segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PROFESSORES

Porque gostei muito deste texto, que me chegou por e-mail, vou partilhá-lo com todos vós. Vou transcrevê-lo com a respectiva imagem porque não sou capaz de fazer de outra maneira.

“os homens precisam de mimos

A professor é brava

Eu ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente a nova professor da minha filha mais velha, mas já gosto dela por antecipação. Três dias depois de ter entrado para a primária, a Carolina declarou solenemente: “A minha professor é brava”. Brava?!?, perguntei eu. “Sim, brava. Ela não me deixa espreguiçar, ela não me deixa bochechar ( a Carolina queria dizer ´bocejar´), ela não me deixa beber água ( a Carolina queria dizer ´ela não me deixa interromper a aula para fazer o que me apetece´). É muito brava”.
Eu, que estava com algum receio de colocar a Carolina no ensino publico, respirei de alívio. “Ufa, parece que lhe saiu a professor certa”, comentei com a minha excelentíssima esposa. Receava que lhe tivesse calhado alguém que falasse com ela como a ministra Isabel Alçada falou connosco no famoso vídeo de início do ano lectivo: como se o nosso cérebro estivesse morto e todo o acto de aprendizagem tivesse de ser um desmesurado prazer.
A Carolina vinha de um infantário fantástico, que tem feito maravilhas pelos nossos filhos, mas onde era mais mimada do que o menino Jesus no presépio. Ora, chega uma fase na vida em que as crianças têm de perceber o que significa a disciplina, o esforço, a organização, o silêncio, o saber estar numa sala de aula, e toda uma vasta parafernália de actividades que não são tão agradáveis como comer Calippos de morango ou gerir o guarda-roupa das Pollys – mas que ainda assim são essenciais para viver em sociedade.
A minha filha está na idade certa para aprender que tem obrigação de gastar 20 minutos diários a fazer o trabalho de casa. Para perceber que uma irmã mais velha tem mais privilégios mas também mais deveres do que os seus irmãos. Para compreender que com muito poder vem mais responsabilidade (sábias palavras do tio do Homem-Aranha). É essencial que estes valores - que atribuem o devido mérito à liberdade e ao esforço individual – estejam alinhados entre a casa e a escola.
Isto nem sempre acontece. A nossa escola passou num piscar de olhos da palmada no rabo à palmada nas costas. Ninguém tem saudades da palmatória, mas quando perguntam aos pais o que eles mais desejam para a escola dos seus filhos, a resposta costuma ser esta: regras claras e maior exigência. Os professores bravos fazem muita falta. Hoje a Carolina protesta. Amanhã irá agradecer-lhe.”
João Miguel Tavares. Jornalista
jmtavares@cmjornal.pt



domingo, 28 de novembro de 2010

ÓBIDOS

Neste domingo também passei por Óbidos e como não podia deixar de ser, fui saborear uma ginjinha. Ginjinha bebida com a ajuda de uma minúscula chávena de chocolate que depois se mastiga. Gostava mais de a ter saboreado através de um cálice ou de um “copo de três”.
Quem se lembra do copo de três?
Este simples gesto de emborcar lentamente um niquinho de tão delicioso néctar foi perturbado com entrada intempestiva de uma horda de “bestas” com dois pés, eram mais de vinte homens e mulheres, pareciam animais que tinham acabado de ser soltos de um redil (faziam parte de uma excursão, verifiquei um bocadinho mais tarde). Empurravam-se, ululavam, diziam obscenidades, riam desbragadamente, … e eu fiquei pensando: “como é que se pode exigir boa educação a algumas crianças, quando se observam comportamentos como estes em adultos, alguns dos quais são certamente já pais?


Entretanto recordei a minha estada nesta linda vila, por esta altura do ano, já lá vão quatro anos. Fui com “parte” da família, o objectivo da visita era ver o “Óbidos Vila Natal”. Foi diferente, mas não preencheu as minhas expectativas, talvez porque a vi sem iluminação, vi-a de dia. À noite fiquei no alojamento porque a minha neta era muito pequenina e alguém tinha que ficar com ela. Quis tentar patinar no gelo, logo eu que nunca calcei uns patins, mas os adultos que me acompanhavam não me permitiram, eu nesse dia fui obediente, não quis que ninguém se zangasse…
Mas que “eles” foram uns desmancha-prazeres, isso foram!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA LXII

Uma semana cheia mas vazia…pouco produtiva, o mau tempo impediu-me de fazer milhentas coisas.
Esta coisa de estar sempre a acusar o tempo deve ser uma tara, o tempo não tem culpa nenhuma eu é que tenho, devia pensar em alternativas “gostosas”…
Saboroso, gostoso, agradável, é para mim escrever a Doçura ou Diabrura dos fins-de-semana.

Quadro da série AMANTES de NicolettaTomas (1963?)


POR QUE TE QUERO

Por que te quero?
Só por que te quero!
O meu sentir por ti
se manifesta.
Razões do coração
que é sincero
Que em ti vê a alegria,
a festa.
Um encontro fortuito
foi minha sorte!
Encontro poético,
Musa querida.
Trouxeste à minha vida
motivação mais forte
Éden de amor,
minha força, minha vida.
Que mudança em mim!
É outro o meu viver!
Um dia … dei por mim
a sentir-te em mim.
Enlevo amigo, mais sentido,
engrandeceu meu ser!
Reacendeu meu estro,
prazer sem fim!
Onde eu estiver…
Estarás comigo, sim.
José B
ranquinho, in INTEMPORAL (Editorial Minerva)


UMA SEMANA CORTADA AO MEIO! UMA SEMANA PARA SER VIVIDA EM PLENO! COMECEM JÁ NESTE FIM-DE SEMANA!
BEIJINHOS EMBRULHADOS PARA TODOS! ESPECIALMENTE PARA TI…AMIGO!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O GRITO

Quero gritar! E grito! Normalmente grito de alegria, de tristeza, de raiva, de revolta, de amor, de alerta…
Que interessa porque grito? Grito porque me apetece, porque me dá prazer, porque me alivia, porque me acalma, porque me tranforma, …
Sou um ser falante, logo um ser gritante! Uma conclusão digna de ser criada e repetida por aquelas cabecinhas pensadoras que surgem nas revistas cor-de-rosa, amarelas, verdes, com pintinhas, sem pintinhas ...


O Grito (1893) de Edvard Munch (norueguês).


Não se assustem com os meus gritos! Não são gritos de louca, por enquanto … são gritos de quem se sente amarrada pelo mau tempo, isso sim! Meu querido Verão (com o A.O. vai passar a ser verão) volta rapidamente… mas antes de ti pode vir a Primavera do antigamente. Ao Inverno vou recusar a entrada, tenho dito!
Este "amarranso" forçado levou-me a ver telejornais (sem comentários) coisa que não costumo fazer…pelo menos nos nossos 4 canais.
E… fiquei revoltada com a porcaria de jornalismo que se continua a fazer (há excepções que muito nos honram) e gritei!
Se gritar não tenho nada a perder! Pode ser que alguém oiça os meus gritos! Vou gritar não apenas por mim, mas também pelos outros … que se oiçam gritos de revolta contra as atrocidades que se cometem todos os dias, gritos contra a repressão da liberdade, contra a injúria, a calúnia, a corrupção, a mentira, … a desumanidade.
Começo a ficar demasiado perturbada, agora sim... podem chamar-me de louca!

Continuo a gritar mas de um modo silencioso, grito para dentro de mim mesma, sinto-me cansada, sem capacidade para continuar a colocar em palavras a revolta que me vai na alma…

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O MEU PUZZLE

A vida pode ser comparada a um puzzle! Esta ideia não é original, mas será que todas o são?

Pensei nesta analogia e consigo ver a minha assim. Um puzzle em que as peças foram colocadas uma a uma, umas vezes rapidamente, porque a percepção do local a que pertenciam era rápida, outras levaram anos-luz até preencherem o respectivo espacinho.
Noto, no entanto, algumas falhas, falta de peças, não as que ainda virão para o ir completando, mas aquelas que deviam ter sido colocadas há muito. Será que as perdi na voragem do tempo? Serão irrecuperáveis? Poderão ser substituídas por outras? Substituídas por outras não! Isso não! O que passou é passado e uma reconstituição de peças é, para mim, neste caso uma fraude, um engano, uma violação à própria peça. Talvez estejam na gaveta do esquecimento e o melhor é não as incomodar…



O “meu” puzzle é apelativo, atraí-me com a mesma intensidade com que a mosca é atraída pela teia, tem zonas com cores que nem o melhor pintor conseguiria reproduzir, mas também tem tons baços, difusos, cinzentos e negros…Essas peças quero arrancá-las, assusta-me o seu negrume…mas não consigo separá-las do todo, estão bem aderentes, como que sugadas pelas ventosas de um polvo gigante, mitológico até!
Vós, tu e eu, neste momento, continuamos lá, pequenas peças que todos os dias, pouco a pouco, o vão preenchendo! Interrogo-me, até quando? Para que pergunto, se não quero saber a resposta?

Muitas irão “desaparecer” e não estou a referir-me à “irmã da vida”*, estou a pensar nos caminhos que a vida percorre, com os desvios que faz e que levam a que muitas deixem de contribuir para dar continuidade à minha "obra".
Ela é um puzzle em construção, outras peças serão “adquiridas”, umas serão prodígios da Natureza, outra serão obras de um ser malévolo, estas últimas vou procurar não olhar muito para elas, vou tentar fechá-las à chave na gaveta do esquecimento… Conseguirei?

Tenho a certeza que há e haverá peças que ao deixarem de fazer parte da minha construção deixarão saudades, muitas mesmo!

*"irmã da vida" vi esta ideia no post de hoje do Carlos Albuquerque , "mexeu" comigo ...muito!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PERVERSIDADE

A perversidade pode ser abordada de muitas maneiras. Eu vou divagar um pouco sobre “aquela” que tenho observado da parte de alguém que conheço. Aceito que me digam que o termo talvez seja muito forte para falar sobre uma “crueldade” camuflada exercida não fisicamente, mas é o termo que me ocorre depois das muitas ocorrências que tenho detectado.
Tenho lido um pouco sobre o tema e encontro descrições que retratam na perfeição o que penso e o que sinto.Tenho a consciência que todos nós de uma forma ou de outra, mas muito pontualmente e de consequências praticamente inóquas, já fomos “perversos”. Chega, no entanto, um momento em que essas pequenas agressões, quase sempre constantes, começam a tornar-se uma “anormalidade”.

Tela de Van Gogh (1853-1890)


O “pervertido” em causa, actua de uma forma dissimulada e com astúcia, seduz com intenção de manipular, de controlar quem o rodeia e fá-lo através da incitação sexual, e do “choro” (“vive” a contar desgraças), é muito agressivo para aqueles que não se deixam manipular, quase nunca leva em consideração os sentimentos alheios, é mentiroso e sabe mentir tão bem que consegue convencer as pessoas (algumas, não todas felizmente) de que está certo. É perito em usar a retórica, a demagogia e o apelo emocional na mentira para conseguir o que quer. É muito teatral, romanceia a sua própria vida, desafia regras morais e de ética e é muito gabarola nos seus feitos de cariz sexual.
Qual a finalidade deste tipo de “perversão”? O poder de dominar os outros, o mover-se invejando os desejos dos outros, …
São seres muito infelizes!


