O TEMPO, aquilo que Platão definiu como “ a imagem móvel da eternidade imóvel”, passou por Ele de um modo bastante suave, sem grandes sobressaltos. Amou, foi amado, foi feliz e semeou felicidade. Nunca esteve doente. Chorou quando nasceu, aprendeu a andar, a falar, a comer sozinho, a vestir-se, a tomar banho, a ler, a escrever, a conduzir…
Chegou um dia em que decidiu não conduzir mais, achava que os seus reflexos eram lentos e não se sentia capaz de reagir a uma situação de perigo. Tinha na altura 88 anos e tinha carta desde os 18, nunca tinha tido um acidente mas tinha tido um grande desgosto, quando uns anos antes, lhe tinham recusado a renovação da carta de moto.
Passados uns meses, pediu à filha que lhe tomasse conta das finanças, justificando que lhe faziam confusão todas as propostas que o gerente de conta lhe fazia; escusava-se a assinar um cheque dizendo que confiava nela; deixou de escrever aos parentes porque não lhe apetecia; desligou-se da escrita apenas por um motivo: tinha deixado de saber escrever. Olhava para a mesma filha e dizia-lhe: “sei que és minha filha mas não me lembro do teu nome! Tinha tanto medo que isto me acontecesse!...”. A filha, brincalhona, engolindo lágrimas, dizia-lhe sorrindo: “mas que sorte, pai! E se fosse ao contrário? Se soubesse o meu nome e não soubesse que eu era sua filha? Se pensasse que eu era uma namorada e me quisesse agarrar, eu teria que me defender e dava-se uma hecatombe familiar!”Ele sorria, mas um sorriso triste.
O tempo foi passando, os livros começaram a ficar de lado, os jornais também. “ Estou a ver mal!”, era a justificação. Foi ao oftalmologista e descobriu-se que já não sabia ler.
Deixou de conseguir fazer a barba. Via-se no espelho mas a figura simétrica da imagem confundia-o. Achava graça ser a filha a fazer-lha e perguntava-lhe: “ mas tu agora também és barbeira?” A filha dizia-lhe que sim, que era para ganhar um trocados. Quando a barba estava feita, ele queria pagar e dar gorjeta, por isso trazia sempre consigo um porta-moedas com umas moedas que ele entregava com um sorriso, um obrigado, mas ao acaso.
Na primeira e única vez que a filha teve que dar-lhe banho, chorou como uma criança.
A acção de vestir -se começou a ser orientada.
Quando um dos netos o visitava, tentava acompanhar a modernidade e dizia: “ olá, pá! Há quanto tempo é que não te via?” E o neto sussurrava à mãe ou ao pai: “O avô não faz a mínima ideia de quem sou!” Com o deslizar da conversa, todos fingiam não perceber, iam-lhe dando pistas que ele, ainda inteligentemente, sabia apanhar.
Havia perguntas que punha aos que o rodeavam: “Eu sei que há dia e noite e já soube o porquê mas não me lembro! Porque é?” Os familiares, com um certo cuidado, iam-lhe desviando a atenção. Ele disfarçava mas sofria, ainda se apercebia que algo que temia o estava a possuir.
Começou a querer “fugir” de casa e a cair muitas vezes. Foi imperiosa a necessidade de se ter um cuidado redobrado, passou a andar com uma pulseira de identificação cravada para não a conseguir arrancar, isso confundia-o. Embora já não soubesse ler horas, exigia o uso do relógio.
O neurologista avisou os familiares: “De um dia para o outro vai deixar de saber andar...”. E assim foi. Andava, mas amparado, soube sempre movimentar os pés.
Tinha então 90 anos mas um belíssimo aspecto físico. Parecia ter menos 10!
A partir daqui, até aos 93, regrediu no tempo e ficou bebé. Usava fraldas, a comida era-lhe dada à boca, mas sabia mastigar. Sempre tomou banho na banheira, porque amparado por duas pessoas dava passinhos. Tinha que estar ligado por uma cinta ao cadeirão articulado onde passava os dias, incomodava-o a conversa dos que o rodeavam e, por isso, era quase em silêncio que a família e amigos lhe faziam companhia. Gostava de ser afagado e ainda se ria e tinha cócegas quando o filho lhe mordiscava uma orelha ou quando a filha lhe sussurrava palavras de amor, palavras que nunca tinha tido coragem de lhe dizer quando ele estava lúcido. Balbuciava algumas frases sem nexo, não sentiu a ausência da companheira de 65 anos de vida em comum. Foi levado pela VELHICE, transportado com a ajuda do vento até entrar numa nuvem azul, num lindo dia de Janeiro e, aí permanecerá numa eternidade imóvel…
Chegou um dia em que decidiu não conduzir mais, achava que os seus reflexos eram lentos e não se sentia capaz de reagir a uma situação de perigo. Tinha na altura 88 anos e tinha carta desde os 18, nunca tinha tido um acidente mas tinha tido um grande desgosto, quando uns anos antes, lhe tinham recusado a renovação da carta de moto.
Passados uns meses, pediu à filha que lhe tomasse conta das finanças, justificando que lhe faziam confusão todas as propostas que o gerente de conta lhe fazia; escusava-se a assinar um cheque dizendo que confiava nela; deixou de escrever aos parentes porque não lhe apetecia; desligou-se da escrita apenas por um motivo: tinha deixado de saber escrever. Olhava para a mesma filha e dizia-lhe: “sei que és minha filha mas não me lembro do teu nome! Tinha tanto medo que isto me acontecesse!...”. A filha, brincalhona, engolindo lágrimas, dizia-lhe sorrindo: “mas que sorte, pai! E se fosse ao contrário? Se soubesse o meu nome e não soubesse que eu era sua filha? Se pensasse que eu era uma namorada e me quisesse agarrar, eu teria que me defender e dava-se uma hecatombe familiar!”Ele sorria, mas um sorriso triste.
O tempo foi passando, os livros começaram a ficar de lado, os jornais também. “ Estou a ver mal!”, era a justificação. Foi ao oftalmologista e descobriu-se que já não sabia ler.
Deixou de conseguir fazer a barba. Via-se no espelho mas a figura simétrica da imagem confundia-o. Achava graça ser a filha a fazer-lha e perguntava-lhe: “ mas tu agora também és barbeira?” A filha dizia-lhe que sim, que era para ganhar um trocados. Quando a barba estava feita, ele queria pagar e dar gorjeta, por isso trazia sempre consigo um porta-moedas com umas moedas que ele entregava com um sorriso, um obrigado, mas ao acaso.
Na primeira e única vez que a filha teve que dar-lhe banho, chorou como uma criança.
A acção de vestir -se começou a ser orientada.
Quando um dos netos o visitava, tentava acompanhar a modernidade e dizia: “ olá, pá! Há quanto tempo é que não te via?” E o neto sussurrava à mãe ou ao pai: “O avô não faz a mínima ideia de quem sou!” Com o deslizar da conversa, todos fingiam não perceber, iam-lhe dando pistas que ele, ainda inteligentemente, sabia apanhar.
Havia perguntas que punha aos que o rodeavam: “Eu sei que há dia e noite e já soube o porquê mas não me lembro! Porque é?” Os familiares, com um certo cuidado, iam-lhe desviando a atenção. Ele disfarçava mas sofria, ainda se apercebia que algo que temia o estava a possuir.
Começou a querer “fugir” de casa e a cair muitas vezes. Foi imperiosa a necessidade de se ter um cuidado redobrado, passou a andar com uma pulseira de identificação cravada para não a conseguir arrancar, isso confundia-o. Embora já não soubesse ler horas, exigia o uso do relógio.
O neurologista avisou os familiares: “De um dia para o outro vai deixar de saber andar...”. E assim foi. Andava, mas amparado, soube sempre movimentar os pés.
Tinha então 90 anos mas um belíssimo aspecto físico. Parecia ter menos 10!
A partir daqui, até aos 93, regrediu no tempo e ficou bebé. Usava fraldas, a comida era-lhe dada à boca, mas sabia mastigar. Sempre tomou banho na banheira, porque amparado por duas pessoas dava passinhos. Tinha que estar ligado por uma cinta ao cadeirão articulado onde passava os dias, incomodava-o a conversa dos que o rodeavam e, por isso, era quase em silêncio que a família e amigos lhe faziam companhia. Gostava de ser afagado e ainda se ria e tinha cócegas quando o filho lhe mordiscava uma orelha ou quando a filha lhe sussurrava palavras de amor, palavras que nunca tinha tido coragem de lhe dizer quando ele estava lúcido. Balbuciava algumas frases sem nexo, não sentiu a ausência da companheira de 65 anos de vida em comum. Foi levado pela VELHICE, transportado com a ajuda do vento até entrar numa nuvem azul, num lindo dia de Janeiro e, aí permanecerá numa eternidade imóvel…
Texto publicado no âmbito do desafio VELHICE para FÁbrica de Letras
Que texto tão tocante.
ResponderEliminarIdentifico-me inteiramente com ele, infelizmente o meu avô tem alzheimer, Sei bem o que são momentos perdidos na mente de alguém.
Mas faz parte do ciclo da vida, uma segunda infância... Acabamos por ter sorte e poder acarinhá-los mais algum tempo do que se eles fossem bruscamente levados, triste consolo...
beijinho grande
:) O seu pai, vê-se que era muito parecido consigo Maria Teresa. É um privilégio também podermos cuidar dos pais ou avós,o que nem sempre é visto dessa forma. Tenho um texto escrito também sobre a minha avó,que como sabe também tinha Alzheimer, mas decidi apenas publicar no dia 4, dia do seu aniversário. :) Já reparou como ninguém se esquece de sorrir? Beijinhos
ResponderEliminarQuerida Marciana para além de fazer uma pequena homenagem ao meu Pai,com este texto (aliás já escrevi outro sobre ele) quero que todos os que me lêem estejam preparados para o caminho de regressão que esta doença define. Não temos que nos sentir infelizes por eles, porque eles quando a doença está mesmo instalada, não o são, apenas temos que os amar, acarinhar e compreender, eles deixaram de nos entender mas sentem os nossos afagos.
ResponderEliminarMiuta força para aceitar e compreender a doença do seu avô
Beijinhos embrulhados para si!
Querida Eva embora eu seja "vivaça" e "disparatadamente" sorridente como a minha mãe, nas feições (até nas sardas) e no feitio sou o meu pai.
ResponderEliminarDia 4 estarei atenta para ver o seu testemunho. Irei "conhecer" melhor a sua avó.
Fomos uma família muito feliz, embora com alguns precalços, ...:):):)
Hoje comovi-me ao publicar este texto, já pensado em Dezembro, mas foi uma comoção que me fez bem...
Beijinhos embrulhados para si!
Um alerta sobre as sequelas da doença de Alzheimer, cada vez mais presente nas nossas familias.
ResponderEliminarUm texto bonito e cheio de amor ao seu pai.
Um beijo para si, Maria Teresa
Querida Magy um alerta diz bem, foi uma das finalidades do que registei.
ResponderEliminarTenho que escrever sobre a minha mãe ... também a amei e amo muito.
Beijinhos embrulhados para si!
Parabéns MARIA TERESA por mais este texto carregado de humanismo e carinho.
ResponderEliminarObrigado pela visita.
Bjs
G.J.
Dói envelhecer, para quem deixa de se sentir capaz e para quem acompanha. Não é fácil conhecer a pessoa cheia de genica e, de repente vê-la perder todas as capacidades, ficar dependente de outra pessoa. Esta, a que narraste, é uma das piores velhices, perder-se tudo é duro, muito duro. Beijinhos
ResponderEliminarUma bela e sentida homenagem...
ResponderEliminarEssa doença assusta-me, mas há que enfrentá-la com a melhor arma que temos: o Amor.
Bjokas
Querido Gaspar muito obrigada pelas suas gentis palavras.
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Querida Brown Eyes a partir de uma dada altura estes doentes não sofrem, não têm dores ( a não ser que tenham outro tipo de doença física associada). São bebés em corpos envelhecidos...
ResponderEliminarO meu pai mesmo tendo que usar fralda, nunca se apercebeu que as usava, nunca teve uma escara.
Só não foi levantado na manhã em que partiu... recusou o pequeno almoço e foi ter com a minha mãe...
Beijinhos embrulhados para ti!
Querida Anira exactamente, com AMOR! Não os podemos "forçar" a nada, eles ficam "transtornados" por não perceberem e nós ficamos "frustradas" por não o conseguirmos...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Um texto bonito ainda que sofrido.
ResponderEliminarQuerido El Matador só podia ser sofrido...
ResponderEliminarBenvindp ao meu cantinho.
Beijinhos embrulhados para si!
Querida Maria Teresa,
ResponderEliminarA emoção não me deixa dizer muito.
Apenas lhe dou os Parabéns pelo modo tranquilo e cheio de AMOR que transpira deste texto.
Gostava tanto de ter podido tratar assim os meus Pais.
Beijosssss
Querida Tite se não os conseguiu tratar assim directamente, por estar fisicamente afastada, tratou-os com o seu Pensamento e o seu Coração...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Este Inverno da vida teve carinho e amor a aconchegá-lo! Tanto bastou para que o vento o levasse, num sereno partir, para uma nuvem azul e o deixasse numa eternidade imóvel.
ResponderEliminarUm texto belo, como belos são os sentimentos da família, que por ele prepassam.
Ao lê-lo chorou-se-me a alma.
Alguns de nós, perguntam-se: como será o meu Inverno, que já bate à porta?
Que o meu me deixe continuar a ver o sorriso das flores e a ouvir o canto do mar.
Abraço
Querido Carlos maravilhosas e reconfortantes palavras as suas...
ResponderEliminarO seu Inverno vai ser belo, muito belo, tão belo como os seus testemunhos escritos...
Beijinhos embrulhados para si!
Imagino que com o avançar da doença seja mais "fácil", mas este momento narrado em que se lembra, nas não se lembra... o momento em que se lembra de não lembrar, deve ser muito, mas muito difícil.
ResponderEliminarQuerido Johnny foi isso mesmo... ele tinha consciência do que lhe estava acontecer mas tinha uma certa lucidez que o levava a fingir...
ResponderEliminarFizemos o "jogo" que ele quis...Foi uma fase muito rápida.
Beijinhos embrulhados para si!
Que hei-de dizer?
ResponderEliminarTalvez isto: eu não era capaz de escrever um post assim.
1 abraço.
Querido Carapau espero que nunca o escrevas, mas tens capacidades para isso, claro que tens!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para ti!
Li emocionada este texto...olho com ternura esta foto, este senhor era tão parecido com o meu pai!!! e a lágrimita corre...
ResponderEliminarBjs
Querida Lilá(s) não quis fazer ninguém chorar...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Querida Maria Teresa,
ResponderEliminarUma doença sofrida...não tanto pelos propios mas muitos pelos que lhe são proximos.
Um belissimo texto,um texto de Amor!
Bjinho cheio de luar
Querida Moonlight foi um pouco isso sim, mas todos nós, falo pela família mais chegada compreedemos que ele tinha que partir. Há partidas com muito mais sofrimento físico para ambas as partes, não foi este o caso...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Querida Maria Teresa,
ResponderEliminarchorei e choro li e reli o texto duas vezes e elas continuam a cair...
Alzhemeir um doença em que esqueçemos aqueles que amamos... um flme que retrata um pouco isto é "The Notebook", espreite aqui
http://www.youtube.com/watch?v=S3G3fILPQAU
Com profunda admiração
Com carinho
Abraços eternos
Sairaf
Querida Sairaf, não pretendi perturbá-la...
ResponderEliminarPeço desculpa mas tive necessidade de deixar um pequeno testemunho do modo como uma família, neste caso a minha, vê esta doença.
Obrigada pela dica do endereço, vou ver...
Beijinhos embrulhados para si!
Querida Maria Teresa!
ResponderEliminarPara escrever um post como este é preciso ter um coragem do tamanho do mundo!
É uma linda homenagem, apesar do sofrimento, que a Teresa deu a conhecer à maioria dos seus leitores!
Comoveu-se ao publicar este texto e "provocou" semelhante estado a todos que o leram, tal a carga emotiva do mesmo!
Mas é um texto muito lindo, pleno de amor, de humanismo. O mais duro desta situação é acompanharmos as pessoas com pleno vigor da sua vida e mais tarde surgir este tipo de maleitas que vão "corroendo" o ser humano!
Obrigado Maria Teresa por esta lição de vida!
Beijinho,
Renato
Querido Renato só me ocorre dizer-lhe MUITO OBRIGADA! Obrigada pela sua amizade!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Belo texto. Uma delicia.
ResponderEliminarQuerido Opinião obrigada pelas suas gentis palavras.
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Olá Maria Teresa!
