cirandei pela casa, brinquei às casinhas, lavei o cabelo para ir mais bonita (gosto do “mais”), comentei alguns blogues, enfim…tive tempo de sobra para fazer todas as tarefas a que me tinha proposto.
Faltava cerca de uma hora para o início do almoço, já toda aperaltada, preparo-me para abandonar o meu Refúgio e dou comigo fechada na … rua.
Nunca tal me tinha acontecido, saí, fechei a porta e deixei as chaves na fechadura mas dentro de casa. Tudo estaria bem, mais ou menos bem, teria tempo de resolver a minha distracção se,... as chaves do carro não tivessem lá ficado também.
Nada de entrar em pânico, calmamente telefonei à Ana Rita, para me vir trazer as chaves que estão seu em poder. “Mãeeeeee estou em Cascais!”
“Calma! É preciso calma! Vais resolver a situação e vais conseguir chegar a tempo ao almoço!”
Vou à Fernanda (antiga empregada) ela tem uma chave, oxalá ela esteja em casa, sai tanto!”
Passo apressado, passo corrido, atravesso a aldeia.

“Fernanda! Fernanda!”
Silêncio…
“Valha-me o Santo dos Aflitos, que faço agora?”
“D. Teresa! Vou já!”
Ufa! Afinal ela estava em casa mas demorou algum tempo a responder e eu a começar a ficar “piursa” com a minha estupidez e falta de atenção.

Problema resolvido. Meto-me no carro e vou nos limites máximos de velocidade, permitidos por lei, até Lisboa, com pensamentos muito negativos a meu respeito.
“ Rapariga, estás velhota! Esta cabeça, já não é a máquina que era!”

Chegada a Lisboa a minha praceta estava interdita ao estacionamento. O motivo? Os jardineiros da Junta de Freguesia iam podar as árvores…
Depois de alguns minutos que me pareceram horas lá arranjei um lugarzinho. Saí como um touro em fúria a correr até ao restaurante, que felizmente se encontra perto, caso contrário hoje, não estava aqui, tinha morrido de “morte macaca”.

Vá lá! Consolem-me! Digam-me que já vos aconteceu algo semelhante…

terça-feira, 20 de abril de 2010

EXTREMOS

Diferenças abismais separam vidas e modos de vida, há casos em que os extremos estão tão, mas tão afastados um do outro, que não conseguimos nem imaginar. No entanto a dedicação, a devoção, a solidariedade,… podem ultrapassar este abismo.

Corria a década de 70, a Marta e o Miguel descobriram que nunca poderiam ser pais biológicos. Decidiram-se pela adopção de mais do que uma criança. O processo tornou-se moroso e muito “enrolado”, pensaram, pensaram muito… consultaram família, amigos e pessoas especializadas nesta área e decidiram “adoptar” uma família.
Perto do local onde viviam, numa propriedade enorme, “descobriram” uma família paupérrima, um casal na casa dos quase trinta (ela) e trinta e pouco ele, já tinham quatro filhos, a mais velhinha com 10 anos. Viviam numa barraca onde praticamente nada havia, a mendicidade era a fonte que os mantinha com vida, eram analfabetos, a criança mais velha tinha frequentado por breves meses a escola.
O processo iniciou-se, não uma adopção no sentido legal do termo, porque não havia adopção de famílias, mas à criação de laços entre ambas.
A Marta e o Miguel nunca estiveram sós neste processo que levou anos, não se pode passar de um dia para o outro, de uma vida em que nada se tem para uma vida cheia de comodidades…
A primeira coisa que foi feita, foi uma casa para os albergar, uma casa com as divisões necessárias mas apenas com o indispensável para a família ficar bem instalada.
A mãe ficou em casa para tratar dos filhos, de um modo que a pouco e pouco lhe foi sendo incutido e ensinado, três crianças começaram a frequentar a escola com um apoio privado, para que pudessem recuperar o tempo perdido, eram todas bastante inteligentes. O mais pequeno ainda não tinha idade para a frequência escolar. Os pais não eram alcoólicos, apenas nasceram muito pobres e pobres continuavam.
A garota mais velha rapidamente percebeu como se fazia uma cama, como se varria uma casa, ela fui um elemento precioso para a aprendizagem da mãe.
O pai começou a ser ensinado a tratar da terra, os “adoptantes” tinham jardineiro que se encarregou dessa aprendizagem. A ambos os progenitores foi-lhes facilitado o ensino da leitura e da escrita em casa.
Toda esta adaptação foi morosa, por vezes difícil, mas nem os “adoptados” nem os “adoptantes” deram mostras de pensaram alguma vez em desistir…
Os anos foram passando, chegou o momento em que todas as "crianças" já tinham saído de casa, saído para noutro local darem seguimento às suas próprias vidas, num cantinho muito diferente daquele que os viu nascer, mas não daquele que os viu crescer.
Hoje a Marta e o Miguel para além de continuarem a ter os “6 afilhados”,de quem se propuseram cuidar até terem as asas necessárias para poderem sair do ninho, têm muitas vezes em seu redor mais 5 crianças que lhes chamam “avós”.