Coitados daqueles que se deixam apanhar nas redes de um indivíduo assim!

sábado, 20 de novembro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA LXI

Neste momento devia estar a preparar-me para uma das minhas fugas, cá dentro, com a duração de uma semana, mas decidi não ir, embora tenha à minha espera um apartamento já pago, desde o início do ano. Porque não vou? Não sei bem! Componho, para mim mesma algumas razões: o meu filho ia acompanhar-me na minha viagem de ida, mas um imponderável aconteceu que lhe tirou a hipótese de ida, outras pessoas que o pudessem substituir ficariam lá toda a semana e isso não me interessa, quem me podia interessar está “preso”, preferia ficar uns dias sozinha, o pensar em “fazer a mala” desestabiliza-me, enfim ...“dá Deus as nozes a quem não tem dentes” (logo a mim que tenho a dentição completa). Estou “chata” é o que é! Comecei a ter as caturrices de quem está a caminho de ser septuagenária…
Vou deixar-me de instrospecções superficiais e passar ao prato principal do dia de hoje, a Doçura ou Diabrura.

Nascente do rio Lis (fonte Internet)



"Soneto 4"
Alma perturbada

Bem como se perturba a clara fonte
na agitação contínua da corrente,
a minha alma sossego não consente,
por mais que nos meus ais ânsias desconte.

De cuidado em cuidado, monte em monte
me leva este pesar que o peito sente,
sempre diviso aflita, descontente,
os princípios da luz pelo horizonte.

De quem vem este mal? Um mal tão claro
vem de um vago sentir que na alma pesa...
Amor! serás comigo sempre avaro?

Amor em mim é filho da tristeza!
Eu sinto o coração ao desamparo ....
Pune, oh Deus, pelas leis da natureza!
Marquesa de Alorna
1750 -1839

ATENÇÃO NÃO FAÇAM O QUE EU FIZ! SAIAM! DIVIRTAM-SE! APROVEITEM BEM ESTE FIM-DE-SEMANA! A CHUVA PARECE QUE ESTÁ NA FASE DE IR…
PARA TODOS OS MEUS BEIJINHOS EMBRULHADOS!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

SENTIRES

Nunca renegámos ser descendentes de intérpidos marinheiros que por “mares nunca dantes navegados” enfrentaram sempre as águas calmas ou revoltas.
Mesmo depois de todos os gritos de alerta, de que o nosso país ia estar sob a fúria destruidora de São Pedro, aventurámo-nos a enfrentá-la e partimos para o fim-de-semana tão desejado e esperado.
Excelente decisão!
Numa alegre e sã camaradagem, lá fomos afoitos dar cumprimento ao programa estabelecido, partimos com destino à Figueira da Foz, com passagem por Louriçal.
Louriçal com a sua Igreja e o seu Convento que alberga irmãs Clarissas, onde para além de se “sentir” a História e as histórias, tivemos oportunidade de contactar com os doces conventuais, não saindo de lá sem algumas mostras. Aqui, ouvi falar pela primeira vez de Madre Maria do Lado, santa ignorância a minha!
Figueira da Foz à vista e à nossa espera a simpática e gentil Violeta, que se tem dedicado empenhadamente na pesquisa da história desta cidade e que partilhou connosco, durante um bonito percurso a pé, pela zona antiga, muito do seu saber.
Agradável companhia, agradável passeata, agradável sensação de liberdade…
Não podíamos ficar para sempre neste local aprazível, houve que o trocar por outro, a travessia da Serra da Boa Viagem.

Serra da Boa Viagem (foto da net)

