terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O VENTO

A NOIVA DO VENTO de Oskar Kokoschka
Quando deixo os meus pensamentos à rédea solta, eles transportam-me para um jogo semelhante ao que todos sabem fazer: cão, coleira, corrente, prisão... Este meu jogo é apenas semelhante na estrutura desse,mas não associo palavras, associo imagens...
Sentada em frente à minha janela, vejo as frondosas árvores que costumam proteger a minha privacidade dos olhares dos vizinhos do outro lado da praceta, hoje estão nuas, excepto uma, ela ampara carinhosamente algumas folhas, estas abanam ligeiramente como se,  timidamente, quisessem despedir-se de mim. Nesse lento baloiçar, vejo o vento, vejo “ A Noiva do Vento”, vejo a noiva mulher, vejo-me como tendo a meu lado a outra metade da “Noiva do Vento"...
Eu que até não gosto muito do vento!



quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

MEMÓRIAS

Observo, entre muitas outras, colocadas sobre uma escrivaninha da sala, uma fotografia do Homem que me deu vida, nunca o conheci com o aspecto com que nela está imortalizado, eu ainda não tinha nascido, mas reconheço-o na minha memória tal como ali está! Fico confusa!
Sinto que se não fossem os retratos, as feições mesmo dos que nos foram e as de que nos são muito queridos, se diluem no tempo.
Faço uma experiência, fecho os olhos e penso na minha Mãe, a imagem do seu rosto que emerge repentinamente na minha mente, é a de uma fotografia dela que tenho no meu quarto sobre a mesa de leitura. Forço-me a viajar pela minha memória, lembro-me da sua figura, de vários episódios da nossa vida, mas … descrever a sua face em pormenor sou incapaz, não a vejo! Desenhar o seu rosto, sem ter algo de palpável para a copiar, é-me impossível!
Fico pairando num mundo de memórias e interrogo-me: sem provas, elas serão reais ou imaginárias?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O CAJADO


Tenho um cajado arrumado na minha imaginação, ele transforma-se no que eu quiser, até saltar para o mundo palpável, com cheiros, sabores, cores e sons.

A estrada da vida tem percursos em que, para eu conseguir dar passadas, ele não é necessário, mas tem outros, em que a sua presença é imprescindível!

Abençoado cajado que até pode tomar a forma de gente, pode ser um mar sereno ou irado, uma avezita que saltita de ramo em ramo ou uma águia planando contra um céu límpido, uma montanha ou uma planície, um oásis ou um deserto, por vezes transmuta-se nos acordes de um piano ou no som forte de um trombone, num livro sobre viagens ou num policial, numa voz que me chega através do éter, num apetecível bolo de chocolate … ele pode ser TUDO desde que seja o “companheiro” que me vai ajudar a ultrapassar os “obstáculos” que surgem no meu, cada vez mais desejado, percurso pela vida!