sábado, 22 de agosto de 2009

ERRO DE PERCEPÇÃO


Num passado, já um pouco distante, quando a praia de Santo Amaro de Oeiras era "in" ( na época não se usava esta palavra ) e a da Torre não existia, durante a época estival, a minha mãe, eu e o meu irmão, íamos com uma amiga a M.E. e as suas duas filhas passar lá parte da tarde. O modo de estar na praia era muito diferente do actual, alugava-se um toldo, cadeiras de madeira pequenas e espreguiçadeiras, o banheiro ( o actual concessionário) tinha uma deferência muito especial para com todos os banhistas, todos nos conhecíamos, as relações humanas eram diferentes, muito mais humanizadas, ele chegava a levar as crianças ao banho e muitas vezes era o "professor" que as ensinava a nadar, com uns métodos que nada tinham a ver com os actuais, eram até "brutais" As senhoras quando estavam menstruadas não iam ao banho e até nem se punham em fato de banho, o penso higiénico ainda existia ou não tinha cá chegado.
Na ida essa amiga ia connosco, na volta era o marido que a trazia. Durante uns dias, juntou-se-nos a M.C. com a respectiva prole. Era costume da M.E., quando estava perto da hora da chegada do marido, passar o tempo a olhar para a estrada, para o local onde ele costumava estacionar.
Estas movimentações eram tão visíveis que chegou um dia em que a M.C. comentou: "M.E. vê-se mesmo que adoras o teu marido, quando ele está para chegar ficas diferente, vê-se mesmo que estás ansiosa pela sua chegada !"
A M.E. sorriu mas nada disse, mais tarde comentou com a minha mãe: " Ouviste o que a M.C. disse? Mal sabe ela que eu estou sempre muito atenta com a chegada do M. para nos despacharmos, caso contrário ele, refila, refila, "amarra" uma cara e ninguém o atura!"
Há maridos e maridos! Há mulheres e mulheres! Cada qual com a sua percepção e com a sua forma de estar na vida.
Actualmente esta história verídica faz-me sorrir e pergunto : será que as relações humanas mudaram muito?

2 comentários: