terça-feira, 30 de março de 2010

A FUGA

O meu tio, homem amoroso, simpático, divertido, contava histórias e anedotas como ninguém, fazia-nos rir quando estávamos tristes, era adorado por todos mas, … não tinha a noção do valor do dinheiro ou talvez tivesse, mas de um modo diferente do da restante família.
Andava sempre com falta do vil metal. O meu pai que sempre foi trabalhador por conta de outrem, juntamente com um amigo, sem nunca largar o seu emprego, criou uma pequena empresa familiar, e convidou este meu tio para ser sócio com quota a realizar.
Um dia, há sempre um dia, em que as vidas mudam de rumo, o meu tio foi enviado a um cliente para receber uma conta relativamente elevada. Foi e não voltou! Melhor voltou, mas não nesse dia!
Como todos calculam a família ficou em polvorosa, ninguém sabia dele, as conjecturas sobre o que lhe teria acontecido foram imensas e algumas bem disparatadas, houve quem chorasse. Até que,… quase no fim da tarde do dia seguinte ao desaparecimento, apareceu um telegrama mais ou menos com os seguintes dizeres: “de uma fuga inesperada encontro-me em Paris!”
E esta hein?
Escusado será dizer que a “sociedade” nunca mais viu o dinheiro do cliente…

Sem querer imitar o meu tio, eu também vou encetar uma fuga, ao contrário da dele, a minha foi muito bem planeada, vou desaparecer durante uns dias e para que ninguém fique preocupado e comece a chorar, posso dizer-vos que vou passar a Páscoa a Londres, não vou só. Vou muito bem acompanhada! Vou com um filho…

Páscoa é renovação, vamos todos “esforçar-nos” para conseguirmos realizar os nossos sonhos, renovar os nossos dias.
Para todos muitas amêndoas, de acordo com o gosto de cada um, há-as de todas as cores, formas e ingredientes

Uma PÁSCOA CHEIA DE “FLORES”!

segunda-feira, 29 de março de 2010

CASA TROGLODITA

Em Matmata, zona montanhosa, aparentemente desértica, em que o solo sem ser de areia solta, como no deserto, tem uma cor ocre dourada, olha-se e o nosso olhar espraia-se até ao horizonte vendo apenas uma vegetação muito disseminada. Os nossos sentidos enganam-nos! Se viajasse de helicóptero veria “poços” perfurando o solo, cilindros esvaziados que são casinhas, casinhas brancas, cavadas na montanha, assim construídas para manterem uma certa estabilidade na temperatura, num local do mundo onde as temperaturas são elevadíssimas de dia e à noite chegam a atingir os zero graus.

Existem desde o século XI, já foram habitações muito pobres, hoje o turismo retirou-lhes o que tinham de genuíno, possuem infra-estruturas básicas e são fonte de riqueza …
Como podem observar pelas fotos, é escavado um cilindro oco no solo e ao longo das suas paredes são abertas as divisões, a ligá-las há o pátio circular a base do cilindro, estas casas ligam-se ao exterior por um pequeno túnel que abre numa das escarpas da zona montanhosa ou num caminho.


Visitei uma das casas, fui muito bem recebida, foi-me ofertado chá de menta que aceitei, visitei várias divisões com o chão coberto por tapetes artesanais, decoradas com artefactos característicos da região, mas fiquei convicta que estava a ver uma “montagem”. À saída como é da tradição do local, deixei alguns dinares num pequeno recipiente colocado estrategicamente em local previamente estabelecido.
Sobre a porta de entrada do pequeno túnel que conduzi ao pátio circular observei gravada a “Mão de Fátima”.
No local o que me atraiu mais foi o ter pernoitado num hotel troglodita.
Seguindo por uma estrada, onde de construções nada se via, de repente, descendo por um desvio de terra batida eis-me em frente da entrada de um hotel. Construído nos mesmos moldes da casa troglodita que descrevi, mas em proporções muito superiores e muito mais sofisticado. Os quartos davam todos para um pátio central mas tinham, felizmente, portas e casa de banho.
Foi a casa de banho que permitiu que eu conseguisse dormir…
A amiga com quem partilhei o quarto apossou-se da cama, eu não me quis aborrecer, podia ter-se tirado à sorte, mas enfim…
A minha cama era escavada na parede, ao longo da parede, não em profundidade, parecia que estava num jazigo, embora um jazigo seja possivelmente mais confortável. O buraco na parede era um arco circular, eu colocava os pés numa extremidade do arco e deitada podia caminhar pelo arco até onde o meu corpo permitia a dobragem, consegui chegar com os pés quase à cabeça. Um local excelente para me “ginasticar”, se estivesse disposta a isso. Pouca ou nenhuma iluminação existia, o quarto mantinha-se praticamente na escuridão, só havia luz na casa de banho… dormi toda a noite (ou quase) com a luz da dita acesa e a porta aberta.
Não sofro de claustrofobia, ou será que sim? Na verdade senti-me enterrada viva.
Neste mesmo hotel, na zona da piscina, essa sim ao ar livre, tive um dos meus MOMENTOS MÁGICOS mas este é para ser relatado noutra altura.

PS:
1-É ao registar estas notas que lamento ser tão má fotógrafa, numa fotografia veriam como de aspecto, o “catre” onde mal dormi,até era divertido.
2-A “Mão de Fátima” pode vir a dar um post

domingo, 28 de março de 2010

DIVAGAÇÃO

Não me tinha apercebido como o sol me estava a fazer falta!
Nestes dois últimos dias senti-me rejuvenescer e então hoje senti uma paz profunda…
Fui até Lisboa por motivos que dizem respeito à verificação da correspondência que lá vai parar! Tinha muita e entre esta muita, muita mesmo para a reciclagem…
Pelo caminho consegui observar como as plantinhas do campo são espertas, mesmo com o asfalto, elas conseguem nascer nas fissuras das bermas. Os campos estão plenos de amarelo...
O céu estava lindo! O sol mais alto no horizonte, ofertou-me a sua energia!
Continua a construir-se sem o mínimo cuidado em não provocar poluição visual, observei autênticos caixotes e neles procurei descortinar a vida de quem os habita.
As memórias e as ideias surgiram-me em golfadas e por causa desses edifícios enormes, sem os conseguir definir, saltei num pulo leve, como que levada pelo vento para:
LA CASA
de Vinicius de Moraes / Bardotti / Sérgio Endrigo
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos Bobos
Número zero

Será que seria bom ter-se uma casa assim?
Hoje sinto-me feliz e livre….


Nota:
1-Tenho selinhos para publicar, peço desculpa a quem mos atribuiu, prometo que não os vou esquecer.
2-Nos comentários ao post A CAMELÓRIA, pediram-me para falar nas Casas Trogloditas, vou fazê-lo mas ainda não tive tempo de elaborar o texto que tem que ser cuidado, para que possam “ver” o que os meus olhos viram e “sentirem” o que o meu coração sentiu.

sábado, 27 de março de 2010

DESABAFO

Último dia de uma semana de sobressaltos, que terminou com uma decisão, que andava a protelar quase há um ano.
Hoje o DOÇURAS OU DIABRURAS vai de fim-de-semana. Também merece!

