segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PROFESSORES

Porque gostei muito deste texto, que me chegou por e-mail, vou partilhá-lo com todos vós. Vou transcrevê-lo com a respectiva imagem porque não sou capaz de fazer de outra maneira.

“os homens precisam de mimos

A professor é brava

Eu ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente a nova professor da minha filha mais velha, mas já gosto dela por antecipação. Três dias depois de ter entrado para a primária, a Carolina declarou solenemente: “A minha professor é brava”. Brava?!?, perguntei eu. “Sim, brava. Ela não me deixa espreguiçar, ela não me deixa bochechar ( a Carolina queria dizer ´bocejar´), ela não me deixa beber água ( a Carolina queria dizer ´ela não me deixa interromper a aula para fazer o que me apetece´). É muito brava”.
Eu, que estava com algum receio de colocar a Carolina no ensino publico, respirei de alívio. “Ufa, parece que lhe saiu a professor certa”, comentei com a minha excelentíssima esposa. Receava que lhe tivesse calhado alguém que falasse com ela como a ministra Isabel Alçada falou connosco no famoso vídeo de início do ano lectivo: como se o nosso cérebro estivesse morto e todo o acto de aprendizagem tivesse de ser um desmesurado prazer.
A Carolina vinha de um infantário fantástico, que tem feito maravilhas pelos nossos filhos, mas onde era mais mimada do que o menino Jesus no presépio. Ora, chega uma fase na vida em que as crianças têm de perceber o que significa a disciplina, o esforço, a organização, o silêncio, o saber estar numa sala de aula, e toda uma vasta parafernália de actividades que não são tão agradáveis como comer Calippos de morango ou gerir o guarda-roupa das Pollys – mas que ainda assim são essenciais para viver em sociedade.
A minha filha está na idade certa para aprender que tem obrigação de gastar 20 minutos diários a fazer o trabalho de casa. Para perceber que uma irmã mais velha tem mais privilégios mas também mais deveres do que os seus irmãos. Para compreender que com muito poder vem mais responsabilidade (sábias palavras do tio do Homem-Aranha). É essencial que estes valores - que atribuem o devido mérito à liberdade e ao esforço individual – estejam alinhados entre a casa e a escola.
Isto nem sempre acontece. A nossa escola passou num piscar de olhos da palmada no rabo à palmada nas costas. Ninguém tem saudades da palmatória, mas quando perguntam aos pais o que eles mais desejam para a escola dos seus filhos, a resposta costuma ser esta: regras claras e maior exigência. Os professores bravos fazem muita falta. Hoje a Carolina protesta. Amanhã irá agradecer-lhe.”
João Miguel Tavares. Jornalista
jmtavares@cmjornal.pt



18 comentários:

  1. maria teresa, este problema tornou-se em algo de muito complexo. Se me permites trancrevo um excerto que penso ser o cerne da questão:

    "A nossa escola passou num piscar de olhos da palmada no rabo à palmada nas costas. (...) mas quando perguntam aos pais o que eles mais desejam para a escola dos seus filhos, a resposta costuma ser esta: regras claras e maior exigência. (...)"

    Passou-se, de facto, de um extremo ao outro. Mas será que os professores "podem" ser todos assim "bravos"? Será que aquele que se atreve a ser mais bravo, não corre o risco de ser maltratado, quer pelas criancinhas, quer pelos respectivos pais, que precisavam também eles, de ser educados por alguém "bravo"?
    Acreditas, que os pais quando interrogados sobre o que mais desejam para escola dos filhos, dêem a resposta avançada pelo João Miguel Tavares? Deveria ser, sem qualquer dúvida, mas é? De que tipo de escola estamos a falar? Da pública? Será?!
    Quantos professores já não foram agredidos por coisas menores do que as que referidas?
    A escola, maria teresa, tornou-se "um mundo" altamente complexo, um mundo muito dificil de gerir.
    Como é que se vai resolver a questão? Não sei, só sei que não se me afigura tarefa fácil.
    Beijinho SEM embrulho.