Que bela viagem! Desde a maravilhosa vista panorâmica da Figueira da Foz, das tonalidades do azul do rio Mondego, da imponência do Oceano Atlântico a beijar, muito ao longe, o firmamento, tudo ficou gravado na minha mente aberta ao belo e à Natureza. A vegetação também não deixou ninguém indiferente.
Indiferentes também não ficámos ao grito do nosso físico a precisar de alimento e assim, entrámos em Tentúgal! O controlador do tempo tinha avançado muito, estávamos mais do que atrasados, mas que interessava isso, se um opíparo repasto nos aguardava.
Depois do paladar veio a visão, a visão histórica e artística da região e a do modo como se manuseia a massa finíssima que envolve os doces e os salgados, tão característicos de Tentúgal.
Sem nos deslocarmos muito, encontrámo-nos com uma figura única, José Craveiro autodidacta, contador de histórias com base na História, que gosta de se ouvir e de ser ouvido, desviando-se muitas vezes do rumo traçado pelos historiadores.
Não podíamos sair de um local gastronomicamente tão doce sem saborearmos “uma delícia” e adquirir outras…
Novamente na Figueira da Foz! Embora nos sentíssemos a “rebentar “, de barriga cheia, a verdade é que todos jantámos com bastante prazer e alguns mais ousados ainda foram, depois da “janta”, beneficiar de um passeio pelo Bairro Novo desta cidade costeira.
Novo dia, continuação da jornada! Por vias que atravessam a zona verdejante do Paul do Taipal, entrámos em Montemor-o- Velho com o seu enorme e altaneiro castelo, muito bem conservado, a dominar toda a região, vista única sobre os arrozais e a vila. Nela nos deleitámos com um belo passeio pedestre ao mesmo tempo que ouvíamos a sua história e admirávamos a sua riqueza monumental.
Depois de mais um almoço, ” a parte gastronómica da região", a nossa perdição, demos um pulinho até Ançã e começámos a vislumbrar a “cereja sobre o bolo”.
A Fernanda que durante toda a viagem nos foi dando “pistas” preciosas e muito enriquecedoras sobre o que andávamos a conhecer, a admirar e a aprender, exprimiu-se eloquentemente sobre temas históricos, artísticos e culturais, falou de João de Ruão, de Filipe Hodart, de Nicolau de Chanterene, … de homens que muita obra deixaram espalhada, pelos caminhos que percorremos durante este curto fim-de-semana.
Os nossos olhos extasiaram-se com a visão de vários retábulos artisticamente talhados, na pedra da região a Pedra de Anção, em diferentes igrejas, detentores de riquíssimos pormenores, em que a História principalmente na sua vertente religiosa, ficou gravada até os homens querem e a Natureza permitir.
Antes do regresso ao nosso local de partida, na alameda que nos conduzia à Igreja de São Marcos, encontrámos o nosso fotógrafo de eleição, o Carlos Silva, que através de cliques a uma cadência alucinante, registou a nossa chegada e a nossa visita a esta igreja. Uma igreja repleta de estilos, devido às diferentes intervenções que foi tendo ao longo dos séculos.
O senhor do tempo tal como nós, não parou e avisou-nos: São horas de voltarem ao vosso quotidiano!
Obedientes, regressámos…!

Nota: Este texto, da minha autoria, foi publicado no Boletim Informativo do VCA (Vida, Cultura e Arte) uma associação da qual faço parte. A sua apresentação no original está mais documentada com fotografias. Este passeio realizou-se num fim-de-semana de Outubro deste ano.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

NUM DIA DE OUTONO

O Outono já comemorou a maioridade mas o dia está solarengo, à sombra sente-se um fio de frio. Ela adora o sol e pensa que o deve aproveitar enquanto os dias verdadeiramente cinzentos não se instalam.Vai buscar uma espreguiçadeira à arrecadação e verifica que a porta desta já não está a fechar bem, situação que se repete todos os anos por esta época, a madeira tal como os ossos das pessoas menos jovens como ela, ressentem-se com o descer das temperaturas.
Dirige-se para o fundo do jardim, local onde a vegetação rareia um pouco, ela gosta daquilo a que chama “jardins selvagens”, jardins com vegetação luxuriante, matizado pelas mãos da Natureza, não aprecia os demasiado bem tratados, aqueles em que o homem corta, apara, altera a direcção do crescimento natural, jardins planeados ao pormenor, simétricos…

Coloca a cadeira num local onde os raios solares ainda a vão poder acariciar durante umas duas horas, senta-se e dá continuidade à leitura do romance que anda a ler aos pedacinhos já há dois dias, não que o enredo não lhe interesse, mas porque se tem deixado perder em pensamentos plenos de saudade. Há mais de um mês que Ele não a visita, um longo mês em que não se viram, não se tocaram… Ela até compreende que tem que ser assim, ambos tinham uma vida já construída há que arrumá-la, aparar fios soltos, dar uns nós, desatar outros.