EU estarei deste lado do ecrã e todos vós que me lêem, comentam e acarinham desse outro. Separa-nos um véu, o véu da virtualidade que, tantas vezes e por bem, se rompe.
Sou CARNE e ALMA! Sou FOGO! Sou ÁGUA! Sou TERRA! Sou AR! E sou… AMOR!
Tive a coragem de dizer BASTA! BASTA a quem teima em tentar sugar-me a ALMA! BASTA a quem não aprendeu o significado da palavra RESPEITO! BASTA a quem vive uma MENTIRA!
É uma ATITUDE minha que me causa SOFRIMENTO, não o posso negar, mas cansei-me de ESPERAR, esperar por uma PROVA, um SINAL…
Quando somos concebidos somos condenados à MORTE. Porque não matarmos ATITUDES, COMPORTAMENTOS, AFECTOS, …? É DOLOROSO? É sim! Vai doer durante uns tempos? Não o vou negar! Mas a MORTE de quem amamos deve doer muito mais! E EU já A senti e sinto, em todos os poros do meu CORPO, em todos os recantos da minha ALMA.
Estou SERENA e ORGULHOSA de mim!

QUERO…
Quero poder respirar
E o mundo abraçar!
RIR sem temor,
plena de AMOR!
Comungar IDEIAS!
FALAR sem MEDOS!
QUEBRAR CADEIAS!
NAVEGAR com CALMA,
por entre os dedos
das marés da ALMA!
Maria Teresa
**********

UM BOM FIM-DE-SEMANA PARA TODOS, DESEJO FORMULADO COM O CORAÇÃO.

Nota:
1-O meu desabafo refere-se a uma parte da minha existência, da minha vida, da qual pouco ou nada falei aqui. Mas irei falar!
2-Aos comentários do post A CAMELÓRIA, peço desculpa por não ter respondido um a um como é hábito, estava em fase de “GRANDES TOMADAS DE POSIÇÃO” e a cabeça encontrava-se em situação de disfunção (ela nem sempre funciona bem, mas…:):):) ).
3-Como estamos em fase de contenção de despesas, já comecei a tirar o papel de embrulho aos meus beijinhos, por isso não se admirem por eles aparecerem “sem papel”, é menos higiénico, mas são mais saborosos, como um de vós disse.
4- Sinto-me segura aqui, a escrever os meus lamentos e saber que há quem os leia e me compreenda…

quinta-feira, 25 de março de 2010

A CAMELÓRIA

Ontem à noite um amigo meu, que se apercebeu que eu tenho estado com uma valentíssima constipação, o que me impediu de viajar esta semana, como estava planeado, escreveu no mail que me enviou: (…) estiveste a tanguear-me e eu a julgar-te na Oura – camelório!
Ele é uma pessoa divertida, nem sempre, que gosta de usar palavras "diferentes".
Esta última palavra fez-me lembrar a minha viagem à Tunísia, onde me “baptizei” num passeio de camelo, será que fui uma camelória?
Mas tal como o camelo que caminha muito devagar, eu vou fazer o mesmo "no contar” desta “aventura”.
Não vou descrever a Tunísia, nessa situação transcreveria um dossier inteiro, mas apenas o que senti perante o que visitei e observei, numa síntese muito “sintetizada”.
As cores: os verdes dos oásis, os azuis das portas e janelas principalmente em Sidi Bou Said, onde se bebe um chá de menta com pinhões de agradecer aos céus, a cor ocre dos edifícios (característica de outros países do norte de Àfrica) e a cor dourada do sol e da areia das dunas.
Dunas, deserto! Dei um passeio pelo deserto montada num camelo, inserida num grupo de umas dez pessoas.
Estava na Tunísia acompanhada por uma amiga e duas conhecidas, todas ficaram bravas comigo por eu me ter “aventurado”. “Parvas”, nem sabem o que perderam!
Para se iniciar a viagem temos que nos “mascarar” como a figura documenta, óculos escuros, cabeça e corpo muito bem cobertos.
Não consigo descrever a emoção que senti ao “caminhar” sobre dunas, subir e descer, deixar de ver gentes e as suas marcas, avançar para um lugar desconhecido até uma casamata, visitar um oásis sentir uma brisa quente mas perfumada com o cheiro de jasmim…Ser apelidada de gazela, termo que considerei muito carinhoso, embora fosse contestada pelas três “parvas”, quando lhes contei.
Vi uma miragem e só soube que o era, porque acreditei no guia que nos disse que “ali” não havia povoado nenhum.
Depois da viagem de camelo, depois de ser camelória (lá porque cá, muitas vezes sinto-me “camela”, com os barretes que me enfiam), vi muitas outras “belezas”.
À noite o céu do deserto é diferente do céu que estamos habituados a ver, é negro mas muito estrelado…
Num dos oásis encontrei vários tuaregues homens lindos, altos e esguios, de pele morena (clara em relação aos outros povos africanos), rosto de traços bem definidos, como que esculpidos, olhos e cabelos muito negros, estes últimos sem serem frisados.
Eu e as que deixaram de ser “parvas”, alugámos um jeep com condutor e fomos, até ao local desértico, penso que em Matmata, onde foi filmado parte do filme “A Guerra das Estrelas”.
Gostaria de falar nas casas trogloditas, nas romãs, nas tâmaras, na hospitalidade, na gentileza, nos pintores de rua, na sua História que faz parte da nossa, nas fortalezas ancestrais feitas de pedra e areia, num dos hotéis onde pernoitei construído debaixo de terra, no comércio, nos cheiros, nos sabores, … mas o espaço e o tempo escasseiam.

quarta-feira, 24 de março de 2010

CHAPELEIRA

Quem é que ainda se lembra de UM CHAPÉU?
Na freguesia a que pertence o meu Refúgio, a escola pública frequentada pela Nádia (a menina que achou que eu ia linda) e pelo meu neto, comemora durante esta semana, a chegada da Primavera, nestas comemorações está incluído um Desfile da Primavera.
Foi pedido aos pais que criassem chapéus para as crianças usarem, à partida não deviam ser chapéus comprados feitos, ou melhor, chapéus comprados já enfeitados.
Por portas e travessas o chapéu para a Nádia usar nesse desfile, veio parar às minhas mãos com o pedido para ser eu a “criá-lo”. Para poder cumprir a missão para a qual fui incumbida, foi-me entregue um chapéu de palhinha, com uma fita vermelha, que tinha impressa a palavra Portugal.
Depois de passar pelas minhas mãos, ficou com o aspecto da figura.