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  2. Querida Terezoca, não quero acreditar, tinha feito um testamento imenso como resposta ao teu comentário, sem rede ...e ele foi-se!
    Ninguém é ingénuo em pensar que a maioria dos pais dá essa resposta, a resposta politicamente correcta, mas muitos dizem-na e sentem-na.
    Durante mais de 36 anos, testemunhei, estidei, verifiquei, contestei, agi, amei, concordei, acedi, ... a todas as modificações que a Escola foi tendo ao longo dos tempos.
    Estou e o João Tavares também está a falar da pública, a maioria das privadas faz aquilo que os pais querem, caso contrário deixam de ganhar dinheiro. Só há 4 anos "desliguei" da Escola, e esta sempre foi complexa, os problemas é que se vão modificando em paralelo com a sociedade.
    Os professores não são apenas vítimas do estado a que a nossa Escola chegou, eles também são cúmplices. Claro que podem e têm que ser bravos e mais, têm que ser pedagogos primeiro que tudo mas, para muitos isso dá muito trabalho, preferem ter em dia a parte administrativa/burocrática, é chato discutirem-se metedologias e discutirem-se experiências. Não devia ser professor quem quer mas quem tem qualidades para o ser. Muitos professores "gritam" muito em "público", nas acções são cordeirinhos.
    Ninguém disse que há uma receita para "descomplexizar" a Escola, tanto mais que esta deve ser dinâmica, estar sempre em mutação de acordo com a sociedade em que está inserida.
    O meu neto mais velho, frequenta o 3º ano de uma escola pública, excelente opção a dos pais, ele tem uma professora "brava".
    Continuo a ter orgulho na profissão que escolhi tenho vergonha da falta de profissionalismo de muitos professores. Ser professor é uma das profissões em que aquelas que a abraçam devem dar prioritariamente o exemplo.
    Tenho "arquivados" muito casos de coisas ocorridas que dão testemunho do que acabo de afirmar, como é possível existirem pessoas que ao longo dos anos se acomodaram tanto? O resultado há muito que estava previsto.
    Sei que há pais e pais, filhos e filhos, governos e governos,...mas o que tem que existir mesmo são alunos para que a Escola exista e os "sirva"
    Este tema apaixona-me, nele nado como o "carapau" na sua caverna:):):)
    Beijinhos embrulhados para ti

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  3. Querida Terezoca já te respondi duas vezes e de ambas, estupidamente sem rede, o computador deve ter achado que fui muito "violenta" nos meus escritos, apagou-me os comentários.
    Mais logo vou tentar construir outro, até lá
    beijinhos embrulhados para ti!

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  4. Afinal um dos textos passou e como não o reli, aliás foi no gesto de fazer a revisão que sumiu, passaram alguns erros de "simpatia" nomeadamente METODOLOGIA

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  5. Maria Teresa
    Eu também pertenço aos que não têm saudades da palmatória...rsrsrs
    Obrigado pelo comentário que deixou non Arte Fotográfica
    Pelos visto estivemos muito perto um do outro.
    Quase que tomávamos um Porto lá na Ribeira de Gaia.
    Bjs
    G.J.

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  6. Grande verdade, nos dias que correm não fica bem contrariar os "pequenos reis" mas isso faz parte da vida e é uma lição que custa menos se aprendida cedo ;)
    Beijinhos

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  7. Não tenho nenhuma ligação com a "escola", mas a verdade é que tudo o que diga respeito à educação me interessa e leio quase tudo o que aparece, quando acho que vale a pena.
    Sou dos que julgam que "isto está tudo errado" desde o princípio. Os "cérebros" que foram fazendo as sucessivas reformas do ensino, andaram sempre de mal para pior e chegou-se a isto. (Parece que o mal não é só nosso, mas com o mal dos outros...)
    Há dias esteve em Portugal um Senhor catalão, de cujo nome agora não me lembro, que disse meia dúzia de coisas sobre o que a escola NÃO deve ser.
    Uma delas é que a escola não é uma democracia. Na aula há 2 entidades: os alunos que estão para aprender e o professor que está para ensinar. Não se discute numa aula se 2+2 são 3 ou podem ser 5. Este resultado não vai a votos.O professor ensina que são 4 e ponto final.
    O professor é (deve ser, nas palavras do ilustre catalão) um ditador.
    Mas não. "Democratizou-se" a escola (quer dizer, baixou-se muito o nivel e tornou-se o ensino uma brincadeira quando deve ser um trabalho)) e agora assobia-se às botas. Por isso um professor que se imponha e imponha uma certa disciplina acaba por ser "bravo".
    O artigo do Tavares é óptimo, mas ele próprio (o artigo) é provocado pela excepção, quando devia ser essa a regra geral e então não tinha dado lugar ao artigo.
    Confuso? Creio que dá para entender.
    (Não pretendi dar nenhuma lição a ninguém, muito menos a ti que tens anos "disto" e passaste certamente por todas as (más) reformas).
    Só para finalizar. A actual ministra da educação é mesmo o espelho da dita.