Texto publicado no âmbito do desafio ABISMO para Fábrica de Letras

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A CAVALEIRA

Já passou por aqui a camelória, hoje é a vez da cavaleira, uma muito especial, a minha neta.
Há um ano, com 4 anos recentemente feitos, na Festa da Amizade do agregado de aldeias de que fazemos parte, viu-se perante este imponente cavalo. Nunca tinha estado tão perto de um e muito menos de um tão grande… Convidada a montá-lo, não hesitou… foi uma digna descendente da camelória. Esta foto não mostra bem o garbo com que andou a passo e a trote.
O cavalo pertencia à GNR e eu bem fiz umas certas insinuações junto do tratador mas não tive sorte nenhuma, não consegui que me deixasse montá-lo (ao cavalo).
Garanto-vos que é uma “proeza” que ainda hei-de realizar…
Esta criatura pequena é deliciosamente exuberante e meiguinha, só que de vez em quando ainda faz umas birrinhas. Tem um vocabulário riquíssimo e aplica-o correctamente, no entanto, ainda há palavras que não pronuncia bem. São exemplos: fotografia, frigorífico, … mas até tem um certo encanto quando as diz.
Há bem pouco tempo quando estive a prestar serviço de babá, ela escarranchou-se no meu colo com a carinha encostada ao meu peito e quando o fez, de imediato se afastou e disse uma frase que não entendi bem, mas em que entrava a palavra “cheiro”. De imediato reagi e perguntei: a vovó está a cheirar mal? Resposta dela: não! Cheiras a vovó Têtê!
Como fiquei feliz com esta frase, saber que o meu cheiro perdura no olfacto dos meus netos é uma das coisas que desejo ardentemente…

domingo, 18 de abril de 2010

A REDACÇÃO

Numa “conversa” com a Calendas , numa troca de palavras sobre “o saber escrever bem”, eu confessei que tinha tido péssimas professoras a português, que se limitavam a dar gramática, cujas regras iam escrevendo no quadro, enquanto as alunas as copiavam para o caderno diário, a fazerem “chamadas “ e “pontos” (testes de avaliação) e estes, a levarem semanas para voltarem às nossas mãos, depois de analisados e avaliados.
Este pequeno episódio trouxe-me à memória uma das primeiras redacções que fiz no Liceu, talvez a primeira, uma redacção que a professora cujo nome não me lembro (das que me marcaram pela positiva, lembro-me de todas), nos mandou fazer, dizendo qualquer coisa como: "escrevam um texto sobre as estações do ano".
Creiam que me esmerei e que estava bastante contente com o trabalho que desenvolvi. Estava porque, quando a “redacção” voltou às minhas mãos, tomei um duche de água gelada, tinha um Mau em letras bem visíveis. Não tinha erros de ortografia, a pontuação não estava mal colocada, tinha preenchido duas folhas, não entendia…
Outra colega, muito gabada pela professora, teve Muito Bom. Aquilo que escreveu foi lido em voz alta, entretanto eu tinha sido achincalhada porque me tinha atrevido a perguntar o que estava errado no meu texto.
Ao ouvir a leitura do trabalho da minha colega, só então eu compreendi, ela tinha “inventado” uma história sobre as Estações do Ano, contrariamente eu tinha debitado uma descrição completa e cientificamente correcta, com conhecimentos mais avançados do que aqueles que o programa exigia, sobre o porquê da existência destas divisões climatéricas… Um trabalho que se tivesse sido avaliado pela professora de Ciências certamente teria sido classificado de Excelente!
Percebi que para escrever “bem” teria que inventar mas, eu não me sentia com capacidade para tal, o que poderia fazer? Fazer como no meu diário, cujas folhas, quase todos os dias ia preenchendo? Falar nas coisas que sentia, que pensava? Porque não? Mas mesmo assim com algumas restrições, não estava interessada em que a incompetente da professora, soubesse “tudo” o que eu sentia, sobre o que quer que fosse.
Fui uma aluna com boas notas a Português porque lia bem, interpretava muito bem, escrevia sem erros e sabia gramática… Mas a minha criatividade nesta área nunca foi estimulada.
Em oposição tive excelentes professoras, e por excelentes não quero dizer boazinhas, abomino este termo aplicado a um docente, eram senhoras que não diziam blá, blá, blá, indicavam-nos caminhos para fazermos “descobertas, quando fraquejávamos, incutiam-nos no espírito o não desistirmos,… com estas um dos meus sonhos de menina, o de ser professora, foi como uma árvore, cresceu, floriu e deu frutos, frutos carnudos, sumarentos e doces…