Que tal? Acham que posso iniciar uma nova profissão, a de modista de chapéus, ou melhor dizendo, a de chapeleira?

terça-feira, 23 de março de 2010

A ILHA DO SONHO

Na sequência da resposta que dei ao Carapau no comentário de Paxi e Antipaxi, falei na Irlanda. Deitei-me a pensar nela, no que senti quando a visitei e no que registei de um sonho que tive, “vivido” lá, num passado não muito longínquo.
Talvez por isso, senti necessidade de falar hoje neste país.

Como gostei da Irlanda! Passear pelas suas veredas bordejadas por “brincos de princesa” campestres, sentir na nuca o sopro de duendes travessos que nos espreitam através dos arbustos e por detrás das frondosas árvores que se encontram pelos campos, escutar o bater das asas diáfanas das fadas, visíveis nas borboletas coloridas que pousam de flor em flor. Encontrar no ar que se respira, o espírito dos Celtas que a habitaram. E os rebanhos ovinos à solta pelos prados, com marcas coloridas para os criadores os saberem distinguir?
O seu povo! Um povo muito acolhedor, grato e não esquecido, que constantemente recorda o modo como no passado, quando ao fugirem da fome, no século XIX, chegaram à América e foram tão bem acolhidos. Não existem muitos vestígios “físicos” da sua História, os “invasores” da ilha deixaram-na ao longo dos tempos a “ferro e fogo”, a Inglaterra abandonou-os…

A visita à parte sul desta ilha, fez-me acordar do marasmo duma vida calma, fez-me voltar a sonhar com o amor, sem idealizar a sua forma física.
Sonhei com um homem que me colocaria um braço sobre os ombros e a quem eu abraçaria pela cintura, à beira das escarpas da zona ocidental, observando ao longe, mas simultaneamente tão perto, as Ilhas de Basket, numa comunhão de pensamentos imaginando os seus habitantes isolados, durante meses a fio, duma terra que estava à vista. A necessidade que sentiriam em libertar a alma e o recorrerem ao registo escrito dos seus afazeres, dos seus pensamentos, das suas emoções. Ouvindo as suas vozes libertando poemas e os seus corações palpitantes de amor.
Noutro local do mesmo país, em Dublin, passearíamos de mãos dadas, ouviríamos a história de Molly Malone, apreciaríamos a sua figura representada em bronze, mulher pequena, atrevida e bela e deliciar-nos-íamos com a canção, quase hino nacional, que lhe foi dedicada. À noite, antes de recolhermos à alcova secreta que nos aguardava para uma noite de amor terno e profundo, voluptuoso e eterno, visitaríamos um pub onde apreciaríamos uma guiness acre e fresca, que deslizaria pelas nossas gargantas sequiosas, pelos nossas bocas sedentas de beijos…

Há quem chame à Irlanda “o país das fadas” … como concordo com esta designação!
LETRA DA CANÇÃO
MOLLY MALONE

In Dublin´s fair city
where the girls are so pretty
I first set my eyes on sweet Molly Malone
She wheeled her wheel-barrow
through the streets broad and narrow
Crying Cockles and mussles alive alive oh

She was a fishmonger
and sure it was no wonder
For so were her father and mother before
And they both wheeled their barrow
through streets broad and narrow
Crying Cockles and mussles alive alive oh

She died of a favour
and sure no one could save her
And that was the end of sweet Molly Malone
And her ghost wheels her barrow
through streets broad and narrow
Crying Cockles and mussles alive alive oh

Alive, alive-o alive alive-o
Crying Cockles and mussles alive alive oh

segunda-feira, 22 de março de 2010

PAXI E ANTIPAXI

O post de ontem trouxe-me à memória a Grécia e ao pensar neste país, onde já fui três vezes mas que continua a ter muito para se descobrir, sonhei acordada com as Ilhas de Paxi e Antipaxi que poucos conhecem. Na rota dos viajantes estão mais as ilhas de Santorini, Mykonos, Cefalónia, Creta, Corfu,…
Nas minhas viagens dos últimos anos, tenho descoberto lugares maravilhosos, longe das rotas turísticas de massas, que pela sua riqueza histórica e pelo seu património paisagístico, me deixam extasiada e a sonhar… Isto aconteceu com Paxi e com Antipaxi!
Visitei-as no Verão de 2006. Das ilhas Jónicas (Eptanissos em grego, por serem 7), um grupo de pequenas ilhas e ilhéus rochosos, Paxi é a bebé. De barco dei uma volta completa em torno desta ilha e entrei em três lindíssimas grutas, a que estão associadas lendas que lhes dão o nome, lendas e nomes que se varreram da minha memória. É uma ilha em que abundam as oliveiras, e com uma história intimamente ligada à da ilha de Corfu . Quem vai a Paxi tem que ir a Antipaxi e eu não fugi à regra, visitei-a. Aqui a cultura das vinhas é uma constante. No local onde desembarquei, uma praia com águas límpidas e de cor azul/verde, muitas mulheres mergulhavam quais sereias sedutoras, senti-me transportada para um espaço que nada tinha a ver com os locais habitados do nosso planeta. Não levava fato de banho, e muito menos o meu fato de sereia, fiquei-me calma e tranquilamente sentada numa tasquinha, cujo tecto era a vegetação existente, um ambiente muito agradável, as palavras faladas eram sussurradas involuntariamente, havia que preservar o silêncio do local. De onde estava observava o mar, ao longe barquinhos vogavam com uma lentidão tal, que pareciam que estavam parados. O tempo deixou de existir e o paraíso desceu à terra…



Nota: A 1ª foto é da capital de Paxi, o Porto de Gaios, a 2ª a entrada de uma das grutas e a última a praia de Antipaxi
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Adenda: O JP , deixou no seu comentário o seguinte link http://www.youtube.com/watch?v=yz-ijWly3Q0 desafiando-me a vê-lo, valeu a pena a dica... Aproveitem-na!

domingo, 21 de março de 2010

CORRIDA A PÉ...ONTEM E HOJE!

Brevíssimo apontamento do modo como a vê uma leiga neste assunto.

A história da corrida inicia-se com a história da humanidade, quando o homem primitivo para a sua própria sobrevivência praticava as suas actividades naturais. As pinturas rupestres mostram-nos que os homens das cavernas, naturalmente, durante as caçadas, corriam, saltavam, lançavam os seus instrumentos de caça ou de pesca, ou seja, praticavam uma série de movimentos que se podem considerar como precursores das diferentes provas de uma competição de atletismo.
A corrida como um dos membros da tríade (corrida, lançamento e salto) e como forma de competição, teve a sua origem na Grécia, com carácter de religiosidade, que a pouco e pouco foi perdendo e acabando por ter um carácter apenas desportivo. O romano Juvenal sintetizou na frase que todos conhecemos:“ mens sana in corpore sano”, a filosofia deste e doutros desportos.
A forma de expressão atlética mais pura, desenvolvida pelo homem, é na realidade a corrida. É uma modalidade do atletismo que exige uma boa forma física a quem a pratica.

