segunda-feira, 29 de março de 2010

CASA TROGLODITA

Em Matmata, zona montanhosa, aparentemente desértica, em que o solo sem ser de areia solta, como no deserto, tem uma cor ocre dourada, olha-se e o nosso olhar espraia-se até ao horizonte vendo apenas uma vegetação muito disseminada. Os nossos sentidos enganam-nos! Se viajasse de helicóptero veria “poços” perfurando o solo, cilindros esvaziados que são casinhas, casinhas brancas, cavadas na montanha, assim construídas para manterem uma certa estabilidade na temperatura, num local do mundo onde as temperaturas são elevadíssimas de dia e à noite chegam a atingir os zero graus.

Existem desde o século XI, já foram habitações muito pobres, hoje o turismo retirou-lhes o que tinham de genuíno, possuem infra-estruturas básicas e são fonte de riqueza …
Como podem observar pelas fotos, é escavado um cilindro oco no solo e ao longo das suas paredes são abertas as divisões, a ligá-las há o pátio circular a base do cilindro, estas casas ligam-se ao exterior por um pequeno túnel que abre numa das escarpas da zona montanhosa ou num caminho.


Visitei uma das casas, fui muito bem recebida, foi-me ofertado chá de menta que aceitei, visitei várias divisões com o chão coberto por tapetes artesanais, decoradas com artefactos característicos da região, mas fiquei convicta que estava a ver uma “montagem”. À saída como é da tradição do local, deixei alguns dinares num pequeno recipiente colocado estrategicamente em local previamente estabelecido.
Sobre a porta de entrada do pequeno túnel que conduzi ao pátio circular observei gravada a “Mão de Fátima”.
No local o que me atraiu mais foi o ter pernoitado num hotel troglodita.
Seguindo por uma estrada, onde de construções nada se via, de repente, descendo por um desvio de terra batida eis-me em frente da entrada de um hotel. Construído nos mesmos moldes da casa troglodita que descrevi, mas em proporções muito superiores e muito mais sofisticado. Os quartos davam todos para um pátio central mas tinham, felizmente, portas e casa de banho.
Foi a casa de banho que permitiu que eu conseguisse dormir…
A amiga com quem partilhei o quarto apossou-se da cama, eu não me quis aborrecer, podia ter-se tirado à sorte, mas enfim…
A minha cama era escavada na parede, ao longo da parede, não em profundidade, parecia que estava num jazigo, embora um jazigo seja possivelmente mais confortável. O buraco na parede era um arco circular, eu colocava os pés numa extremidade do arco e deitada podia caminhar pelo arco até onde o meu corpo permitia a dobragem, consegui chegar com os pés quase à cabeça. Um local excelente para me “ginasticar”, se estivesse disposta a isso. Pouca ou nenhuma iluminação existia, o quarto mantinha-se praticamente na escuridão, só havia luz na casa de banho… dormi toda a noite (ou quase) com a luz da dita acesa e a porta aberta.
Não sofro de claustrofobia, ou será que sim? Na verdade senti-me enterrada viva.
Neste mesmo hotel, na zona da piscina, essa sim ao ar livre, tive um dos meus MOMENTOS MÁGICOS mas este é para ser relatado noutra altura.

PS:
1-É ao registar estas notas que lamento ser tão má fotógrafa, numa fotografia veriam como de aspecto, o “catre” onde mal dormi,até era divertido.
2-A “Mão de Fátima” pode vir a dar um post

34 comentários:

  1. Conclusão: arranjaste uma companheira troglodita, com a dita ainda mais troglo que o hotel. Fiquei sem perceber se dormiste na banheira... (a mim já me aconteceu uma vez por causa do calor) mas pensando bem não devia haver banheira.Certo turismo tem destas coisas e depois achamos que foi tudo muito divertido.
    Bjo. e boas amêndoas.

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  2. Querido Carapau dormi agora na banheir... dormi no buraco da parede, tive que ficar foi com a luz da casa de banho acesa, o quarto não era iluminado... Percebeste?
    Obrigada pelas amêdoas, este ano tenho-me contido e as que comi foram muito poucas.
    Beijinhos "sem embrulho" para ti!

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  3. Adorei! Obrigada por ter continuado a contar a aventura. Temos de ter mesmo um grande espiríto aventureiro para esta viagem. Beijinhos.

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  4. Querida Olga a idade já me impede de fazer viagens que tinha programadas, tenho alguma pena mas há coisas piores na vida...
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  5. Viajar em locais diferentes daquilo a que estamos habituados implica algum incómodo, mas é sempre uma aventura inesquecível. Aposto que nunca mais se esquece da casa troglodita.
    Bjs

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  6. Querido Fernando obrigada!
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  7. Boa tarde, maria Teresa.
    Poxa, interessante o texto. Queria ver as fotos, mas por incrível que pareça, elas não abriram. Talvez a conexão não esteja boa hoje.
    Nesses casos, só mesmo o tal espírito aventureiro.
    Passando para dar uma espiada nas novidades e para me desculpar da ausência - estou sem computador, dependendo de lanhouse, coisa que detesto fazer.
    Então, já preparou a sua pegadinha? O dia 1º de abril está chegando.
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja uma boa semana para você.
    Beijo grande.
    Saudações Educacionais !
    http://www.silnunesprof.blogspot.com

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  8. Pois...isso da mão de Fátima pode dar azo a interpretações mais ou menos dúbias!