sábado, 17 de abril de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XXVI

As doçuras voltaram de férias! Estão a ser tão precisas! Mais um fim-de-semana que se apresenta chuvoso e a convidar-nos a ficar quentinhos no nosso ninho a ver um filme romântico e a sonhar...



"Entraste
na minha sensualidade
como o som
de uma guitarra
algures em Andaluzia
luminiscências
das tonalidades do desejo
que no Sol das quimeras
explodiu
num momento de sentimentos
e de cores
arrancando-me
gota a gota do peito
as sílabas de uma nova razão
de ser"
Miguel Barbosa


PARA TODOS UM FIM-DE-SEMANA EM PAZ, SEM AMALDIÇOAREM SÃO PEDRO, PORQUE O GRANDE CULPADO DAS ALTERAÇÕES ATMOSFÉRICAS SÃO OS HUMANOS...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O BELO ADORMECIDO

Sábado de Páscoa fui com o meu filho jantar ao Soho , zona de Londres muito movimentada, que já conhecia e da qual gosto bastante, é sempre agradável passear por lá. A sua reputação devia-se à existência de sex shops e à vida nocturna que por lá se fazia. No entanto a partir dos anos 80 a área começou a sofrer alterações, hoje os estabelecimentos ligados à chamada “indústria do sexo” são poucos e foram substituídos por restaurantes com “nome”, escritórios e empresas ligadas à comunicação social.
O jantar correu bem e não nos demorámos muito, passeámos um pouco pelas ruas muito movimentadas e regressámos a “casa”. Nesse regresso tivemos que tomar mais do que um meio de transporte.
Um deles foi o metro da Northern Line. Os lugares deste meio de transporte londrino não estão na mesma posição dos nossos, encontram-se colocados ao longo das carruagens, por baixo das janelas, os passageiros vão sentados frente a frente. Do lado esquerdo do meu filho sentou-se um homem que entretanto adormeceu e descaiu sobre ele, o P. foi-se virando de lado e o belo adormecido, que de belo não tinha nada, foi-se encostando cada vez mais. Começou a cena, o meu filho não lhe quis dizer nada, nem sequer sacudi-lo, eu queria levantar-me e ir acordá-lo… deu-me para rir, como o riso é muito contagioso já toda a gente se ria, uns a tentar disfarçar, outros descaradamente… Uma moça contou que à tia tinha sucedido uma cena semelhante, um homem tinha adormecido e pousado a cabeça no ombro dela, ela deixou-o dormir até ter que sair…
Foi o que aconteceu connosco, fomos até ao fim da linha, o meu filho “delicadamente” deu-lhe um empurrãozinho, ele resmungou mas continuou a dormir e … ficou sozinho na carruagem. Eu, como boa samaritana opinei que o devíamos acordar, mas não me deixaram, disseram que existe pessoal que verifica se alguém fica “perdido” no metro.

Estou convencida que alguém encontrou este “belo “ adormecido mas certamente que não o despertou com um beijo…

