Há mais de década e meia que vim substituir outras minhas semelhantes. Elas eram naturais, esplendorosas nessa naturalidade, tinham um cheiro a frescura, mas eram e continuam a ser mortais, morriam depois de serem usadas, tal como o zangão depois do acasalamento, eu sou toda postiça, posso ser separada em várias partes, sou imortal, sou a Árvore de Natal…
Ela não me aprecia muito, gostava mais das minhas antecessoras, para elas ainda existe um vaso próprio, recuperado de um pote de azeitonas que derramava, hoje utilizado como porta chapéus-de-chuva, sombrinhas chinesas e uma sombrinha cipriota. Fui adoptada por causa da Ecologia, dos Verdes, …o que não quer dizer que eu não seja verde.
Todos os anos, para delícia da pequenada e da “grandalhada”, saio da caixa onde sou cuidadosamente guardada, sou enroscada e mantida erguida. Os ramos são esticados um a um, o estar adormecida amarrota as minhas “folhas”. E ali fico imponente e até com uma certa beleza. Vestem-me e têm muito por onde escolher…Posso ficar só com enormes laços vermelhos e bolas douradas ou com uma miscelânea de bonequinhos de madeira, neve artificial, bolas, bolinhas, fitas, lacinhos, estrelas e estrelinhas, anjos e anjinhos…normalmente, o que não falta, são as luzinhas a piscar, a piscar, semelhantes a estrelas unidas no firmamento para deleite dos sonhadores.
O tempo que precede a minha decoração e esta, decorrem num clima de festa, de festa? De “festarola”! Ela dá sempre um certo jeitinho, um ar da sua graça, quando os meus actuais decoradores voltam as costas. Sabem porquê? Fico muitas vezes demasiado arranjada, demasiado vestida de um lado e muito pouco do outro e assim, por muito que eu goste da pequenada, e a respeite, sinto-me semi-vestida ou semi-despida, e francamente nua não quero estar, fico envergonhada, não sou nenhuma super modelo para poder exibir os meus dotes corporais.
Aos meus pés no início da minha vida, iam surgindo a pouco e pouco embrulhos, lindos no seu colorido, no seu brilho, nas suas fitas e laços bastante elaborados, entre eles eu sabia que existia um carvão, carvão que ficava guardado, ano após ano, e que já existia no tempo das minhas antecessoras. Era oferecido, com bilhete de retorno, como um sinal de alerta, a quem se tinha “portado” pior durante o ano, e neste “pior” entravam também adultos. Só Ela é que nunca o recebeu, pudera… era o juiz, ditava a sentença, embrulhava-o, bem disfarçado e colocava-o misturado com as outras prendas. Estas tinham que estar sinalizadas com nomes de código, havia mãos que as apalpavam e cheiravam para tentar decifrar “mistérios”, nesta situação, a curiosidade nunca matou ninguém, sou testemunha disso. Não sei o que foi feito dele, uma distracção, um momento de menor atenção, desapareceu, volatilizou-se no éter…
Ela não me aprecia muito, gostava mais das minhas antecessoras, para elas ainda existe um vaso próprio, recuperado de um pote de azeitonas que derramava, hoje utilizado como porta chapéus-de-chuva, sombrinhas chinesas e uma sombrinha cipriota. Fui adoptada por causa da Ecologia, dos Verdes, …o que não quer dizer que eu não seja verde.
Todos os anos, para delícia da pequenada e da “grandalhada”, saio da caixa onde sou cuidadosamente guardada, sou enroscada e mantida erguida. Os ramos são esticados um a um, o estar adormecida amarrota as minhas “folhas”. E ali fico imponente e até com uma certa beleza. Vestem-me e têm muito por onde escolher…Posso ficar só com enormes laços vermelhos e bolas douradas ou com uma miscelânea de bonequinhos de madeira, neve artificial, bolas, bolinhas, fitas, lacinhos, estrelas e estrelinhas, anjos e anjinhos…normalmente, o que não falta, são as luzinhas a piscar, a piscar, semelhantes a estrelas unidas no firmamento para deleite dos sonhadores.
O tempo que precede a minha decoração e esta, decorrem num clima de festa, de festa? De “festarola”! Ela dá sempre um certo jeitinho, um ar da sua graça, quando os meus actuais decoradores voltam as costas. Sabem porquê? Fico muitas vezes demasiado arranjada, demasiado vestida de um lado e muito pouco do outro e assim, por muito que eu goste da pequenada, e a respeite, sinto-me semi-vestida ou semi-despida, e francamente nua não quero estar, fico envergonhada, não sou nenhuma super modelo para poder exibir os meus dotes corporais.