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  9. Querida Teresa teve até a sua graça, eu é que não me senti muito bem, tinha a impressão que estava num sarcófago.
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  10. Querida Silvana as comunicações não têm estado facilitadas.
    Obrigada por ter vindo até cá.
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  11. Querido Kruzes depois de explicado deixa de ser dúbio.
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  12. Pode não ter talento de fotógrafa, como diz(duvido), mas certamente tem talento para descrever paisagens e sentimentos...

    Bjokas e continue a partilhar!

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  13. Querida Anira é mesmo verdade, não tenho queda para fotografar.
    Bem levo o "instrumento atrás, mas distraio-me a observar as "coisas", sem ser através do olho da maquineta e deixo passar o momento. Ser-se um bom fotógrafo é um dom que eu não possuo.
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  14. Maria Teresa
    Gostei desta sua experiência na casa troglodita.
    Fico á espera do resto.
    Ah... que boa amiga estava consigo.
    rsrsrs
    bjs
    g.j.

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  15. Querido Gaspar eu não estou a culpá-la, eu é que sou parva, quando vou para me divertir não entro em conflitos, aliás por feitio costumo evitá-los na medida do possível. Sei que me diverti imenso na Tunísia e ela não. Nunca mais a quis como companheira de viagem... embora já tenhámos ido a outros lugares juntas mas com mais amigas. A verdade é que ela tem mudado de "parceira" muitas vezes...é da idade (embora seja 1 ano mais nova do que eu):):):)
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  16. Querida Maria Teresa

    Julgo que eu próprio senti um pouco de falta de ar com a tua bela descrição...

    Fico curioso com o que tens para contar sobre a "mão de Fátima" assunto sobre o qual me tenho interessado... Fátima a quinta filha de Mahomé... a mão protectora qu os levantinos "sentem" bem...

    Beijinhos.

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  17. Querido Vicktor quem sabe sabe, é essa exactamente,...
    Beijinhos "sem embrulho" para ti!

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  18. Olha outro dia com mais tempo venho te ler, hoje estou na correria, quero agradecer seu afeto em meu blog, e assim que der um tempinho corro aki na tua casa.
    com carinho
    Hana

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  19. Querida Hana não precisa de correr...eu não fujo, nem vou deixar de a visitar ...
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  20. Uma experiência diferente! Agora já sabes qual a sensação de estar num jazigo.... CREDO! Eu acho que não era capaz de dormir! Quanto às fotos, não levaste a tua fotógrafa oficial... Bem feita! Beijinhos trogloditas!

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  21. Já tinha visto algumas imagens destas casas, mas fiquei a conhecê-las muito melhor com a sua descrição :)
    Beijinhos*

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  22. Querida Ana Rita eu bem gostava de levar a minha fotógrafa privada mas ela nunca está disponível...
    Beijinhos "sem embrulho" para ti!

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  23. Amiga,postagem bastante interessante.Belas viagens e profundos conhecimentos para nós,fico grata.
    Uma linda noite e um beijo grande.

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  24. Querida D* na minha casa de Lisboa tenho algumas imagens destas casas, as que coloquei aqui tirei-as da Internet.
    Estruturalmente são casas muito diferentes do que costumamos ver, muitas delas têm actualmente electricidade e outras "modernices" que lhe tiraram o "ancestralismo".
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  25. Querida Pérola tenho pena de não poder viajar mais e de ter deixado de ir, a determinados locais, por pensar que mais tarde o iria fazer...
    Beijinhos "sem embrulho" para ti!

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  26. Primeiro senti calor na montanha deserta,o solo rígido, a cor dourada, a vegetação ou falta dela, naqueles horizontes enganadores...
    As casas as comodidades ou falta delas...
    Menos mal senti um certo alívio, havia casa de banho!
    Depois a falta de ar naquele cubiculo, sofro de claustrofobia! E com a sua visita guiada senti-me quase quase lá...
    Agora a curiosidade..."Mão de Fátima" Hummm...

    Senhoras e Senhores coloquem os cintos e mantenham-se alerta!
    Quem sabe onde será o proximo passeio...

    Adorei este!

    Bjs dos Alpes...

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  27. Querida Flor a sua descrição foi muito mais emocionante do que a minha... Obrigada pela "mãozinha" que me deu!
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  28. maria teresa
    passeios assim geralmente acontecem dessas coisas, e o bom humor é a melhor resposta pra que tudo corra bem.
    Como é bom viajar! parabéns pelo registro .
    ... e quero agradecer o comentário no post da gatinha, acredito sim que gatos são dóceis e companheiros.
    Mudanças na rotina sempre assusta, mas a questão principal não é exatamente o trabalho que vai dar, é erceber as poucas condiçoes pra ter qualquer animalzinho.Certamente vou encontrar o melhor pra ela , se aqui ou onde estiver.
    abraços , meus abraços

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  29. Querida Lis numa viagem o "diferente" é que lhe dá o "tempero".
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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  30. Adorei esta pequena viagem ao tempo das cavernas ;)

    Tudo de bom.

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  31. Querido Aflores é a continuação da CAMELÓRIA.
    Beijinhos "sem embrulho" para ti!

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  32. Ahaha (Adoro sobretudo a palavra "troglodita"...É linda linda:P)

    Parece que perco sempre novidades importantes, quando não posso vir cuscar os cantinhos da minha preferência:P

    Beijinhos, Maria Teresa!*

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  33. Querida Adek a mim a palavra faz-me lembrar os desenhos animados em que se vê um "troglodita" com uma moca ao ombro a puxar umas "fêmea" pelos cabelos...
    Beijinhos "sem embrulho" para si!

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