quinta-feira, 15 de abril de 2010

INTERIORES

Como sente uma MULHER no inverno da vida?
Não faço ideia da generalidade, sei como me sentia, sei como me sinto!
Relembro o modo como “via o interior" das senhoras com a idade que tenho hoje e o que pensava delas… Era diametralmente oposto ao que penso, ao que sinto agora.
Como compreendo a minha mãe! Mesmo depois de entrada nos oitenta ainda tinha noites de amor… As dúvidas que me expunha, em relação a assuntos de teor sexual, que ouvia em programas de televisão, e eu, que sou toda expedita em falar com à-vontade sobre sexo, ficava completamente “entupida” e enrolava a conversa.
Ao espelho, por vezes, tento ver-me para além da pele, para além deste invólucro que me cobre e me limita e penso: os meus afectos, os meus impulsos, os meus desejos, a minha inquietude, a minha serenidade, a minha irreverência, a minha retracção, a minha alegria, a minha tristeza, a minha ousadia, a minha timidez, os meus medos, a minha ingenuidade, a minha curiosidade, a minha indiferença… continuam a existir mas com uma força, uma intensidade diferente. Essa dinâmica foi nuns casos atenuada, noutros aumentada e ainda noutros ficou exactamente igual.
Passei a ser mais cuidadosa na observação do que me rodeia, a ser mais exigente naquilo que quero, a ser mais ousada na concretização dos meus sonhos…
Deixei de me preocupar com o que os outros possam pensar de mim, passei a ser mais crítica em certas formas de ver o mundo…
Exponho-me com muito mais facilidade.
“Amoleci” em face aos doentes, aos famintos, aos humilhados, aos carentes de afecto,…
Continuo a sofrer de uma certa ingenuidade que me impede, muitas vezes, de ver a mentira, o disfarce, o fazer de conta, …
Sinto de um modo diferente, talvez mais afastada, mas mais consciente, com determinados acontecimentos que ocorrem na sociedade actual.
Sonho com o amor, o amor romântico, terno, … e eterno. Continuo a sentir em mim uma capacidade infinita de amar, amar a Natureza e tudo o que dela faz parte, em particular os meus netos, os meus filhos, a minha família, os meus amigos e um Homem. Um homem que me complete, que seja meu cúmplice, meu amigo, meu namorado, … meu eterno amante! Homem sem rosto, sem corpo, mas presente nos meus sonhos cor-de-rosa, como nos da minha adolescência…

Pergunto-me, será que o HOMEM com o envelhecimento continua:
A pensar do mesmo modo?
E a amar?
E a agir?
E a sonhar?
E a desejar?
E a aceitar as alegrias e as tristezas?
(…)
Não faço a mínima ideia, só um HOMEM saberá responder…

terça-feira, 13 de abril de 2010

97 MINUTOS

O ter escrito sobre o Shakespeare Globe fez-me recordar a peça de teatro que está indicada na imagem, vi-a em 1998, ficou gravada para sempre na minha memória. Estava a atravessar um período menos bom da minha vida e esta obra caiu-me no regaço como se de um ramo de flores se tratasse, num milagre como o de Santa Isabel. Saí de lá revigorada e com novas forças para suportar e minimizar as vicissitudes da minha vida.

“Este espectáculo é uma condensação de alta velocidade, género montanha-russa, das obras completas de William Shakespeare e não é recomendável a pessoas com insuficiências cardíacas, problemas de coluna, licenciaturas em Inglês, doenças de ouvidos e/ou pessoas com tendências para enjoar. A Companhia Teatral do Chiado (Reduzida) não se responsabiliza com o que possa acontecer a senhoras em fase terminal de gravidez.” Retirado do programa

Por esta pequena mostra já podem ver como a peça é divertida.

Fui ao espectáculo com uma amiga, não havia lugares marcados, entrou-se no Estúdio um pouco aos baldões , vimos vários lugares desocupados nas extremidades de algumas filas, “espertas” como somos, ocupámos dois na terceira ou quarta fila. Que contentes que ficámos por estarmos tão bem sentadas e localizadas …
Os actores em palco foram, da esquerda para a direita da imagem, o Manuel Mendes, o Simão Rubim e o João Carracedo. A peça é interactiva, o que desconhecíamos, de modo que o Simão, homem muito magro e muito alto, a dada altura vestido como está na imagem, representando Julieta, “caiu” bem esticadinho, sobre o colo da minha amiga e do meu, depois de simular que estava a vomitar sobre nós. Como lhe demos “troco”, durante toda a peça foi um fartote, fomos tal como outras “vítimas” os “ bobos da corte”, incautos que tal como nós duas, não se aperceberam que os lugares estavam estrategicamente deixados vagos, para que os actores se poderem “meter” com os respectivos ocupantes.
Uma moça foi “forçada” a ir até ao palco para representar o papel de Ofélia, coitada, estava aflitíssima mas não teve forças suficientes para recusar. Colocaram-lhe uma capa sobre os ombros e ensaiaram com ela a “deixa” que era dizer… Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Muito nos rimos!
Posteriormente quis arrastar os meus filhos comigo e voltar a ver a peça mas eles não alinharam (filhos ingratos!).

