segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PAIS DE HOJE




Ser mãe e pai nos dias de hoje é lutar contra parte de uma sociedade na qual nos movimentamos, sociedade que tem regras(?), leis(?), costumes culturais...e entre tudo o que, exaustivamente poderia citar existem os meios de comunicação, forças muito poderosas, que conseguem vencer, pais, família, amigos, professores, conhecidos.... e até uma nação.

A nossa cultura é muito permissiva, permito-me dizer promiscua, "é proibido proibir" alguém o disse, é URGENTE não ouvir este conselho.

A CRIANÇA ouve, vê e lê, a toda a hora, anúncios que promovem os brinquedos bélicos, os heróis aguerridos, a agressividade, a lei do mais "esperto", a irresponsabilidade, a adulteração das palavras e dos seus significados, as frases com conotações sexuais, a beleza física, a comida "pré-fabricada",... Vê pessoas promovidas a "heróis da nação" por actos que de heróico nada têm.

Pensem na obesidade que ataca cada vez mais as nossas crianças, que lhes afecta a saúde e, consequentemente, a qualidade de vida , o que tem reflexos na delapidação do nosso erário público. Passar horas em frente de um televisor, ou de um computador, impede-as de: ler um livro, ouvir contar uma história, falar com um amigo imaginário, sonhar que voam, colher uma flor, afagar um cão, acalentar uma boneca, brincar às casinhas, jogar à bola, andar de bicicleta, trepar a uma árvore, escalar um muro,..Há estudos que comprovam que este imobilismo, muitas vezes acompanhado pelo consumo compulsivo de pipocas, de Chipicaos, de gomas, de chocolates,... aumenta e muito o índice de massa corporal, deste aumento até à obesidade vai um pequeno passo.É tão fácil, passar um fim-de-semana inteiro, em frente de um ecrã! Não é que a CRIANÇA não gostasse de ir brincar para outro lugar, até talvez gostasse, mas sempre que começa um novo filme ou um novo jogo, a dopamina(*) actua sobre os tecidos cerebrais e antes que ela se aperceba já o Sol "foi dormir".Cada "dia" que passa, neste corre corre da vida moderna, o tempo para a CRIANÇA dedicar à actividade física e mental vai sendo cada vez mais curto.

Pensem na violência que tanto tem alimentado os media, com relatos que vão ao absurdo do pormenor.Não é apanágio dos dias de hoje, os pais queixarem-se contra a pressão da sociedade. Actualmente, há uma diferença, para além da alteração de determinados valores sociais, há a proliferação da tecnologia, que os desvaloriza.Existem cada vez mais crianças a usarem linguagem agressiva, quer no modo como é expressada corporalmente quer nas palavras usadas, a desrespeitarem e a ameaçarem fisicamente os outros. Muitas destas crianças, não estão com este tipo de atitude a reproduzirem o que vêem ou ouvem em casa, estão a reproduzir o que vêem e ouvem nos meios de comunicação.Infelizmente, sempre houve, há e haverá crianças com perturbações a cometerem actos semelhantes ou ainda piores, capazes de comportamentos extremos e que não foram influenciadas pelos media.

Como definir o que é um comportamento extremo? Este depende sempre do que é normal. Se na sociedade em que está inserida, é "normal" a aceitação de insultos, de confrontos verbais e físicos, o comportamento extremo pode ir até à situação de crianças que matam outras crianças, o que infelizmente, é cada vez mais frequente, em países como os Estados Unidos, a Inglaterra e outros.

A ligação entre os meios de comunicação e as atitudes e comportamentos tem sido motor de arranque para investigações bastante aprofundadas, exaustivas e cientificamente comprovadas. E que dizer do desempenho escolar?A capacidade de leitura das nossas crianças tem vindo a diminuir e a culpa, infelizmente, não é apenas dos professores, a solução seria muito mais fácil.Saber ler requer tempo, são necessários, em média, quatro ou cinco anos, para se adquirir a capacidade básica de leitura.A televisão e o computador oferecem uma informação imediata, não é necessário esforço, é um caminho fácil, por isso a CRIANÇA pouco motivada para a leitura, sente-se frustrada e desiste do "esforço" muito facilmente.Há, evidentemente, muitos outros factores que estão por trás da crise de leitura das nossas crianças mas, uma coisa é certa, se elas passarem muito tempo em frente ao televisor ou ao computador, essa capacidade não se desenvolve ou então, a duração desse desenvolvimento é extremamente longo.
Nem tudo está perdido! Há sempre esperança que todos os agentes educativos possam actuar a tempo!Como fazer face a este panorama? Como minimizar os efeitos negativos apontados?A educação de uma CRIANÇA não passa por a desligarmos totalmente dos media. Tal seria impossível, além disso estes meios podem oferecer oportunidades de informação bastante preciosas.Há que ponderar num equilíbrio, orientá-la de forma a saber tomar decisões que a tornem num cidadão responsável.
Sem conhecer receitas e sem grandes pretensões, vou enumerar princípios simples, do conhecimento de todos, com base no bom senso:
-Ter sempre presente que uma mensagem é, normalmente, compreendida de forma diferente por uma criança de 3 anos e outra de 7 ( a título de exemplo)
-Estabelecer regras, que devem ser explicadas, a limitarem o número de horas que podem ser dedicadas aos meios de comunicação
-Durante as refeições meios de comunicação "fora de serviço".
-No quarto da criança, computador, televisão ou jogos de vídeo não devem entram.
-Estar atento ao tipo de programas a que a criança pode aceder
-Ter regras bastante precisas sobre o uso da internet
- SABER DIZER NÃO.
Há muito que passou a hora de ligar, ou desligar, o bem estar físico e psíquico dos vossos filhos com os media.