Para mim, leiga nesta matéria, e não muito apreciadora, a prova da maratona é a rainha das corridas, vejo-a na lenda que relata como a Antiga Grécia a viu: o soldado grego Filípedes, para anunciar que os helenos tinham vencido uma batalha contra os persas, percorreu a distância que separa a planície da Maratona até à cidade de Atenas, num esforço hercúleo, digno de grandes homens, correu, correu até à exaustão, até à morte…

Na actualidade é uma prova em que ao atleta é exigida uma grande resistência física e psíquica, uma grande paixão e entrega, porque só assim, poderá encontrar forças para percorrer os 42 quilómetros e 195 metros exigidos para a terminar.
Mas há estratégias e técnicas que permitem ao atleta superar algumas dificuldades, o que a torna mais fácil e mais aberta aos competidores.

Aos praticantes e aos amantes da corrida a pé, deixo o desafio de relatarem o que sentem quando correm ou o que "vêem" quando assistem a uma prova destas.

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Nota: Escrevi este texto, a pedido e por gentileza, para ser publicado num blogue dedicado a esta modalidade... Até à data, o "gerente" do blogue nunca o publicou, nem o "devolveu"...

sábado, 20 de março de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XXV

Este meu fim-de-semana de semana vai ser diferente, vai ser o início de uma fuga por mim iniciada, durante uma semana, cá dentro…
Vou descansar (ufa que trabalheira dá teclar, só com um dedo)! Vou sozinha mas levo-vos comigo, o “teclado” vai, espero desta vez não me esquecer do cabo de ligação.

“Ultrapassando o sublime momento, temos a descrição feita por uma senhora, dos seus sentimentos, ao ser beijada pela primeira vez.
Sentiu-se como numa tina de manteiga nadando em mel, água-de-colónia, noz-moscada e uva-do-monte e como se algo estivesse a percorrer os seus nervos com pés de diamantes, escoltados por vários pequenos cupidos em carruagens puxadas por anjos, cobertas por madressilva e tudo polvilhado com arco-íris derretidos!”

J. Brander Matthews (1852/1929)

Eu confesso! Nunca senti nada assim!...

PARA TODOS UM FIM-DE–SEMANA CHEIO DE SONHOS REALIZADOS!

sexta-feira, 19 de março de 2010

CEREJAS

Cerejas? Quem não gosta de as saborear? Bem vermelhinhas, carnudas, brilhantes, sumarentas, a desfazerem-se na boca…

Tinha eu cerca de 19 anos (estive hoje a conferir telefonicamente com o meu irmão) e ele uns treze, quando o meu pai, como era habitual fazer de vez em quando, trouxe um caixote cheio de cerejas, compradas não sei onde.
Eram lindas! Eram tentadoras! Algumas ainda traziam o pezinho e folhas agarradas, davam para se “fazerem” brincos.
Estavam à disposição de cada um de nós e foram-se comendo. Um dia, estava eu e o Zé numa “orgia “ cerejal, quando ele se lembrou de abrir uma. Para nosso espanto a linda cereja tinha umas lagartinhas brancas, pequeninas, pareciam linhas e mexiam-se, contorciam-se. Foram alertadas as senhoras da casa, neste caso a nossa mãe e a nossa avó. Que horror! Que nojo! Tudo já para o lixo!
Eu e o caçulinha decidimos: não vão nada para o lixo! Nós abrimo-las, tiramos as lagartinhas e comemo-las! Os nossos argumentos devem ter sido tão poderosos que as nossas ancestrais anuíram.
Mas abri-las uma a uma e retirar lagartinha a lagartinha, dava muito trabalho...
Nova decisão tomada, depois de em sotto voz termos discutido: se até àquele dia tínhamos comido as cerejas com lagartas e não nos tinha feito mal, porquê parar de as comer?
Foi dito! Foi decidido! Foi feito!
A partir dessa data, tanto eu como o meu irmão comemos cerejas mas nunca mais verificámos o seu interior.

Para quê???

quinta-feira, 18 de março de 2010

JP73

Por eles, por ti e por mim, gosto de te recordar como eras, quando os teus olhos ainda brilhavam…Farias hoje 73 anos!
Penso em ti com um certo carinho, algo que existe para além de mim, relembro a doçura do homem que eras antes de adoeceres…
Sinto-me em paz!

UM HOMEM QUE ESTÁ!

Um homem que está
no meio da entreaberta porta
apenas não fechada ainda
ou já
está
entrando ou saindo dela
(…)

um homem está
na entreaberta
entretanto
porta
apenas não fechada ainda
ou já

Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades"

terça-feira, 16 de março de 2010

UMA QUESTÃO DE PREÇO

“A conversa é como as cerejas”… hoje tive nas mãos uma fotografia em esmalte do meu tio-avô, por afinidade, José Fernandes e lembrei-me do que vou passar a relatar.

A minha tia-avó Maria Teresa, nunca foi mãe, mas tinha um jeito muito especial para lidar com crianças. Adorávamo-la! Enviuvou com quarenta e três anos (mais ou menos)! Não devia dizer isto, mas ainda bem! O meu tio José Fernandes, embora bonito, era um homem horroroso, detestava crianças, detestava-nos… e permitia-se, soube-o mais tarde pela minha mãe, a opinar sobre as gravidezes das mulheres da família, família por afinidade ainda por cima. Se fosse ele que mandasse, os meus primos, o meu irmão e eu, nunca tínhamos nascido.
Com a viuvez, a situação material em que esta tia ficou não foi das melhores, ela nunca tinha tido um emprego. Como sabia bordar muito bem, foi-lhe confiada a tarefa de fazer os enxovais das filhas de amigas e mais tarde de pessoas conhecidas.
Como não era mulher para carpir desgraças, para conseguir viver mais desafogadamente, começou a acompanhar o estudo de algumas crianças da vizinhança, não tinha o curso de professora primária como a minha avó, mas tinha estudos e era uma senhora bastante culta.
Contava imensas graças dos seus pequenos “pupilos” e há uma que me ocorreu hoje.
Havia um garoto que ia sempre acompanhado do seu cãozito, despedia-se dele à porta, entrava, fazia os deveres de casa e quando saía o seu amiguinho estava sentado, quietinho, na rua ao pé da porta, esperando-o.
Um dia a minha tia disse-lhe qualquer coisa como: qualquer dia pergunto ao seu pai se quer que eu ensine o XXX (não me lembro do nome do cão, nem do garoto) a ler.
A criança, com um ar muito sério, virou-se para ela e retorquiu: para aprender a ler não digo, mas quanto leva para o deixar entrar?

A partir daí o cachorrito entrava sempre e … não pagava nada, como é evidente.