A todos vós, se a peça ainda andar por aí, não a percam… é engraçadíssima! Vale bem a pena estar com estes actores mais do que 97 minutos, porque a peça pode “arrastar-se” se o público aderir à brincadeira.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

SHAKESPEARE´S GLOBE

Em Londres não passeei apenas, também “bebi” cultura, embora observar gentes, jardins, casas, ruas,...também se possa considerar cultura, fui visitar o Shakespeare´s Globe, uma reconstrução do Teatro onde os Chamberlain´s Men, a companhia de actores a que pertencia William Shakespeare, actuava em finais do séc. XVI princípios do séc. XVII.
O Teatro primitivo foi construído em 1599, local onde durante cerca de 14 anos, foram representadas muitas das obras de Shakespeare, até que em 1613 este teatro ardeu. Foi reconstruído e manteve-se em actividade até 1642, data em que todos os teatros londrinos foram encerrados, por ordem da Regência Puritana Inglesa. Votado ao abandono foi demolido em 1644.
Nos dias de hoje, mais precisamente a partir de 1970 começou a pensar-se em homenagear o grande dramaturgo. A iniciativa partiu de Sam Wanamaker (actor, director e produtor americano) que ao passar por Londres em 1949, viu com espanto que Shakespeare era “lembrado” no local, apenas por uma pequena placa cravada numa parede de uma cervejaria.
O processo para se conseguir fazer esta reconstrução foi muito moroso e difícil, só em 1997 três anos e meio após a morte de Sam, o grande dinamizador deste projecto, foi dado por concluído.
Fica situado a cerca de 230 metros do local original porque no mesmo existe a extremidade de uma ponte. Situa-se em Banhside, Southwark muito perto da Tate Gallery Modern, está à beira do rio Tamisa, é um lugar que não pode deixar-se de visitar.
O modo como se processou esta reconstrução está devidamente documentado num Museu que existe junto ao Teatro e é muito interessante. Houve muitos entraves a esta construção, alguns dos quais relacionados com o material usado, igual ao original, principalmente a madeira e o colmo (no telhado), por se incendiarem facilmente. Desde a época do grande incêndio, em que Londres ardeu durante 5 dias, em Setembro de 1666, os londrinos têm fobia ao fogo.
Na actualidade, de Abril a Outubro, actua lá a “Globe Theatre Company”, com um reportório muito variado, que vai desde as obras de Shakespeare até às peças de autores mais modernos.
Serviu com local de filmagens do filme "A Paixão de Shakspeare", que pôde ser visto em Portugal ainda não há muito tempo.
É interessante pensar-se que no tempo de Shakespeare os actores eram muito mal compreendidos pela sociedade vigente. Consideravam-nos “as lagartas da comunidade”, “sepulcros caiados”. As mulheres não podiam ser actrizes, a sua presença em palco provocava tumultos, no seu papel apareciam jovens do sexo masculino que nas cenas amorosas (com outros homens), tinham cenas bastantes íntimas para a época, o contacto de bocas e carícias…

Pouco antes de partir para Londres, passei pela feira do livro, na zona da Gare do Oriente e comprei, ao preço da chuva, vários livros por estrearem, entre os quais um de Philip Gooden, intitulado “O sono da Morte”, género policial, da editora Temas e Debates. A personagem principal desta obra é um aspirante a actor e a acção decorre neste teatro, na época anterior ao seu incêndio. Nele encontra-se uma belíssima descrição do modo como o teatro funcionava, os interesses que estavam subjacentes, as dificuldades que tinha um actor de ser aceite pela sociedade da época, … fiquei deveras espantada com a realidade histórica por detrás do enredo ficcionado.

Depois da descrição que fiz, e de observarem as imagens, alguém me sabe dizer porque é que o teatro só "funciona" de Abril a Outubro?


Socorro! Não sei colocar as legendas.