Aos meus pés no início da minha vida, iam surgindo a pouco e pouco embrulhos, lindos no seu colorido, no seu brilho, nas suas fitas e laços bastante elaborados, entre eles eu sabia que existia um carvão, carvão que ficava guardado, ano após ano, e que já existia no tempo das minhas antecessoras. Era oferecido, com bilhete de retorno, como um sinal de alerta, a quem se tinha “portado” pior durante o ano, e neste “pior” entravam também adultos. Só Ela é que nunca o recebeu, pudera… era o juiz, ditava a sentença, embrulhava-o, bem disfarçado e colocava-o misturado com as outras prendas. Estas tinham que estar sinalizadas com nomes de código, havia mãos que as apalpavam e cheiravam para tentar decifrar “mistérios”, nesta situação, a curiosidade nunca matou ninguém, sou testemunha disso. Não sei o que foi feito dele, uma distracção, um momento de menor atenção, desapareceu, volatilizou-se no éter…
Morreu o carvão e começou um novo ciclo da minha vida…que dura até hoje, imponente, vaidosa, luminosa, sem carvão e sem prendas ao pé do meu tronco…
Tendo vivido muitos Natais, conhecido muitas histórias, saber muito sobre quem me admira e sobretudo sobre Ela, estou orgulhosa e grata por ser A SUBSTITUTA!
Tendo vivido muitos Natais, conhecido muitas histórias, saber muito sobre quem me admira e sobretudo sobre Ela, estou orgulhosa e grata por ser A SUBSTITUTA!
Texto publicado no âmbito do desafio NATAL para Fábrica de Letras
Que belo texto sobre a àrvore de Natal... adorei.
ResponderEliminarBjokas
Muito bem MARIA TERESA
ResponderEliminarSe a Arvore de Natal falasse, quantas histórias maravilhosas teria para nos contar...
Votos de uma boa semana
Bjs
G.J.
Querida Anira a primeira comentadora deste texto, que bom ter gostado, estive com dúvidas sobre a sua publicação, porque já usei o "formato" anteriormente com o "carro" e com a "boneca".
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Querido Gaspar muito obrigada, penso exactamente o mesmo...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
É muito curiosa a forma de discurso indirecto que usas para falar nos assuntos: o automóvel e agora a árvore de Natal.
ResponderEliminarÉ um texto para "Fábrica" bem original.
Beijinho.
Querido Pinguim com este texto acredito que esgotei a "fórmula", na realidade não costumo escrever assim. Tenho dificuldade em inventar histórias e pensei que descrever a "nossa" árvore directamente, seria muito vulgar e talvez maçador e isso não gostava de ser...
ResponderEliminarTudo quanto se escreva sobre o Natal, já está muito batido, tenho pena que não tenha ganho os Sonhos...
Beijinhos embrulhados para ti!
Querida Maria Teresa;
ResponderEliminarQue árvore de Natal tão privilegiada! (Fala e tudo!) :)))
Adorei o texto! Como sempre sorri ao lê-lo! :)
Beijinho** e obrigada pelos sorrisos que provoca em mim sempre que a leio.
Bem-haja minha querida...
Também gostei bastante do texto. Quanto à fórmula, adapta-se lindamente a este conteúdo...Realmente, muitas histórias contariam as árvores naturais e artificais!! Nunca achei grande piada às arvores semi-nuas e decoro-as todas, mesmo a parte encostada à parede por isso mesmo!! O tema dos sonhos, era mais giro...:), daí ter publicado o meu post do sonho... mas a maria teresa, pode sempre publicar sobre o sonho na mesma, tal como eu fiz!!(não é preciso esperar pela fábrica) rrssss
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados (em papel de revista...),para pendurar na árvore como enfeites, que tal?
Um belissimo texto, bem didactico com o seu cunho ecologico, claro que ainda há muito boa gente que vai ao pinhal cortar um pinheiro sem se preocupar minimamente com a natureza para um mês depois acabe no lixo, sem qualquer utilidade. As artificiais fazem muito bem esse papel que é transportar magia para esta epoca tão bonita e cheia de magia e claro cheia de belas recordações e nada de decorar só pela frente, isso é batota.