O que me lembro mais desta e de outras histórias, era o olhar brilhante e o sorriso encantador da minha tia quando falava nos seus meninos…

domingo, 14 de março de 2010

A MÁSCARA

Amavam-se como é normal amarem-se dois adultos saudáveis à beira dos quarenta anos, a sua união tinha sido abençoada com o nascimento de três crianças a mais velha em pré-adolescência, a mais nova a roçar os 7anos. Um dia ele avisou que tinha que ir à casa de fins-de-semana, para os lados de uma praia muito conhecida, a fim de esperar pela leitura do contador de electricidade. Não voltou! O seu desaparecimento foi comunicado a quem de direito e o carro com portas abertas e toda a roupa por ele usada em tão fatídico dia, foram encontrados no alto de uma arriba.
Suicídio foi a conclusão a que se chegou, embora não existisse bilhete de despedida. As contas bancárias estavam intactas, mas legalmente ele não podia ser dado como morto. Ela foi fazendo a sua vida, viúva sem o ser, pelo menos oficialmente, tinha que aguardar uns anos para que esse veredicto fosse considerado.
As noites eram muito más, na solidão do quarto, que fora dos dois, muitas interrogações para as quais não encontrava resposta:
“ Porque não fui com ele? Serei culpada de algo que não descortino? Não soube ler sinais? Que sinais? Teria feito algo no passado que agora veio à tona? Estava doente com uma doença terminal? Mas o quê? Como? Porque não dei por nada? Porquê? Porquê? Porquê?...”
E soltava gritos, gritos silenciosos, desesperados. Tinha que dar respostas às crianças mas desconhecia-as.
Muitas manhãs acordava sem saber exactamente quem era. Continuamente era chamada para identificar corpos em decomposição, alguns na vizinha Espanha. Foi vítima de telefonemas maldosos a pedirem resgate. Passou a viver em contacto permanente com a Polícia Judiciária, sentia uma necessidade doentia de respostas.
Passaram mais de dois anos, as crianças foram crescendo no seio de uma família que os amava mas sem a presença de um pai. Um dia apareceu no colégio por eles frequentado, um fotógrafo que causou estranheza pelo interesse que demonstrava por essas mesmas crianças. Pessoas responsáveis e atentas quiseram saber o interesse de tal preferência…O fotógrafo foi denunciado à polícia, alguém o tinha contratado mas ele não sabia quem. Através da conta bancária, a partir da qual se tinha processado o pagamento, a polícia conseguiu descobrir uma morada em Londres. De investigação em investigação descobriu-se que nessa morada vivia um homem com o mesmo nome do suicida.
A mulher mete-se no primeiro avião, devidamente acompanhada, ruma à morada que lhe fora cedida, o coração sente, o coração sabe, bate à porta e esta é-lhe aberta pelo marido…
A máscara de silêncio, a causa deste afastamento ficou explicada, o homem pai e marido, estava a viver com alguém por quem se tinha apaixonado, um inglês um pouco mais velho, com uma posição social bastante proeminente. Não teve coragem de enfrentar a família e com o seu silêncio fê-los sofrer horrores…tinha encenado todo o seu suicídio com a cumplicidade do companheiro.
A raiva, a frustração, o desejo de vingança, … toda uma panóplia de sentimentos destrutivos atingiram aquela que tinha vivido num luto de esperança, de desespero, de interrogações…
O tempo passou, de certo modo não reparou o sofrimento mas atenuou a dor. Hoje ele está novamente a viver em Portugal com o amante, foi readmitido no cargo profissional que ocupava antes do falso suicídio, os filhos aos poucos têm-se reaproximado dele.
A máscara condenou-o ao silêncio, um silêncio que a ex-mulher ainda não lhe perdoou, silêncio de uma crueldade sem nome…

Nota: História verídica, iniciada na segunda metade dos anos 90 e que ainda hoje afecta os intervenientes, principalmente o filho mais velho.



Texto publicado no âmbito do desafio SILÊNCIO para Fábrica de Letras

sábado, 13 de março de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XXIV

BOM DIA! BOM DIA!
O São Pedro deve estar apaixonado por nós, pobres mortais, decidiu que era altura de nos mostrar o seu AMOR e tomou conta do tempo. Até quando logo se verá, temos que ir aproveitando este estado de graça Dele...


E porque é dia de DOÇURA OU DIABRURA, cá vai:

"...Lá em baixo sentámo-nos no Musgo,
E comecámos a jogar
Mil Truques Amorosos, para passar
O cálido dia.
Muitos Beijos deu ele:
E eu retribui os mesmos
O que me dispôs a receber
O que não me atrevo a dizer"

Aphra Behn (1640-1689), em The Willing Mistress

E deixando a vossa imaginação a trabalhar no que a Aphra não se atreveu a dizer, desejo a TODOS UM FIM-DE-SEMANA REPLETO DE BEM-ESTAR FÍSICO E PSÍQUICO E... ATREVAM-SE!

sexta-feira, 12 de março de 2010

CRIANÇAS

A minha família materna durante cinco gerações, nasceu toda num local de Lisboa onde predominavam quintas e casas com grandes quintais, casas providas de sinetas e de aldrabas. Numa das frentes da casa onde nasci, do outro lado da travessa vivia uma família, que nunca conheci, cujo apelido era Pereira Vidal. O patriarca dessa família era um homem de baixa estatura que usava pêra.
A pequenada da casa da minha avó, a minha mãe e os meus tios, não gostavam nada dele e através das cortinas de uma das salas, observavam muitas vezes a sua chegada a casa e ficam espantados com o saltinho que ele dava, para chegar ao cordão do badalo.
Um dia um dos meus tios encontrou um rato morto no quintal, reúne-se com os irmãos e tomam uma decisão. Ao rato morto juntam um papel com os seguintes versos:

“ Ao senhor da pêra
Pêra bidal, nariz de queixal
Comeste toucinho e não te fez mal
Se mais houvesse mais comia
Adeus senhor Pêra até outro dia!
Os fantasmas”

E ataram este lindo “embrulho” desembrulhado ao cordão do badalo.
Ao anoitecer todos de atalaia, por trás das cortinas da sala, esperando triunfantes a chegada do senhor Vidal. Ele chega e dá o saltinho, grita descontroladamente, olha em redor e não vê ninguém…
Nos dias que se seguiram a vizinhança teve conhecimento do ocorrido e o senhor Vidal afirmava convicto: brincadeiras de crianças sem educação, que desrespeitam os adultos! No entanto, tenho uma certeza, os meninos aqui da frente, não foram certamente, são crianças muito bem-educadas!