1ªfotografia - Maquete do teatro exposta no Museu
2ªfotografia - Pormenor da fachada actual
3ªfotografia - Interior do teatro, não estão visíveis as belíssimas pinturas do palco.
4ªfotografia - O interior do teatro . Foi retirada de uma exposta no Museu

domingo, 11 de abril de 2010

MAL AGRADECIDA

Não tenho palavras para pedir desculpa a quem com muita ternura me tem enviado miminhos, selos e afins. Por uma coisa ou outra, tenho deixado o tempo passar por mim sem o agarrar, para fazer essa minha obrigação, a de agradecer publicamente essas ofertas.
Hoje, na medida do possível, vou tentar colmatar essa minha falha.
Se falhei na publicação de algum, a quem mo enviou peço, por favor, que me relembre para lhe dar o devido relevo.

À Joanne envio-lhe, “ pessoalmente” um abracinho terno, como agradecimento, por me ter enviado o PRÉMIO BLOGUE DE OURO. Sinto-me enriquecida no meu “trabalho”, agradável digo eu, de blogueira ou bloguista, não conheço o termo correcto. Será que alguém me pode elucidar?


À Flor Alpina gostaria de lhe enviar um poema, como os que só ela sabe escrever mas, infelizmente, não sou capaz! Para escrever como a Flor é preciso ser-se especial, ter um certo dom. A ela devo o poder exibir, com orgulho, o selo de comentarista excelente.

Como todos os que me comentam o fazem o melhor que sabem e podem, mas sempre com a dádiva de quererem mesmo opinar, eu dedico-lhes este selo.

Para ambas a minha AMIZADE, o meu CARINHO,… o meu COLINHO DE AVÓ!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A FILA

Sentia-se triste, infeliz até, mais uma vez o sonho de voltar a ser amada fora gorado, mais uma vez alguém, que pronunciava palavras ternas que ao longo dos meses se foram tornando mais íntimas, mais sensuais, que a envolviam numa teia de afectos e de sensações, que todos os dias a rejuvenesciam, a tinha transformado numa mulher inquieta. Tarde, bem tarde, já magoada, viu que eram palavras simuladas e não sentidas.
Saiu do seu refúgio, para onde se tinhas deslocado, para chorar a sua vergonha, a sua solidão, a sua desilusão, sentindo-se culpada por ser tão ingénua. Embrenhou-se pelos caminhos sem perder a noção do local onde estava, mas olhando sem apreciar o que a rodeava. Tinha decidido ir até ao mar, um mar que nunca a tinha traído, um mar amigo que lhe acalmava os sentidos.
Chegou ao seu lugar de eleição, onde tantas vezes, fora feliz, onde tinha sonhado, sonhado com um companheiro que docemente a acariciava, lhe roçava os lábios pela nuca descoberta, lhe desnudava os seios e os acariciava, … Sonhos com finais felizes! Sentou-se, ajeitou-se, espraiou a vista pelo horizonte onde o azul do céu se funde com o azul da água do mar, do seu mar. Uma suave sensação de descontracção começou a invadi-la … Como se sentia bem!
Ao longe, ao longo da encosta de um penhasco, que nunca tinha visto, observou uma fila de caminhantes. Estranhos caminhantes! Pareciam todos iguais, como se fossem produtos de uma clonagem. A distância era grande, a imagem difusa, estavam em contra luz! Mesmo assim percebeu as suas passadas cadenciadas, avançavam como que comandados por uma voz que ela não ouvia.
Ficou atenta e para seu enorme espanto viu que o primeiro, o segundo, o terceiro… na mesma passada, na mesma cadência, se iam deixando cair no vazio, no abismo…
E soube, sem saber como, mas soube! Era a morte! A morte que num futuro próximo será assim. Quando chegar a altura estabelecida por lei, os escolhidos caminham para um lugar pré-definido, ordeiramente avançam e caem, caem suavemente num abismo sem fim, num local onde não há dor, nem envelhecimento, nem rejeição, nem mentira, nem fingimentos, … um lugar eterno onde todos se amam, todos são iguais e todos são felizes!

Acordou estremunhada com o sol a bater-lhe na face e o mar a saudá-la, num rumorejar cadenciado e eterno

Texto publicado no âmbito do desafio ABISMO para Fábrica de Letras

quarta-feira, 7 de abril de 2010

TAORMINA

Não fiquem preocupados! Não foi desta que eu fiquei mais taralhouca, saltei de Londres para a Sicília por um simples e válido motivo, o Carlos Barbosa de Oliveira lançou um repto à blogosfera e eu, como membro desse mundo, aceitei!