Nota: (*) A dopamina é um neuro transmissor, que tem como função estimular o sistema nervoso central, está por detrás da dependência do jogo (incluindo os tecnológicos), do sexo, do álcool e de outras drogas. Numa linguagem "vulgar" pode dizer-se que é o químico do cérebro "feliz".

3 comentários:

  1. OI

    Pela primeira vez vim ao seu blog, um pouco por acaso ;) mas adorei!

    Este seu post diz-me muito, pois a educação de um filho tem muito que se lhe diga! A familia do Sr meu esposo pensa (e por vezes diz) coisas abominaveis sobre a educação alimentar e não só, que dou à minha filhota. Criticam-me severamente porque não costumo dar um bollycao, NUNCA comprei um bolo num cafe para ela e por ai em diante...

    Não quer dizer isto que não coma um guloseima, mas é uma coisa rara e não faz parte da sua alimentação equilibrada!!

    Já nem falo da educação que dão, incutem a violência,se ele deu tu tens de dar e não te podes ficar, tens que ser o melhor e tu és o melhor... Sei lá são tantos os exemplos que poderia ficar aqui horas a escrever!!!

    O que será destas crianças no futuro, que ideias levam elas para tambem um dia transmitirem aos seus filhos?

    E os pais? Quando estiverem a necessitar de cuidados, será que as crianças estão preparadas para essa responsabilidade ou vamos continuar a assistir à lei do descartavel??

    Enfim... uma sociedade pobre e arrogante é que nos espera...

    Bjs e peço desculpa pela longa invasão!!

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  2. me, myself and I

    Não tem que pedir desculpas, eu é que fico grata por me ler e por me comentar, sou uma apaixonada pela Educação nas suas várias vertentes.
    Neste momento, encontro-me em pleno Mediterrâneo, descansando e apreciando alguns locais onde o paquete aporta.
    Prometo escrever mais uns artigos sobre este tema.
    MT

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  3. É claro que não vi este teu post porque nesta data ainda não te tinha descoberto.
    Por outro lado há um aspecto que já reparei que acontece muito na blogoesfera - textos muito longos são desmobilizadores. Sei-o por experiência própria.
    Como deves compreender, uma vez que somos da mesma geração, apoio incondicionalmente tudo o que dizes.
    Sempre tive regras a educar os filhos e mantenho-as, com as devidas adaptações, aos netos.
    Pena que a maior parte dos nossos herdeiros nem sempre estejam de acordo e estraguem tudo com o desrespeito pelos professores que deveriam ser os seus continuadores na manutenção da disciplina que os pais não sabem dar em casa.
    Se nos lembrarmos que antigamente ainda havia a tropa para os rapazes menos disciplinados que, em última instância, tinham esta última chance de "entrar na ordem"... compreende-se porque é que a juventude contemporânea anda tão à solta não cultivando experiências que lhes seriam tão úteis na sua vida profissional. Pela minha experiência posso afirmar que, jovens educados sem disciplina e sem respeito pelos pais ou professores, nunca saberão respeitar as hierarquias na sua vida profissional o que é uma pena pois ao fim do um curto período de tempo são despedidos sem apelo nem agravo emprego atrás de emprego. E eles nem sequer sabem que a culpa não é deles mas da educação que receberam.

    Sugiro que voltes a editar este teu post em período fora de férias como foi este.

    Dou sempre por bem empregue a troca de experiências a nível educacional. O futuro não espera mas a educação está sempre a tempo de ser correctamente transmitida e nunca fez mal a ninguém, em doses convenientes.

    Abraços e beijos com sabor a amêndoas torradas

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