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  8. Um excelente artigo do João Miguel Tavares, como sempre.
    E não fosse ele meu conterrâneo. :-)
    Beijinho.

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  9. Eu tenho orgulho de ter sido um professor "bravo", mas ao mesmo tempo poucos terão defendido os seus alunos, quanto eu, modéstia à parte.
    Hoje, há poucos professores "bravos", porque não os deixam ser assim, infelizmente para as crianças e para os pais, estes os que mais contribuem para este estado de coisas.

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  10. Este tema apaixona-me mas o que dizer depois de uma professora de mão cheia de ideias responder com tudo o que eu apoio e em que eu acredito?

    O que faz falta é mesmo Professores Bravos, Disciplinados e Disciplinadores com amor pela sua Profissão isto é, com gosto pelo ensino (tout court). Adicionalmente também faz falta Pais que eduquem os filhos na parte que lhes toca que é fazerem-se respeitar e ensinando-lhes o respeito pelos Professores seus continuadores na educação dos seus filhos.

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  11. *
    os homens precisam de mimos !
    eu preciso, hoje e sempre,
    ,
    Professoras como a da Carolina,
    existem muitas,limitaram-lhes as asas,
    simplesmente !
    ,
    conchinhas,
    ,
    *

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  12. Costumo dizer que dentro da minha sala quem manda sou eu e faço questão de o demonstrar. Estou como o carapau, qual democracia, qual palhaçada. Até hoje ainda não me dei mal mas cada vez mais sinto que luto contra a maré e essa 'luta' tem me provocado ultimamente algum desgaste e desalento.

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  13. Eu tive muitos professores "bravos", mas foram esses que mais me marcaram pela positiva...

    Bjokas

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  14. Oi mariateresa
    Bonita esplanação sobre nossos mestres.
    Concordo que há momentos e idades que um professor muito bonzinho pode causar mais estrago nas crianças do que um bravo.
    E bravo nao significa castigos nem violencias.
    simplesmente coreto, firme nas ordens e na disciplina.
    Essa idade é provocativa, há de ter alguém pra domá-los rs
    tenho boas recordaçoes dos meus, uns bem bravinhos rs
    abraços querida/saudades de ti.

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  15. Um texto que nos faz pensar na Educação que temos e na que gostariamos de ter...
    Talvez não como a do passado mas, decididamente, diferente da que temos.
    Muito haveria a explorar neste texto, a começar pelo "brava" da menina que, com certeza não estaria habituada a cumprir regras!!!??? O ensino deve ser algo integrado, ou seja, algo evolutivo que vai sucedendo na vida de uma pessoa, sem deixar franjas soltas para trás... que tudo vá fazendo sentido porque houve a preocupação de tornar transversal todo o conhecimento ensinado e adquirido... preservar a consistência!
    Algo que não tem vindo a acontecer desde montante com as leis do actual Ministério da (des)Educação...

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  16. PARA TODOS OS QUE DEIXARAM O SEU COMENTÁRIO MUITO OBRIGADA! FORAM TODOS ELES MUITO IMPORTANTES!
    Comecei por dar uma resposta individual mas, depois decidi, uma vez que o artigo não foi escrito por mim, que não o devia fazer.
    Sou da opinião que o artigo está muito bem escrito e que dissecado pode dar origem a uma longa discussão e dela nascerem muitos frutos, se todos os intervenientes conseguirem assumir as respectivas "culpas".
    Essa "discussão" não pode ter lugar aqui. Teria que ser numa conversa de "olhos nos olhos".
    BEIJINHOS EMBRULHADOS PARA TODOS!

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  17. é pena os professores bravos estarem em vias de extinção. Adorei o texto.

    Bjokas*

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