A leitura pouco avança, está distraída! Decidida marca a página e fecha o livro, coloca-o no colo, simultânea e deliberadamente cerra os olhos e acaba por dormitar a re-sonhar com momentos de felicidade que sentiu a dois.
Uma sensação indefinida fá-la despertar, não é sonho, sabe que está bem acordada! Ele está lá, parado no início do carreirinho que lhe dá acesso, olhando-a com a ternura que lhe é habitual, com os olhos e os lábios sorrindo. Ela não se mexe embora todo o seu ser queira que se erga, que corra, que os braços lhe envolvam o pescoço e as pernas lhe cinjam a cintura, não o faz porque tal tornou-se impossível, a sua agilidade física já não o permite. Enquanto ele lentamente se vai aproximando tal impulso deixa de fazer sentido, deixa de ser importante. Nenhum deles fala mas Ela percebe, sabe ler o silêncio, mesmo sem palavras sente que ele vem para ficar, desta vez, para sempre. ..
Ele estende-lhe a mão, ajuda-a a levanter-se, o livro cai mas isso não os perturba, puxa-a para si e enlaçam-se num amplexo apertado, ao fim de uns momentos, que pareceram séculos, as suas bocas encontram-se…

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

UM POUCO DE LAZER

Domingo dia de lazer para alguns, para mim todos os dias podem ser de lazer desde que eu queira muito, passado em locais por onde não passava há anos, muito perto da água: baía, mar e lagoa.
Fui almoçar a São Martinho do Porto, ao restaurante Caravela, do qual deixo aqui uma mostra do seu cartão, não para o promover, embora mereça porque o serviço é muito bom, mas porque a sua forma de “ovo” me despertou a atenção.
Enquanto degustávamos o alimento que reconfortava o nosso corpo, admirávamos a tão conhecida “concha”. Peixe grelhado como não podia deixar de ser …. À sobremesa pequei, pecámos!




Observar o mar do cimo das dunas altaneiras que protegem o local dos ventos mais ousados, foi uma bênção de tranquilidade e de bem estar anímico. O encontro destas águas revoltas com as águas suas irmãs, desta baía tão calma, é digno de contemplação.
Não duvido que se pode ir buscar à Natureza um bálsamo que nos ajuda a esquecer a “pressa” de viver, faz bater o coração mais compassadamente, dá-nos a sensação de termos todo o tempo do mundo à nossa frente…
Visitei outros locais, o dia foi totalmente bem aproveitado, alguns dos quais foram a Lagoa de Óbidos e as salinas de Rio Maior. O que tenho para testemunhar sobre cada um deles é tanto que tem que ficar para outro texto.


Entretanto não esqueçam o jantar que vai dar que falar:

Contactem o blogue do Gonçalo, não se vão arrepender!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA LXI

Apetece-me praguejar! Mas não o vou fazer!
Tive uma semana muito estranha, várias situações pouco comuns obrigaram-me a agir um pouco fora da minha normalidade (não sei bem qual é a minha normalidade mas isso também não deve interessar muito).
Para além disso este querido onde teclo (tenho que o tratar bem e dar-lhe um bocadinho de carinho) foi atacado por uma horda de vírus muito agressivos. Eu fui um bocadinho culpada, não me tinha apercebido que as muralhas tinhm fendas, ele também não se queixou e devia tê-lo feito. Esteve às portas da “passagem” mas, miraculosamente curou-se. Milagre é um pouco exagerado da minha parte, porque a sabedoria e a experiência de um doutor de computadores é que lhe trouxe a salvação.
O maroto esteve uns tempos fora de casa, mas regressou e foi recebido como um filho pródigo.
Acabado este “queixume”, vou deixar-vos com mais uma Doçura ou Diabrura.