ResponderEliminarA tua homenagem faz prova do excelente "serviço" que o teu pai fez contigo! Só pode ter sido um grande Homem!
E terá sido vida, o que vocês tiveram durante muitos anos, e não apenas anos na vida!
Um beijinho, embrulhadamente sentido!
No Inverno da vida,
ResponderEliminarO seu querido pai teve a sorte de ter, a Primavera do amor, transmitida pela filha!
Mais uma vez lhe agradeço, Maria Teresa, a amabilidade de repartir comnosco,tão profundos sentimentos. E a coragem de faze-lo, sim, porque é algo tão real, mas nem todos temos a coragem, e a beleza de exteriorizar sentimentos, como o faz a Maria Teresa.
(há umas gotinhas a escorrer nas pétalas desta humilde flor, e acho que não é orvalho...)
...
Bjs dos Alpes...
Que delicia de texto carregado de carinho.Parabens querida.
ResponderEliminarbjs
Que saudades do Engenhocas... A vehice é tramada... Beijinhos!
ResponderEliminarQuerido Gemimi não foi só comigo que ele fez um excelente "trabalho", não sou filha única (sou é a única "rapariga" e a mais velha).
ResponderEliminarQuando as pessoas partem , nós temos tendência a enaltecermo-las... o meu pai teve os seus defeitos mas estes, foram totalmente abafados pelas suas qualidades.
Beijinhos embrulhados para ti!
Querida Flor não fui a única a amá-lo e a acarinhá-lo, ele também foi muito ternamente amado pelo meu irmão (que consegue melhor do que eu transmitir por gestos e por palavras faladas, toda a sua admiração por ele) e pelos netos e até um dos bisnetos que ainda se lembra bem dele.
ResponderEliminarHouve outra pessoa muito importante na vida do meu pai, como não podia deixar de ser, a minha mãe (desta falarei um dia).
A Flor é uma senhora de grande sensibilidade e isso toca-me muito.
Bem-haja!
Beijinhos embrulhados para si, embora os dos Alpes sejam muito mais bonitos!
Meus queridos Naty e Carlos muito obrigada pelas vossas doces palavras.
ResponderEliminarQue a felicidade que envolveu toda a vida dos meus pais se encontre em vós.
Beijinhos embrulhados para ambos!
Aristóteles disse que só no final da vida de uma pessoa é que se podia dizer se ela tinha sido feliz, pois podia acontecer qualquer pequena coisa que roubasse o sentido e o sabor ao já vivido. Deve ter sido isso que n'Os Maias o velho Afonso da Maia sentiu quando soube que o seu neto tinha uma relação amorosa com a própria irmã. "Vivi eu estes anos todos para agora ter de passar por isto", disse ele amargurado (citei de memória).
ResponderEliminarQuerida Ana Rita, a velhice não é tão "tramada" assim! Eu estou "velha" e vê como estou contente por ter conseguido chegar "até aqui" e ter uma família com todos vós que cá ficarão para o testemunhar...
ResponderEliminarAMO-VOS!
Beijinhos embrulhados para ti! Aqueles beijos "nossos".
Querido Jaime para mim a felicidade não é um "todo" como se subentende das citações que faz. A felicidade é-nos concedida em pequenos pedaços e esses por muitos desgostos que possamos ter, nunca são "roubados" se os soubermos guardar muito bem...
ResponderEliminarAté o Carlos e a Maria Eduarda foram felizes, as "convenções" é que não permitiram a continuidade dessa felicidade, mas os momentos que "viveram" não foram "apagados",... na vida real isto também acontece .
Obrigada pela sua visita ao meu cantinho e pelo contributo que deu com o seu comentário.
BEM-HAJA!
Beijinhos embrulhados para si!
ESTA REALIDADE É COMOVENTE...FICAR DEPENDENTE DOS OUTROS É COMPLICADO...MAS ESTE SENHOR FELIZMENTE TINHA FILHOS QUE O AMAVAM...E ISSO É UMA SORTE...
ResponderEliminarSEI O QUE É VER UM PARENTE TÃO PRÓXIMO ACABAR-SE ASSIM...
SAUDAÇÕES
Estou aqui há um bocado, sem saber muito bem o que escrever...a mim que nunca me faltam as palavras...
