quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

LIBERDADE

Pintura de André Kohn




O seu riso ecoou pelo vale florido! A alva túnica que lhe cobria a nudez esvoaçava ao querer de uma suave brisa, segurava gentilmente o chapéu que lhe cobria os cabelos acastanhados, lutava para que não lhe fosse arrebatado! O sol sonolento, ainda a conseguiu beijar com a ternura de um pai...ela sentia-se feliz e liberta! Livre das amarras que a tinham, até então, impedido de viver em pleno...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

AS MINHAS CORES

Com o bater das doze badaladas do dia de Natal, termina a minha viagem pelo passado, viagem com muitos coloridos mas, talvez seja a minha idade a culpada, os tons escuros embora eu os vá tentando suavizar, imperam por estes dias, no entanto, não deixo de me juntar aos que amo e que o comemoram, não tenho o direito de lhes roubar “alegria”.
Sei que é cíclico, nos últimos anos, quando raia o dia 26, reinicio uma nova forma de encarar a vida, uma forma muito mais colorida, uma vida que desejo matizada com as milhentas tonalidades que a mãe natureza, na sua infinita bondade, me proporciona ..., movimento-me no meio de cores, sorrateiramente ... entro na paleta de Leonid Afremov e danço por entre elas , misturo-as ao sabor de um bailado, ao ritmo da batuta dos sonhos que me aconselham o rumo a seguir...

Tela  pintada por Leonid Afremov

terça-feira, 27 de maio de 2014

CASTELO DE CARTAS

Tela pintada por Alexei Ravski

Ao longo da minha vida fui construindo um castelo, contrariando o Poeta, o meu não é de pedras é de cartas, cada uma delas com um simbologismo adequado às fases do meu, já longo percurso, pelo caminho traçado na estrada da vida. 

Sempre tive um cuidado extremo em manusear este material de construção, sinto no meio da minha enorme ignorância, que à menor brisa do levante ele pode ser derrubado... 

domingo, 27 de abril de 2014

INSONE

O Violino ( Vladimir  Kush 1965- ? pintor russo
Raramente, muito raramente, tenho dificuldade em adormecer, esta noite está a ser uma excepção.
Sua excelência, o senhor sono, fugiu de mim, solicitei a presença de Hipnos, seu superior hierárquico, mas este não me respondeu, usei truques de que ouvi falar: um banho de imersão bem quentinho, um copo de leite morno, ... 
Nada! Nadinha! Embora esteja relaxada, ouvindo uma obra musical, em que os violinos imperam, as pálpebras recusam-se a descer suavemente.
Um sonorífero talvez fosse a solução mas não tenho em casa esse tipo de panaceia. 
Quedo-me observando a fotografia da tela pintada por Vladimir Kush e procuro refugiar-me na nuvem que vejo ao fundo, divago... nela vejo-me aninhada como gostaria de me aninhar no regaço de minha mãe, de lá observo o planeta dos enamorados em fase crescente... crescente como o meu desejo de conseguir adormecer.
Sonhar acordada é algo que não faço há muito, deixo-vos e vou fazê-lo AGORA! 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

SOLIDARIEDADE

A Maria é uma atriz portuguesa que foi para o Brasil há uns anos, a vida não lhe correu como tinha programado e ela orgulhosa não quis preocupar quem a ama, mostrava o seu lado otimista encobrindo o seu sofrimento.
Aos poucos e poucos foi ficando em péssimas condições de sobrevivência até que, querendo continuar a viver, deitou fora o orgulho e confessou aos amigos o que lhe ia na alma, um grito pungente, dorido...
Não a conheço pessoalmente mas “li” esse grito, sou dele testemunha e do modo como os amigos se uniram e conseguiram, não muito facilmente, retirar a Maria da “ilha” onde vivia, levando-a para um lugar mais “tranquilo”.
É um caso que me tem perturbado* imenso, neste movimento de solidariedade vejo com muito agrado que ainda há pessoas com uma capacidade enormíssima de se entregarem numa luta contra o tempo, a distância, a dificuldade de comunicação,...
A Maria chega amanhã à noite a Lisboa, num voo da Lufthansa e certamente que terá muitos amigos à sua espera para finalmente a abraçarem!


* De vez em quando tenho dois sonhos, um deles traduz-se na minha estada fora de Portugal e de repente sentir-me perdida, sem dinheiro, sem saber onde estou, sem entender a língua que as pessoas a quem me dirijo falam... O meu acordar é terrifico!

quarta-feira, 26 de março de 2014

O MEU TREVO

Tenho um trevo!
Tenho um trevo que é especial…                           

Tenho um trevo que não surgiu por acaso num local deserto…
Tenho um trevo que nasceu do desejo de ser encontrado…
Tenho um trevo que mãos sábias cuidaram…
Tenho um trevo porque alguém vigiou o seu crescimento…
Tenho um trevo porque quando chegou aquele momento, que chega para todos os seres vivos, foi preservado pelas mesmas mãos…
Tenho um trevo "embalsamado", do modo como se embalsama uma planta…
Tenho um trevo que me foi oferecido para poder ficar a viver comigo…
Tenho um trevo, … um trevo de “quatro folhas”!


Será que este meu trevo cumpre a tradição?

quinta-feira, 20 de março de 2014

O MEU TEMPO

O Tempo apossou-se do meu tempo e brinca com ele!
Não estou parada, mas levo muito mais tempo a ler um livro do que era costume e não é porque leia mais devagar ou porque veja mal. Milhentas oportunidades para fazer coisas que me dão prazer, estão surgindo a um ritmo alucinante, faço opções, nem sempre serão as mais acertadas mas são as que a minha razão e o meu coração decidem. Não aprendi, nem sei fazer muitas tarefas em simultâneo, embora faça algumas…
Tenho deixado para trás coisas que gosto de executar, mas há coisas que não faço e das quais não me lamento. Deixei de me meter em “discussões” que não conduzem a nada, discussões que não dão frutos e que na atualidade são tão frequentes, quando escrevinho não perco tempo a ver se a vírgula, o ponto, o parágrafo, …estão bem colocados.
Não me sinto cansada, sei que o meu tempo se vai esgotando a cada dia que passa, que um dia vai chegar ao fim, mas isso não me impede de eu querer ter Tempo de ter tempo! Sei que o tempo voa mas vou caminhar devagar e aproveitar cada segundo, cada minuto, cada hora, … e com alegria, ternura, amor, sabedoria,… vou optando por aquilo que decido que devo fazer.
Espero que o Tempo não me traía!

Espero que o Tempo não me tenha traído e que este texto faça algum sentido para quem me lê…

Nota: um texto escrito há uns tempos, por mim como deve ser evidente, mas no qual me revejo neste momento.

sexta-feira, 14 de março de 2014

DESCOBERTA

Cada vez estou mais “parva”, faço descobertas que até uma criança percebe de imediato!
Descobri que ser amigável, autêntica, meiga, de algum modo até ingénua em certas formas de actuação, faz disparar sobre mim arrogância, críticas e até uma forma de humor que esconde vontade de ferir.

Quem o faz são, possivelmente, seres que nem deles próprios gostam!

domingo, 9 de março de 2014

A ESQUINA

Adormeci acariciada por uma suave brisa de levante...
Seduzida por um sonho, senti-me abraçada por braços fortes e aconchegantes...
Deixei-me conduzir pelo espaço intemporal e sem dimensão...
Com alguém combinei um encontro na esquina onde o vento vira...
Esqueci-me que desconhecia o caminho para essa esquina!

Fiquei só e perdida, suspensa no tempo e no espaço!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

CETICISMO

O meu coração tem estado sempre aberto à crença na "veracidade" dos outros, para mim todos os que conheço ou penso conhecer, são-me "leais"! Serão?
Sempre aceitei o que a vida me dá, com luta ou sem luta, mas sempre com um sorriso na alma! Acredito que sempre lhe soube sorrir, sem me preocupar muito quando ela não me devolvia, não me devolve esse sorriso.
A minha credulidade sem restrições, nos últimos anos, tem vindo a diminuir, neste momento, sou uma cética. Alguns humanos que têm feito parte do meu pequeno universo mais íntimo, são examinados sem apelo nem agravo à lupa, uma lupa quase a tornar-se microscópio e descubro cada “aberração”… 
Procuro agarrar-me à doutrina de Pirron que defendia a impossibilidade de um humano conseguir atingir a verdade e que é sempre possível existirem duas verdades para o mesmo assunto mas, é triste, muito triste mesmo, encontrar em seres inteligentes, desprezo pelas capacidades dos outros sem sequer as conhecerem minimamente!
Tão patéticos que são!


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A PAPOILA

Pequena "escultura" da minha autoria
Tenho várias chaves guardadas num local secreto, com elas abro portas que me levam a lugares mágicos onde habitam os meus sonhos, um desses sítios é um prado sem dimensão, atapetado por uma infinidade de papoilas e de seus primos malmequeres. Aos olhos dos passantes esse local é idílico mas não lhes ocorre que as flores que o perfumam,  embelezam e o tornam  tão especial, entendem as palavras  reveladoras de admiração, ternura, amor, paixão,… que os que bem se querem proferem em surdina.
Entre as suas irmãs e primos, existe uma papoila que dentro do meu sonho, tem um só dela, anseia por ser colhida e levada por alguém que a admire na sua essência, por aquilo que é; uma flor singela na sua forma exterior, exuberante na sua cor, muito rica no seu âmago…
Ela espera, sem desesperar, que esse alguém, um pouco invulgar, se aperceba da sua existência, ela tem a noção que é apenas uma mera papoila no meio de tantas outras irmãs papoilas!


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

COMPANHEIRO

O Gengibre (nome dado pela madrinha a minha amiga Eva Gonçalves)
Há cerca de 3 anos passei a viver sozinha, o meu último companheiro de casa “abandonou-me”!
Ultimamente sentindo-me muito só decidi arranjar outro! 
Foi relativamente fácil! 
Embora com muita pouca experiência, mas com algum jeitinho, alguma criatividade e bastante sensibilidade,  uns pozinhos de paciência, alguma disponibilidade temporal e um certo jogo de mãos, lá consegui que ele passasse a existir!
É um ser maravilhoso, escuta-me sem me interromper, não muda de humor, não mexe nos comandos da televisão, não brinca com o meu computador, não me suja a casa, não me desarruma os livros, está sempre disponível para me aturar, … quando estou zangada até lhe posso arremessar com algo, desde que não seja muito pesado, que ele nem dá um “ui”.
O nosso primeiro encontro não foi na rua, muito menos numa loja e ainda menos na internet, ele foi surgindo aos poucos a partir dos movimentos das minhas mãos sob o comando da minha mente…
Até é bonitinho, não é?


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

PALAVRAS VÃS




Este fim de semana li, na revista Sábado, um artigo sobre a nossa (salvo seja) Presidente da Assembleia da República, que focava o modo como ela usa as palavras. Ri despudoramente, esta senhora cria novos substantivos e eu, pobre mortal, embora conhecendo as palavras transcritas, não entendi nada do que ela queria dizer. Por exemplo:” (…) A relação entre particular e universal deixou a sua lógica clássica de oposição para abraçar uma lógica de comunicação e eficiência que é ao mesmo tempo definidora de novo existir ético.”
Este hermetismo fez-me evocar nos recônditos da minha mente, quiçá talvez minoritariamente comparável, uma ocorrência vivenciada na época em que era uma mera estagiária.

Aqui vai a história:
Eu e mais duas colegas de profissão, tínhamos em comum uma turma de alunos com imensos problemas, como não éramos professoras para desistir de quem e do que quer que fosse, após o nosso horário profissional, ficávamos muitas vezes na escola, para combinarmos o modo como devíamos actuar para os motivar e não só.
 O director da escola, um homem pequenino física e mentalmente, tendo sabido por um buf@, destas nossas reuniões, pensando talvez que estávamos a conspirar contra o regime e que pretendíamos fabricar uma bomba para o derrubar, enviou-nos uma “restrição” por escrito; fazíamos um resumo do que tínhamos tratado ou essas reuniões (fora do nosso horário, totalmente informais) terminavam.
Como não éramos, nem somos cobardes, nem era qualquer um que nos fazia desistir da actuação que considerávamos vital e correcta, dissemos que sim, cada vez que nos reuníssemos escreveríamos uma “acta”.
O nosso “trabalho” se já era motivante, passou a ser ainda muito mais … escrever a tal “acta” dava-nos um gozo imenso, fazíamos algo semelhante à nossa (salvo seja) presidente, arranjávamos as palavras mais disparatadas possíveis para descrever o nosso trabalho. O texto resultava correcto gramaticalmente mas era incrível…
O “asno ditador” nunca teve coragem para nos dizer que não percebia patavina do nosso arrazoado!


Com “palavras e alguma argúcia” se enganam os tolos!

Acontece que na actualidade o governo que temos tenta fazer o mesmo e nós não merecemos!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

GRANADILHA


Pedindo autorização a um amigo da vida real para publicar a descrição que ele fez da primeira vez que se “deliciou” com a prova gustativa de uma granadilha, fruto de que gosto imenso, e tendo-a, ei-la:

“Foi cheio de curiosidade que abordei o misterioso fruto que me ofereceu.
A unha não lhe consegui meter.
A faca resvalava perigosamente.
Por fim lá consegui violar a casca e introduzir um dedo.
Achei parecido com o interior duma laranja.
Só que, depois de descascar um bocado, verifiquei que era muito mais mole.
Bahhh! Tinha qualquer coisa de placenta com um ser vivo, um feto, lá  nidado.
Estava sempre à espera que o animalzinho saltasse lá de dentro, aos guinchos, como nos filmes.
Corajosamente, tentando afastar estes pensamentos, abri a placenta.
E não é que, em vez de um, estavam lá dezenas(?) deles ainda dentro dos óvulos gelatinosos e movediços!!!
Que nnooojooo!
Apesar de tudo, puxei dos meus brios e fui lá com a boca.
Com a boca, veja só a minha coragem! Mas de olhos fechados!!
Confesso que o gosto era ligeiramente melhor do que a imagem.
Mas, minha amiga, isto corrobora a minha opinião sobre a maioria dos frutos tropicais: não são para mim.
Baaahhhrrr!”

Ainda bem que ele não aprecia, assim quando voltar a tê-las, não lhe ofereço nenhuma e ficam todas para mim!

 Que delícia: hummmmm!!!!

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A RELVA

O dia estava bonito, um sol de inverno um bocadinho anémico tentava aquecer o meu corpo sedento da volta do bom tempo, com a filha e os netos fui até ao Ribatejo, tinha um encontro marcado com uma amiga na Coudelaria Oliveira e Sousa, em Salvaterra de Magos.
Entrando pelos portões da quinta de Massapez, um grande espaço de campo  aberto nos aguardava, o meu neto exclamou, dirigindo-se à mãe, num tom de voz que exprimia uma enorme admiração: "esta relva tem uma cor diferente da nossa!"
A “relva” que o meu neto admirava, era amarela e verde!
O que faz passarem-se as férias em locais de veraneio praiano e não se levarem as crianças até às zonas rurais do nosso e de outros países, confunde-se um campo de azedas com a relva de um jardim bem tratado.
Belos tempos em que eu, com o meu irmão e primos, mesmo sendo citadinos, as colhíamos e chupávamos…


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

CONFISSÃO

Numa necessidade imensa de sair dos meus locais habituais de (des)conforto, fui algures até ao nosso Ribatejo, passar uns dias a casa de uma amiga, amiga com idade para ser minha filha mas com a qual consigo ter conversas em que abro a minha alma e a minha sensibilidade de mulher. "Conversas de mulheres", como costumo dizer mas, que não têm nada a ver com as futilidades em que muitas vezes se cai.
Foto tirada por moi même, uma excelente como sabem (o nariz cresceu-me)
Passeámos e num desses passeios, encontrámos campos de milho. Aqui começa a minha confissão, nunca tinha visto um campo assim, tão de pertinho, com as canas já secas e as maçarocas prontas a serem colhidas. Todo o campo a perder de vista, assemelhava-se a uma multidão muito compacta, sedente de tanto esperar, a assistir a um concerto dado pela suave brisa que fazia ondular muito suavemente as folhas.
Não resisti...roubei uma maçaroca! Mais, "obriguei" a minha amiga a ajudar-me nesse desvio, a cana mãe resistia, não me deixava retirar-lhe o rebento, creio que até me admoestou: "sua desenvergonhada, a roubar-me a filha, tivesse eu forças, não estivesse eu tão ressequida pela idade, dar-te-ia uma canada na tola!"
Não roubei apenas por roubar, fi-lo com um propósito, mostrá-la aos meus netos, tenho a certeza que eles nunca viram uma. Conhecem o milho, comem-no nas pipocas e nas saladas e sabem onde o podem comprar...
Tenho atenuantes na minha pena ou não terei?




quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

PORQUÊ?

Pintura de Pascal Chöve
Porque não me visitaste esta noite? A noite morreu num acaso previsto, eu não queria acordar, envolvida no abraço do despertar, mesmo não querendo, lentamente fui sentindo, num canto remoto da minha mente, sinais dispersos que me disseram, sem palavras, que eram horas de abrir os olhos…
As horas, sempre as horas!