Preparados? Vamos até Taormina que não é a cidade da "minha vida " mas uma das muitas cidades ....
Taormina é uma indescritível cidade siciliana, construída sobre um promontório, debruçada sobre o mar Jónico e “observada”, como pano de fundo, pelo vulcão Etna. Está de tal modo situada que a podemos comparar a um terraço, a partir do qual todos podem observar as belezas naturais que nela habitam e que a envolvem.

Na rua principal “Corso Humberto”, que cruza toda a cidade dá-se um excelente passeio.
Caminhando pelas suas ruas, mais vielas que ruas, com imensas lojas muito tentadoras, ficamos encantados com os seus recantos ornamentados de plantas pinceladas com as cores do arco-íris. É um prazer partir em busca destes recantos.

Fazendo uma pausa para se saborear um sumo de fruta bem fresquinho, podemos espraiar a nossa vista pelo mar calmo e bem azul, tão próximo de nós, um mar de águas frias por causa de um complexo jogo de correntes oceânicas. A seus pés as suas esplendorosas praias esperam -nos…
A este paraíso de beleza natural é imperioso associar a parte arquitectónica dos edifícios, a arqueologia … a História.
A sua Catedral dedicada a São Nicolau, existe desde o séc. XIII, um edifício dentro do qual se sente uma grande paz espiritual, quer sejamos devotos ou não.
A sua “jóia primeira” é o espectacular Teatro Grego, com um vista inigualável para o vulcão Etna. Actualmente ainda utilizado para a realização de eventos culturais internacionais, conhecidos por “Taormina Arte”, que se repetem todos os anos durante os meses de Verão. Este Teatro para além da sua beleza arquitectónica possui uma excelente acústica.
E porque não ir ver um dos edifícios mais famosos, o Palácio Corvaia (séc.XV), sede do primeiro parlamento italiano em 1411, que na realidade é um castelo? E a Porta Catânia? E o Palácio dos Duques de Santo Stefano? E a Igreja de Santa Catarina de Alexandria? E a igreja anglicana dedicada a S. Jorge?...
Misturarmos a beleza natural, a arquitectura, a arqueologia, a história, a cultura do povo, o próprio povo torna Taormina uma cidade privilegiada e única…
As minhas palavras pouco ou nada disseram sobre a sensação de bem-estar, de tranquilidade, de paz, de espiritualidade, … que se encontra ao percorrermos Taormina.

É urgente visitar-se esta cidade antes que o Homem, do alto da sua ignorância e desprezo pelos bens herdados, pelo passado, … continue a contribuir para a sua destruição, para isso já existe o Etna que está acordado mas, felizmente, não zangado.








Nota: O Etna teve a sua última erupção em 6 de Setembro de 2007, num ano em que se “zangou” várias vezes ou então foi Tifeu, monstro chamejante com 100cabeças, que por castigo de Zeus lá foi aprisionado, que vomitou rios incandescentes de lava vermelha que destruiram tudo por onde passaram…

terça-feira, 6 de abril de 2010

REBOLANDO

Em Londres, fui pela primeira vez assistir a um musical, ao “Dirty Dancing”, gostei!
É uma adaptação do filme “Dança comigo” de 1987, dirigido por Emile Ardolino e protagonizado por Patrick Swayze e Jennifer Grey. Eu não vi o filme nem conhecia o enredo que é muito romântico. Não vou contar a “história” mas afirmo que todos os bailarinos são muito bons, o guarda-roupa excelente, perfeitamente adaptado à época do filme, e a coreografia fantástica. As músicas e as letras são as mesmas do filme.

A bailarina (não a “heroína da história) parceira do protagonista, que faz o papel de um instrutor de dança, é a melhor em palco. Parecia ser uma mulher ainda jovem mas que sabe mexer o corpo com uma elegância, com uma sensualidade que posso afirmar que chega ao erotismo. Aquele erotismo que Elvis transmitia quando movimentava a zona da pélvis.
Para mim, uma eterna romântica, a melhor cena dá-se quando, Ela no quarto Dele com ele despido da cintura para cima, lhe pede com muita ternura: dança comigo! E dançam, dançam, rebolam e… mais não digo.

É altura de vos perguntar: lembram-se do meu post a “Corista”? Pois é! Enquanto via o desenrolar da acção pensava no meu sonho, no como gostava de estar ali em palco. Quando cheguei a Lisboa, ou melhor, quando fui ver os meus netos, a minha plateia privada, tive que experimentar os tais movimentos rebolados do traseiro e da pélvis.
Calculam o desfecho, não calculam? A “plateia” juntou-se à “bailarina” e foi um fartote de risadas, de “rebolanço” , de “rebolanço” muito mau, péssimo mesmo, muito deselegante, muito desconjuntado…
Não se pode ter tudo…ficou o gostinho de se ter tentado!