ResponderEliminarO meu pai tem 82 anos e estamos a passar por tudo isso, com todas as patologias neurológicas associadas, os médicos nem sequer arriscam um diagnóstico, são muito ténues as linhas que distinguma um Alzeimher de outra qualquer doença deste foro, nestas idades. O seu texto Maria Teresa está tão bonito, cheio de amor, desse mesmo amor que eu também sinto pelo meu velhote que apesar de ser agora pouco mais que um bébé grande (mais de 1,80, e perto de 100kgs) é ainda um homem tão bem posto, tão bonito. É doloroso vê-lo assim e definhar, a não reconhecer os netos que ele amava tanto...Desculpe. Beijinhos
Querida Pedras Nuas obrigada por vir até ao meu cantinho, compreendeu-me bem, infelizmente para si!
ResponderEliminarMas a vida continua para os que ficam, há novas vidas que vão nascendo e que vão repondo o equilíbrio nos laços familiares.
Bem-haja!
Beijinhos embrulhados para si!
Minha querida Mel de Vespas se é doloroso! Pense que no entanto, ele é feliz na sua "ausência" e isso é muito importante. Que o caminho que ainda vai ter que percorrer ao lado dele, seja o mais suave possível...
ResponderEliminarObrigada pelo seu testemunho. Bem-haja!
Beijinhos embrulhados para si!
Fiquei sem palavras. Adorei, adorei! Acho que aprendi mais neste texto do que em todas as aulas de Neurologia do ano passado!* Beijinho ENORME!*
ResponderEliminarMinha querida Adek muito obrigada pelas suas palavras, aprendeu certamente mais nas aulas de Neurologia.
ResponderEliminarInfelizmente tenho lidado com familiares com diferentes patologias do foro psíquico e neurológico,verifiquei com pena, que falta da parte de alguns médicos o interesse por saberem o que "vê" quem lida familiarmente com a doença.
O "nosso" neurologista já me desafiou para escrever um livro sobre o modo como a "família" lida com diferentes patologias, não aceitei o desafio, seria demasiado doloroso para mim e muita responsabilidade.
Abracinho
excelente texto sobre a velhice e a referida doença. pois, em portugal, devia-se de dar mais importância aos nossos idosos.
ResponderEliminarA Maria Teresa tem o dom da palavra, muito bonitas as suas palavras. É uma doença muito 'ruim' mas felizmente houve sempre alguém que o amou :)
ResponderEliminarBjokas*
Querida Maria Teresa
ResponderEliminarA memória de um ente querido junta em si lembranças de momentos bons e de maus momentos, embora sejam os primeiros aqueles que permanecem para sempre no nosso sentir. Os momentos maus vão-se diluindo para bem da nossa estabilidade emocional.
A memória que aqui partilhas é feita de afecto e de bem-querer. O teu Pai foi um sábio que deixou na faixa de tempo por onde agora estamos a passar um rasto de luz que nos incentiva a continuar.
Beijinhos.
Maria Teresa
ResponderEliminaro texto que eu escrevi para este tema, foca a mesma doença e embora sinta toda a terrível situação que a mesma gera, nunca fui totalmente confrontado com ela, directamente, já que as pessoas de que falo são pessoas muito amigas, mas não familiares.
Daí, este teu texto estar impregnado de sentimentos simultâneamente tristes e muito amorosos.
Se de início, esta doença afecta grandemente os pacientes, pois ainda têm a capacidade de entender que estão progressivamente a perdê-la, numa fase mais adiantada, ela é particularmente dolorosa para os familiares.
Um texto magnífico e uma bela homenagem ao teu Pai.
Beijinho.
Querida Manjedoura tenho esperanças que se faça "muita luz" sobre o modo como se devem tratar os nossos idosos...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Querido Vicktor só te sei dizer MUITO OBRIGADA pelas tuas palavras!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para ti!
Querido Pinguim é como dizes... MUITO OBRIGADA por deixares o teu testemunho!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para ti!
Que homenagem LINDA Teresa... estou com os olhos cheios de lágrimas... por si... pelo seu pai!
ResponderEliminarBeijinhos... como de uma filha!
Querida Lebasiana e eu fico feliz, por si, por todos os que ama e que a amam, pelos seus sonhos...OBRIGADA!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Parabéns Maria Teresa. Ainda estou a tremer dada a intensidade do seu brilhante texto. Parabéns. Parabéns. Parabéns.