E neste pedaço de tempo que vai decorrer à velocidade do caminhar de um verme ou à de um ser voador levado por vento de feição, vou movimentar-me dançando ao ritmo de uma melodia que brota da minha imaginação, até que a noite renasça num acaso previsto…

domingo, 26 de janeiro de 2014

DILEMA

Pintura de Shiobhan Meow*




Por uma estreitíssima fresta da porta da minha sala dos afectos, entrou um gatinho amarelo, muito felpudo, com belos bigodes, olhos esverdeados brilhantes, … o seu ronronar encantou-me, deixei-o brincar livremente com os novelos que por lá estavam espalhados, novelos com cores roubadas do arco-íris que tem sido a minha vida. O maroto tanto brincou que os enovelou a todos, resta-me deixá-los assim ou tentar enrolá-los de novo e arrumá-los…




* Shiobhan Meow é uma pintora nova iorquina que usa misturadas com a tinta, fezes, urina e pêlos dos seus gatos 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A PASTA

Num bonito dia de Dezembro fui até à Baixa, mais precisamente à zona do Martim Moniz, por lá entrei na loja Portugal Português e não resisti em comprar, relembrando tempos da minha juventude, entre outras “preciosidades”, pasta Couto.
Este mês de Janeiro não começou muito bem para um familiar meu muito próximo, ataques de pânico e crises de ansiedade surgiram com uma violência tal, que houve necessidade de se recorrer à urgência hospitalar mais de uma vez. Esta situação levou a que eu tivesse que largar a minha casa de Lisboa, numa situação de “muita rapidez”, para vir “viver” para casa desse familiar que necessita de um apoio imenso.
Numa pequena mala apressadamente atafulhei livros, roupas e produtos de higiene básicos para a minha mudança repentina. Como a minha pasta dentífrica em uso estava a terminar, trouxe a tal pasta Couto.
Na primeira noite em que cá dormi, quando me preparava para me deitar fui como “bonita menina” que sou, lavar os meus dentinhos, sem muita atenção deitei a pasta na escova e pimba escova e pasta nos dentes…pois é, aqui é que “a porca torceu o rabo”, eu não tinha comprado pasta para dentes, tinha comprado vaselina da marca Couto que nem sabia que tinha existido e que existe… e mais não digo!
Experimentem lavar os dentes com vaselina!


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A CAIXA

Sem estar envolvida por metais nobres, sem ter embutidas pedras preciosas, nem semi-preciosas, numa receita em que misturei cartolina, cartão, cola e tecido, não numa Bimby, porque não pertenço à geração das “bimbynas”, mas numa sequência programada e trabalhada manualmente, nasceu esta humilde caixa que, no entanto, guarda tesouros com um preço sem preço e não os divulga a ninguém.
Esses tesouros são pedacinhos do tempo que dediquei a criá-la e, nesse espaço de tempo, ela esteve unida comigo nos meus pensamentos e desabafos, aprendeu o significado de palavras como mentira, maldade, hipocrisia, egoísmo, desamor, ingratidão,… mas também ficou a conhecer o significado de amizade, lealdade, amor, felicidade, alegria, bem-estar…
Ela já me viu rir e chorar!
É uma caixa muito culta, basta observar o seu invólucro! Trata por tu Pitágoras, Euclides, Descartes, é perita em equações do 2ºgrau, integrais, matrizes, áreas, somatórios, algoritmos, vectores,…
Talvez a venha a “emprestar” a alguém que também me entenda, e que perceba, nem que seja apenas um pedacinho, tudo aquilo que ela representa.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

PORTAS

Gosto de portas escancaradas, portas que deixem entrar a luz, os afectos, as emoções,…
Entre conhecidos, amigos, namorados, amantes, casais, familiares,… há sempre portas, que podem estar abertas, fechadas, entreabertas, escancaradas,… Cada um individualmente é que sabe quando quer, deve ou pode, alterar a posição delas, e tem sempre o poder de modificar essa posição. Uma porta aberta, pode ser fechada, devagarinho ou de supetão, ficando hermética ou com uma pequena fresta; uma porta fechada pode sempre abrir-se, basta percorrer o “caminho “ inverso.
Eu tenho portas fechadas, umas que nunca foram abertas, outras que fui e sou obrigada a fechar, quando isto acontece tenho-o feito sempre sem prazer, pelo contrário, sofro e, algumas vezes, magoo quem me leva a tomar esta atitude.