ResponderEliminarParabens adorei
Beijinho
Olá mamã! Texto magnífico! Mas tenho saudades daqueles pinheiros naturais que compravamos ao pé do chafariz e que chegavam ao tecto do meu quarto. As luzes a piscar toda a noite. Tenho saudades das prendas que mexia, remexia, cheirava, apalpava... tenho saudades de jogar ao Bingo enquanto esperávamos pela meia noite... Tenho saudades dos que já partiram... Até tenho saudades do carvão (acho que nunca recebi nenhum!). Enfim, tenho saudades, da magia do Natal! Mas a substituta é bem LINDA! Beijinhos natalícios!
ResponderEliminarSimplesmente...gostei.
ResponderEliminarAmanhã é dia de festa cá em casa. É dia de "fazer" a árvore de Natal. Ritual que se mantem, histórias que se vão recordando de anos anteriores e músicas que se vão ouvindo enquanto a árvore "vai crescendo".
ResponderEliminarTudo de bom.
O carvão ainda subsiste nas pastelarias da nossa vizinha Espanha. Lá ainda não deixou de ser tradição e os garotos e os graúdos, nos quais me incluo, adoram. Viva o carvão!!! Pena que cá esteja desaparecido. Já agora, excelente texto.
ResponderEliminarQuerido António, o meu apartamento em Lisboa que é o local onde tinha todos os anos o verdadeiro pinheiro, fica num terceiro andar, não cabia no elevador, quando ia para casa, tinha que ir pelas escadas, tudo bem, quando "morria", tudo mal, sujava tudo deixando pelo caminho as suas folhas (caruma) secas. Como fazíamos? Deitavamo-lo fora pela janela... era uma festa, havia "vigilantes" e "interrompia-se" a pequena lateral da praceta...depois colocava-se no sítio pré-destinado para ser recolhido com outros.
ResponderEliminarOs vizinhos começaram a imitar-nos...
Beijinhos embrulhados para si!
Querida Invisível se eu ando pela casa a falar sozinha, porque é que os que me rodeiam e que não são gente, não podem "falar"?
ResponderEliminarNa minha casa habita a democracia mas quem manda sou eu...
Beijinhos embrulhados para si!
A minha árvore de Natal, já com 11 anitos, tem muito para contar. Ah tem tem. Se pudesse falar, já a tinha morto. Obviamente. =|
ResponderEliminarQuerida Eva, vou pensar no post sobre o meu sonho, que existe em mim desde a adolescência, mesmo correndo o risco de se o publicar, ser eleita a marquesa das loucas do reino da blogosfera. Deixo os títulos nobiliárquicos superiores, para outras ainda mais loucas do que eu, porque as há,ó se há!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Querida cria, ainda hoje vi lá o Sr. Monteiro com meia dúzia deles, famélicos...
ResponderEliminarRecordaste-me o pinheiro localizado no teu quarto, já nesse tempo eras, bem... gostavas muito das "coisas" e o teu quarto tinha ar de sala. Isso fez-me recordar da casa de bonecas, levei um dia a fazer só os caixotes, no atelier sabes de quem, depois o forrar e a decoração foram horas e horas,...mas ficou muito original, ficou um must e tu quase não chegavas ao topo...
Fiquei com a lagrimita no olho, marota...
Beijinhos embrulhados para ti! E cuidado com o carvão, nunca se sabe se vai reaparecer...
Querido Melga e eu muito simplesmente agradeço!
ResponderEliminarBenvindo a este espaço que é de todos vós e meu.
Beijnhos embrulhados para si!
Querido Aflores na minha família mais chegada começamos a preparar o Natal no dia 1 de Dezembro, com a colocação do calendário do Advento na porta dos quartos das crianças, até um dia quando elas acharem que são "grandes" para essas "infantilidades".
ResponderEliminarno ano passado ainda tive um que me dava chocolates...Portei-me sempre bem, comi-os todos.
Beijinhos embrulhados para si!
Querida Gingerbread, nunca se sabe... não permita que ela faça chantagem ou que venda as histórias a alguma revista...já agora, de quê?
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Querida Calendas fiquei KO! Essa do carvão nas pastelarias não percebi bem... faxa fabor de explicá tá? Lol
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para ti!
Querida Maria Teresa
ResponderEliminarTodo o encantamento criado à volta da árvore de Natal, as luzes, as cores, a animação dão uma especial vivência mesmo a uma "substituta", artificial que seja na sua constituição...
A "substituta" tem tanto mais valor quanto contribui para preservar a "original" que continuará na sua missão de criar um ambiente mais puro para o ser humano.
Que bela estória que connosco aqui partilhas.
Beijinhos.
Querido Vicktor obrigada pelas palavras que ficam registadas.
ResponderEliminarEu defendo a Natureza, conheço o seu valor, a sua dádiva,... e já me apercebi que tu até a entendes melhor do que eu.