Amantes (1913)
Pintura de Oskar Kokoschka (1886-1980)



SILÊNCIO ÍNTIMO

SÓ no silêncio disciplinado
o tacto age no tempo
comanda nossos dedos, cria círculos
sem quebras de rituais
sem limites territoriais
sem versões inacabadas
sem vibrações desejadas.

Os lábios acumulam-se em voos sôfregos
os crepúsculos de sangue desejos abrasam
o movimento das águas nas pupilas arrasam
só no teu-meu silêncio o fogo rodeou a água
e teu espaço atravessou meu anel sem mágoa.

Teresa Zilhão (nascida a 26 de Outubro de 1951), in Viola Delta


O TEMPO NÃO PAROU! Novo fim-de-semana, um novo ciclo entre aqueles que foram criados pelo Homem e comandados pelos Astros! Vamos aproveitá-lo o melhor possível, fazendo as melhores opções para o viver em tranquilidade!
BEIJINHOS EMBRULHADOS PARA TODOS! ESPECIALMENTE PARA SI!

Nota: O meu PC está mesmo zangado comigo! Não me aceita a cor no texto.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O MEU TEMPO

O Tempo apossou-se do meu tempo e brinca com ele!
Não estou parada, mas levo muito mais tempo a ler um livro do que era costume e não é porque leia mais devagar ou porque veja mal. Milhentas oportunidades para fazer coisas que me dão prazer, estão surgindo a um ritmo alucinante, faço opções, nem sempre serão as mais acertadas mas são as que a minha razão e o meu coração decidem. Não aprendi, nem sei fazer muitas tarefas ao mesmo tempo, embora faça algumas…


Tenho deixado para trás coisas que gosto de fazer, por exemplo escrever mais assiduamente comentários nos blogues que sigo e de ler outros, mas há coisas que não faço e das quais não me lamento. Deixei de me meter em “discussões” que não conduzem a nada, discussões que não dão frutos e que na actualidade são tão frequentes, quando escrevinho não perco tempo a ver se a vírgula, o parágrafo, …estão bem colocados.
Não me sinto cansada, sei que o meu tempo se vai esgotando a cada dia que passa e que um dia vai chegar ao fim, mas isso não impede que eu queira ter Tempo de ter tempo! Sei que o tempo voa mas eu vou caminhar devagar e aproveitar cada segundo, cada minuto, cada hora, … e com alegria, ternura, amor, sabedoria vou optando por aquilo que decido que devo fazer.


Espero que o Tempo não me tenha traído e que este texto faça algum sentido para quem me lê…

domingo, 7 de novembro de 2010

PRÉMIO DARDOS

Carlos Albuquerque um homem que consegue colocar na blogosfera palavras lindas construindo testemunhos poéticos da sua saudosa África, muito sensível ao mundo que nos rodeia, um guerreiro vencedor de muitas batalhas que trava contra o mal-estar físico que o assola quase sempre, senhor das imprescíndiveis Conversas Daqui e Dali, distinguiu-me com a oferta deste belíssimo selo, o Prémio Dardos.
Sinto-me honrada com esta distinção e passo a transcrever:


«O Prêmio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras.

Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web».

As regras a seguir são:

1- Exibir a imagem do Selo no blogue;

2- Revelar o link do blogue que me atribuiu o Prémio;

3- Escolher 10, 15 ou 30 blogues para premiar.



Os pontos 1 e 2 cumprem-se com imensa facilidade o 3 é sempre o que me dá “dores de cabeça” mas, desta vez vou tentar cumprir esperando não magoar ninguém, e à partida vou tentar não indicar quem eu sei que já o recebeu.
Sei que alguns de vós não o vão colocar e que têm razões para o fazer mas isso não me vai impedir de os citar.