Toma lá esta, senhor Vidal! Nunca soubeste quem foi! Eu também nunca soube se a minha avó tomou conhecimento desta partida um pouco "macabra".
O que sei é que a ouvi contar vezes sem conta, pela boca da minha mãe e do maroto do meu tio Zézito, os quais numa idade já bem adulta se gabavam de tão “nobre” acção e riam, riam e tornavam a rir, arrastando-me nas suas risadas, … acabando a dar por mim a chorar de tanto rir…

quinta-feira, 11 de março de 2010

SINA, ACASO OU COINCIDÊNCIA

Há factos que se repetem em gerações seguidas que não têm a ver com nada e/ou têm a ver com tudo. Não faço a mínima ideia!
Uma irmã da minha avó materna chamava-se Maria Georgina, uma filha e uma “neta” desta minha avó também. Assim tive uma tia-avó, uma tia e tenho uma prima todas com o mesmo nome Maria Georgina. Um pouco confuso? Para mim também, tenho que estar muito atenta ao que escrevo para não “meter água”. E explico isto porque já tenho falado nelas, não quero que as confundam.
A minha tia com esse nome esteve noiva daquele que viria a ser meu pai. Faltava menos de um ano para se casarem quando ela faleceu tuberculosa. Passado pouco tempo o meu pai casou com uma irmã da que tinha sido sua noiva, a minha mãe.
Lembram-se do modo como a minha avó casou com o meu avô?
Haverá ou não coincidências, acasos, destinos, … sei lá que mais?
Felizmente não tive irmãs, não morri, mas fui a segunda mulher de um homem…
Conclusão: três mulheres ligadas por laços familiares directos, três gerações, foram a segunda escolha dos respectivos maridos… Safa!

O que quererá isto dizer?

quarta-feira, 10 de março de 2010

PRESA NO SILÊNCIO

Quando a conheci, era uma adolescente de uma fragilidade aparente, que me levou a pensar nela, como se de uma flor se tratasse, uma flor de longo e esguio caule, com um colorido muito suave, … talvez um lírio do campo.
Nasceu sem conseguir ouvir o próprio choro, mas isso nunca a impediu de ser alegre e feliz e de se realizar como mulher.
Era, e é, surda profunda! Vive no “silêncio”, um silêncio de fora para dentro, desde que nasceu e, nessa condição permanecerá toda a vida…
Sempre a admirei! Ela que nunca teve a suprema sensação de ouvir a voz da mãe, o trinar de uma ave, o ladrar de um cão, o murmúrio do mar, o assobio do vento, o sussurrar de palavras de amor, a canção do momento, a música para dançar… mas que sabe dançar! Fá-lo como uma ninfa diáfana e leve, de uma leveza só possível numa criatura celestial… Foi abençoada com esse dom mas que apenas lhe serve para o seu próprio prazer e para deliciar os que lhe são íntimos.
Não ouve! Mas sente o som! Tal como sentiu, desde que nasceu até à pré-puberdade, uma pressão, uma “violência”, exercidas sobre ela, mas por bem, por amor, para que se pudesse inserir numa sociedade onde predominam os ouvintes. Durante horas, dias, meses, semanas e anos, foi treinada para falar e escrever como uma vulgar ouvinte, fazendo um esforço acrescido para “ler” os lábios dos que a envolvem.
É dona de uma voz monocórdica e nem todas as palavras que aprendeu a pronunciar são proferidas correctamente. No entanto, domina na perfeição a sua própria língua, a língua gestual.

Há quem diga que o silêncio é de oiro, eu prefiro dizer que, em alguns casos, o silêncio é de chumbo…




Texto publicado no âmbito do desafio SILÊNCIO para Fábrica de Letras

terça-feira, 9 de março de 2010

ARREDONDAMENTO

No fim-de-semana passado fui dar um passeio por Sintra e arredores, ainda convidei a minha neta para uma “saída de mulheres”, mas ela impôs-me uma condição, que o irmão também fosse. Como não sou avó de imposições, até porque os dois juntos estão “incontroláveis”, não foi… Quem deve ter ficado com alguma pena foi a Ana, podia descansar um pouquinho mas, não se pode ter tudo.
Nessas minhas deambulações lembrei-me que os tinteiros para a impressora estavam num nível bastante baixo, vai daí… e fui até ao Cascaishoping.
Comprei os ditos na Fnac e entrei no Continente onde adquiri meia dúzia de produtos. Quando me preparava para pagar pergunta-me a “caixeira”: arredondo a sua conta? Porquê? Para quê? Indago eu.
Para contribuir para a recuperação dos estragos na Madeira.
Fiquei expectante, não sabia da campanha que o Continente estava a promover e disse: Não!
E continuarei a dizer não! Prezo por ser uma pessoa solidária mas achei que uma campanha deste género, em que não ficava com nenhum comprovativo do que iria dar, presta-se a desvios…e a poder-se duvidar da boa-fé de quem promove acções deste tipo.
Interrogo-me: porque é que o “Continente” não oferece uma percentagem dos lucros que tem todos os dias? Ou será que oferece? Tem que “pedir” aos clientes? Como controla esses arredondamentos?...
Até pode ser que esteja tudo muito bem controlado, muito bem estudado. Eu senti-me revoltada, pelo modo como estão a “forçar” as pessoas a colaborarem. Não me digam que só dá quem quer! Acredito que muita gente, ao ser abordada desta forma, tem um certo pudor em dizer Não!!!
Gostava de saber a vossa opinião…

segunda-feira, 8 de março de 2010

UMA ROSA

Há pouco tempo, foi notícia dos jornais por um motivo, deixou-nos…
Hoje Dia Internacional da Mulher, lembrei-me dela e da última crónica (ou uma das últimas) que escreveu e que na altura me tocou muito.

MAZELAS
"Aos 77 anos, como é natural, aparecem-nos todas as mazelas. Insignificâncias: uma dor aqui, uma dor ali, nas costas, nas pernas, na cabeça, uma pequena coisa na pele, na unha, no olho. Não ligo nenhuma. Porque a minha pior mazela é não acreditar que tenho 77 anos.
Eu bem me farto de dizer aos quatro ventos a minha idade para ver se interiorizo esse facto, mas, por dentro, estou na casa dos trinta, vá lá quarenta, e não passo daí.
Setenta e sete? Que loucura!
Tenho sempre tanta coisa para fazer, para acabar, para ler, para escrever, tanto lugar para visitar, tanto museu para ver e depois as mazelas – ai! -, mas vou porque tenho trinta anos e, evidentemente, tenho que ir.
Não tenho a noção de ser uma senhora velha. Digo Estava lá uma velhota, ou Imaginem que uma velha… Estou a falar de pessoas provavelmente mais novas do que eu, mas não me enxergo. Até quando irá durar esta idade subjectiva que não me deixa envelhecer tranquilamente?
Só quando me oferecem o braço (já caí na rua e parti a perna, mas nem assim…), quando me sentam no lugar de honra à mesa, quando me dão o assento da direita no automóvel, quando não me dirigem galanteios (que estranho!), acordo para a realidade: ai, é verdade, tenho 77 anos, que maçada…
Ultimamente, tive (ou tenho, ainda não percebi) cancro de mama. Como acho que Deus não me deu esta doença só para me chatear, abri uma campanha de sensibilização (televisão incluída), para que as mulheres façam mamografias. Transformei a porcaria da doença numa coisa positiva. Passei os trâmites habituais: operação, radioterapia, etc. Tudo pacífico. Ainda por cima, o médico disse-me que era pouco provável que o cancro me matasse, porque, na minha idade, as células já não são o que eram…Ai, sim?
Tenho 77 anos, que alegria!... "
Rosa Lobato Faria
´
É esta a "rosa" que ofereço, no dia de hoje, aos homens e às mulheres que já adquiriram o direito de considerarem este cantinho como vosso.

