UIOFOBIA

Cronos devorando um dos seus filhos Goya (1746-1828)

O pintor realçou a natureza não civilizada do Titã, que se regala com a sua refeição canabalística contra o fundo negro do Caos

Num dos vários blogues onde meto o meu nariz de traça grega, como diz alguém que me conhece, encontrei esta palavra UIOFOBIA e mais, o seu significado : “medo desproporcional e persistente dos próprios filhos”. Imediatamente o meu pensamento voou até junto do Titã Cronos.
Cronos nasceu da ligação amorosa entre Geia e Urano, era ardiloso e mau, desprezava tanto o próprio pai que o destronou. Da sua união com a irmã Reia nasceram vários filhos os quais Cronos temia, sua mãe tinha-o avisado, qualquer coisa como “quem com ferro mata, com ferro morre”, dizendo-lhe que um dia um dos filhos far-lhe-ia o mesmo que ele tinha feito ao pai.
Aterrorizado com tal ideia, decidiu pura e simplesmente, comê-los à nascença. Mãe que é mãe não aceita uma situação destas, assim Reia com a ajuda dos sogros/pais engendrou um plano. Quando chegou a hora do parto do seu sexto filho, atravessou o mar e dirigiu-se à ilha de Creta, velozmente como uma égua à solta numa pradaria e de noite, foi até uma caverna em Licto onde deu à luz Zeus, deixou-a aos cuidados de Geia ( a deusa duplamente avó) e de algumas ninfas. Para que o marido não desconfiasse, Reia apressou-se a voltar para junto dele e presenteou-o com uma pedra embrulhada em panos, de imediato Cronos engoliu-a. Mais tarde, bastante mais tarde, uma das mulheres de Zeus, colocou um emético no vinho de Cronos e este vomitou-a. Dizem os historiadores que ainda hoje a podemos ver depositada em Delfos.
Zeus à semelhança dos humanos cresceu , tornando-se um jovem forte e belo, e pela boca das ninfas tomou conhecimento da crueldade do pai.
Zeus não foi melhor que ele mas isso já é outra história…

Dizemos que os humanos são cruéis e que não sabem viver em irmandade, e estes deuses, o que são, ou melhor, o que eram?