adiamentos.blogspot.com ** asminhaspequenascoisas.blogspot.com ** avogi.blogspot.com ** carapaucarapau.blogs.sapo.pt ** eopensamentovoa.blogspot.com ** eu-simplesmente-sonho.blogspot.com ** gaspardejesus.blogspot.com ** hades-ver.blogspot.com ** manuelacolaco.blogspot.com ** mclvieira.blogspot.com ** minutosnanoite.blogspot.com ** moonlight-wwwmoonlight.blogspot.com ** nails-in-red.blogspot.com ** omundodesairaf.blogspot.com ** parquedapoesia.blogspot.com ** perfumedejacarand.blogspot.com ** pitangadoce.blogspot.com ** poetaeusou.blogspot.com ** sonhomilcores.blogspot.com ** wwwdejanito.blogspot.com

Depois de fazer esta lista, fiquei com a sensação de que me esqueci de alguém... que me desculpe!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DOÇURA OU DIABRURA LX

Depois de uma semana curtinha, recheada de acontecimentos imensos, uns muito bons outros a dar para o muito mau, chegámos ao início de um novo fim-de-semana que promete ser solarengo.
Vamos ser optimistas e pensar, entre muitas outras coisas, que no dia 11 de Dezembro, vamos ter o NATAL DOS BLOGUISTAS no qual muita gente que se admira na virtualidade se vai poder mirar nos olhos. Vão iniciar-se novas amizades, tenho quase a certeza!

Entretanto vamos pensando na Doçura ou Diabrura de hoje.


O POETA


O Poeta
tem a alma nua,
lança-a
em versos
ao vento.
Reclamam-na
como sua,
de vidro
é o seu
pensamento.
Pertence a todos
e, no entanto,
o Poeta
vive cantando
o Amor
na solidão.
Maria de Lurdes Petronilho, in “da incerteza” (Editorial Minerva)



E agora? Resta-me desejar a TODOS um fim-de-semana ao sabor do que cada um de vós desejar!
E para todos, com muita ternura, os meus BEIJINHOS EMBRULHADOS!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

MOMENTOS

Conheço uma pessoa que passa a vida a dizer que é muito feliz, mesmo que ninguém lhe pergunte nada, e é de tal modo tão repetitiva nesta sua afirmação, que quem a conhece melhor comenta-a, desbobina acontecimentos “públicos” da sua vida e interroga-se se ela não se estará a auto convencer-se.
Eu não acredito que haja pessoas que são sempre felizes! Eu não sou! Sou alguém muito alegre e tenho momentos em que me sinto feliz, momentos que podem ser alongados ou encurtados no tempo.
Hoje vou partilhar convosco momentos de felicidade muito recentes e que ficaram eternizados em fotos e na minha mente enquanto esta funcionar...


A minha neta e eu ...

A Ana Rita e eu no dia do seu aniversário.

O meu irmão e eu, numa brincadeira da nossa infância

O meu sobrinho e eu na festa de aniversário do meu sobrinho neto

Concordam que são momentos de felicidade?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

CONVITE

Porque o Natal "está à porta", o Gonçalo, do blogue "O Sabor da Palavra", está a organizar o "Natal dos Bloguistas" e já não é a primeira vez que o faz .
Caso ainda não tenham visitado este blogue convido-vos a que o façam, até porque aí encontrarão o desenvolvimento do post de que retirei o excerto que se segue:

NATAL DOS BLOGUISTAS


"(...). O tema é o Natal e o alvo são os bloguistas! Portanto, preparem-se para o grande e inolvidável:

Não há espaço* nem momento definido* mas será revelado em breve e será aberto para bloguistas e seus companheiros, cúmplices e compinchas. Por enquanto, comecem a trabalhar na:

Divulgação***Slogan ***Anúncio Divulgativo ***Sugestões Criativas

...e tudo o que possam acrescentar a um evento que promete muita filhós e rabanada!"

* neste momento já há dados sobre estas definições, será na zona de Sintra e na noite de 11 de Dezembro.


Quem de entre os meus seguidores quer aceitar o convite e o desafio? EU VOU!

Para irem sabendo "novidades" sobre o evento, passem pelo cantinho do Gonçalo e vão seguindo-as. Conto com alguns de vós!