sábado, 6 de março de 2010

BUMBUM ÀS CORES

Embora não fosse adepta de um jacuzzi público a tentação foi grande, ele estava ali, lindo, borbulhante, sozinho… Meter-se dentro dele e gozar uns largos minutos de relaxamento, prazer e até alguma volúpia, foi conseguido.
Tempo de sair! De o deixar… Imponente mas cuidadosa foi descendo a escada de madeira com muito cuidado, sabia que o perigo de escorregar era grande. Chegada que foi ao piso de acesso escorregou e caiu batendo com a nádega direita na esquina bicuda do último degrau, dor lancinante, pensamento imediato: lá se foi o colo do fémur!
Dois homens solícitos acorrem em seu socorro, um o vigilante/instrutor do local, o outro um utente, ambos querem saber se se sente bem, ela responde, baixinho, esparramada no chão: dói-me a nádega direita. O quê? Pergunta o primeiro homem. DÓI-ME O RABO grita ela…
Depois de se levantar e de caminhar até ao balneário, direita como um fuso e sem olhar para trás, verifica que tem um enorme arranhão que sangra. Miraculosamente o fato de banho não se rasgou, por isso o bumbum ficou resguardado de olhares indiscretos.
No mesmo dia um grande edema apareceu e um negrão alastrou por toda a nádega… Com o passar dos dias o “negro” passou pela zona do cóccix e invadiu a outra nádega.
O bumbum qual vedeta de Hollywood, foi fotografado e admirado por imensos pares de olhos que nunca tinham visto um bumbum tão negrinho. A pouco e pouco esse mesmo negro passou a violeta, a amarelo, a verde, … ficou às cores!
Passaram cerca de 6 meses até que o “nódulo” que entretanto se formou desaparecesse totalmente e mesmo assim, à custa de muitas massagens.
Hoje está fantástica, ficou com uma pequena covinha onde o bico do degrau agrediu o músculo, tal dá um certo cariz à nádega, torna-a única e reconhecível para quem tem o (des) prazer de a poder observar…

Conclusão:
Quem não gosta de jacuzzis públicos não se deve meter lá dentro, pode ter castigo. Ao sair do dito, não se deve deixar cair, muito menos magoar o bumbum pois corre o risco de ter os netos durante dias e dias seguidos a pedirem: vovó mostra-nos o teu bumbum!
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Nota: Embora existam fotos do bumbum lesionado, não foram publicadas por medo de uma debandada geral dos comentadores habituais. O bumbum da fotografia é pertença de uma ilustre desconhecida.

sexta-feira, 5 de março de 2010

DOÇURA OU DIABRURA XXIII

Na ressaca de uma menos “boa semana”e chegado que é o fim da mesma, faço minhas as palavras de Fernando Pessoa

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo... ”

E agora cá vai a DOÇURA OU DIABRURA:

“Enquanto houver amor verdadeiro e puro no mundo, o acto de beijar continuará a ser um dos mais belos passatempos dos amantes…
A sua música é a melodia do coração e a poesia da alma.
O seu êxtase é o encanto da juventude, a alegria da idade viril e a suprema felicidade da velhice.”

Alfred Fowler, in The Curiosities of Kissing


PARA TODOS! VIREM AS COSTAS AO SÃO PEDRO, ELE TEM-SE PORTADO MUITO MAL! SEM LHE PRESTAREM ATENÇÃO, GOZEM O FIM-DE-SEMANA COMO VOS APETECER, MAS APROVEITEM-NO MUITO BEM!!!

quinta-feira, 4 de março de 2010

CAMINHANDO

Li algures, a citação seguinte que é bastante conhecida, da qual até nem gosto muito : " o caminho faz-se caminhando", pessoalmente, gostaria mais de trocar "o caminho" por "a Vida".
A VIDA FAZ-SE "CAMINHANDO"...

Voando como uma folha levada por um vento forte, saltitando como uma pequena ave, deslizando como quem dança uma valsa nos braços de um amante, caminhando como uma criança dando os seus primeiros passos, vou "fazendo" a minha vida.
Nem sempre sei que caminhos devo percorrer mas sinto, no meu eu profundo, aqueles por onde não quero ir.
Afectos díspares e pensamentos descontrolados emergem do meu coração e da minha mente. Pequenas coisas que num passado próximo me davam um grande prazer, hoje quando as faço são-me quase indiferentes ou então são-me penosas, só as executando por amor aos que me amam e a quem dedico o meu amor.
Sou alguém bastante alegre mas não muito feliz. Será isto possível?
Vou plantando algumas flores na minha caminhada, vou colhendo outras só que, escondidos entre as colhidas, encontro cactos e pedras e, por muito que faça, não os consigo ver antes de as colher. Será por ignorância, por ingenuidade, por estupidez, por falta de visão?
Comecei a sentir algo de que não gosto, estarei a ser uma velha ridícula?

Esta semana perdi um amigo! Estava na hora de partir, já não era jovem, tinha feito há pouco 80 anos. Esta perda fez-me pensar em todos os amigos que já partiram! Murchei um pouco!
Estive com amigas e conhecidos (nestes o sexo feminino predominava), pouco conversámos porque o local onde nos encontrávamos não era o mais indicado e também não senti muita vontade de o fazer. Observei atentamente a serenidade demonstrada pela M., que a pouco e pouco está perdendo a visão, admiro a sua aceitação, a sua filosofia de vida tão optimista. Sorri ao ouvi-la ralhar com a B. que não cuida convenientemente da sua saúde. Gostei de a ouvir declarar que mesmo estando a ficar com um “preenchimento” de vida muito reduzido, continua a gostar de viver, fazendo tudo para ir retardando a cegueira total. Ela, para mim, é um exemplo a seguir!