Beijinhos embrulhados para ti!
Mesmo substituta o espírito de Natal está todo lá.
ResponderEliminarUm belo texto de Natal..
Bjs
Querido F Nando, benvindo a este cantinho e obrigada pelas suas palavras.Volte sempre!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Que carinhoso e doce o teu texto, a arvore de Natal deve estar vaidosa.
ResponderEliminarBjs
Amei amiga a sua postagem....
ResponderEliminarUma linda noite.
Querida Lilá(s) aqui para nós duas apenas, ela está super vaidosa, até me pediu para publicar a sua foto numa revista cor-de -rosa...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Belo texto. Beijos
ResponderEliminarQuerida Sereia, obrigada pelas suas palavras.
ResponderEliminarA noite da Consoada é sempre bonita. Para a nossa família mais chegada houve uma que ficou marcada pela negativa, faz este Natal sete anos, que um grande amigo nosso, vivendo no mesmo andar que nós em Lisboa, passou durante décadas, juntamente com a mulher e a cunhada, essa noite connosco, faleceu faltavam poucos minutos para a meia-noite...
Desde esse dia é sempre recordado e a Consoada já não é o que era! E só é neste momento,para mim, pelo menos, porque já há crianças, aliás o meu neto mais velho, na data, estava com quase 8 meses de gestação.
Nem tudo é "bonito"....
Beijinhos embrulhados para si!
Beijinhos embrulhados para si!
Querido Opinião Própria, obrigada pela sua opinião, quem a tem própria, é sempre de considerar...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Olá! Bom dia! Encontrei seu blog sem querer, achei lindo, parabéns! Adorei o cursor!!
ResponderEliminarPosso seguir-te?
Beijos.
Querida Ti é preciso pedir licença? Benvinda e pelo que li no teu, temos hipóteses de trocar ideias sobre o Ambiente.
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para ti!
Maria Teresa, sabes que mais!!??? Acabei, agora, de fazer a árvore de Natal na casa da minha mãe (sou uma fazedora de efeitos natalícios...rs) e então não é que chego aqui e a árvore "me fala"!!??...rs
ResponderEliminarFiquei colada a ler o texto, deliciei-me...
Beijo, Bom Domingo
Querida Mag eu já fui mais de enfeitar a casa, actualmente só enfeito esta onde estou agora, o meu Refúgio, e faço-o por causa da criançada.
ResponderEliminarA "minha árvore" escondeu muitos segredos, só contou o que lhe apeteceu...
E hoje não é domingo mas dia feriado! Lol
Beijinhos embrulhados para ti!
Querida Teresa, reza a tradição espanhola que aos meninos que se portassem mal a prenda recebida era carvão (a única coisa que sobrava da visita do Papá Noel que ao descer pela chaminé o fazia cair das paredes da cuja). Hoje em dia, parece que já todos os meninos se portam bem, lol e o carvão natural foi substituido por um doce que imita o carvão. É igualzinho mas sabe bem. Os meus filhos adoram e os dos outros também, lol. Ah, a mãe dos filhos também. É pena que só se consiga encontrar em Espanha pq por aqui a tradição perdeu-se.
ResponderEliminarQuerida Calendas, obrigada pela explicação, não sabia mesmo nada do que descreveste, o "meu" carvão verdadeiro apareceu por "intuição", se assim se pode chamar..
ResponderEliminarCalculei que o "carvão" das pastelarias fosse um doce..
É pena que tradições como esta, divertidas, inócuas mas de certa forma pedagógicas, se percam.
Mais uma vez cá vão uns beijinhos embrulhados para ti!
A ironia, a pedagogia, o charme discreto da classe. Esta pedagogia ecológica é digna de um palco de maior envergadura. Este blog é pequeno demais para tanta desenvoltura!
ResponderEliminarQuerido Rouxinol como compreendeu a história sujacente é verídica, pessoalmente tenho muita dificuldade em inventar histórias, mas em tudo o que faço na vida, talvez por "defeito" profissional, e depois relato, procuro dar-lhe um ângulo de modo a mostrar que, não é difícil não estragar o que nos foi "emprestado", a própria Natureza...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Ah a minha é de plastico, mas linda e maravilhosa...
ResponderEliminarQuerida S* acredito, o Ambiente agradece...e eu também.
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Interessante a visão sobre o Natal de uma árvore. Nada como o antigo pinheiro mas, as árvores são tão poucas, os fogos têm acabado com elas, que o sacrifício vale a pena.
ResponderEliminarEscreve-se bem por aqui!
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