Sou uma sem “terra”, há várias gerações que,
do meu lado materno, toda a família nasceu em Lisboa. Sempre gostei de espaços
livres, esse é um dos motivos porque tenho há anos um Refúgio, entre o mar e a
serra, pertinho de Lisboa, ao qual me refiro muitas vezes. Desde que enviuvei
que passei a fazer deste espaço a minha primeira casa, de certo modo abandonei
um pouco Lisboa.
Presentemente, iniciei um novo ciclo de
estar na vida, este ano ainda não saí do país e tenho procurado redescobrir
Lisboa. Ontem sábado, sem ter programado, encontrei-me a visitar esta
exposição:
ALJUBE A VOZ DAS VÍTIMAS
“Durante 37
anos, entre 1928 e 1965, milhares de homens, vítimas da polícia da ditadura,
subiram estas escadas para recolherem aos “curros” do isolamento, às celas
colectivas ou à enfermaria, vinham dos interrogatories, acabavam de ser presos
ou regressavam de uma visita no parlatório. Muitas vezes, derreados por dias
consecutivos de tortura do “sono” e da “estátua” ou doridos pela violência dos
espancamentos, tinham de ser arrastados, escadas acima, pelos carcereiros. Alguns não sobreviveram.”
(…)
“Muitos presos políticos nunca foram levados sequer a tribunal, sendo
deportados para as colónias ou, pura e simplesmente, libertados após longos
períodos de prisão.
Mesmo assim, entre 1933 e 1974, os tribunais militares especiais e os
tribunais plenários processaram mais de 1 pessoa por dia”.
Saí de lá a pensar que tenho que voltar, não tive tempo de ver com
profundida vários documentos.Esta exposição devia ser vista por todos, nela
faz-se História, nela revivem-se memórias.
Os que ainda se lembram do tempo da ditadura, relembrarão “situações das quais
melhor ou pior” já tinham ouvido falar…os mais novos (e alguns mais velhos
também) vão aprender que viver em democracia é um paraíso…logo é preciso que
não a “estrangulemos”.
A liberdade não se pode confundir com libertinagem!
Deve ser uma exposição interessantíssima. É tão verdade que quando se vive em liberdade, ela é tomada muitas vezes como garantida... quando nada poderia estar mais longe da verdade, a história bem nos ensina isso... Tenha uma óptima semana, no seu refúgio, em Lisboa ou onde estiver o seu coração!! beijinhos livres!
ResponderEliminarNão deve ser uma exposição fácil de ver, mas se vier para o Porto, tentarei ir.
ResponderEliminarQuerida Eva os conteúdos da exposição, escritos e audiovisuais, são produtos de investigações recentes e de testemunhos de alguns sobreviventes que sofreram na "pele" a repressão.
ResponderEliminarO "coração" acompanha-me nestas deambulações e pode "testemunhar" o desmantelamento da PIDE...
Beijinhos embrulhados para si!
As coisas mudaram tanto... e duvido que, na maioria dos casos, tenha sido para melhor. :(
ResponderEliminarTodo manisfesto em prol a democracia é mais que válido é necessário.
ResponderEliminarMuito bom este seu post.
Um beijo grande
Querida Gábi esta exposição não deve ir para além de Lisboa por um motivo...O Aljube, edifício onde está exposta é uma antiga prisão política (conhecida em todo o mundo)reconstruiram os "curros" ("gavetas"), celas de 1 por 2 metros onde algum presos políticos (não eram malfeitores)ficavam quase sempre mergulhados numa semiobscuridade.
ResponderEliminarAs diferentes partes da "exposição" estão nos locais onde as "coisas" se passaram.
Beijinhos embrulhados para si!
Querida S* não pode dizer isso ... se estivesse nesse tempo há muito que tinha sido presa ...
ResponderEliminarTalvez nunca tivesse entrado numa faculdade, não beijava certamente o namorado em público, não podia usar biquini, se fosse funcionária pública tinha que pedir autorização para sair do país ou entrar num casino...nunca veria a maioria dos filmes que por aí passam, nem leria muitas das obras que por aí pululam (fazíamo-lo com muitos riscos)...se alguém decidisse denunciá-la porque tinha dito palavras menos abonatórias contra alguém do governo, a meio da noite entravam-lhe pela casa dentro e depois muita coisa podia acontecer a menor das quais seria deixarem-lhe a casa toda desarrumada...
Quando os arquivos foram encontrados no pós 25 de Abril verificou-se que mais de um milhão de pessoas estavam "fichadas"...
Está tudo documentado!
Hoje estamos mal de políticos, muitos deles desonestos,ignorantes,incompetentes,...mas eu posso chamar-lhes isso sem medo de represálias, de ser presa, espancada, torturada, insultada...e creia que não estou a ser demagoga.