E assim vou caminhando…

quarta-feira, 3 de março de 2010

OLHARES

Estava-se em pleno Outono, os plátanos despediam-se das suas folhas que levadas pelo vento, num voo cambaleante, caiam um pouco mais à frente e rodopiavam no chão ao ritmo de uma canção infantil “eu tenho um pião, um pião que dança, eu tenho um pião, mas não to dou não, gira que gira o meu pião, mas não to dou nem por um tostão, (…).”
Margarida foi-se aproximando do banco para onde tinha recebido um convite, sem se aperceber que estava a ser observada, não resistiu à tentação de fazer o que fazia na adolescência, correu já numa passada não tão acelerada como no passado, calcou as folhas caiadas, e sobre elas com os braços erguidos olhando o céu de um azul que só os poetas conseguem descrever, bailou, rodopiou e sorriu…
Antes de chegar ao lugar pretendido viu-o ao longe, um longe bem perto, caminhando numa passada tão familiar e que há uns largos meses não via…
Aproximaram-se um do outro e as mais lindas palavras de amor foram ditas no silêncio do olhar que trocaram, os corações bateram mais forte e talvez em uníssono…
E porque as palavras muitas vezes matam a infinita riqueza e beleza do silêncio, sempre em silêncio, já de mãos dadas, sentaram-se no banco onde muitos anos atrás, tinham trocado o primeiro beijo e promessas de amor…
As lágrimas, a dor, a solidão, a angústia, o medo, a que o silêncio, durante largos meses, em ambos tinham habitado, foram-se desvanecendo das suas memórias…
Pelos olhos de ambos, vertiginosamente, passaram imagens de toda a sua vida em comum, todos os momentos em que foram um só. Instantes mágicos em que tudo em redor deixou de existir …
Lentamente, numa intimidade e cumplicidade há muito adquirida, as suas bocas aproximaram-se e o beijo, o primeiro beijo repetiu-se…
O silêncio foi quebrado com lindas palavras sussurradas, palavras de perdão, de ternura, de amor…
Aconteceu a reconciliação!


Texto publicado no âmbito do desafio SILÊNCIO para Fábrica de Letras

terça-feira, 2 de março de 2010

O CONVÍVIO

No sábado fui almoçar com um grupo de blogueiras, só mulheres, homem não entrou! Porquê? Porque as senhoras presentes têm mãos de fadas e fazem “pequenas/grandes” maravilhas com elas, são AQUELAS que se dedicam ao ARTESANATO. Os homens artesãos não têm(??) blogues, talvez nem troquem ideias…
Pois fui! Estive com cerca de 30 artesãs, que se entregam ao bonito e útil prazer de conceberem e construíram com diferentes materiais: tecido, papel, areia, barro, madeira, biscuit, porcelana, lãs, linhas, … peças únicas e trabalhadas com muito AMOR.
Conheci fisicamente senhoras encantadoras, que me receberam com muita ternura, que tiveram paciência para aturar uma decana como eu.
O convívio que decorreu durante o almoço foi muito agradável, houve troca de prendas, conversou-se muito, “trocaram-se” ideias e deram-se testemunhos de vidas, para além de termos alimentado o corpo com uma comida bem confeccionada.
O que estava eu lá a fazer? Fui convidada pela organizadora, excelente na organização, com magia nas mãos das quais saem peças lindas e que é madrinha de blogue da Ana Rita. Somos “comadres”!

Aproveito esta “escrita” para mostrar a prenda que me foi ofertada pela Sandra Caetano da Montra Colorida. Reparem nos pormenores da pintura deste afasta-espíritos!





Eu como não sou artesã, limito-me a fazer uns “beijinhos embrulhados”, ofereci o turbante que podem observar na figura ( um dos mais de uma dezena que já fiz para presentear amigas). Foi parar a boas mãos, também boa cabeça,... à minha "comadre"!
À anteriormente citada e organizadora deste convívio, a Maria Tavares dos Fios de Alfazema, dona de uma loja que vende materiais diversos para a confecção destas obras únicas, situada na Rua Bernardim Ribeiro nº21, e organiza workshops, envio blosfericamente, um enorme bem-haja! A todas as outras senhoras presentes, entre as quais a Sandra Caetano, que pintou com amor a minha prenda, um enorme OBRIGADA!

Nota: Amigas que por aqui passam, este turbante ( a que o “peixe”, que por aí anda chama barrete), põe-nos lindas, principalmente quando saímos do duche e temos o cabelo molhado. Se não trouxermos mais nada a “compor-nos”, ainda realça mais a nossa beleza e mais não ensino…

segunda-feira, 1 de março de 2010

BEIJINHO À ESQUIMÓ, SUPER FOFO E INSPIRADO

A Anira ofereceu-me este selinho que me pede, sem dizer por favor, permissão para dar ao meu blogue uns beijinhos à esquimó, eu dou toda, todinha, mas desde já declaro, perante a blogosfera, que não me responsabilizo pelo resultado deste tipo de contactos…


E agora, enquanto eles se beijam vou tentar responder ao desafio.
*Uma coisa de que gosto em mim? Se for física: as minhas sardas. Se for psíquica: ser optimista
*Uma coisa de que gosto no blogue da Anira? A engraçada, original e perfeita ligação que ela faz entre o que escreve e as fotografias dos gatos (não fosse ela uma gata!)

Enquanto os beijinhos, entre os dois lá atrás, continuam, eu também vou prosseguir, a Helga decidiu que o mais beijoqueiro,e pelo que vejo pelo canto do olho, não larga o outro, é super fofo e quer que eu diga o que penso do selinho Não consigo perceber bem a figura e tenho dúvidas se vejo corações ou cerejas.
Assim sendo, admitindo que pode ser uma coisa ou outra , o selinho não tem culpa que eu esteja pitosga, respondo: há coisa mais bela que um coração, símbolo do AMOR, e há coisa mais saborosa do que umas cerejinhas vermelhinhas e suculentas comidas à mão, seguras pelo pezinho (principalmente se a mão não for nossa e a “cena” for ternurenta)?
Deixem a vossa imaginação vogar que eu não digo mais nada!


E agora? O que aconteceu? Não é que a Helga, a D* e a Anira juntaram-se, quais conspiradoras embuçadas e pimba, ou pumba, decidiram que eu sou uma blogueira inspirada ( felizmente que ainda não expirei de prazo!) e “(tr)inspiraram-me”( por pouco ficava a transpirar)

Mas não se ficaram por aqui! Não! Fizeram-me responder a um inquérito cerrado.
Observem:
Dois truques de beleza
Nunca adormecer maquilhada e de manhã em vez de lavar a cara borrifá-la com água termal da Avène.
Duas prendas que goste de receber
Livros e flores
Local preferido para fazer compras
Depende do tipo de artigo que quero comprar
Dois defeitos
A teimosia e o perfeccionismo (já o levei a maiores extremos)
Duas qualidades
Lealdade e responsabilidade
Dois produtos de beleza recomendáveis
Um bom creme hidratante para rosto e corpo e um bom gel para banho
Três manias
Esticar os lábios a fazer beijinho, quando estou concentrada a fazer um trabalho, verificar se levo as chaves de casa e não gostar de andar em transportes públicos
Três características que não suportas nas pessoas;
Mentira, inveja e maldade
Três características que admiras nas pessoas;
Lealdade, humildade e simpatia
10º Pessoa especial para ti
Aquela que retribua o meu amor

E agora? Agora estrago as “regras”, subverto-as!
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QUEM GOSTAR DOS SELINHOS SIRVA-SE À VONTADE! TODOS OS QUE ME VISITAM SÃO DIGNOS DELES, POR ESSE MOTIVO ELES ESTÃO À VOSSA DISPOSIÇÃO. SENTIR-ME-EI HONRADA SE OS ACEITAREM