UMA FÁBULA

O Leão em corrida desenfreada, rugindo como o ribombar de um trovão, saiu da savana e entrou de rompante pela porta que encontrou aberta.
Lá dentro a Gazela assustou-se, com a entrada intempestiva do desconhecido, mas como era afoita e boa anfitriã perguntou:
- Quem és tu? Que desejas?
- Sou o Leão, o Rei da Selva! Quero tudo! Tudo posso!
A Gazela não gostou muito do tom com que foi proferida a resposta mas com uma ingenuidade e timidez, própria da sua espécie, gentilmente respondeu:
- Põe-te à vontade! Tenho espaço e tempo para te acolher e dar atenção!
O Leão não soube aproveitar a ternura com que esta oferta lhe foi feita e contaminou, conspurcou, danificou, dilacerou, rasgou, alimentou-se…Até que um dia foi confrontado e contrariado, a Gazela era paciente e pacífica mas não era cobarde, soube dizer: Basta!
O Leão ainda tentou rugir mas o som foi abafado, tarde constatou que tinha minimizado a força e o poder que a Gazela possuia… a juba murchou, as garras encolheram com medo de serem cortadas rentes, o Leão percebeu que não era desejado, … cabisbaixo, abandonou, como se fosse um cordeiro acabado de desmamar, o espaço invadido.
Saiu sem glória, sem ser admirado, sem ser amado… pela porta dos fundos!

As fábulas costumam ter uma conclusão. Eu, como criadora desta acrescentaria:
“Se o "invasor" tivesse sido um Cão, mesmo que ladrasse, “cão que ladra não morde”, teria sido acolhido, alimentado, mimado, amado … não precisaria nunca de sair pela porta dos fundos, podia se assim o desejasse, sair pela porta da frente”

E QUEM POR AQUI PASSA QUE CONCLUSÃO TIRARIA?