ResponderEliminarQuerido Disse, MUITO OBRIGADA!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Olá Maria, cheguei aqui via "Fábrica de Letras".
ResponderEliminarGostava de dar os parabéns pela descrição. Não li os comentários acima, daí não saber se esta será, ou não, uma história verídica.
De tudo o que escreveste, resta o consolo desse "personagem", e família, saberem encarar esta fase com humor e serenidade. é tremendamente triste ver-se privado de um grande bem fundamental: a autonomia. O que fazemos bem hoje, muito provavelmente, deixaremos de poder fazer amanhã e encarar esse facto não é fácil.
Boa noite.
Querido Catsone é, infelizmente, uma história verídica.A fotografia é do meu pai e o testemunho é nosso, meu e da minha família.
ResponderEliminarEste meu cantinho não tem praticamente nada de ficção.
Não é fácil a situação, mas se for compreendida é menos penosa.
Beijinhos embrulhados para si!
Teresa!
ResponderEliminarApesar de hoje me sentir o mais "lamechas" possível, o que acabei de ler foi das homenagens mais lindas que alguma vez li.
O amor que o seu Pai teve de toda a sua familia, sei que foi o mesmo amor que a minha avó sentiu quando nos deixou com os seu 94 anos. A entrega que a minha mãe teve em relação à sua mãe (muito idêntica a que hoje li aqui) é aquela que eu gostaria de dar aos meus pais mas infelizmente tenho um receio enorme de não ter disponibilidade total para o poder fazer.
Concordo consigo que não devemos ter medo da velhice, mas com sinceridade lhe digo: medo não, temos sim que saborear da melhor forma o passar do anos, mas algum receio sim!!
De uma Mãe para outra Mãe um beijinho muito mas muito especial!
P.s. - vou imprimir e dar ao meu filho para ele lêr esta homenagem tão magnifica! Parabêns!
Fantástica homenagem....num escrito fabuloso!
ResponderEliminarQuerida Canhota temos, como muito bem diz, que saborear o bom que a vida nos dá, para conseguirmos ultrapassar o menos bom.
ResponderEliminarQuando chegar a altura se formos precisas estamos presentes, tenha a certeza, há uma força em todos nós que desconhecemos... conseguimos ultrapassar-nos...
Muito obrigada pelas suas palavras.
Beijinhos embrulhados para si!
Querido Céptico MUITO OBRIGADA pelas suas amáveis palavras.
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Querida Maria Teresa
ResponderEliminarDepois de ler as suas palavras não me ocorrem palavras a mim. Apenas lágrimas. No sentir destas palavras, e peço desculpa por isto, mas é para mim inevitável, sinto as saudades e o percurso do meu Pai, que não foi muito diferente.
Beijinhos
Querida Nirvana não chore porque se o percurso do seu Pai foi semelhante ao do meu, ele partiu feliz...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Lindo texto... muito tocante.
ResponderEliminarSei que um dia verei os meus pais assim... por mais que tente não pensar nisso, às vezes é incontornável.
*
Querida Ginger talvez não...eu tenho esperanças de me deitar e não acordar, já que estou no topo da cadeia.
ResponderEliminarTenhámos esperança!
Obrigada pela sua visita, volte sempre, será muito bem recebida!
Beijinhos embrulhados para si!
Maria Teresa, um texto de quem verdadeiramente amou o seu pai.
ResponderEliminar" filha lhe sussurrava palavras de amor, palavras que nunca tinha tido coragem de lhe dizer quando ele estava lúcido"
Compreendo perfeitamente o que isto é, embora não o consiga explicar. Felizmente consegui quebrar a barreira a tempo... e dizer ao meu pai estas palavras de amor agora... enquanto ele está comigo e sabe o meu nome. E sinto-me extremamente feliz por isso.
Um grande beijinho
Gostei muito do teu texto. Alzeimer é uma doença dificil e vem associada com a idade, se houvessem mais filhos assim dedicados... era bom. Parabéns.
ResponderEliminarOlá Maria Teresa!! Cheguei aqui através da Fábrica de Letras e estou de lágrima no olho! Esta é a dolorosa realidade. Aquela em que vemos sofrer e sofremos também. Fantástica participação na Fábrica. Fantástico testemunho!
ResponderEliminarParabéns!
Beijinho**