GAVETAS

Desde sempre que culpei os meus filhos e o meu marido pela desarrumação das minhas gavetas. Mas hoje vou confessar, eu também as devo desarrumar e cheguei a esta brilhante dedução porque os filhos há muito que sairam de casa e o meu marido partiu antes de mim.
Por vezes interrogo-me:
Serão duendes como aqueles que senti soprarem-me na nuca, revolverem-me as saias, como se de um sopro de vento se tratasse, quando sonhadoramente passeei pela Irlanda, que me visitam de noite e brincam comigo ?
Serei sonâmbula ao ponto de me provocar e de me tentar baralhar ?
Serão os deuses sobre os quais, admito, me tenho debruçado e vasculhado a vida, mas nos quais não creio?
Seja o que for, a verdade é que mais vezes do que gostava tenho que descer à terra e brincar às casinhas, mais propriamente “ao arrumar gavetas”.
Trabalho ingrato que nunca está feito…

Que mania que tinha em culpar terceiros de coisas que faço sem me aperceber, como é o caso da tampa da sanita, que me tirava do sério, por a encontrar por vezes aberta. Continua a aparecer nessa posição sem que, alguém “terreno” me tenha visitado.

**************************

Conclusão: faço muita coisa “inconscientemente” e achava que era “perfeitinha” e “arrumadinha”. Reconheço que estou a ficar “mais normal” e creio que isso é muito bom!

**************************

Já passaram por situações semelhantes?