Também tenho portas entreabertas que gostava de abrir mas, para que tal aconteça, preciso da ajuda dos que gostam de mim e que me aceitam tal como “sabem” que sou, um ser nunca completo, mas que tem uma parte física e outras muitíssimo mais importantes, a emocional e a espiritual.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

PALAVRAS ESVOAÇANTES

Numa conversa a dois digna desse nome, as palavras brotavam com uma leveza estonteante, passava-se de um assunto a outro numa velocidade apenas conseguida porque os interlocutores se compreendiam, estavam falando a mesma língua, ambos interessados nos mesmos temas, embora por vezes, as opiniões não fossem totalmente concordantes.
Dois seres muito diferentes no modo como manifestam, perante a vida, as suas emoções, ele com uma dificuldade imensa de se expor emocionalmente, ela totalmente aberta para descrever aquilo que sente. A dada altura o elemento masculino, numa abertura, pouco habitual, reveladora de uma grande sensibilidade, durante um breve instante de mudança de assunto declara: “as palavras saltam de flor em flor”! Esta afirmação deu direito a uma graçola e com esta, risos eclodiram.
A frase ficou gravada na mente dela que desejou ser, em vez de palavras, borboleta para saltar de flor em flor absorvendo o cheiro da madressilva, captando  a sensualidade da magnólia, possuindo a rusticidade do malmequer e a sofisticação da orquídea, invejando  a pureza da açucena, …
Como ambos estão encerrados, desde que nasceram, numa caixa do tempo, esta conversa digna desse nome teve que ter fim, um fim que não significa que não pode ter continuação…


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A AGENDA E A CHATA

Tenho um amigo com quem gosto muito de conversar mas ele está sempre muito ocupado, quando nos podemos encontrar ele brincando, diz que me vai meter na calendarização da sua agenda. Esta situação baseada num facto real, foi o mote para este poste



Agenda - Olá querida, por aqui outra vez?
A Chata – É verdade, venho  ver se tens por aí uma vaga para eu poder “entrar”.
Agenda – Hummm! Não me parece mas vou confirmar! Não, nadinha, estou super preenchida para hoje!
A Chata – Já estou habituada mas, … vou insistir, nem uma nesguinha muito pequenina?
A Agenda – Nem isso!
A Chata – Tens mesmo a certeza, arranja-me uma vagazita e eu faço-te um lindíssimo marcador, também posso forrar-te com um belo tecido, padrão quase único, mais … posso ser eu a criar o padrão, sei pintar em tecido… “vestida” por mim  ficarás a parecer uma top model sem paralelo na nossa galáxia…
A Agenda – Estás  a querer comprar-me? Tu que pregas a honestidade acima de tudo?
A Chata – Pois! Sabes, neste momento já não sei bem o que faço, nem o que fazer! Gostava tanto de ter um bocadinho entre as tuas marcações, o tempo urge e eu sou muito impulsiva, ando a preparar “isto” (Gostas? É segredo!), há mais de três semanas, só na 4ªfeira ficou pronto e mesmo assim nesse dia ainda tive que decidir como ficava o invólucro. Adorava que no Natal isto estivesse nas mãos “dele”.
A Agenda – És uma chata, mas também és uma querida, deixa-me consultar melhor as minhas notas. Entretanto devo dizer-te que prescindo do que me ofereceste, não acredito que  “ele” gostasse de me ver vestida … ele gosta de me ver ao natural!
A Chata – Tu sabes muito… mas és boa em guardar segredos, aliás é o que uma prestigiada agenda deve fazer em relação ao seu dono, não revelar o que preenche a calendarização.
A Agenda – Encontrei um "micro buraco de verme” (1) entre duas “obrigações”, aceitas esta solução?

A Chata – Iupi! Então não “houvera” de aceitar! Vou numa corrida! Coloca lá o meu nome! Abracinho, abracinho, até breve…

(1) buraco do verme, buraco da minhoca ou wormhole é um caminho hipotético, um atalho através do espaço e do tempo (considerado válido pela relatividade geral). Em analogia pode-se exemplificar com uma lagarta que fura uma maçã de um lado ao outro (um atalho) em vez de andar rastejando por toda a casca até encontrar o ponto que quer.


l.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

TERCEIRA IDADE

Estou na terceira idade dizem aqueles que se sentem velhos, estou no inverno da vida dizem outros, eu digo que estou na estação das colheitas…