Terminei a minha fuga de três dias, fazendo uma despedida plena de sorrisos na Quinta das Lágrimas, em Coimbra! "Coimbra tem mais encantos na hora da despedida"!

Ao entrar-se nesta Quinta deparamos com a fachada do Hotel da Quinta das Lágrimas, hotel de charme, inaugurado em 1995

Nas suas traseiras podemos encontrar recantos aprazíveis como este ...
e a ladeá-lo veredas, numa das quais observámos, pela primeira vez, um loureiro cerejeiro
Nos seus jardins e mata, as minhas memórias, muito difusas, misturaram-se com as memórias de outras gentes, gentes que por aqui têm passado desde o século XIV, memórias essas bem presentes na vegetação, nas lendas e na sua verdadeira história.
O que fomos observando ao longo do passeio que iniciámos lentamente, para sentirmos na alma o "espírito" do local?

Água, muita água! Este precioso líquido formando um lago com nenúfares
Outro lago

Uma das muitas fontes! Nascente que derrama o seu pequeno caudal sobre uma rocha e que vai alimentando ainda mais outro lago
Árvores, milhares de árvores, abetos, pinheiros, araucárias, bétulas, castanheiros, palmeiras, olaias, canforeiras, nogueiras, carvalhos, sequóias,... originárias das mais diferentes e remotas partes do mundo.
Uma das duas sequóias, existentes na mata, as Wellingtonias (Sequoia gigantea), plantadas para marcarem a presença do Duque de Welligton nesta Quinta, em 1813
Flores, muitas flores principalmente de caule longo, na imagem a flor de agapanto, flor do amor, lírio africano
Era aqui, nesta quinta idílica que Pedro e Inês se encontravam, sempre em segredo, para que nada perturbasse o seu amor. Inês, que a história apelidou de "colo de garça", tal era a sua beleza, residia no Paço do Convento de Santa-Clara-a-Velha, distante da Quinta não mais de quinhentos metros.
A determinada altura deste passeio sem pressas, chegámos a uma das fontes mais conhecidas: a Fonte das Lágrimas
Reza a lenda que esta fonte nasceu das lágrimas derramadas por D. Inês quando foi esfaqueada até à morte pelos três mandatários do rei, D. Afonso IV, pai do grande amor da sua vida D. Pedro, mais tarde D. Pedro I de Portugal. Terão sido as lágrimas que Inês então chorou que fizeram nascer a Fonte das Lágrimas, o seu sangue ficou de tal modo entranhado nas rochas que ainda hoje quando as observamos, vimo-las tingidas de vermelho.
Muito perto encontrámos uma porta em arco e uma janela neo-góticas que dão acesso a este mundo mágico e misterioso que é a mata da Quinta.
Ao lado da porta encontra-se a indicação que ali se encontra a Fonte dos Amores, na realidade pode ver-se um cano estreito, que vai terminar a uma centena de metros do Convento de Santa- Clara-a-Velha. Seriam as águas que brotam da Fonte dos Amores para este cano que serviriam de transporte para as cartas de amor de Pedro para Inês. Diz a lenda que o príncipe as colocava em barquinhos de madeira que, seguindo a corrente, iriam até às mãos delicadas de Inês.

E foi da janela da Fonte dos Amores que eu me despedi, não sem antes relembrar Camões
"As filhas do Mondego, a morte escura
Longo tempo chorando memoraram
E por memória eterna em fonte pura
As Lágrimas choradas transformaram
O nome lhe puseram que ainda dura
Dos amores de Inês que ali passaram
Vede que fresca fonte rega as flores
Que as Lágrimas são água e o nome amores"
Os Lusíadas, canto III
desta pequena grande aventura, deste passeio recheado de amizade, de sonhos, de paraísos esquecidos, ... dizendo: até breve!
Este texto, as "MEMÓRIAS", o "OÁSIS", as "TASQUINHAS E...?"e os "PÉS E MAIS ALGUMAS COISAS", testemunhos de um tempo que passei afastada de alguns dissabores da vida, só puderam ser vividos, escritos e ilustrados graças à perícia fotográfica, disponibilidade, programação, amabilidade,...das minhas AMIGAS e "filhotes" . Para todos um MUITO OBRIGADA e UM BEM-HAJAM!