Para além disso o que descrevi é a ponta de um icebergue...
Beijinhos embrulhados para si!
Querido Paulo é pena que nem todos compreendam o que é a democracia e que tenham emergido com ela políticos corruptos, desonestos, parcos em inteligência,...que de governação pouco ou nada percebem.
ResponderEliminarO "povo" ao qual pertenço também está pouco educado...não entende que há regras a cumprirem-se, que viver em liberdade não é andar no "regabofe" e ter-se direito a tudo... inclusivamente ter um estado patrão/pai que tudo nos deve...
Beijinhos embrulhados para si!
exposição interessante, que aconselhava aos docentes a levarem os seus meninos, já que hoje em dia a "canalha" (como dizemos por aqui) julga que Portugal sempre foi como hoje : um pais de libertinagem
ResponderEliminarkis :=)
Querida Avogi considero a tua proposta totalmente pertinente...talvez muitos aprendessem "quanto custou a liberdade".
ResponderEliminarMuitos dos torturados não tinham nada a ver com opções políticas...queriam a liberdade de pensamento e de expressão na sua forma mais elementar...
Beijinhos embrulhados para ti!
Querida Evanir muito obrigada, retribuo os seus votos.
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Entrei para a escola no dealbar da Democracia, cantei "uma gaivota voava voava, asas de vento, coração de mar"... vi os soldados de cravo vermelho na mão e ouvi falar-se em revolução.
ResponderEliminarÉ claro que eu era pequena para compreender o que se estava a passar e não testemunhei grandes diferenças no meu dia-a-dia.
Estas exposições são as memórias vivas que contam a quem não as viveu na primeira pessoa realidades que não se podem escamotear nem deixar repetir.
Deve ser de facto muito interessante, se bem que um pouco deprimente, não será?
Beijinhos embrulhados com pétalas de cravos .)
Querida Orquídea não achei deprimente...continuo a achar revoltante,vergonhoso,...e associado a tal "vejo" a guerra no ultramar em que tantos colegas de faculdade pereceram ou ficaram marcados para o resto da vida...
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Deveria ir a esta exposição quem não exerce o direito ao voto, para ver o que era no tempo em que este não contava para nada. Beijoca.
ResponderEliminarO pior que as ditaduras fazem não é aos corpos, mas às mentes. Por isso nesses tempos, pessoas que parecem estar acima de qualquer suspeita, são capazes das maiores ignomínias. O "acaso" fez com que eu possua um documento que prova isso mesmo. Como uma pessoa, aparentemente pacata e pacífica, pode tomar certas atitudes, movida por exemplo pela inveja, pode delatar outra, sabendo que o "regime" irá usar isso para prejudicar essa pessoa. Perde-se o sentido da dignidade, da honra, do mais simples civismo.
ResponderEliminarE mais não digo, a não ser que nunca passei pelos curros do Aljube, nem por outros, e portanto não posso gritar “eu estive xis anos xis preso”, como muito boa gente fez, só para tirar partido disso.
Bjo.
Querido Rafeiro no tempo em que o voto não era universal...Hoje temos o direito de escolha e não o sabemos usar!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para ti!
O Jota gostou da narração ;)
ResponderEliminarQuerido Carapau não faz apenas mal às mentes...os "corpos" de muitos também ficaram marcados.
ResponderEliminarNo desmantelamento da PIDE perdeu-se muita documentação, houve documentos desviados por quem não o devia ter feito, por isso já não existem algumas provas mas, mesmo assim, ainda há muita História documentada.
Beijinhos embrulhados para ti!
Querido Jota ainda bem que gostou da narração...está na altura de ir ver com os próprios olhos as provas!
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Maria Teresa
ResponderEliminarSó posso dar-lhe os Parabéns por ter oportunidade de ver uma exposição com esta importância.
Se ela vier ao Porto, não perderei.
Bjs
G.J.
Querido Gaspar esta exposição não deve ir ao Porto (penso eu) pelos motivos que escrevi na resposta que dei à Gábi.
ResponderEliminarBeijinhos embrulhados para si!
Infelizmente ainda me lembro muito bem desses tempos. Talvez por isso esteja a reagir muito mal a tudo o que se está a passar neste país nos últimos tempos. Vou ganhar coragem para passar por lá...
ResponderEliminarQuerido Carlos sou menos "aguerrida" mas penso de um modo muito semelhante ao que descreve, também ando revoltada mas procuro não fazer disso um ponto vital, por uma questão de defesa.
ResponderEliminarA exposição vai estar "aberta" até 5 de Outubro, vai certamente gostar.
Beijinhos embrulhados para si!