Patrick Swayze faleceu em Setembro do ano passado após uma luta sem glória contra um cancro pancreático

segunda-feira, 5 de abril de 2010

EIS-ME DE NOVO!

Cá estou novamente na minha terra, no meu chão, no meu ninho…
Foi uma fuga de curta duração. Havia, para o meu filho, compromissos inadiáveis em Lisboa.
Ambos precisávamos desta fuga, principalmente ele, porque está a passar por uma “modificação” inesperada na sua vida da qual já falei num post. Está a reagir muitíssimo bem, tem sabido esperar pois sabe muito bem que, há alterações que abrem a porta a situações bem mais agradáveis, as quais de outro modo não eram possíveis. Isso já está a acontecer!
Ele anda “curto de massas” e eu alinhei no seu “orçamento”, por isso viajei, pela primeira vez, em ”easy jet”. Começou aqui o divertimento, andar neste sistema de viagens baratinhas implica não ter lugares marcados. Os passageiros começam a fazer fila junto da porta de entrada com imensa antecedência. Quando já é possível a entrada parecem “bois” desencabrestados, querem chegar à porta da aeronave nos primeiros lugares, como se não fossemos todos. Estar calmamente sentada a observar as manobras de “infiltração” na fila é bastante divertido!
Ficámos alojados em casa de uma amiga de infância do meu rapaz quarentão (esqueço-me tanta vez de que ele já entrou nos “enta” e não foi propriamente ontem). A casa ficou à nossa inteira disposição, uma casa situada na zona de Camberwell, zona que eu desconhecia. As traseiras dão para um dos milhares de parques que se encontram disseminados por toda a cidade de Londres.
Ontem vi nele imensas crianças em busca dos “ovinhos escondidos”…
A casa/vivenda de traça tipicamente inglesa, adaptada interiormente com as comodidades básicas, faz-me ter pena de não ser mais nova…

Vista parcial do jardim público nas traseiras da habitação


Momentos de miminho

O meu companheiro de viagem foi o rapaz que “habitou” em mim durante nove longos meses, que criei e eduquei, para além de ser um excepcional guia, ter um sentido de orientação impressionante, organizou a estada de modo a que eu colmatasse alguns conhecimentos que não tenho. Foi muito terno para comigo oferecia-me o braço, com medo que eu caísse, sempre com medo que eu estivesse cansada, que fosse atropelada, … eu fiz ronha e aproveitei ao máximo tanto mimo. Os “papéis” começaram a inverter-se…

Nestes poucos dias vivi intensamente para aproveitar o pouco tempo que tinha à minha disposição.

Londres tem “coisas” novas e “coisas” velhas mas o relato dessas fica para outro dia….


domingo, 4 de abril de 2010

DE LONDRES

Estou divertidissima, sozinha em "casa", em casa de uma amiga de infancia do meu filho, que entretanto foi a Lisboa com o marido, passar esta quadra com a familia.
O meu filho foi dar uma voltinha sozinho, coitado tem-me tido sempre a trela e eu aproveitei esta manha de domingo de Pascoa para entrar em contacto convosco.
Como ja devem ter reparado, nao sei colocar acentos nem usar os "ces" com cedilha, por esse motivo o meu divertimento ainda e maior. Nem sequer me estou a dar ao trabalho de escolher palavras que fujam aos acentos.
Nao vinha a Londres ha 9 anos e encontrei algumas diferencas que explanarei em post futuros.
Gosto de estar aqui! Sinto-me realmente em fuga, em fuga de alguns problemas que o meu quotidiano, por vezes, me traz...
Os dias embora frios, tem estado agradaveis, la vem uma chuvinha mas passa rapidamente. Ha "nativas" que conseguem andar tao despidas como se estivessem no nosso pais, em pleno mes de Verao, com um "pernal" compridissimo, bonito, todo descascado. Eu fico de boca completamente escancarada e nao sou homem, pensem como ficam os "machos".
Ja comecei a deslizar, o melhor e ficar por aqui ... mas ha sempre uma primeira vez para escrever um texto sem o minimo de cuidado, para uma perfeccionista como eu ( em vias de cura) isto e "ouro sobre azul"...
Ate breve com uma escrita de "gente"!